segunda-feira, 2 de abril de 2018

A Mensagem da Páscoa no Santuário de Fátima


Na sua Paixão, Jesus abre-nos o coração antes que Lhe abramos o nosso
A celebração inaugural da Semana Santa, em Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, sob a presidência do Bispo de Leiria-Fátima, no Recinto de Oração, evidenciou que, “no coração da nossa fé, está um acontecimento que é uma loucura e um escândalo aos olhos do mundo”.
Perante a assembleia de peregrinos o prelado disse que a Procissão dos Ramos faz com que cada um se associe à Paixão dos discípulos, “que em alegria festiva acolhem Jesus em Jerusalém como Rei da Paz e da Justiça, Rei da Mansidão e do Amor”, pois “não se trata de uma reconstituição etnográfica, folclórica, revivalista do passado ou teatral, mas sim de uma procissão na qual celebramos Jesus Ressuscitado que está vivo no meio de nós”. Com efeito, “Jesus quer entrar no nosso coração, nas nossas casas, na nossa vida, no nosso mundo, e traz a presença de Deus ao meio de nós, o Seu amor, a Sua paz”.
O Bispo diocesano frisou que “na Paixão é o próprio Jesus que nos abre o seu coração, antes de nós lhe abrirmos o nosso”, dado que “a paixão de Cristo é a história mais espantosa que alguém viveu, história feita de suor, sangue e lágrimas, de sofrimento e de dor, que concentra toda a crueldade de contradições, traições, mentiras, cobardias, violências, jogos de poder e os horrores que o mundo dos homens é capaz”. E reiterou que, “neste sentido, Cristo continua em agonia, a Paixão de Cristo continua hoje em todos os desprezados, humilhados, descartados, torturados, crucificados na sua dignidade, por tanto desprezo e indiferença”. No entanto, “a Paixão de cristo é o coroamento de toda uma existência vivida em amor até ao fim, até ao extremo, de quem deu tudo e de quem dá tudo pelos outros”. Por isso, “não podemos adorar a Jesus na Cruz e estar de costas voltadas para o sofrimento de tantos seres humanos destruídos, pela fome, pela miséria”, declarou, acentuando que “só este amor divino é capaz de resgatar o mundo”.
As celebrações começaram com o Rosário na Capelinha das Aparições, onde se rezou pela paz no mundo, pelas vítimas da guerra e pelo Santo Padre. E, à tarde, o Recinto de Oração acolheu a Via Sacra e a Basílica de Nossa Senhora do Rosário acolheu a oração de Vésperas.
Fizeram-se anunciar nos serviços do Santuário três grupos de peregrinos.
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A 29 de março, iniciou-se o Tríduo Pascal cujas celebrações foram interpretadas no Santuário, pela primeira vez, em língua gestual portuguesa (LGP) e foram vivenciadas de forma intensa.

Na Quinta-feira Santa, ao início da manhã, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima acolheu, pelas 9 horas, a oração de Laudes. Pelas 18 horas, a missa vespertina da Ceia do Senhor, celebrou-se na Basílica da Santíssima Trindade. E, pela noite, a partir das 23 horas, houve oração comunitária na Capela da Morte de Jesus.
As cerimónias da sexta-feira da Paixão do Senhor iniciaram-se pelas 0 horas na Capelinha das Aparições, com via-sacra aos Valinhos. Pelas 9 horas, foi rezada a oração de Laudes na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Às 15 horas, foi a celebração da Paixão do Senhor na Basílica da Santíssima Trindade. E, pelas 21 horas, os peregrinos foram convidados a acompanhar a Via Sacra no Recinto de Oração.

O Sábado Santo começou com a oração de Laudes na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima pelas 9 horas. Ao meio dia, recitou-se o rosário na Capelinha das Aparições. No mesmo local, pelas 15 horas, fez-se uma oração a Nossa Senhora da Soledade. A Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima acolheu pelas 17,30 horas a oração de Vésperas. E, às 22 horas, começou a Vigília Pascal, que teve lugar na Basílica da Santíssima Trindade e que se seguiu a Procissão Eucarística para a Capela do Santíssimo Sacramento

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Uma vocação eucarística de serviço no amor
A Missa vespertina da Ceia do Senhor, na quinta-feira, assinalou o início do Tríduo Pascal com caráter festivo evocando a instituição da Eucaristia, a instituição do sacerdócio e o mandamento do amor no lava-pés, no qual simbolicamente o Reitor Padre Carlos Cabecinhas lavou os pés 12 colaboradores da instituição: um capelão, um acólito, um voluntário e 9 funcionários.
No final da celebração, o Santíssimo Sacramento foi trasladado para a Capela da Morte de Jesus (desnudando-se então os altares). Pela noite, houve contínua oração comunitária nesta mesma Capela.
Na homilia da Missa, o Reitor sublinhou que a vocação de todo o cristão “é eucarística”, ou seja, “uma vocação de serviço no amor”. E assegurou que “não é possível a comunhão com Cristo, esquecendo ou ignorando os outros, os irmãos, não é possível a comunhão com Cristo sem esta atitude humilde de serviço aos outros”. E acrescentou que “a Eucaristia torna presente para nós hoje esse ato supremo de amor misericordioso e de serviço que é a entrega de Cristo por nós”, lembrando que o “mandato” de Jesus é um convite à celebração da Eucaristia” como memorial da entrega de Cristo por nós” e o apelo a este compromisso de servir o outro.
A partir do Evangelho da noite, que “é a chave de leitura dos acontecimentos que celebramos não apenas em Quinta-feira Santa, mas nestes dias do Tríduo Pascal”, o Reitor do santuário de Fátima frisou que a Eucaristia “é o pão dos frágeis e não dos impecáveis”.

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A cruz, um símbolo de amor, de misericórdia e de salvação
Na Sexta-feira Santa, o Santuário voltou a receber milhares de peregrinos que participaram na celebração da Paixão e Morte de Jesus Cristo, na Basílica da Santíssima Trindade, sob a presidência do Reitor.
Na homilia da celebração, o Padre Cabecinhas sublinhou que, depois da revelação do “amor extremo” de Jesus, morrendo pregado na cruz, este instrumento de morte e de suplício, tornou-se “um símbolo de amor, de misericórdia e de salvação”. Por isso, “ao contemplarmos a cruz já não o devemos fazer como sinal de morte, mas como prova do amor que dá vida”. E o Reitor assegurou que, neste dia de Sexta-feira Santa, toda a nossa atenção se centra na Cruz de Cristo, que contemplamos como a máxima expressão desse amor por nós levado ao extremo”.
O Padre Cabecinhas deixou, assim, um repto a todos os peregrinos presentes: “Em atitude de adoração e gratidão, contemplemos em silêncio a Cruz de Cristo e tomemos consciência de que foi por mim – por cada um de nós –, porque me ama, que Ele deu a Sua vida”.
O momento da adoração individual da cruz, que é depois da proclamação do Evangelho um dos momentos mais importantes da celebração foi acompanhado de meditações a partir das Memórias da Irmã Lúcia, recordando parte dos diálogos dos santos Francisco e Jacinta Marto, após as Aparições de Nossa Senhora. Com efeito, este é um dia alitúrgico, no qual os fiéis podem comungar na celebração que decorre durante a tarde, perto da hora em que se acredita que Jesus terá morrido. A parte inicial da celebração, Liturgia da Palavra, tem um dos elementos mais antigos da Sexta-feira Santa, a grande oração universal, com dez intenções que procuram abranger todas as necessidades e todas as realidades da humanidade, rezando pelos governantes, pela unidade entre os cristãos, pelos que não têm fé ou os judeus, entre outros.
E à noite, no Santuário houve a Via-sacra no Recinto de Oração.
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A ressurreição é “o fundamento e o alicerce” da fé, esperança e confiança
Na homilia da Missa da Vigília Pascal, o Reitor afirmou que a ressurreição é “o fundamento e o alicerce” da fé dos cristãos, da sua esperança e da sua confiança.
O Padre Cabecinhas, lembrando que as palavras do mensageiro, à entrada do túmulo, são convite à confiança”, desafio e interpelação, sustentou que “a ressurreição de Cristo dissipa as trevas dos nossos medos e renova a nossa confiança”; e, sublinhando que da fé na ressurreição “brota a confiança”, frisou que “a ressurreição mostra-nos que não devemos ter medo”.
Afirmando que “a noite, a escuridão e as trevas sintetizam os nossos medos” e “simbolizam as nossas incertezas e a angústia dos nossos dias”, referiu algumas situações de medo que atravessam as vidas da humanidade como a impossibilidade de concretizar todas as aspirações individuais, a incapacidade para ser feliz, o medo do futuro, da solidão, da morte e do sofrimento as quais encontram resposta na esperança de uma vida nova trazida por Cristo ressuscitado. E, deixou um desafio, como nas Escrituras, “Ide, ide testemunhar e anunciar”, salientando que o convite feito àquelas mulheres é hoje tão atual e dirigido a todos os cristãos. E concluiu que “ser batizados implica levar esperança a quem vive no desespero” e “apresentar Jesus Cristo como o único que salva e dá a vida”.
Na celebração, que se iniciou no exterior, junto à porta de Cristo na Basílica da Santíssima Trindade, onde se acendeu o círio, participaram muitos peregrinos de língua espanhola, italiana e inglesa em grupos organizados e que se fizeram anunciar no Santuário. Nesta Vigília Pascal, invocaram-se, pela primeira vez, os Santos Francisco e Jacinta Marto durante a Ladainha, para dizer que em Fátima Eles são uma interpelação permanente à descoberta do nosso Batismo.
A Vigília Pascal é a maior e mais importante das celebrações da Igreja, que integra já o calendário da Páscoa. A sua celebração é composta por 4 liturgias: a da Luz (em sinal de alegria, com a bênção do lume novo e o Círio); a da Palavra (que compreende 9 leituras, 7 do Antigo Testamento e 2 do Novo Testamento, com o canto do Glória e do Aleluia); a Batismal; e a Eucarística.
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Ler os sinais da presença do Ressuscitado nas nossas vidas, testemunhá-Lo e imitá-Lo
Na homilia da Missa do domingo de Páscoa, o Reitor do Santuário exortou os peregrinos a serem testemunho de Cristo ressuscitado através das suas vidas.
A justificar a importância da Páscoa como “a mais importante festa cristã”, o sacerdote elegeu a crença na ressurreição como a “marca distintiva e alicerce da fé cristã”. E, assegurando que “é na certeza da ressurreição de Jesus que reside o fundamento da fé cristã, nesta certeza de que, presente no meio de nós, Ele nos congrega e Se manifesta nas nossas vidas”, deixou três desafios aos cristãos, a partir da Liturgia deste domingo de festa solene: “aprender a ‘ler’ os sinais da presença de Cristo ressuscitado nas nossas vidas; testemunhar o encontro com Cristo vivo; e imitar Jesus, que passou fazendo o bem”.
Na apresentação do primeiro desafio, partiu do exemplo das reações distintas tidas pelos dois apóstolos, perante o túmulo vazio de Jesus, para apresentar a fé como chave para “perceber os sinais da presença de Cristo ressuscitado”:
Pedro viu os sinais da ausência de Jesus do sepulcro, mas não conseguiu ir além daquilo que os seus olhos viam. O outro discípulo, vendo esses mesmos sinais, acreditou. É aos olhos da fé que o sepulcro vazio se torna testemunho silencioso do acontecimento da ressurreição. Celebrar a Páscoa significa renovar o nosso olhar, animado pela fé, para reconhecermos os muitos modos pelos quais Cristo vivo se torna presente nas nossas vidas. Como o discípulo amado, também nós somos desafiados a aprender ver os sinais dessa presença e a acreditar.”.
Sobre o segundo desafio, o Presidente da celebração destacou a importância de assumir anúncio da ressurreição de Jesus no testemunho de vida pessoal de cada cristão e sustentou:
Como os Apóstolos, não podemos deixar de levar Jesus ao mundo de hoje. Quem faz a experiência do encontro com Cristo vivo, com Cristo ressuscitado, não pode calar a sua alegria… É necessariamente Seu anunciador.”.
Por fim, destacou, a partir da Palavra de Deus, aquele que é “o maior testemunho que podemos dar de Jesus ressuscitado”: fazer o bem aos outros. E disse, concluindo:
São Pedro carateriza da seguinte forma vida de Jesus: foi ungido pelo Espírito Santo, e ‘passou fazendo o bem’. Ser cristão é imitar Jesus, passando fazendo o bem. Testemunhar a ressurreição de Cristo é vivermos voltados para os outros, ajudando-os nas suas necessidades. É também nós, hoje, passarmos fazendo o bem.”.
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Parece que o Santuário vem assumindo o dinamismo desejado pelo Papa Francisco no âmbito da evangelização, no âmbito celebrativo e no âmbito da piedade popular, tanto quanto possível, conexa com o Evangelho e voltada para os mais deserdados da sociedade. É bom que se mantenha nesse rumo e progrida nele. Com efeito, o Reino de Deus está entre nós: é preciso acolhê-lo, converter-se e acreditar na Boa Nova, por Maria, a Estrela da Evangelização.
2018.04.02 – Louro de Carvalho

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