Foi hoje, dia 12 de abril, anunciada, pelos
presidentes das câmaras municipais de Vila Nova de Gaia e do Porto, a
construção de uma nova ponte entre Porto e Vila Nova de Gaia.
A nova travessia, que vai unir Oliveira do Douro (Vila Nova de Gaia) à zona de Campanhã (Porto), será intitulada a “Ponte
D. António Francisco dos Santos” e significará um investimento de 12 milhões,
repartido em partes iguais pelas duas autarquias – um projeto de investimento
inteiramente interautárquico, não necessitando de financiamento exterior.
A travessia, a designar Ponte D. António Francisco dos Santos, em homenagem
ao bispo que morreu em setembro do ano passado, vai unir os dois concelhos
entre Oliveira do Douro, em Gaia, e a zona de Campanhã, no Porto.
O anúncio foi feito por Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues, durante a
manhã de hoje no Laboratório Edgar Cardoso, equipamento próximo da ponte São
João, que une os dois concelhos via ferroviária.
Os autarcas estimam que a nova ponte custe cerca de 12 milhões de euros e
esteja concluída no prazo de três a quatro anos.
Serão necessários dois concursos públicos, um
para conceção que será lançado ainda este ano, e um segundo de
caráter internacional para a construção.
A travessia será construída à cota baixa, terá 250 metros e ligação para
trânsito rodoviário e transporte público, passagem pedonal e ciclovia.
“É uma solução que vinha sendo exigida pelas necessidades atuais e pelo
facto de as duas cidades conviverem quase como uma. Temos um centro histórico,
não temos dois” – disse o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, à margem
da apresentação.
Já o autarca de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, disse acreditar que a nova
ponte “vai transformar as duas margens”, sendo que do lado sul, é objetivo
“explorar o potencial de acessos ao IC23 e à VL9”.
Os dois presidentes destacaram como meta o “alívio da pressão das pontes
atuais”, bem como a “inclusão de territórios que ao longo dos tempos têm
sofrido alguma estigmatização”, como referiu Eduardo Vítor Rodrigues.
Rui Moreira avançou ainda que com a construção desta nova ponte, a atual travessia da Ponte Luiz I poderá passar a exclusivamente
pedonal, somando-se a passagem do elétrico e de veículos de emergência.
Quanto à ponte Dona Maia Pia, atualmente desativada, o autarca referiu que
os dois concelhos “têm vindo a trabalhar em soluções para esse tabuleiro” que,
garantiu, “não será abandonado porque os dois projetos são conjugáveis”.
Questionados sobre o financiamento para a obra, Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues frisaram que Porto e Gaia vão
pagar a ponte em partes iguais, com o autarca de Gaia a apontar que o fará sem
recurso à banca.
No decorrer da apresentação, Rui Moreira já tinha salientado: “Não precisamos de pedir nada ao senhor
ministro das Infraestruturas e também não precisamos do Ministério da Cultura”.
Entretanto, segundo refere o JN, o portal online da Câmara do Porto publicou,
no Youtube, um vídeo promocional da nova infraestrutura, onde apresenta ainda
alguns dados sobre o trânsito da ponte Luís I, onde circulam, por dia, mais de
5600 veículos, mais de 11 mil peões e mais de 30 mil utilizadores do metro.
Quando a nova obra estiver concluída, o tabuleiro inferior da ponte D. Luís vai
estar apenas aberto ao trânsito para elétrico e peões.
***
Na sessão, o ainda administrador diocesano do Porto, Dom António Taipa, Bispo
Auxiliar do Porto, mostrou-se “profundamente emocionado” pelo nome escolhido
para esta travessia, lembrando o antigo Bispo Dom António Francisco dos Santos
como “uma pessoa marcada pelo carinho e pelo afeto que nunca precisou de se
colocar em bicos de pé para ser amado e respeitado”.
Dom António Francisco dos Santos foi uma personalidade
construtora de pontes de diálogo e de comunhão – foi o que afirmaram os presidentes das Câmaras de Porto, Rui Moreira, e Vila Nova
de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, na apresentação pública desta obra.
A “Voz Portucalense” refere que, na cerimónia de apresentação
desta nova ponte sobre o rio Douro, que decorreu no Laboratório Eng. Edgar
Cardoso em Gaia, esteve também presente o Administrador Diocesano do Porto e
que Dom António Taipa felicitou os presidentes de Câmara das duas autarquias
pela iniciativa e, confessando-se profundamente emocionado, salientou a figura
de D. António Francisco e o registo “simples” e “afetivo” de um bispo que foi
“muito amado”.
O nome do Bispo do Porto, que faleceu a 11 de setembro de
2017, ficará assim a batizar a nova ponte que ligará as zonas de Campanhã no
Porto e Oliveira do Douro em Vila Nova de Gaia. Esta nova infraestrutura
tem um custo orçamentado de 12 milhões de euros e deverá ser inaugurada em
2022. Será paga exclusivamente pelos municípios de Porto e Vila Nova de Gaia.
Esta ponte percorrerá 250 metros entre as duas margens e partirá
da zona do Areinho, em Oliveira do Douro, até à marginal do Porto na Avenida
Gustavo Eiffel. E nela vão transitar automóveis, peões e bicicletas.
***
Segundo o DN de 20
de dezembro de 2017, o presidente da Câmara do Porto defendia então que a
localização “ideal” para uma nova travessia rodoviária sobre o Douro seria “entre
a pontes Luiz I e de D. Maria”.
Em declarações aos
jornalistas nos Paços do Concelho, Rui Moreira observava que a nova ponte “pode
ser à cota baixa”, alertando que “a amarração” nas cidades do Porto e de Vila
Nova de Gaia “tem [ainda] de ser estudada com todo o cuidado”, nomeadamente “no
âmbito dos planos desenvolvimento dos municípios de ambos os lados”. E afirmava
que Gaia e Porto colaboram mutuamente, “têm uma excelente relação e têm vindo a
equacionar quer isso, quer outros aspetos fundamentais de vizinhança”.
Questionado pelos jornalistas sobre a avaliação em curso de
uma nova ponte sobre o Douro, avançada pelo próprio autarca na Assembleia Municipal,
Moreira indicava que a “solução” começou a ser equacionada depois de se
perceber ser inviável o alargamento dos passeios para circulação pedonal e de
bicicletas no tabuleiro inferior da ponte Luiz I. Com efeito, como referiu, “houve
um anteprojeto que defendia o alargamento do tabuleiro inferior da ponte Luiz
I, permitindo que, através de passagens exteriores, fosse feita passagem para
peões e bicicletas, libertando a faixa para o trânsito rodoviário”. Contudo, aquele
anteprojeto não tinha condições para andar por não merecer aprovação das
entidades que classificam a ponte.
“Em função disso”, esclareceu, “o que falamos com Gaia é que
temos de encontrar soluções. Essas soluções podem passar pela construção de uma
nova ponte”. E acrescentou:
“Entendemos que seria
mais interessante olhar para uma ponte a montante da Luiz I”.
Quanto à localização
exata, Moreira começou por responder “teremos que ver”, admitindo depois como “ideal”
entre as pontes Luiz e de D. Maria, mas alertou que isso implicava a amarração
dos dois lados e isso estava então muito longe de ser estudado.
Em relação à ponte D. Maria, disse que não seria opção,
notando que aquela travessia, que serviu a ferrovia, “não tem condições” nem a
melhor localização. E vincou:
“Gaia tem, para a
ponte D. Maria, um projeto de ecopista que temos vindo a acompanhar. Esse
projeto, sim, parece fazer sentido. [A ponte D. Maria] não resolve problemas de
mobilidade, até porque, dos dois lados, a atracação não faz muito sentido.”.
O autarca portuense observou
que, “se for pedonal”, a nova travessia “tem de ser a cota baixa”, mas que o
mesmo pode acontecer “se for rodoviária”, pois, como notou, “só temos uma
passagem à cota baixa, que é o tabuleiro inferior da Luiz I”. E explicou: “Não temos nenhuma à cota média e as outras
são todas à cota alta. Temos, de facto, um problema histórico nas ligações
Porto-Gaia.”.
Para Rui Moreira, “estas questões têm de ser estudadas com
todo o cuidado”. De facto, “o problema é a amarração dos dois lados. Isto tem
de ser visto no âmbito dos planos desenvolvimento dos municípios de ambos os
lados” – disse.
A câmara do Porto revelou então que estava, juntamente com a
congénere de Vila Nova de Gaia, a “avaliar a possibilidade de construir uma
nova ponte” sobre o Douro e que, no caso de avançar a ideia, “a localização
mais provável será a montante da ponte Luiz I”.
É o que está agora para acontecer, como foi hoje anunciado.
***
Obviamente,
como amigo e admirador de Dom António Francisco dos Santos, manifesto o meu sentido
agrado pela decisão dos dois municípios. Com efeito, sendo o Bispo, no sentido
eclesial, o pontífice (construtor de pontes) a atribuição do nome de uma
ponte, a fazer, ao anterior Bispo do Porto quadra-lhe bem, já que foi, no pouco
tempo que durou o seu pontificado no Porto, um insigne artífice das relações humanas
e eclesiais, tentando tudo para esbater divisões e fazer ou refazer aproximações,
no respeito pelas liberdades, opiniões e opções dos demais.
Resta-me
desejar que a nova ponte se faça e que eu por lá possa transitar também.
2018.04.12 –
Louro de Carvalho
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