É a perspetiva apontada pelo Bispo de Leiria-Fátima Dom António Augusto
dos Santos Marto no balanço que fez dos acontecimentos importantes vividos em
2017, a partir de Fátima e na ótica de Fátima como centro de vida formativa e celebrativa
da fé e de vida apostólica.
O prelado do
Lis presidiu, na noite de 31 de dezembro, à celebração de Ação de Graças na
Basílica da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima.
A
celebração, que teve início pelas 22 horas, constou da Missa com o canto
do Te Deum, em ação de graças pelo ano que findou e pelas graças
recebidas, procissão para a Capelinha e rosário – e contou com a presença de
muitos peregrinos oriundos de Portugal e do Estrangeiro.
O Bispo diocesano
e responsável máximo pelo Santuário relembrou, na sua homilia, os
acontecimentos mais relevantes acontecidos em Fátima e na Igreja em Portugal.
Em primeiro
lugar, evocou a celebração do centenário das aparições de Nossa Senhora durante
sete anos com o seu momento mais alto na visita do Papa Francisco, visita que o
prelado agradeceu, aproveitando para reiterar o apoio ao Sumo Pontífice na sua
missão petrina.
Dom António
Marto afirmou que a vivência da celebração do Centenário das Aparições de
Fátima “significou sair de uma visão parcial de Fátima centrada na curiosidade
dos segredos e na série de devoções avulsas para olhar Fátima como Epifania do Amor”.
Em 1917,
disse, “a Virgem confiou aos pastorinhos de Fátima a missão sempre antiga e
sempre nova de chamar o mundo atribulado às próprias fontes do Evangelho em
tempos de descrença e de guerras”, o que para o bispo diocesano significa
“partir de novo da presença de Deus próximo e amoroso com os dons da
misericórdia e da paz; converter ou reeducar o nosso coração ao amor verdadeiro
através da adoração, da compaixão e da oração do rosário para nos conformar ao
coração de Cristo e de sua Mãe; e decidir-se finalmente pelo Bem e pela Paz na
história através da colaboração na reparação do pecado do mundo”.
O prelado leiriense-fatimita
frisou que, ao longo destes sete anos, foi possível “experienciar a
catolicidade e a projeção mundial de Fátima”, que foi e é “um dom para a Igreja
e para a humanidade”, salientando que “Fátima não pertence só a Portugal ou à
Igreja; é do mundo inteiro que aqui afluiu de todos os povos, culturas e
línguas, acima de todas as expectativas”, segundo os registos do Santuário, o
que os olhos podem ver e o movimento económico da cidade e arredores deixa
perceber.
Depois,
apontou “a canonização de Jacinta e Francisco Marto” como “um outro motivo para
o nosso júbilo e para atual meditação”, considerando que a “primeira coisa que
salta à vista é o valor da vida invisível de Jacinta e de Francisco”. A este
respeito, vincou:
“Eles não foram heróis famosos nem conheceram a popularidade das redes
sociais de comunicação, mas simples crianças como tantas outras que viveram uma
experiência particular de fé guiadas por Nossa Senhora. A sua santidade é um
puro acontecimento da graça divina que atua onde quer e como quer.”.
Outra
caraterística evidente que sobressai nos pastorinhos “é o facto de serem um
sinal divino da nova valoração da infância e da dignidade das crianças como um
compromisso a assumir”. Na verdade, Francisco e Jacinta “são um exemplo e
modelo de santidade para toda a Igreja com o perfil espiritual próprio de cada
um; são um desafio ao santuário para levar mais a peito a sua vocação a ser
escola de santidade de povo, santidade popular”.
***
Todavia, não
apenas Fátima que fica em destaque. Outro aspeto que o prelado considera
importante realçar é a vivência do centenário da restauração da diocese de
Leiria-Fátima, onde está sediado o Santuário de Fátima, ficando para a História
o dia 17 de janeiro de 1918, após o intervalo de 36 anos provocado pela sua
extinção por motivos políticos em 1882.
Sobre esta
efeméride centenária, o Bispo diocesano disse:
“Queremos que seja um tempo de graça e de renovação espiritual e
pastoral desta diocese particularmente abençoada pelo carisma de Fátima, das
aparições e da mensagem da Senhora e do Santuário popularmente reconhecido como
altar do mundo”.
Por fim, Dom
António Marto realçou o dia mundial da paz dedicado aos “migrantes e
refugiados: homens e mulheres em busca de paz”. E destacou os quatro pilares da
mensagem papal para este 51.º Dia Mundial – “acolher, proteger, promover e
integrar” – para responder a este dramático cenário no atual cenário político
internacional. E explicou as exigências inerentes a estes quatro pilares:
[estes quatro aspetos] “requerem uma prática constante de quatro
virtudes, a saber: acolher significa viver a hospitalidade; proteger significa
exercer a tutela, a atenção e defesa dos mais frágeis e indefesos, da sua
dignidade e direitos humanos; promover significa a fortaleza de combater
preconceitos e medos e criar espaços e oportunidades de diálogo, colaboração e
desenvolvimento; integrar significa exercer a fraternidade que encurta
distâncias e abre caminhos de encontro, de adaptação, de compreensão e de
inclusão”.
No final da
homilia, Dom António Marto desafiou os peregrinos a “assumir o compromisso
próprio – por mais insignificante que possa parecer – de ajudar os irmãos
refugiados e migrantes a encontrar aqui na nossa terra, na nossa pátria, na
nossa Europa horizontes concretos de um futuro melhor a construir”.
E, no final
da celebração, entoou-se o cântico Te
Deum em ação de graças pelo ano vivido. Após este momento, os peregrinos
foram convidados a seguir em procissão até à Capelinha das Aparições, onde foi
recitado o rosário.
***
Já na
manhã do dia 1 de janeiro, a Basílica da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima,
acolheu a celebração da Eucaristia, presidida pelo Reitor, o Padre Carlos
Cabecinhas, e na qual foi evocada a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. Fez-se
anunciar junto do Serviço de Peregrinos do Santuário de Fátima um grupo de
peregrinos portugueses.
O
Presidente da celebração lembrou que iniciamos “cada novo ano contemplando o
Presépio e celebrando Santa Maria, Mãe de Deus” e afirmou que entrar no novo
ano de 2018 sob a proteção materna de Maria “significa confiar-lhe as nossas
esperanças, anseios e expectativas”.
O Reitor
explicou que a expressão vulgarmente utilizada “ano novo vida nova” não resulta
apenas “de um automatismo”, visto que a mudança de ano, no calendário, “não faz
mudar automaticamente a vida”. E frisou:
“Começando
cada novo ano com a celebração de Santa Maria, Mãe de Deus, não pedimos apenas
a ajuda e intercessão de Nossa Senhora: aceitamos também o apelo a imitarmos as
suas atitudes, pois, contemplando o seu exemplo e imitando-o, podemos fazer com
que este novo ano signifique efetivamente vida nova”.
Perante os
muitos peregrinos presentes na Basílica da Santíssima Trindade, o Padre Carlos
Cabecinhas explicou que “Deus não dispensa a colaboração humana”, uma vez que
foi o “sim” de Maria que tornou possível o “milagre do Natal”. E não se
esquivou a explicitar a força desta maravilhosa onda inefável do amor divino
espelhado na pessoa, postura, gestos e ações de Maria, sendo que o “sim” da
Serva do Senhor forneceu a concretização do Plano de Deus:
“É
por ela que nos chega a salvação. Por seu intermédio, nós recebemos a maior das
bênçãos de Deus, o maior dos Seus dons: o Seu próprio Filho que, no Menino do
presépio, assume a nossa condição, as nossas dores, preocupações e anseios.
Maria, manifestando disponibilidade ao plano salvífico de Deus, mostra-nos como
é possível fazer Jesus nascer no mundo: através de um ‘sim’ incondicional à vontade
de Deus.”.
O Padre
Cabecinhas considera que “com Maria, como Maria e com a sua ajuda, somos
convidados a estar disponíveis para a vontade de Deus ao longo deste novo ano,
para que ele signifique efetivamente ‘vida nova’: uma vida posta ao serviço de
Deus e do Seu amor”.
Neste
sentido, deixou como alerta o seguinte enunciado: “São os humildes e os pobres,
aqueles que não são orgulhosos nem autossuficientes que podem experimentar a
alegria do Natal”, reiterando que “são os que se sabem frágeis e necessitados
de Deus que se alegram porque o Senhor vem à sua vida”.
O Reitor
lembrou aos peregrinos que Maria é um “exemplo” na forma “a louvar a Deus e a
glorificá-Lo pelas maravilhas que realiza em nosso favor”, precisando que o Magnificat não
é só “o canto de Maria; é o canto de cada um de nós quando há necessidade de
Deus”.
Somos, pois,
desafiados “a aprender d’Ela e com Ela a escutar o que Deus nos diz através dos
acontecimentos e das pessoas; o desafio a aprender d’Ela e com Ela a reconhecer
os muitos modos pelos quais Deus se faz presente nas nossas vidas”.
Neste Dia
Mundial da Paz, após a missa das 15 horas, celebrada na Basílica da Santíssima
Trindade, realizou-se Procissão Eucarística para o Altar do Recinto, pela paz
no mundo, no 58.º aniversário do Lausperene no Santuário de Fátima.
***
Também se
soube em Fátima que o navegador solitário Ricardo Diniz chegou, no passado dia
31 de dezembro, a Salvador da Bahia, no Brasil, atracando às 16,30 horas (hora de Lisboa) após uma viagem iniciada em
Portugal no seu barco à vela, onde se encontra uma imagem de Nossa Senhora de
Fátima”.
Ricardo Diniz
recebeu, no passado dia 15 de outubro de 2017, uma imagem de Nossa Senhora de
Fátima, que levou até ao Brasil, com o objetivo de unir o Centenário das
Aparições de Fátima aos 300 anos da Senhora Aparecida. A imagem, que foi benzida
no final da celebração da missa dominical, no Recinto de Oração, é uma réplica
de 70 centímetros de altura, idêntica à da Capelinha das Aparições, oferecida
pelo Santuário de Fátima.
Por respeito
pelos valores desta missão, que o navegador considera ser “a mais importante de
sempre”, no lugar dos habituais patrocínios ou logos que dão cor ao veleiro,
Ricardo Diniz colocou as palavras “fé, paz e amor”, traduzidas também em inglês
“faith, peace, love”.
No seu
trajeto, o navegador fez escalas em Lisboa, Portimão, Canárias e Cabo Verde,
país onde o Bispo do Mindelo, Ildo Fortes, acolheu a imagem, que seguiu em
procissão até à Igreja Matriz de São Vicente, onde “foi saudada pela
população”. Dali seguiu diretamente para Salvador da Bahia. E hoje, dia 3 de
janeiro, a imagem será levada, em procissão, para a Igreja de Nossa Senhora de
Fátima – Stella Maris, onde irá
permanecer em definitivo.
***
É assim
Fátima em Portugal e pelo mundo!
2018.01.03 –
Louro de Carvalho
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