sábado, 13 de janeiro de 2018

As Basílicas de Santa Sofia. Quem é a Santa Sofia?

A Sala de Imprensa da Santa Sé comunicou que, no domingo, 28 de janeiro, às 16 horas, o Papa irá à Basílica de Santa Sofia encontrar-se com a comunidade greco-católica ucraniana, atendendo ao convite do Arcebispo-Mor de Kyiv-Halyč dos ucranianos, Sviatoslav Shevchuk.
Essa intenção estava sobre a mesa há uns tempos e, no passado dia 12, a informação foi confirmada pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke.
A Ucrânia é um país que está no coração do Santo Padre, que não poucas vezes lançou apelos pela resolução do conflito vivido no país, que além da perda de vidas humanas, provoca deslocações internas e pesados danos materiais.
Em 2016, por desejo de Francisco, foi realizada uma  coleta de fundos nas igrejas europeias, cujo valor arrecadado foi destinado àquele país do leste europeu.
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A este propósito, lembrei-me de proceder a um excursus sobre o título de Santa Sofia: Roma, Kiev e Constantinopla (Istambul), já que é a História que explica determinadas situações do hoje.
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A Basílica de Santa Sofia (em latim, Sancta Sophia, Santa Sabedoria) na Via Boccea é um local subsidiário de culto da Paróquia de Santa Maria da Apresentação e a igreja nacional em Roma dos ucranianos. Dedicada à Santa Sabedoria, um dos dons do Espírito Santo, serviu como igreja-mãe da Igreja Greco-Católica Ucraniana, que está em comunhão plena com o Papa, enquanto a Catedral de São Jorge, em Lviv, esteve sob o controlo da Igreja Ortodoxa Russa.
É uma das igrejas nacionais dos ucranianos em Roma, ponto de encontro e centro de devoção religiosa a comunidade, onde a Divina Liturgia é celebrada no rito bizantino-ucraniano.
Em fevereiro de 1963, logo após sua saída da prisão num gulag na Sibéria, o arquieparca Josyp Slipyj, que não recebeu permissão para retornar para a República Socialista Soviética da Ucrânia, começou a recolher fundos para construir em Roma uma igreja para a comunidade da Igreja Greco-católica ucraniana. E a construção, inspirada na Catedral de Santa Sofia de Kiev, teve início em junho de 1967, sendo concluída em setembro de 1969.
Os mosaicos do altar são obra do artista ucraniano Svyatoslav Hordynsky.
A Igreja – dedicada à Divina Sabedoria – foi consagrada em 27-28 de setembro de 1969 pelo arquieparca Josyp Slipyj e 17 bispos, na presença do Papa Paulo VI. E ficou conhecida como “Santa Sofia a Via Boccea ou Basílica de Santa Sofia na Via Boccea.  
As relíquias do Papa Clemente I (Pontífice entre 88 e 97) foram transferidas da Basílica de “San Clemente al Laterano”, que conta também com uma iconóstase (típica do rito bizantino, pintada por Juvenalij Josyf Mokryckyj), e depositadas sob o altar-mor.
Em 1985, o Papa São João Paulo II transformou este igreja em igreja titular, digna de um cardeal-presbítero. O primeiro protetor do título de Santa Sofia na Via Boccea foi Myroslav Ivan Lubachivsky e o atual é Lubomyr Husar, Arcebispo-mor de Kyiv-Halych. 
Em 1998, a igreja foi elevada ao título de basílica menor.
Em setembro de 2011 foram concluídos os trabalhos de restauração promovidos pela Associação “Santa Sofia” que é a legítima proprietária da igreja e das construções anexas.
Em 14 de outubro de 2012, durante uma solene liturgia presidida pelo Arcebispo-Mor Svjatoslav Ševčuk e concelebrada por outros prelados, foi realizado um ato simbólico de bênção da restaurada basílica de Santa Sofia.
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A Catedral de Santa Sofia em Kiev, que inspirou a basílica de Roma com o mesmo título (em ucraniano, Собор Святої Софії, Sobor Sviatoyi Sofiyi o Софійський собор, Sofiys’kyi sobor; e, em russo, Собор Святой Софии, Sobor Svyatoi Sofii o Софийский собор, Sofiyskiy sobor) é um notável monumento arquitetónico sobressalente da Rus de Kiev, hoje um dos monumentos mais conhecidos da cidade que constitui, juntamente com o Mosteiro de Kiev-Pechersk, o primeiro património ucraniano inscrito da lista do Património Mundial da UNESCO.
O nome da catedral vem dea “Hagia Sofia” do século VI em Constantinopla (atual Istambul) e significa “Sagrada sabedoria”, não estando dedicada a um santo em particular. Concebida como a Nova Constantinopla para representar o cristianismo oriental, a Santa Sofia de Kiev foi construída no século XI, no auge do poder da Rus de Kiev, uma política medieval na Ucrânia atual, e foi a principal igreja metropolitana na Rússia. Foi concluída na sua forma atual 700 anos depois, após ciclos de destruição e reconstrução. A catedral costuma ser exibida com o campanário e as 13 cúpulas, a praça da catedral e o monumento a Bohdan Khmelnytsky, um cossaco do século XVII, considerado como um herói nacional ucraniano.
A estrutura tem 5 naves, 5 ábsides e, surpreendentemente tratando-se de arquitetura bizantina, 13 cúpulas. Está cercada de galerias de duas linhas por três lados. Mede 37 metros por 55. O exterior costumava ter pedestais. No interior, conserva mosaicos e afrescos do século XI, incluindo uma representação ruinosa da família de Yaroslav e a Virgem em oração.
O complexo da catedral é o principal componente do Santuário Nacional Sifia de Kiev, a instituição estatal responsável da conservação do complexo catedralício junto com outros monumentos históricos da cidade.
Esta construção incrível, situada no centro da cidade, é um dos monumentos ucranianos mais conhecidos e belos. Datada do século XI, a construção da catedral foi encomendada por Yaroslav, o Sábio, governante do Principado de Kiev na época.
Cúpulas verdes escuras, belos afrescos e mosaicos decoram a Catedral de Santa Sofia. No centro da igreja, como foi referido já, fica um enorme mosaico de Maria rezando. Os moradores de Kiev creem que a cidade continuará a existir enquanto esta obra de arte for preservada. No entanto, nem todas as obras de arte da catedral são de natureza religiosa. Há também imagens do Príncipe Yaroslav e família, e vários afrescos de pessoas a festejar em Constantinopla, onde se inspirou a catedral.
No século XI, a catedral também serviu como cemitério dos governantes do Principado de Kiev. É por isso que, na década de 1980, o governo quis devolver a Catedral à Igreja Ortodoxa Russa. Porém, vários partidos dentro do governo discordavam dessa decisão. Por fim, chegou-se a um acordo de abrir a catedral ao público e transformá-la num museu. Além dos afrescos e mosaicos, a antiga sala de jantar também apresenta objetos que foram encontrados nas escavações arqueológicas ao redor da catedral. Os visitantes podem ver várias maquetes em escala da cidade, do período em que Kiev foi invadida pelos tártaros.
Desde a sua construção original, a catedral passou por muitas mudanças. O prédio foi danificado várias vezes, especialmente no século XIII, quando os tártaros conquistaram Kiev. Nas várias restaurações, foram acrescentados novos salões. Sob a política antirreligiosa da União Soviética, na década de 1930, foi traçado um plano para demolir a catedral. Mas, depois duma chuva de críticas da parte de historiadores e do Governo francês, os russos voltaram atrás na decisão. Hoje parece impossível imaginar que essa linda construção quase foi destruída.
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Santa Mãe Sofía o Hagia Sophia (do grego: Άγια Σοφία, ‘Santa Sabedoria’; em latim: Sancta Sophia o Sancta Sapientia; em turco: Ayasofya) é uma antiga basílica patriarcal ortodoxa, posteriormente convertida em mesquita e atualmente em museu, na cidade de Istambul, na Turquia.​
Desde a data da dedicação no ano 360 e até 1453, serviu como a catedral ortodoxa bizantina de rito oriental de Constantinopla, exceto no período entre 1204 e 1261, em que foi reconvertida em catedral católica de rito latino, durante o patriarcado latino de  Constantinopla do Império latino, fundado pelos cruzados. Após a conquista de Constantinopla pelos otomanos, o edifício foi transformado em mesquita, mantendo esta função desde 29 de maio de 1453 até 1931, data em que foi secularizado. E, a 1 de fevereiro de 1935, foi inaugurado como museu.
Às vezes chamada de Sancta Sophia (como se fosse o nome duma Santa Sofia), sophia é, na realidade, a transcrição fonética para latim da palavra grega que significa “Sabedoria”. O nome completo em grego é: Ναός τῆς Ἁγίας τοῦ Θεοῦ Σοφίας – Igreja da Santa Sabedoria de Deus.​
O templo era dedicado à Divina Sabedoria, imagem tomada do Livro da Sabedoria do Antigo Testamento, referente à personificação da sabedoria de Deus ou segunda pessoa da Santíssima Trindade. A festa celebra-se a 25 de dezembro, o aniversário da encarnação do Verbo o Logos em Cristo.​
Famosa pela enorme cúpula, é considerada como o epítome da arquitetura bizantina. E dela se diz que “mudou a história da arquitetura”. Foi a catedral com maior superfície do mundo em quase mil anos até se completar a catedral de Sevilha em 1520. O edifício atual foi reconstruído, entre 532 e 537, para ser usado como igreja, por ordem do imperador bizantino Justiniano I, sendo a 3.ª igreja da Santa Sabedoria edificada nesse horizonte temporal. O traçado é obra do arquiteto e físico Jónio Isidoro de Mileto e do matemático arquiteto lídio Antemio de Tralles.
A igreja contém grande coleção de relíquias de santos, e contou com um iconóstase de prata de 15 metros. Foi a sede do Patriarca de Constantinopla e o ponto focal religioso da Igreja ortodoxa oriental em quase mil anos. Foi nesta igreja que o cardeal Humberto excomungou Miguel I, o Cerulário, em 1054 – ato que se considera como o começo do Grande Cisma.
Em 1453, Constantinopla foi conquistada pelos turcos otomanos sob as ordens do Sultão Mehemed II, que posteriormente decidiu converter o templo em mesquita.
Foram retirados sinos, altar, iconóstase e vasos do sacrifício e foram engessados muitos dos mosaicos . No domínio otomano acrescentaram-se-lhe detalhes arquitetónicos islâmicos, como o mihrab, o minbar e quatro minaretes. O edifício manteve-se como mesquita até 1931, momento em que foi encerrado ao público pelo Governo da Turquia até à sua reabertura, já como museu, em 1935.
Mesquita principal de Istambul durante quase 500 anos, Santa Sofia serviu como modelo para outras mesquitas otomanas, como a mesquita do Sultão Ahmed, também conhecida como a Mesquita Azul de Istambul, a Mesquita Sehzade, a Mesquita de Solimán, a Mesquita Rüstem Pasha e a Mesquita Kiliç Ali Pasha.
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Santa Sofia, antes de passar a mesquita, passou por três fases, ou seja, três igrejas, porque até à terceira foram-se destruindo por força de incêndios ocorridos em ocasião de graves distúrbios.
Assim, a primeira igreja, conhecida como Μεγάλη Ἐκκλησία (Megálē Ekklēsíā, ‘Iglesia Grande’ – ou Magna Ecclesia em latim) ​ por suas dimensões mais avantajadas que as das outras igrejas contemporâneas da cidade, foi inaugurada a 15 de fevereiro de 360, no reinado de Constâncio II, pelo bispo ariano Eudóxio de Antioquia, foi construída junto da zona onde se estava a edificar o palácio imperial. A vizinha igreja de Santa Irene – “Santa Paz” – foi concluída antes e serviu como catedral até se acabar a igreja de Santa Sofia.
O Patriarca de Constantinopla João Crisóstomo entrou em conflito com a imperatriz Elia Eudóxia, esposa do imperador Arcádio, e foi exilado a 20 de junho de 404. Durante os distúrbios que se produziram então, a igreja foi queimada e derrubada em grande parte ​ e, na atualidade, não se conserva nada deste primeiro edifício.
O imperador Teodósio II ordenou a construção duma segunda igreja, que inaugurou a 10 de outubro de 415. Esta basílica, com teto de madeira, foi construída pelo arquiteto Rufino. Mas, durante os distúrbios de Niká deflagrou um incêndio que queimou e derrubou este segundo edifício, entre 13 e 14 de janeiro de 532.
Sobrevivem alguns blocos de mármore desta segunda igreja, entre os quais uns relevos com 12 cordeiros, representando os 12 apóstolos, que originalmente faziam parte duma monumental porta de entrada. Hoje estes blocos encontram-se numa escavação junto à entrada do museu.
A 23 de fevereiro de 532, o imperador Justiniano I mandou construir uma terceira basílica completamente diferente, maior e mais majestosa que as predecessoras.
Esta nova igreja foi reconhecida pelos contemporâneos como uma grande obra de arquitetura. O imperador, juntamente com o patriarca Eutíquio, inaugurou-a com muita pompa a 27 de dezembro de 537. Os mosaicos dentro da igreja completaram-se sob o reinado do imperador Justino II (565-578). Santa Sofia foi a sede do patriarca ortodoxo de Constantinopla e o cenário principal das cerimónias imperiais bizantinas, como as coroações. A basílica também oferecia asilo aos malfeitores.
Passou por vários terramotos e saques (terrível o saque dos cruzados) que deixaram sequelas. Foram destruídos os ícones. E, enfim, chegou a era da mesquita e recentemente a do museu.
É o percurso dum forte ícone religioso – católico, ortodoxo, muçulmano – agora laico, recheado de história e de cultura, com a transferência do cerimonial de fé católico bizantino para Roma.

2018.01.13 – Louro de Carvalho 

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