O Papa
concluiu as suas atividades da manhã do dia 21 de abril, no Vaticano, com a
receção, na Praça de São Pedro, de cerca de 13 mil peregrinos das dioceses de
Bolonha e Cesena, que vieram, com os respetivos Pastores, retribuir a visita apostólica
que ele fez às suas comunidades em outubro do ano passado.
Na saudação que
dirigiu aos numerosos presentes – Bispos, autoridades civis, sacerdotes,
pessoas consagradas e fiéis leigos e enfermos –, o Santo Padre disse que “não
esqueceu o acolhimento que lhe foi dispensado e os encontros de fé e de oração”
realizados nas duas cidades italianas. E vincou:
“Graças ao dom da Providência
pude confirmar e revigorar a vossa fé e pertença à Igreja, que se concretizam
com atitudes e gestos de caridade, especialmente em relação às pessoas mais
frágeis. Logo, exorto-vos a continuardes, com coragem, no caminho de renovação
e compromisso eclesial.”.
Em Cesena, como
recordou o Papa Francisco, foram comemorados, na ocasião, o III centenário de
nascimento do Papa Pio VI e a memória do Papa Pio VII – oportunidade propícia
para refletir sobre a ingente obra de evangelização e as metas missionárias,
sob o exemplo destes grandes Pastores.
Em Bolonha,
Francisco destacou a conclusão do Congresso Eucarístico Diocesano, que reuniu
numerosos fiéis em torno de Jesus Eucarístico.
Agora, a
este respeito, citou a sua recente Exortação Apostólica “Gaudete e exsultate”,
sobre a vocação de todos à santidade: “Partilhar
a Palavra e celebrar juntos a Eucaristia torna-nos mais irmãos e transforma-nos
em comunidade santa e missionária”. E frisou:
“A Eucaristia, de facto, compõe
a Igreja, agrega-a e une-a no vínculo do amor e da esperança. Jesus instituiu-a
para que permanecêssemos com Ele, formando um só corpo e tornando-nos mais
unidos e irmãos. A Eucaristia reconcilia-nos e une-nos, alimenta a vida
comunitária e gera gestos de generosidade, perdão, confiança e gratidão:
significa ação de graças, educa-nos para a primazia do amor e para a prática da
justiça e da misericórdia.”.
Assim, convicto de que os homens e as mulheres do nosso tempo precisam de
encontrar Jesus Cristo no seu verdadeiro e múltiplo rosto, Francisco assegurou
que Ele é o caminho que nos conduz ao
Pai, que Ele é o Evangelho da esperança e do amor. Por outro lado, no
cumprimento alegre da nossa importante missão, Ele exige generosa
disponibilidade, renúncia a si mesmo e abandono confiante à vontade divina. É
este – diz o Pontífice – o nosso itinerário de santidade.
Depois, o
Papa fez a seguinte exortação aos peregrinos de Bolonha e Cesena:
“Encorajo-vos a fazer ressoar
em vossas comunidades o chamamento à santidade, que envolve todos os batizados,
em qualquer condição de vida. Na santidade consiste a plena realização da
aspiração do coração humano. Trata-se de um caminho que deve ser trilhado com o
acolhimento concreto do Evangelho. Este compromisso missionário proporciona
novo impulso à evangelização.”.
E concluiu:
“Não cesseis jamais de buscar a Deus e o seu Reino e de prestar o
precioso serviço aos irmãos, sempre com fraternidade e simplicidade”.
Na verdade,
o dinamismo do Reino configura o espaço da justiça de Deus entendida à luz da
misericórdia e do amor. Na prática, ilumina-se, em rota de oração, com a
Palavra do senhor, alimenta-se e revigora-se na Eucaristia e abre-nos ao
serviço aos irmãos. E este serviço aos irmãos presta-se pela proximidade e
acompanhamento, pela promoção económica, espiritual e cultural e pela formação
e incremento da comunidade. O promotor do Reino, enquanto profeta de Deus e
testemunha do drama humano, tem se ser orante, apóstolo e missionário, imerso
nas realidades humanas, tantas vezes chamuscadas (ou mesmo
queimadas) pelo fogo destruidor do espírito
mundano. Por isso, se lhe pede continuidade, coragem e trilho persistente do caminho
de renovação.
***
A busca de Deus e do seu Reino implica amor fiel
a Deus e serviço humilde aos irmãos.
Na verdade, ao receber em audiência, na manhã do
mesmo dia 21, os
seminaristas da Comunidade do Venerável Colégio Inglês de Roma (um grupo de
50 pessoas), na Sala do Consistório, Francisco
disse que era bonito ver jovens que se preparam para assumir um compromisso
estável com o Senhor que dure para a vida inteira e sublinhou que “isso é mais
difícil” para eles do que foi para ele, Papa, “por causa da ‘cultura do
provisório’ de hoje em dia”. Advertindo que, “na vida cristã há um só obstáculo
relevante diante de cada um de nós: o medo”, acertou que “podemos superá-lo com
o amor, a oração e o bom humor”. Nestes termos, espera que os seminaristas “não
tenham medo das dificuldades e das provações e da luta incessante contra o
pecado”.
E, quanto à necessidade de superar os medos, o Pontífice instou à coragem
e evocou o exemplo do padroeiro do Colégio, São Tomás de Cantuária, dizendo:
“Encorajo-vos a não terdes medo de vós
mesmos. Tomando o exemplo do vosso celeste Padroeiro, São Tomás de Cantuária –
que não permitiu a seus pecados passados e aos limites humanos de servir a Deus
até ao fim –, não somente sereis capazes de superar os vossos medos, mas
ajudareis também os outros a superar os próprios.”
No início de
seu discurso, ao dar as boas-vindas aos superiores e aos alunos do referido
Colégio Inglês, o Santo Padre recordou que este ano se celebram vários
aniversários significativos na vida da Igreja na Inglaterra e Gales e disse
querer partilhar com eles algumas palavras de encorajamento.
Sobretudo,
disse rezar por eles a fim de que possam crescer aprofundando cada vez mais a
relação com o Senhor e a atenção para com os outros, especialmente os mais
necessitados. “Amor a Deus e amor ao próximo” – disse – são “o marco da nossa
vida”.
Primeiro, o
amor a Deus. Deus está efetivamente acima de tudo e merece a assunção do
compromisso estável por toda uma vida, com que não se compadece a cultura do
provisório, cada vez mais instalada. Assim, Francisco discorreu perante aqueles
seminaristas:
“Para superar esse desafio e para ajudar-vos
a fazer uma autêntica promessa a Deus, é vital durante estes anos de seminário
alimentar a vossa vida interior, aprendendo a fechar a porta da vossa cela
interior a partir de dentro. Desse modo, o vosso serviço a Deus e à Igreja resultará
reforçado e encontrareis aquela paz e felicidade que somente Jesus pode dar”.
Com a mira
naquela paz e felicidade que só Jesus pode dar, mais facilmente se passará à
segunda vertente do mandamento, o amor ao próximo. Com efeito,
continuou o Pontífice, “não somos
testemunhas de Cristo para o bem de nós mesmos, mas para os outros, em
constante serviço”. Assim, “nós
buscamos oferecer este serviço não por um simples sentimento, mas por
obediência ao Senhor, que se ajoelha para lavar os pés dos discípulos”. E,
apontando para o cariz comunitário do discipulado em que se cultiva o amor ao
próximo, vincou:
“Nem mesmo o nosso discipulado missionário
pode ser vivido no isolamento, mas sempre na colaboração com outros sacerdotes,
religiosos e leigos, homens e mulheres”.
Sabendo que muitas vezes é difícil amar o próximo, nem por isso estamos
dispensados do cumprimento deste preceito. Diz o Papa:
“Às vezes é difícil amar o próximo, e é por
isso que, a fim de que o nosso ministério seja eficaz, temos constantemente necessidade
de ‘permanecer centrados, firmes, em Deus que ama e dá força. A partir dessa
firmeza interior é possível suportar (os outros) com paciência e constância no
bem’.”
Por fim, apelou ao cultivo de boas amizades e relações sadias,
esclarecendo:
“Cultivando as amizades, as boas e sadias relações que vos ajudarão no vosso
futuro ministério, estou certo de que reconhecereis os vossos verdadeiros
amigos, que não são simplesmente aqueles que concordam convosco, mas são dons
do Senhor para ajudar-nos a caminhar rumo àquilo que é justo, nobre e bom”.
E concluiu
oferecendo-lhes estes pensamentos de encorajamento ao amor fiel daqueles
seminaristas a Deus e ao serviço humilde aos irmãos e às irmãs.
***
E o apelo à busca de Deus e do seu Reino é dirigido
pelo Papa aos jovens cubanos, na linha do amor a Jesus e à pátria.
Numa videomensagem aos jovens cubanos por ocasião do
Encontro dos responsáveis pela Pastoral juvenil local, exorta: “Bons patriotas, amai a vossa terra, amai a vossa
pátria”.
O predito evento realiza-se na Casa
Sacerdotal de Havana, a capital cubana, e é organizado pela Comissão nacional
da Pastoral juvenil, presidida por Dom Alvaro Julio Beyra Luarca, Bispo de
Bayamo y Manzanillo.
O Pontífice encoraja os jovens
cubanos a apaixonarem-se por Jesus e a terem um empenho sempre mais concreto ao
serviço da Igreja “nesta Cuba concreta de hoje, sem medo de ouvir o chamamento
de Deus nas situações que se apresentam todos os dias”.
Por outro lado, convida a juventude
cubana a ser generosa e abrir seu coração ao Senhor, congraçando cabalmente esta
generosidade e abertura de coração com o patriotismo e o amor à terra, à
pátria.
Francisco faz votos para que os
esforços dos jovens não sejam somente em vista da próxima Jornada Mundial da Juventude no Panamá e a da Jornada local, em Santiago, mas que possam ir além, que esta seja
uma oportunidade para aprofundar os processos de fé e que possam também
continuar a construir a Igreja cubana de hoje e de amanhã, a Pátria cubana de
hoje e de amanhã, conscientes de que não estão sós.
E o Papa conclui encorajando-os e
convidando-os a irem sempre avante,
olhando para a frente, amando a sua terra, amando a Jesus – para o que implora
a proteção de Nossa Senhora.
***
Foram três
momentos de diálogo papal, proporcionados por diferentes circunstâncias e com
destinatários diferentes, mas em que o denominador comum é a busca de Deus, o
seu amor e a outra face do preceito, o amor ao próximo, mesmo que tenha de se
começar pelo próximo que vive na própria pátria ou mesmo que seja difícil amar
o próximo e superar a cultura do provisório. Estamos a mergulhar no ser e na
missão da Igreja, presente onde estão as pessoas.
Amor Christi urget nos! (2Cor 5,14).
2018.04.22 – Louro de
Carvalho
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