sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Final de 2021 é momento de balanço e de exame de consciência

 

A agência Ecclesia, para balanço do ano que agora chega ao seu termo, recolheu o testemunho de 5 jornalistas, que sintetizam como factos marcantes em Portugal os impactos da pandemia, a resposta da hierarquia eclesiástica aos abusos de menores, a aposta na juventude e várias nomeações episcopais.

Assim, Damião Pereira, diretor do jornal ‘Diário do Minho’, da Arquidiocese de Braga, aponta, como “aspeto mais negativo” deste ano, do ponto de vista religioso, a pandemia de covid-19, que limitou a realização de várias manifestações da religiosidade das gentes do Minho, um povo que “tem a necessidade de encher as igrejas com a sua devoção, a sua festa”. E, como ponto positivo, realça a nomeação e a tomada de posse de Dom João Lavrador como bispo da vizinha Diocese de Viana do Castelo, sufragânea da Arquidiocese.

Olímpia Mairos, da ‘Rádio Renascença’, centra os destaques positivos e negativos na pandemia, que entende como uma oportunidade para a Igreja Católica “abrir as portas, sair e ir ao encontro daqueles que ficaram isolados”, lamentando a incapacidade de “ir ao encontro das periferias”. Com efeito, por exemplo, no território de Trás-os-Montes, “as pessoas já têm alguma idade e essas pessoas não andam nas redes sociais, nas novas tecnologias”.

A jornalista salienta ainda “a chaga dos abusos sexuais dentro da Igreja” como aspeto negativo, apesar de salientar a “capacidade de a Igreja querer saber”, nomeadamente em Portugal, com a nomeação de uma comissão dedicada a este tema.


A agência Ecclesia, para balanço do ano que agora chega ao seu termo, recolheu o testemunho de 5 jornalistas, que sintetizam como factos marcantes em Portugal os impactos da pandemia, a resposta da hierarquia eclesiástica aos abusos de menores, a aposta na juventude e várias nomeações episcopais.

Assim, Damião Pereira, diretor do jornal ‘Diário do Minho’, da Arquidiocese de Braga, aponta, como “aspeto mais negativo” deste ano, do ponto de vista religioso, a pandemia de covid-19, que limitou a realização de várias manifestações da religiosidade das gentes do Minho, um povo que “tem a necessidade de encher as igrejas com a sua devoção, a sua festa”. E, como ponto positivo, realça a nomeação e a tomada de posse de Dom João Lavrador como bispo da vizinha Diocese de Viana do Castelo, sufragânea da Arquidiocese.

Olímpia Mairos, da ‘Rádio Renascença’, centra os destaques positivos e negativos na pandemia, que entende como uma oportunidade para a Igreja Católica “abrir as portas, sair e ir ao encontro daqueles que ficaram isolados”, lamentando a incapacidade de “ir ao encontro das periferias”. Com efeito, por exemplo, no território de Trás-os-Montes, “as pessoas já têm alguma idade e essas pessoas não andam nas redes sociais, nas novas tecnologias”.

A jornalista salienta ainda “a chaga dos abusos sexuais dentro da Igreja” como aspeto negativo, apesar de salientar a “capacidade de a Igreja querer saber”, nomeadamente em Portugal, com a nomeação de uma comissão dedicada a este tema.

Por seu turno, António Gonçalves Rodrigues, diretor do jornal ‘Mensageiro de Bragança’ assinala que o relatório sobre os abusos na Igreja na França lançou “uma sombra negra sobre toda a Igreja”, revelando-se importante “a forma como a Igreja vai lidar com este tipo de situações”. Assim, considera importante “a posição da Conferência Episcopal Portuguesa”.

Destaca, no rol dos factos positivos, a nomeação do seu bispo, Dom José Cordeiro, como novo Arcebispo Metropolita de Braga e Primaz das Espanhas, porque “é importante para a Igreja ter uma voz nova”, que conhece uma realidade diferente e aproxima “a Igreja dos mais jovens”.

No âmbito da sociedade, Gonçalves Rodrigues destaca a pandemia de covid-19, pelos efeitos negativos que continua a ter na economia, na “confiança das pessoas”; e, por outro lado, pela forma como o país “se uniu para ultrapassar este problema”.

Já Cláudia Sebastião, da revista ‘Família Cristã’, esperava que a pandemia “trouxesse o melhor” das pessoas e “o melhor do mundo”. Por isso, aponta, como ponto negativo, o “extremismo”, seja nas divisões entre os seres humanos, por exemplo na vacinação e nas medidas de segurança, seja na “chegada ao poder dos Talibãs” no Afeganistão, os deslocados em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, e o tratamento das pessoas como se fossem animais nas fronteiras da Europa, no Canal da Mancha, na América do Sul. Segundo a jornalista, o aspeto positivo a destacar é a “entreajuda” entre várias organizações e as “pessoas comuns” no contexto da covid-19, na Igreja e na sociedade, lamentando que as pessoas se tenham desabituado de “serem comunidade, de ir à Igreja, à Missa presencial”.

Na Diocese do Algarve, Samuel Mendonça, diretor do jornal diocesano ‘Folha do Domingo’, considera que a “dinâmica” conexa com a juventude, no âmbito da próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa, como um dos fatores positivos e, como aspeto negativo. o novo adiamento do encontro diocesano de jovens, pela segunda vez, por causa da pandemia. E salienta que a presença da diocese “nas redes sociais e no ambiente digital se reforçou bastante”, neste ano de 2021.

Acompanhando estes destaques, devo referir o papel incansável das IPSS no apoio às pessoas idosas e o da Cáritas Portuguesa e de toda a rede de cáritas diocesanas nas respostas sociais a inesperadas necessidades sociais em número crescente e nos alertas de atuais e antigos dirigentes para a situação, bem como os apoios do Estado devidamente multiplicados em tempo de pandemia, embora sempre insuficientes e nem sempre atribuídos de forma equitativa, pelo que sempre sob o fogo cruzado da crítica.

É de realçar o esforço de valorização do papel evangelizador, litúrgico, social e cultural dos santuários um pouco por todo o país, com relevo para o Santuário de Fátima, a que os peregrinos regressaram de forma sustentada, embora com a compreensível timidez. Depois, é de apreciar a forma como as dioceses têm aderido ao repto do Papa Francisco no âmbito da caminhada sinodal de 2021 a 2023, bem como ao dinamismo acrescentado à preparação da próxima JMJ em Lisboa.

Em termos da gestão da pandemia, o ano de 2021 foi marcado pela 4.ª vaga e as populações foram afligidas pelas variantes delta e ómicron do SARS CoV-2 e sobre o povo se abateram sucessivas e consecutivas declarações do estado de emergência, com um novo e prolongado confinamento, no qual, por falta de ultrapassagem da suposta rigidez dos prazos constitucionais, os portugueses tiveram de participar numas eleições presidenciais em tempo de inverno, subsequentes à mais cinzenta das campanhas eleitorais em democracia.

Por falar em eleições, o mês de setembro foi momento de eleições autárquicas com os resultados esperados em termos gerais, mas com notórias surpresas em várias autarquias, sendo de destacar o município de Lisboa.  

O processo de vacinação massivo contra a covid-19 começara de forma turbulenta e sem resultados. Porém, com o novo coordenador da taskforce, o processo foi avançando com a mobilização dos serviços e a adesão da esmagadora maioria da população cuja taxa de vacinação chegou aos 88%.

Também o ano de 2021 acolheu a presidência portuguesa do Conselho Europeu no 1.º semestre, com acento na vertente social e de que resultou um mecanismo europeu que serviu de lastro aos planos de recuperação e resiliência (PRR) nacionais, tendo o português ficado marcado por forte contestação como se fora o único instrumento de resolução dos nossos problemas, não se tendo em conta um outro, mais volumoso, o “Portugal 2030”. Por outro lado, a ferrovia teima em não alinhar técnica e economicamente pelos critérios europeus.

Foram ainda aprovados vários decretos do Parlamento, uns mais ou menos pacíficos, mas outros bem contestados. Menciono, só para exemplo, o que aborda um dos temas mais fraturantes na sociedade portuguesa e no mundo, a eutanásia, estando em causa a inviolabilidade da vida humana, a liberdade da pessoa, a vida com dignidade e a morte vivida de forma menos dramática e, para os crentes, a atenção a Deus como o Senhor da Vida e da Morte; o problema laboral, que não consagra com suficiente coragem o trabalho digno; as alterações legislativas atinentes ao comando superior das FA (forças armadas), com as trapalhadas que se teceram em torno delas; e diplomas aprovados no Parlamento que, mesmo não respeitando a norma-travão, foram promulgados pelo Presidente da República (PR).

Não contentes com o ambiente de supercriticismo que se abateu sobre a política portuguesa e o avanço ou estagnação da economia, bem como não atendendo à necessidade premente de atacar eficazmente a pandemia e promover a recuperação económica do país e o seu crescimento, os poderes políticos pensaram mais nos protagonismos de cada órgão do poder ou de cada quadrante partidário e mimaram o país com a reprovação da proposta governamental de Orçamento do Estado para 2022, pelo que o Parlamento sofreu a concretização da ameaça de dissolução que o PR fizera antecipadamente e o povo é chamado a eleições legislativas em tempo em que, apesar de a vacinação em termos gerais, ter corrido muito bem, estar a dotar crescentemente as pessoas com a dose de reforço, bem como a dotá-las da vacina contra a gripe sazonal, e a estender-se às pessoas dos 5 aos 11 anos, o numero de infetados aumenta assustadoramente. Infelizmente não se pensou no país, mas no umbigo dos partidos, do Governo, do Parlamento, do PR.          

Devo, por fim, prestar atenção às preocupações dos decisores políticos e do Papa em relação aos efeitos da pandemia na vida das pessoas e das famílias, nomeadamente daquelas que estão à beira da pobreza ou fundamente mergulhadas nela, bem como às economias dos países, sobretudo os mais pobres, à custa de quem alguns enriquecem de forma obscena; em relação às consequências das alterações climáticas, problema não atacado com a devida sabedoria e energia, devido a poderosos interesses instalados; e em relação aos conflitos que pululam e teimam em fazer os seus enormes estragos.

Em termos eclesiais, é de realçar o empenho do vaticano para com os pobres e os sem-abrigo, e toda a atividade do Papa Francisco, com as viagens internacionais que empreendeu, os alertas que lança e, sobretudo, o lançamento do dinamismo sinodal em Roma e em todas as dioceses.

Por maiores e mais carregadas sombras que pairem sobre o mundo em 2022, é preciso ouvir os profetas da esperança em termos religiosos, políticos, económicos, sociais e, mesmo, no âmbito da pandemia.

Face a tudo isto, cada um, cada comunidade deve fazer ou seu exame de consciência/revisão de vida sobre as responsabilidades que tem na causa da verdade, da vida, dos pobres, da saúde, seja por ação malédica, malévola ou maléfica, seja por omissão premeditada ou supina.  

Neste sentido, para todos e para todas os mais ardentes votos de um grande Ano de 2022 abençoado, próspero e repleto de esperança e bem-estar!

2021.12.31 – Louro de Carvalho

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