Na próxima
segunda-feira, dia 9 de abril, será apresentada a nova Exortação Apostólica do
Papa Francisco “Gaudete et Exsultate”
sobre o chamamento à Santidade no mundo contemporâneo.
Em conformidade
com o aviso de hoje, dia 5, da Sala de Imprensa da Santa Sé, os jornalistas
acreditados no Vaticano foram informados de que, na próxima segunda-feira, dia
9 de abril, se realizará a Conferência de Imprensa, na referida Sala de
Imprensa, na Via della Conciliazione 54, para a apresentação da Exortação
Apostólica do Santo Padre Francisco “Gaudete
et Exsultate”, sobre o chamamento à Santidade no mundo contemporâneo.
Intervirão: Mons. Angelo De Donatis, Vigário Geral
de Sua Santidade para a Diocese de Roma; Gianni Valente, jornalista; e Paola Bignardi, da Ação Católica.
A Exortação
Apostólica “Gaudete et Exsultate”
deve considerar-se sob embargo absoluto até às 12 horas de segunda-feira, 9 de
abril. Os jornalistas acreditados encontrarão o texto em formato pdf da Exortação Apostólica na área
reservada da página web do Boletim da
Sala de Imprensa a partir das 8 horas de segunda-feira, 9 de abril, em
italiano, francês inglês, tedesco, espanhol, português, polaco e árabe. Além disso,
encontrarão sempre na área reservada uma versão breve da mesma Exortação
Apostólica. O texto em papel da Exortação
(em italiano) estará à disposição dos jornalistas
acreditados na Sala de Imprensa a partir das 9 horas de segunda-feira, 9 de
abril.
***
O Papa
Francisco, em suas homilias, mensagens e documentos, vem reforçando a vocação
de todos os cristãos à busca duma vida de santidade. Neste sentido, chegou a
afirmar:
“Todos os cristãos, enquanto batizados, têm
igual dignidade diante do Senhor e são unidos na mesma vocação que é a
santidade. É um dom que oferece a todos, ninguém se exclui. Por isso, constitui
o caráter definitivo de cada cristão. Para ser santo, não se precisa de ser
bispo, padre ou religioso, todos somos chamados a ser santos.”.
É com este
sentimento que o Papa deseja apresentar a nova exortação apostólica sobre a
santidade no mundo contemporâneo. A apresentação oficial, como foi referido, dar-se-á
primeiro aos jornalistas dos 5 continentes credenciados junto da Sala de
Imprensa da Santa Sé; e, depois, a todo o mundo.
Convém recordar
que Francisco, neste aspeto, vem alinhado com o capítulo V da Lumen Gentium (LG), a Constituição Dogmática sobre a Igreja, intitulado
“A vocação de todos à santidade na Igreja”.
Pela sua pertinência e atualidade transcreve-se o seu n.º 39, com o subtítulo “Proémio: chamamento universal à santidade”:
“A nossa fé crê que a Igreja, cujo mistério
o sagrado Concílio expõe, é indefetivelmente santa. Com efeito, Cristo, Filho
de Deus, que é com o Pai e o Espírito o único Santo, amou a Igreja como esposa,
entregou-Se por ela para a santificar (cf Ef. 5,25-26) e uniu-a a Si como Seu
corpo, cumulando-a com o dom do Espírito Santo, para glória de Deus. Por isso,
todos na Igreja, quer pertençam à Hierarquia quer por ela sejam pastoreados,
são chamados à santidade, segundo a palavra do Apóstolo: ‘esta é a vontade de Deus, a vossa santificação’ (1Ts. 4,3; cf Ef
1,4). Esta santidade da Igreja manifesta-se incessantemente, e deve
manifestar-se, nos frutos da graça que o Espírito Santo produz nos fiéis;
exprime-se de muitas maneiras em cada um daqueles que, no seu estado de vida,
tendem à perfeição da caridade, com edificação do próximo; aparece dum modo
especial na prática dos conselhos chamados evangélicos. A prática destes
conselhos, abraçada sob a moção do Espírito Santo por muitos cristãos, quer privadamente
quer nas condições ou estados aprovados pela Igreja, leva e deve levar ao mundo
um admirável testemunho e exemplo desta santidade.”.
Depois, o capítulo avança com outros subtítulos: Jesus, mestre e modelo; a santidade nos diversos estados; a
caridade, o martírio, os conselhos evangélicos, a santidade no próprio estado.
Dá-se uma palavra sobre cada um destes tópicos.
Na verdade,
quem nos ensina a fundo a santidade é Jesus, que é o modelo de santidade; os outros
já percorreram o caminho à imitação e sob o impulso de Jesus.
Jesus pregou a santidade de vida, de que Ele é autor e
consumador, a todos e a cada um dos discípulos, de qualquer condição, apelando:
‘sede perfeitos como o vosso Pai celeste
é perfeito’ (Mt 5,48). Enviou a
todos o Espírito Santo, que nos move interiormente a amarmos a Deus com todo o
coração, com toda a alma, com todo o espírito e com todas as forças (cf Mc 12,30) e a amarmo-nos uns aos outros como Cristo nos amou (cf Jo 13,34; 15,12). Assim, os seguidores de Cristo, chamados por Deus e justificados
no Senhor Jesus, não por mérito próprio, mas pela vontade e graça de Deus, são
feitos, pelo Batismo da fé, verdadeiramente filhos e participantes da natureza
divina e, por conseguinte, realmente santos. É necessário, pois, que, com o auxílio
divino, conservem e aperfeiçoem, vivendo-a, esta santidade que receberam.
(cf LG 40).
“Nos vários géneros e ocupações da vida, é sempre a mesma a
santidade que é cultivada pelos que são conduzidos pelo Espírito de Deus e,
obedientes à voz do Pai, adorando em espírito e verdade a Deus Pai, seguem a
Cristo pobre, humilde, e levando a cruz, a fim de merecerem ser participantes
da Sua glória. Cada um, segundo os próprios dons e funções, deve progredir sem
desfalecimento pelo caminho da fé viva, que estimula a esperança e atua pela
caridade.” (LG 41).
“Deus é caridade e quem
permanece na caridade, permanece em Deus e Deus nele (1 Jo 4,16). Ora, Deus difundiu a sua caridade nos nossos corações, por
meio do Espírito Santo, que nos foi dado (cf Rm
5,5).
Sendo assim, o primeiro e mais necessário dom é a caridade, com que amamos a
Deus sobre todas as coisas e ao próximo por amor d’Ele. […] O martírio, pelo qual o discípulo se torna semelhante ao
mestre, que livremente aceitou a morte para salvação do mundo, e a Ele se
conforma no derramamento do sangue, é considerado pela Igreja como um dom
insigne e prova suprema de amor. […] A santidade da Igreja é também especialmente favorecida
pelos múltiplos conselhos que o Senhor propõe no Evangelho aos Seus discípulos.
[…] Todos os cristãos são, pois, chamados e obrigados a tender
à santidade e perfeição do próprio estado. Procurem, por isso, ordenar
retamente os próprios afetos, para não serem impedidos de avançar na perfeição
da caridade pelo uso das coisas terrenas e pelo apego às riquezas, em oposição
ao espírito da pobreza evangélica, segundo o conselho do Apóstolo: os que usam o mundo façam-no como se dele
não usassem, pois é transitório o cenário deste mundo (1Cor 7,31). (LG 42).
***
Com o
anúncio da publicação da Exortação do Papa “Gaudete
et Exsultate” sobre o chamamento à santidade no mundo de hoje, o Vatican News propõe alguns
pronunciamentos significativos do Pontífice sobre a santidade. E Alessandro Gisotti, fazendo um apanhado dos
principais momentos discursivos de Francisco sobre a Santidade, sustenta que a
Igreja precisa de Santos, não de super-heróis. E refere que o Pontífice, desde
a eleição à Cátedra de Pedro deu grande importância à santidade na Igreja e, em
várias ocasiões, falou sobre o que define o ser Santo, tal como indicou o que
não é ser Santo. A 2 de outubro de 2013, numa das audiências gerais do seu 1.º
ano de Pontificado, afirmou que a Igreja “oferece a todos a possibilidade de
percorrer o caminho da santidade, que é o caminho do cristão”, para o encontro
com Jesus. A Igreja “não rejeita os pecadores”, acolhe-os e convida-os a que se
deixem “contagiar pela santidade de Deus”. No final dessa catequese, o Papa
citou o escritor francês Léon Bloy que nos últimos momentos da sua vida, dizia:
“só existe uma tristeza na vida, a de não
ser santo”.
Os Santos não são super-heróis, mas amigos de Deus. De facto, a 1 de novembro de 2013, na 1.ª Solenidade
de Todos os Santos como Papa, Francisco frisou que os Santos são “os amigos de
Deus”, porque nas suas vidas, “viveram em comunhão profunda com Deus”. Portanto,
o Santo Padre traça um perfil dos Santos, explicando que “não são super-heróis,
nem nasceram perfeitos”. Para o Papa, os Santos “são como nós, como cada um de
nós”, “viveram uma vida normal”, mas “conheceram o amor de Deus” e o “seguiram
com todo o coração, sem condições e hipocrisias”. A santidade reconhece-se por
este sinal: “os Santos são homens e
mulheres que têm a alegria no coração e a transmitem aos outros”. A alegria
é, pois, o que distingue os Santos, ao passo que a “cara de funeral” é caraterística
dos que não vivem bem a sua fé. Outra caraterística dos Santos é a humildade.
Na homilia em Santa Marta, a 9 de maio de 2014, Francisco observou que São João
Paulo II, “o grande atleta de Deus”, acabou aniquilado pela doença, humilhado
como Jesus”. O seu testemunho mostra que a regra da santidade “é diminuir a fim
de que o Senhor cresça” e por isso é precisa “a nossa humilhação”. Portanto,
bem longe da imagem de pessoas com “superpoderes”. “A diferença entre os heróis
e os Santos – explicou nessa homilia – é o testemunho, a imitação de Jesus
Cristo: percorrer o caminho de Jesus”.
Todos os cristãos são chamados à santidade, sem
excluir ninguém. Para o
Pontífice, alinhado com o cap. V da Lumen
Gentim, há também outro tema muito importante, “a vocação universal à
santidade” sobre o que falou na audiência geral de 19 de novembro de 2014.
“Todos os cristãos, enquanto batizados – sublinhou – têm igual dignidade diante
do Senhor e são irmanados pela mesma vocação que é a santidade”. “A santidade é
um dom – continuou – oferecido a todos, sem excluir ninguém, por isso constitui
o cunho distintivo de cada cristão”. E acrescentou: “para ser Santo, não é
preciso ser bispo, sacerdote ou religioso”, “não, todos somos chamados a ser Santos”.
Os Santos também têm os seus pecados, mas sabem
arrepender-se e pedir perdão. Neste sentido,
o Pontífice alerta para a ideia dos Santos com “cara de santinho”. É algo muito
mais profundo e alimentado por gestos, “muitos pequenos passos”, que cada um
pode cumprir no lugar onde vive e trabalha. Segundo as suas palavras, “cada
condição de vida leva à santidade, sempre!”. A 1 de novembro de 2015, na Missa
celebrada no Cemitério de Verano, elegeu a santidade como “o caminho para
chegar à verdadeira felicidade”. E observou que os santos são mansos e
pacientes. É o caminho da mansidão e paciência, que foi percorrido por Jesus.
Em 2016, voltou a falar sobre o tema nas missas em Santa Marta. A 19 de
janeiro, falando de David, referiu que também na vida dos santos há tentações e
pecados. A vida do rei de Israel é eloquente sobre isso: santo e pecador. Tinha
pecados, “foi até um assassino”, mas, no fim, reconheceu-os e pediu perdão. Para
Francisco “não existe algum santo sem passado, mas nem pecador sem futuro”. Na
missa de 24 de maio, advertiu que “a santidade não se pode comprar e nem vender”.
É um dom a acolher, um dom e um caminho. “A santidade – sublinhou Francisco – é
um caminho na presença de Deus” e “não pode ser feita por alguém em meu nome”,
“um caminho a percorrer com coragem, esperança e com a disponibilidade de
receber esta graça”.
No Twitter,
o Papa exorta a que não tenhamos o medo de ser Santos. Com efeito, os Santos
são “testemunhas e companheiros de esperança”. São palavras papais na audiência
geral de 21 de junho de 2017. Na ocasião, disse que para ser santo “não precisa
de rezar o dia todo”. A santidade está também “na doença e no sofrimento”, no
trabalho e na “proteção dos filhos”. “Que o Senhor nos dê a esperança de ser
Santos – foi a sua invocação – e não pensemos que é algo difícil. Podemos ser
Santos porque o Senhor nos ajuda”. O Papa falou de santidade também pelas redes
sociais. No Twitter, a 1 de novembro de 2017 evidenciou que “o mundo precisa de
santos e todos nós, sem exceção, somos chamados à santidade”. E não devemos
“ter medo” de caminhar no caminho da santidade, que é dos humildes e não dos
arrogantes.
***
Por fim, é
referir o Motu proprio sobre a oferta
da vida, caminho de santidade, uma novidade de Francisco a acrescentar às
clássicas vias de acesso à Santidade canonizada: o martírio e a heroicidade de
virtude.
O documento
constitui uma chamada de atenção e uma exortação que ressoou também nas 15
cerimónias de canonizações celebradas por Francisco, a partir de Madre Teresa,
João XXIII e João Paulo II. Também na beatificação de Paulo VI, quando
Francisco chamou a atenção principalmente para a sua humildade, virtude própria
das testemunhas e não dos “super-homens”. De modo significativo Francisco abriu
o caminho da beatificação, também aos que, levados pela caridade, ofereceram a
própria vida pelo próximo. É a temática do Motu
proprio intitulado Maiorem hac
dilectionem, publicado em julho de 2017, que se inicia com as palavras de
Jesus tiradas do Evangelho de João: “Ninguém
tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15,13).
Em suma, a
visão de Francisco sobre a Santidade sintetiza-se no seguinte: ser amigos de Deus e do próximo até a dom da
vida.
Aguardemos
pela Exortação Apostólica para leitura e meditação.
2018.04.05 –
Louro de Carvalho
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