sexta-feira, 6 de abril de 2018

Andrea Bocelli em Fátima para Recital de Ação de Graças pelo Centenário


No próximo dia 13 de maio, pelas 16 horas, a Basílica da Santíssima Trindade acolherá um recital de Andrea Bocelli em ação de graças pelo Centenário de Fátima.
Segundo a nota emitida pela Sala de Imprensa do Santuário, “um ano depois de Fátima se ter despedido do Papa Francisco, após a canonização de Francisco e Jacinta Marto, momento que emocionou Portugal e o mundo cristão e selou as celebrações do Centenário das Aparições, o tenor italiano, um dos artistas mais apreciados em todo o mundo, visitará Fátima brindando os peregrinos com a sua música”.
Ou, segundo o site do próprio Bocelli:
Após a grande celebração do Centenário das Aparições de Fátima, cujo auge ocorreu em maio de 2017 com a visita do Papa Francisco a Fátima, como peregrino entre os peregrinos, e com a canonização dos Pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, aceitou o Santuário de Fátima a oferta da Dançar Marketing e do Colégio Vértice, em Ação de Graças pelo Centenário de Fátima, de um recital pela voz do tenor italiano Andrea Bocelli e com a participação especial da cantora portuguesa Ana Moura, ambos de renome internacional”.
O artista far-se-á acompanhar pela pianista francesa Elisabeth Sombart e pela violinista ucraniana Anastasyia Petryshak, sob a já habitual direção musical de Carlo Bernini. Entre o repertório, composto por 11 temas, está o Ave de Fátima, interpretado por uma convidada de Andrea Bocelli, a fadista portuguesa Ana Moura, no que será um dos momentos mais altos deste recital, especialmente voltado para a interpretação de música sacra.
Andrea Bocelli, que conseguiu fazer do bel canto um dos géneros mais ouvidos em todo o mundo, com êxitos tão importantes como “Con te Partirò”, interpretará “Meditation”, de Jules Massenet; Pietà Signore”, de Alessandro Stradella; “Sancta Maria”, de Pietro Mascagni; “Panis Angelicus”, de Cesar Frank; “Mission”, de Ennio Morricone; “Ave Maria”, de Giulio Caccini; “Ave Maria”, de Charles Gounod;Corale” in Fa minore, de J. S. Bach; Ave Maria”, de Franz Schubert; “Agnus Dei”, de Georges Bizet; “Ave Maria di Fatima”, Anonimo (com Ana Moura); e “Domine Deus”, Gioachino Rossini.
Com uma das melhores vozes de todos os tempos, Bocelli assumiu-se como um prodígio nos anos 90, com mais de 90 milhões de discos vendidos em todo o mundo. Ao aliar a gloriosa tradição do bel canto à sensibilidade e à estética da música moderna, conquista o coração e a alma do público, sem nunca sacrificar a integridade da sua arte. Com dez óperas gravadas – de Werther a Carmen passando por Romeu e Julieta e La Tosca – e vários álbuns de música popular, já venceu cinco BRIT Awards e três Grammy Awards, além de ter realizado vários concertos em espaços icónicos como o Santuário da Aparecida, no Brasil, ou a Praça de São Pedro, onde cantou para o Papa Francisco, em 2015, Amazing Grace, durante o encontro que celebrou os 50 anos de ecumenismo na Igreja Católica.
O recital, patrocinado pela empresa brasileira Dançar Marketing e pelo Colégio Vértice, é uma oferta ao Santuário de Fátima e, consequentemente, aos seus peregrinos, proporcionando um momento de ação de graças pelo Centenário das Aparições, através da música, que é uma das formas mais sublimes de oração.
Há 35 anos que a empresa reúne milhões de espectadores nos seus incontáveis espetáculos, projetos sociais, reunindo no seu portefólio a produção de grandes tournées internacionais de artistas emblemáticos como Sarah Brightman, George Benson, Diana Krall, Chris Cornell, Jeff Beck, Richie Sambora, entre outros.
A entrada é gratuita, mas sujeita à aquisição de um título de ingresso. E sabe-se que, devido à elevada procura de ingressos, nesta fase não há lugares disponíveis.
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Em termos biográficos, ressalta que Andrea Bocelli nasceu na cidade de Lajatico em 1958. Filho de Alessandro e Edi Bocelli cresceu na fazenda da família a cerca de 40 km da cidade de Pisa. Aos 6 anos de idade, iniciou a frequência de aulas de piano a que se seguiram as de flauta, saxofone, trompete, harpa, violão e bateria. Mas nasceu com glaucoma congénito que o deixou parcialmente cego e, aos 12 anos, numa partida de futebol levou um golpe na cabeça que fez com que a cegueira fosse total. Mas, além de cantor, é um bom poli-instrumentista.
Na infância, tocava órgão na igreja próxima da sua casa, aonde ia todos os domingos com a avó. E foi com essa idade que venceu o prémio Margherita d'Oro, em Viareggio, com a canção “O Sole Mio”, conseguindo a primeira vitória numa competição musical. E, a pós a conclusão do ensino médio, em 1980, foi para a Universidade de Pisa, onde mais tarde foi graduado em Direito. Depois de trabalhar como advogado durante um ano, teve aulas de canto com o maestro Luciano Bettarini, passando a dedicar-se a tempo integral à música. E nunca parou o treinamento vocal, aprendendo master classes com o renomado tenor Franco Corelli, em Turim.
Em 1992, o astro do rock italiano Zucchero Fornaciari testou Andrea enquanto procurava tenores  para um dueto com ele no canto “Miserere”. Ao ouvir a gravação, o tenor Luciano Pavarotti implorou a Zucchero para usar Andrea em sua vez. Enfim, a música foi gravada com Pavarotti, mas Andrea Bocelli acompanhou Zucchero no périplo europeu.
Em 1994, participou no Festival de San Remo (Festival da canção italiana), ganhando o evento com a canção “Il mare calmo della sera”, que o alçou ao primeiro disco de ouro. No mesmo ano, estreou na ópera “Macbeth”, de Giuseppe Verdi, com o papel de Macduff; cantou no concerto de beneficência de Pavarotti em Modena; e apresentou-se ante o Papa João Paulo II no Natal. Em 1995, a sua canção “Con te partirò” ficou em 4.º lugar no Festival de San Remo.
O seu ídolo de infância era Eusébio da Silva Ferreira, jogador de futebol português. Mas, quando Andrea se tornou famoso, foi Eusébio que o quis conhecer e as posições trocaram-se.
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No âmbito da carreira profissional e artística, salientam-se os seguintes dados:
Em 1996, cantou com a soprano inglesa Sarah Brightman uma versão em dueto de “Con te partirò”, com alteração do título para “Time to Say Goodbye” (“Hora de Dizer Adeus”), que bateu recordes de vendas e ficou no topo das dez canções mais tocadas no mundo durante quase 6 meses. Nos anos seguintes, Andrea apresentou-se em Paris, Bologna, Torre de Lago e Vaticano. Lançou mais álbuns até entrar no mercado americano com um concerto no “John F. Kennedy Center for the Performing Arts”, em Wasshington D.C., e uma receção na Casa Branca. Naquele ano e em 1999, Andrea partiu em digressão pela América do Norte e América do Sul e fez duetos com Céline Dion, além de participar na primeira ópera totalmente transmitida ao vivo pela Internet da “Detroit Opera House” (“Ópera de Detroit), com Dency Graves.
Como vencedor do Festival de San Remo, Bocelli foi convidado a retornar no ano seguinte. Competindo com Con te partirò, o tenor ficou em 4.º lugar. A canção foi incluída no seu 2.º álbum de estúdio Bocelli, produzido por Mauro Malavasi e lançado em novembro de 1995. Na Bélgica, “Con te partirò” tornou-se o single mais vendido de todos os tempos e tornou-se a sua canção-assinatura que nunca pode faltar em shows.
O seu 3.º álbum, Viaggio Italiano, foi lançado na Itália em 1996. Bocelli foi convidado para um dueto com a soprano inglesa Sarah Brightman a canção “Con te partirò” na última partida do boxeador Henry. Brightman conhecera Bocelli após ouvi-lo cantar a canção num restaurante. Com o título da canção alterado para “Time to Say Goodbye”, os cantores gravaram-na com membros da Orquestra Sinfónica de Londres. O single despontou nas paradas musicais da Alemanha, onde permaneceu em 1.º lugar durante 14 semanas. Com as vendas a aproximarem-se dos milhões de cópias e um certificado de platina sêxtuplo, “Time to Say Goodbye” tornou-se a canção de maior sucesso do artista. Mas Bocelli também liderou as paradas da Espanha em 1996 com a canção “Vivo por Ella” (um dueto com Marta Sánchez). Em 1998, foi lançada a versão portuguesa com a cantora brasileira Sandy, intitulada em português “Vivo por Ela”.
No mesmo ano, Bocelli gravou “Je vis pour ele”, a versão francesa de “Vivo per lei”, em dueto com a cantora francesa Hélène Ségara. Lançada em dezembro de 1997, a canção tornou-se um sucesso de vendas na Bélgica e na França, onde atingiu a primeira colocação nas paradas musicais. A partir de então, a canção passou a ser o maior recorde de vendas de Ségara e o segundo maior de Bocelli, depois de “Time to Say Goodbye”. Em março do mesmo ano, Bocelli e Brightman receberam o Prémio ECHO de “Melhor Single do Ano”.
No verão de 1997, Bocelli realizou uma série de 22 concertos a céu aberto pela Alemanha e um concerto fechado em Oberhausen. Em setembro, apresentou-se na Piazza dei Cavalieri, em Pisa, para a gravação de “A Night in Tuscany”, com a participação especial de Nuccia Focile, Sarah Brightman e Zucchero. O concerto foi também a primeira apresentação clássica televisionada do artista, tendo sido transmitida pela PBS. Em 14 de setembro, em Munique, Bocelli recebeu o Prémio ECHO de “Álbum Mais Vendido do Ano” por “Viaggio Italiano.
Estreou nas gravações de ópera em 1998, ao interpretar Rodolfo numa produção de La bohème em Cagliari. O seu 5.º álbum, Aria: The Opera Album, foi lançando em março. A 19 de abril, fez a sua estreia em solo estadunidense com um concerto no John F. Kennedy Center, em  Washington D.C., seguido duma receção na Casa Branca pelo Presidente Bill Clinton. Em maio, em Monte-Carlo, recebeu o World Music Awards nas categorias “Melhor Artista Italiano” e “Melhor Performance Clássica”. Também foi listado entre as “50 Pessoas mais bonitas de 1998” pela revista People. Entre junho e agosto, Bocelli realizou uma digressão pelo continente americano. Em setembro, recebeu o seu segundo Prémio ECHO Klassik, desta vez na categoria “Álbum Clássico Mais Vendido”, por Aria: The Opera Album. Na noite de Ação de Graças, foi convidado especial de Céline Dion durante o especial televisivo These Are Special Times, em que executaram o dueto “The Prayer” e “Ave Maria”, que foi incluído no álbum de Dion, These Are Special Times, lançado no mesmo ano, e integrou a trilha sonora da animação Quest for Camelot. A canção foi relançada no álbum Sogno, de Bocelli.
No 56.º Globo de Ouro, a canção “The Prayer” venceu o prémio na categoria “Melhor Canção Original”. No Grammy Awards, Bocelli foi indicado na categoria Best New Artist (“Artista Revelação”), mas a cantora estadunidense Lauryn Hill venceu a disputa. Bocelli e Dion realizaram uma performance da canção durante a cerimónia. A canção também foi indicada ao Óscar de Melhor Canção Original.
Na Itália, Bocelli participou em Florença num encontro de chefes de Estado de centro-direita. Em 29 de novembro de 1998, convidado pela Rainha Isabel II, cantou em  Birmingham. A 30 de novembro, lançou a sua autobiografia, intitulada La musica del silenzio. E, em dezembro, realizou uma série de concertos – em Barcelona, Estrasburgo, Lisboa, Budapeste e Messina – alguns dos quais foram televisionados internacionalmente. E o tenor sobressaiu na televisão alemã, no programa “Wetten, dass…?Wetten, dass..?. Pouco depois, participou num concerto de José Carreras em Leipzig. Em 31 de dezembro, fechou uma série de 24 concertos com uma apresentação de Ano Novo no Nassau Veterans Memorial Coliseum, em Nova Iorque.
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No âmbito da projeção internacional, começa-se por referir que gravou em 1997 com a cantora brasileira Sandy a canção “Vivo por Ela”, música que foi muito executada nas rádios do Brasil.
Em 2002, Andrea repetiu a digressão pela América, ganhando dois “Worlde Music Awards”. E, desde então, continuou a carreira com aparições em concertos no mundo inteiro, cantando inclusive durante o All-Star Weekend da NBA de 2006 em Houston Texas. Cantou “Because We Believe” (“Porque Nós Acreditamos”), do seu álbum Amore (lançado em 2006), na cerimónia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2006 em Turim, Itália.
Em 2006, trabalhou com os 6 finalistas do programa de televisão American Idol, ajudando-os a cantar as canções a teor do tema da semana: “classic love songs” (músicas românticas clássicas).
Em 2016, foi indicado ao Grammy Latino de Gravação do Ano por sua canção “Me Faltarás”.
Para 13 de maio de 2018, foi anunciada a sua presença no predito recital especial em Fátima, para ação de graças pelo centenário das aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria.
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Quanto à intervenção em eventos sociais e humanitários, deve dizer-se que Andrea Bocelli tem participado em inúmeros eventos de caridade e várias ocasiões similares em todo o mundo, como uma apresentação no local das ruínas do World Trade Center, o Ground Zero, em outubro de 2001. Participou em várias edições do projeto “Pavarotti & Friends” (Pavarotti e Amigos, no Brasil), liderado pelo amigo pessoal Luciano Pavarotti, e nos concertos para a Fundação ARPA (é seu presidente honorário). Em 2004, participou no concerto de Sharon Osbourne para angariação de fundos para as vítimas do Tsunami de 2004 e, no ano seguinte, protagonizou um concerto televisivo intitulado “Music for Asia”.
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Não se limitando a cantar, Bocelli contribuiu para vários trabalhos escritos, incluindo um pequeno texto sobre  a amizade em compilação de Doris S. Platt e o prefácio e um capítulo-entrevista para um livro italiano sobre guarda conjunta. E escreveu a referida autobiografia: La musica del silenzio (A música do silêncio), publicada em 1999. A tradução inglesa foi lançada no ano seguinte, com o título Andrea Bocelli: The Autobiography (Andrea Bocelli: A Autobiografia).
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O recital será uma boa maneira de o Santuário honrar o seu compromisso cultural com os peregrinos e com a sociedade. Depois do arrojado programa centenário, tudo se espera do Santuário da Cova da Iria: evangelização, sacramentos, vida intensa de piedade, atenção ao povo, cultura, ciência, arte e, sobretudo, atenção aos mais fragilizados e contributo para a estruturação da justiça social.
2018.04.06 – Louro de Carvalho

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