sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Fátima: um projeto de espiritualidade e formação aberto ao público

O Santuário de Fátima faz jus à experiência acumulada ao longo de anos, nomeadamente nos sete a que respeita a celebração do Centenário das Aparições na multiplicidade das vivências que acolhe e promove, e decidiu criar um dinamismo formativo a que denomina “Escola do Santuário”, que assume a modalidade de “Itinerários de aprofundamento da espiritualidade da Mensagem de Fátima”
“Escola do Santuário”, na ótica dos seus promotores, é um projeto de espiritualidade e formação aberto ao público em geral.
E, nesta ordem de ideias, o Santuário de Fátima promove já a partir deste mês de janeiro um novo projeto de espiritualidade e formação intitulado “Escola do Santuário”, cujas atividades se realizarão na Casa de Retiros de Nossa Senhora do Carmo.
A “Escola do Santuário” propõe vários itinerários abertos à participação do público em geral, num máximo de 40 participantes por sessão. Estes itinerários formativos são alicerçados na ideia de que Fátima é um lugar de experiência de Deus, onde cada peregrino é convidado a experimentar esta presença.
A missão da “Escola do Santuário” realiza-se na descoberta e aprofundamento da Mensagem de Fátima e da sua espiritualidade promovendo a iniciação, o crescimento e o amadurecimento espiritual a partir da Mensagem e o reconhecimento da eclesialidade da Mensagem e da sua relevância pastoral, bem como a leitura da Mensagem em relação com experiências significativas da contemporaneidade.
Nos vários itinerários a realizar, além dos momentos orantes e das sessões orientadas em sala, de deslocações a diversos lugares do Santuário, a Aljustrel e aos Valinhos, os participantes hão de poder interpretar e refletir sobre Maria a partir de outras linguagens, nomeadamente a linguagem artística presente nos vitrais da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que em si encerram uma verdadeira catequese sobre o Acontecimento e a Mensagem deixada neste local por Nossa Senhora há cem anos.
Neste primeiro ano de 2018, em consonância com o plano pastoral em boa hora apresentado, o Santuário propõe a realização de três itinerários de dois dias abertos ao público em geral, em janeiro, março e abril, cada um deles com um tema diferente. Propõe também os Encontros de Espiritualidade para Aposentados, com a duração de quatro dias, em março. Finalmente, em maio, o itinerário maior, durante uma semana.
Já em janeiro, entre os dias 27 e 28, o tema será: “Nossa Senhora de Fátima - Qual Maria?”. Desta pergunta do Papa Francisco se constrói o primeiro itinerário, que tem por objetivo aprofundar as interrogações deixadas pelo Papa na Capelinha das Aparições, na primeira peregrinação internacional do Centenário, para corrigir alguns desvios da devoção mariana e descobrir Maria como “uma Mestra da vida espiritual”; a “bendita por ter acreditado”; e a “Virgem Maria do Evangelho venerada pela Igreja Orante”.
Em março, a Escola proporá um itinerário de aprofundamento da dimensão trinitária e da dimensão eucarística da mensagem de Fátima, sob o tema genérico “Trindade e Eucaristia, adoração e solidariedade”. Este Itinerário realiza-se nos dias 17 e 18 de março.
Nos dias 21 e 22 de abril, a Escola debruçar-se-á sobre o “Sofrimento e liberdade, sacrifício e reparação”, aprofundando, deste modo, o sentido do sofrimento e do sacrifício na espiritualidade da Mensagem de Fátima.
O último Itinerário da Escola do Santuário previsto antes do verão realizar-se-á entre 21 e 27 de maio e terá como tema “O Rosário, itinerário evangélico de vida teologal”. Neste, durante uma semana, os participantes são convidados a refletir sobre o sentido do Rosário como prática de oração mariana cristocêntrica e a sua importância na Mensagem de Fátima. O seu objetivo é que cada um deles possa experimentar o valor desta oração na sua vida pessoal e comunitária.
Além destes fins de semana temáticos, no mês de março, de 5 a 8, de 12 a 15 e de 19 a 22, serão propostas três edições de um itinerário dirigido a um público específico: pessoas com mais de 65 anos, a viver a aposentação, reforma ou jubilação. Serão os “Encontros de espiritualidade para aposentados”, que visam aprofundar o conhecimento do significado do acontecimento Fátima nos dramas do século XX e do novo milénio. Além disso, proporcionarão uma descoberta da Mensagem como fonte de espiritualidade para viver de forma gratificante e fecunda a aposentação.
A equipa da “Escola do Santuário” integrará o capelão Padre José Nuno Silva, responsável pela pastoral da Mensagem de Fátima; a Irmã Ângela Coelho, ex-postuladora da Causa de Canonização de Francisco e Jacinta Marto; a Irmã Nanci Leite, da congregação Filhas do Coração de Maria, Pedro Valinho Gomes, teólogo, e André Pereira, assessor da reitoria do Santuário de Fátima.
O período de inscrições para cada uma das propostas decorre durante o mês anterior ao da sua realização, através dum formulário próprio disponível. As inscrições são gratuitas, mas obrigatórias e sujeitas a confirmação. Cada itinerário aceitará um número máximo de 40 participantes.
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O período para as inscrições para  a primeira sessão sob o tema “Nossa Senhora de Fátima – Qual Maria?” (Papa Francisco) terminou no passado dia 31 de dezembro.
Dado o seu interesse espiritual, formativo e motor do discernimento, alude-se aqui à questão lançada pelo Papa na noite de 12 de maio de 2017 – o móbil do primeiro tema desta escola.
Primeiro, toca a essencialidade do marianismo do ser cristão e do sentido da recitação do terço:
Na verdade, ‘se queremos ser cristãos, devemos ser marianos; isto é, devemos reconhecer a relação essencial, vital e providencial que une Nossa Senhora a Jesus e que nos abre o caminho que leva a Ele’ (Paulo VI, Alocução na visita ao Santuário de Nossa Senhora de Bonaria-Cagliari, 24/IV/1970). Assim, sempre que rezamos o Terço, neste lugar bendito como em qualquer outro lugar, o Evangelho retoma o seu caminho na vida de cada um, das famílias, dos povos e do mundo.”.
Depois, questiona a nossa postura de peregrinos com Maria e como a entendemos ou tratamos:
Peregrinos com Maria… Qual Maria? ‘Uma Mestra de vida espiritual’, a primeira que seguiu Cristo pelo caminho ‘estreito’ da cruz dando-nos o exemplo, ou então uma Senhora ‘inatingível’ e, consequentemente, inimitável? A ‘Bendita por ter acreditado’ (cf Lc1,42.45) sempre e em todas as circunstâncias nas palavras divinas, ou então uma ‘Santinha’ a quem se recorre para obter favores a baixo preço? A Virgem Maria do Evangelho venerada pela Igreja orante, ou uma esboçada por sensibilidades subjetivas que A veem segurando o braço justiceiro de Deus pronto a castigar: uma Maria melhor do que Cristo, visto como Juiz impiedoso; mais misericordiosa que o Cordeiro imolado por nós?”.
E faz a relação entre Maria e Deus e entre a justiça e a misericórdia relevando a supremacia da misericórdia como pauta da justiça de Deus:
Grande injustiça fazemos a Deus e à sua graça, quando se afirma em primeiro lugar que os pecados são punidos pelo seu julgamento, sem antepor – como mostra o Evangelho – que são perdoados pela sua misericórdia! Devemos antepor a misericórdia ao julgamento e, em todo o caso, o julgamento de Deus será sempre feito à luz da sua misericórdia. Naturalmente a misericórdia de Deus não nega a justiça, porque Jesus tomou sobre Si as consequências do nosso pecado juntamente com a justa pena. Não negou o pecado, mas pagou por nós na Cruz. Assim, na fé que nos une à Cruz de Cristo, ficamos livres dos nossos pecados; ponhamos de lado qualquer forma de medo e temor, porque não se coaduna em quem é amado (cf 1 Jo 4,18). ‘Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho. Nela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentirem importantes (…). Esta dinâmica de justiça e de ternura, de contemplação e de caminho ao encontro dos outros é aquilo que faz d’Ela um modelo eclesial para a evangelização’ (Exort. ap. Evangelii gaudium, 288).”.
E conclui exortando a que sejamos com Maria sinal e sacramento da misericórdia, podendo cantar como Ela as misericórdias de Deus, despojados de honrarias, e rezar ao Senhor sentindo a ternura da Mãe, que nos cobre com seu manto e nos põe junto do seu coração:
Possamos, com Maria, ser sinal e sacramento da misericórdia de Deus que perdoa sempre, perdoa tudo. Tomados pela mão da Virgem Mãe e sob o seu olhar, podemos cantar, com alegria, as misericórdias do Senhor. Podemos dizer-Lhe: A minha alma canta para Vós, Senhor! A misericórdia, que usastes para com todos os vossos santos e com todo o vosso povo fiel, também chegou a mim. Pelo orgulho do meu coração, vivi distraído atrás das minhas ambições e interesses, mas não ocupei nenhum trono, Senhor! A única possibilidade de exaltação que tenho é que a vossa Mãe me pegue ao colo, me cubra com o seu manto e me ponha junto do vosso Coração.”. 
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E, nesta linha de escola e arejamento doutrinal e espiritual que o Santuário pratica, pelo menos, desde 1967, não será descabido mencionar as recoleções e retiros organizados para o clero com a anuência dos bispos de Portugal, abertos aos padres diocesanos e religiosos de todo o país que neles queiram participar. Assim, após a celebração do Centenário das Aparições, o Santuário de Fátima propõe-se “Dar graças pelo dom de Fátima”. Continua, pois, a aprofundar e a viver os dons que a Mãe concedeu à Igreja e à humanidade, a acolher e a corresponder ao desafio a sermos mensageiros, intercessores e construtores da paz nos corações e nas relações entre as pessoas, os grupos e os povos, como fizeram os santos Francisco e Jacinta e a Irmã Lúcia.
Ao apresentar o calendário das recoleções e retiros para 2018 em Fátima, o Santuário convida os sacerdotes a participarem, deixando-se encontrar e envolver pelo manto materno de Maria. A escuta e a meditação da Palavra de Deus, a oração e a adoração eucarística, a possibilidade de celebrar o sacramento da reconciliação, recebendo o abraço misericordioso de Deus, e o encontro fraterno com outros sacerdotes são momentos de graça assim proporcionados. Deste modo, quem participa nestes momentos sairá fortalecido para a missão pastoral e obterá maiores frutos para o Reino de Deus.
As recoleções, que não carecem de inscrição prévia, começam às 10,30 horas, com a recitação da Hora Intermédia, e terminam com o almoço. Realizam-se na Casa de Retiros de Nossa Senhora do Carmo. A de 8 de janeiro é orientada pela Doutora Maria do Rosário Soveral; a de 5 de fevereiro, por Dom Manuel Pelino Domingues; a de 5 de março, pelo Padre Manuel Armindo Pereira Janeiro; a de 7 de maio, pelo Padre Tiago Alexandre de Jesus Silva; a de 4 de junho, por Frei Bruno Andrade Peixoto, OFM; a de 2 de julho, pelo Padre Joaquim Augusto Nunes Ganhão; a de 6 de agosto, pelo Padre José Manuel Victorino de Andrade; a de 3 de setembro, pelo Padre Francisco António Clemente Ruivo; a de 1 de outubro, pela Irmã Maria Amélia da Costa, CONFHIC; a de 5 de novembro, pelo Padre Gonçalo Corrêa Mendes Teixeira Diniz; e a de 3 de dezembro, pelo Padre Jorge Manuel Faria Guarda.
Já os retiros – cuja inscrição deverá ser feita, por escrito, até 10 dias antes de cada data, para Serviço de Alojamentos, Santuário de Fátima 2496-908 FÁTIMA ou para seal@fatima.pt principiam com o jantar do primeiro dia, às 20 horas, e terminam com o almoço do último dia, às 12 horas, na Casa de Retiros de Nossa Senhora do Carmo. O de 9 a 13 de julho é orientado pelo Padre Vicente Nieto Moreno; o de 15 a 19 de outubro, pelo Padre Dário Simões da Costa Pedroso, SJ; o de 5 a 9 de novembro, pelo Padre Abílio Pina Ribeiro, CMF; e o de 19 a 23 de novembro, por  Dom Gilberto Canavarro dos Reis.
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E continuam: as visitas ao Museu do Santuário de Fátima, a organização de exposições temáticas temporárias; os filmes; os serviços de arquivo e biblioteca; e as conferências – tudo no âmbito da cultura e formação que o Santuário se propõe.
Em relação à exposição temporária evocativa da aparição de outubro de 1917 “As cores do Sol: a luz de Fátima no mundo contemporâneo”, deve dizer-se que se encontrará encerrada nos dias 8 a 10 de janeiro de 2018, para trabalhos de conservação e restauro. Porém, depois, continuará disponível até 31 de outubro de 2018, no Convivium de Santo Agostinho, Basílica da Santíssima Trindade, das 9 às 19 horas no regime de entrada livre.

Estão previstas visitas guiadas temáticas a 2 de maio, 6 de junho, 4 de julho, 1 de agosto, 5 de setembro e 3 de outubro de 2018, das 21,15 às 22 horas. E está disponível na Net a “visita virtual”.

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E ainda:
A Casa de Retiros de Nossa Senhora do Carmo, no Santuário de Fátima, acolhe o XI Encontro de Reitores dos Santuários nos próximos dias 8 e 9 de janeiro – um encontro de caráter formativo, que, nas edições anteriores contabilizou quase 80 responsáveis por santuários.
Dia 8, o encontro tem início com o almoço e o acolhimento aos participantes. Pelas 15 horas, o Padre Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário de Fátima, fará a primeira conferência do encontro onde falará de “Propostas de oração nos Santuários”, prosseguindo o encontro com outra conferência pelas 17 horas e a assembleia geral pelas 18,45 horas.
Dia 9 de janeiro, a manhã inicia com a oração laudes, seguindo-se uma mesa redonda com os animadores litúrgicos, a que se seguirá a partilha de experiências pastorais de cada santuário.
A Capelinha das Aparições acolhe pelas 12,30 horas a Eucaristia presidida por Dom António Vitalino Dantas, Bispo emérito de Beja e vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
A Associação dos Reitores dos Santuários de Portugal (ARSP) constitui uma resposta aos desafios lançados pelo documento do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes publicado em 8 de maio de 1999. E pretende ser um canal de trabalho em rede, querendo contribuir para uma maior eficácia na divulgação dos santuários.
O seu contributo é feito de várias maneiras, onde se destaca a partilha, a troca de experiências e a elaboração de projetos conjuntos.
Além do encontro de formação anual realizado na segunda e terça-feira a seguir à Festa do Baptismo do Senhor, a ARSP tem em curso vários projetos de divulgação, a nível nacional, do património cultural e espiritual dos santuários portugueses.
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De facto, muito se pode ensinar/aprender e viver no Santuário!


2018.01.05 – Louro de Carvalho

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