A
agência Ecclesia, para balanço do ano
que agora chega ao seu termo, recolheu o testemunho de 5 jornalistas, que
sintetizam como factos marcantes em Portugal os impactos da pandemia, a resposta da hierarquia eclesiástica aos abusos de
menores, a aposta na juventude e várias nomeações episcopais.
Assim, Damião Pereira, diretor do jornal ‘Diário do Minho’, da Arquidiocese de
Braga, aponta, como “aspeto mais negativo” deste ano, do ponto de vista
religioso, a pandemia de covid-19, que limitou a realização de várias manifestações
da religiosidade das gentes do Minho, um povo que “tem a necessidade de encher
as igrejas com a sua devoção, a sua festa”. E, como ponto positivo, realça a nomeação
e a tomada de posse de Dom João Lavrador como bispo da vizinha Diocese de Viana
do Castelo, sufragânea da Arquidiocese.
Olímpia Mairos, da ‘Rádio Renascença’, centra os destaques positivos e negativos na pandemia,
que entende como uma oportunidade para a Igreja Católica “abrir as portas, sair
e ir ao encontro daqueles que ficaram isolados”, lamentando a incapacidade de
“ir ao encontro das periferias”. Com efeito, por exemplo, no território de
Trás-os-Montes, “as pessoas já têm alguma idade e essas pessoas não andam nas
redes sociais, nas novas tecnologias”.
A jornalista salienta ainda “a chaga dos abusos
sexuais dentro da Igreja” como aspeto negativo, apesar de salientar a
“capacidade de a Igreja querer saber”, nomeadamente em Portugal, com a nomeação
de uma comissão dedicada a este tema.
A
agência Ecclesia, para balanço do ano
que agora chega ao seu termo, recolheu o testemunho de 5 jornalistas, que
sintetizam como factos marcantes em Portugal os impactos da pandemia, a
resposta da hierarquia eclesiástica aos abusos de menores, a aposta na
juventude e várias nomeações episcopais.
Assim, Damião Pereira, diretor do jornal ‘Diário do Minho’, da Arquidiocese de
Braga, aponta, como “aspeto mais negativo” deste ano, do ponto de vista
religioso, a pandemia de covid-19, que limitou a realização de várias manifestações
da religiosidade das gentes do Minho, um povo que “tem a necessidade de encher
as igrejas com a sua devoção, a sua festa”. E, como ponto positivo, realça a nomeação
e a tomada de posse de Dom João Lavrador como bispo da vizinha Diocese de Viana
do Castelo, sufragânea da Arquidiocese.
Olímpia Mairos, da ‘Rádio
Renascença’, centra os destaques positivos e negativos na pandemia, que entende
como uma oportunidade para a Igreja Católica “abrir as portas, sair e ir ao
encontro daqueles que ficaram isolados”, lamentando a incapacidade de “ir ao
encontro das periferias”. Com efeito, por exemplo, no território de
Trás-os-Montes, “as pessoas já têm alguma idade e essas pessoas não andam nas
redes sociais, nas novas tecnologias”.
A jornalista salienta ainda “a chaga dos abusos sexuais
dentro da Igreja” como aspeto negativo, apesar de salientar a “capacidade de a
Igreja querer saber”, nomeadamente em Portugal, com a nomeação de uma comissão
dedicada a este tema.
Por seu turno,
António Gonçalves Rodrigues, diretor do jornal ‘Mensageiro de Bragança’ assinala que o relatório sobre os abusos na
Igreja na França lançou “uma sombra negra sobre toda a Igreja”, revelando-se
importante “a forma como a Igreja vai lidar com este tipo de situações”. Assim,
considera importante “a posição da Conferência Episcopal Portuguesa”.
Destaca, no rol dos factos positivos, a nomeação
do seu bispo, Dom José Cordeiro, como novo Arcebispo Metropolita de Braga e
Primaz das Espanhas, porque “é importante para a Igreja ter uma voz nova”, que
conhece uma realidade diferente e aproxima “a Igreja dos mais jovens”.
No âmbito da
sociedade, Gonçalves Rodrigues destaca a pandemia de covid-19, pelos efeitos
negativos que continua a ter na economia, na “confiança das pessoas”; e, por
outro lado, pela forma como o país “se uniu para ultrapassar este problema”.
Já Cláudia Sebastião, da revista ‘Família
Cristã’, esperava que a pandemia “trouxesse o melhor” das pessoas e “o
melhor do mundo”. Por isso, aponta, como ponto negativo, o “extremismo”, seja
nas divisões entre os seres humanos, por exemplo na vacinação e nas medidas de
segurança, seja na “chegada ao poder dos Talibãs” no Afeganistão, os deslocados
em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, e o tratamento das pessoas como se
fossem animais nas fronteiras da Europa, no Canal da Mancha, na América do Sul.
Segundo a jornalista, o aspeto positivo a destacar é a “entreajuda” entre
várias organizações e as “pessoas comuns” no contexto da covid-19, na Igreja e
na sociedade, lamentando que as pessoas se tenham desabituado de “serem
comunidade, de ir à Igreja, à Missa presencial”.
Na Diocese do Algarve, Samuel Mendonça, diretor
do jornal diocesano ‘Folha do Domingo’,
considera que a “dinâmica” conexa com a juventude, no âmbito da próxima Jornada
Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa, como um dos fatores positivos e, como aspeto negativo.
o novo adiamento do encontro diocesano de jovens, pela segunda vez, por causa
da pandemia. E salienta que a presença da diocese “nas redes sociais e no
ambiente digital se reforçou bastante”, neste ano de 2021.
Acompanhando estes destaques, devo referir o
papel incansável das IPSS no apoio às pessoas idosas e o da Cáritas Portuguesa
e de toda a rede de cáritas diocesanas nas respostas sociais a inesperadas necessidades
sociais em número crescente e nos alertas de atuais e antigos dirigentes para a
situação, bem como os apoios do Estado devidamente multiplicados em tempo de
pandemia, embora sempre insuficientes e nem sempre atribuídos de forma
equitativa, pelo que sempre sob o fogo cruzado da crítica.
É de realçar o esforço de valorização do papel evangelizador,
litúrgico, social e cultural dos santuários um pouco por todo o país, com
relevo para o Santuário de Fátima, a que os peregrinos regressaram de forma
sustentada, embora com a compreensível timidez. Depois, é de apreciar a forma
como as dioceses têm aderido ao repto do Papa Francisco no âmbito da caminhada
sinodal de 2021 a 2023, bem como ao dinamismo acrescentado à preparação da próxima
JMJ em Lisboa.
Em termos da gestão da pandemia, o ano de 2021
foi marcado pela 4.ª vaga e as populações foram afligidas pelas variantes delta
e ómicron do SARS CoV-2 e sobre o povo se abateram sucessivas e consecutivas declarações
do estado de emergência, com um novo e prolongado confinamento, no qual, por
falta de ultrapassagem da suposta rigidez dos prazos constitucionais, os
portugueses tiveram de participar numas eleições presidenciais em tempo de
inverno, subsequentes à mais cinzenta das campanhas eleitorais em democracia.
Por falar em eleições, o mês de setembro foi
momento de eleições autárquicas com os resultados esperados em termos gerais,
mas com notórias surpresas em várias autarquias, sendo de destacar o município de
Lisboa.
O processo de vacinação massivo contra a covid-19
começara de forma turbulenta e sem resultados. Porém, com o novo coordenador da
taskforce, o processo foi avançando com a mobilização dos serviços e a adesão
da esmagadora maioria da população cuja taxa de vacinação chegou aos 88%.
Também o ano de 2021 acolheu a presidência portuguesa
do Conselho Europeu no 1.º semestre, com acento na vertente social e de que
resultou um mecanismo europeu que serviu de lastro aos planos de recuperação e resiliência
(PRR) nacionais, tendo o português
ficado marcado por forte contestação como se fora o único instrumento de resolução
dos nossos problemas, não se tendo em conta um outro, mais volumoso, o “Portugal
2030”. Por outro lado, a ferrovia teima em não alinhar técnica e economicamente
pelos critérios europeus.
Foram ainda aprovados vários decretos do Parlamento,
uns mais ou menos pacíficos, mas outros bem contestados. Menciono, só para
exemplo, o que aborda um dos temas mais fraturantes na sociedade portuguesa e
no mundo, a eutanásia, estando em causa a inviolabilidade da vida humana, a
liberdade da pessoa, a vida com dignidade e a morte vivida de forma menos dramática
e, para os crentes, a atenção a Deus como o Senhor da Vida e da Morte; o problema
laboral, que não consagra com suficiente coragem o trabalho digno; as alterações
legislativas atinentes ao comando superior das FA (forças armadas), com as trapalhadas que
se teceram em torno delas; e diplomas aprovados no Parlamento que, mesmo não
respeitando a norma-travão, foram promulgados pelo Presidente da República (PR).
Não contentes com o ambiente de supercriticismo
que se abateu sobre a política portuguesa e o avanço ou estagnação da economia,
bem como não atendendo à necessidade premente de atacar eficazmente a pandemia
e promover a recuperação económica do país e o seu crescimento, os poderes
políticos pensaram mais nos protagonismos de cada órgão do poder ou de cada
quadrante partidário e mimaram o país com a reprovação da proposta governamental
de Orçamento do Estado para 2022, pelo que o Parlamento sofreu a concretização da
ameaça de dissolução que o PR fizera antecipadamente e o povo é chamado a
eleições legislativas em tempo em que, apesar de a vacinação em termos gerais,
ter corrido muito bem, estar a dotar crescentemente as pessoas com a dose de reforço,
bem como a dotá-las da vacina contra a gripe sazonal, e a estender-se às
pessoas dos 5 aos 11 anos, o numero de infetados aumenta assustadoramente. Infelizmente
não se pensou no país, mas no umbigo dos partidos, do Governo, do Parlamento,
do PR.
Devo,
por fim, prestar atenção às preocupações dos decisores políticos e do Papa em
relação aos efeitos da pandemia na vida das pessoas e das famílias, nomeadamente
daquelas que estão à beira da pobreza ou fundamente mergulhadas nela, bem como
às economias dos países, sobretudo os mais pobres, à custa de quem alguns
enriquecem de forma obscena; em relação às consequências das alterações
climáticas, problema não atacado com a devida sabedoria e energia, devido a
poderosos interesses instalados; e em relação aos conflitos que pululam e
teimam em fazer os seus enormes estragos.
Em
termos eclesiais, é de realçar o empenho do vaticano para com os pobres e os
sem-abrigo, e toda a atividade do Papa Francisco, com as viagens internacionais
que empreendeu, os alertas que lança e, sobretudo, o lançamento do dinamismo
sinodal em Roma e em todas as dioceses.
Por
maiores e mais carregadas sombras que pairem sobre o mundo em 2022, é preciso
ouvir os profetas da esperança em termos religiosos, políticos, económicos, sociais
e, mesmo, no âmbito da pandemia.
Face
a tudo isto, cada um, cada comunidade deve fazer ou seu exame de consciência/revisão
de vida sobre as responsabilidades que tem na causa da verdade, da vida, dos
pobres, da saúde, seja por ação malédica, malévola ou maléfica, seja por
omissão premeditada ou supina.
Neste
sentido, para todos e para todas os mais ardentes votos de um grande Ano de
2022 abençoado, próspero e repleto de esperança e bem-estar!
2021.12.31 – Louro de Carvalho