Hoje, 13 de abril, a Igreja de Santa Maria de Belém, nos
Jerónimos, encheu-se para justa e sentida homenagem, por ocasião da sua
despedida, a Dom Manuel da Silva Rodrigues Linda, até agora Bispo das Forças
Armadas e das Forças de Segurança ou Ordinariato Castrense e Bispo eleito do
Porto, que tomará posse a 14 de abril e entrará solenemente na sua nova diocese
a 15 de abril, pelas 16 horas, no dia em que perfaz 62 anos de idade.
A predita homenagem consistiu na celebração de Missa de Ação
de Graças com a presença do Almirante António Silva Ribeiro, Chefe de
Estado-Maior General das Forças Armadas, do Dr. Marcos Perestello, Secretário
de Estado da Defesa Nacional, do Dr. Fernando Frutuoso de Melo, Chefe da Casa
Civil da Presidência da República, da Coronel Diná Azevedo, Assessora Militar do
Presidente da República, do Dr. João Ribeiro, Secretário-Geral da Defesa
Nacional, do General Manuel Teixeira Rolo, Chefe do Estado-Maior da Força
Aérea, do General Frederico Rovisco Duarte, Chefe de Estado-Maior do Exército, do
Almirante António Mendes Calado, Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade
Marítima Nacional, do Tenente General Manuel da Silva Couto, Comandante-Geral
da Guarda Nacional Republicana, do Superintendente-Chefe Luís Farinha, Diretor
Nacional da Polícia de Segurança Pública, do Major-General Esperança da Silva, Inspetor-geral
da Defesa Nacional, do Dr. Alberto Coelho, Diretor-geral de Recursos da Defesa
Nacional, da Dr.ª Maria João Sanches de Azevedo Mendes, Chefe de Gabinete do
Ministro da Defesa Nacional, da Dr.ª Maria Cristina Xavier Castanheta, Chefe de
Gabinete do Secretário de Estado da Defesa Nacional, do Dr. Manuel Araújo, em
representação do diretor da Polícia Judiciária Militar, e da Dr.ª Isabel Cruz
de Almeida, Diretora do Mosteiro dos Jerónimos. Com Dom Manuel Linda concelebraram
o Vigário Geral do Patriarcado de Lisboa e um grande número de Capelães
Militares e participaram na celebração os diáconos permanentes do Ordinariato
Castrense.
A Celebração contou com uma Guarda de Honra ao Altar
constituída por cadetes dos três Ramos das Forças Armadas e das Forças de
Segurança e a Animação Litúrgica esteve a cargo do Coro da Marinha. Os Toques
de Homenagem aos Mortos foram executados pela Fanfarra do Exército e os
principais Órgãos das Forças Armadas e das Forças de Segurança estavam
representados pelos seus Estandartes.
No fim da cerimónia o CMGFA, Almirante António Ribeiro,
depois de agradecer o privilégio de o meio Castrense o ter tido como Bispo, leu
uma Mensagem do Presidente da República e ofereceu-lhe uma Imagem de São José.
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Na homilia
e a partir da Liturgia do Dia, o Bispo, ainda Ordinário Castrense, que passará
a Administrador Apostólico da Diocese das Forças Armadas e das Forças de
Segurança até à nomeação do novo Bispo, alertou para a necessidade do combate à
fome no mundo seguindo o exemplo de Cristo que nos ensina a partilhar, vincando:
“Não podemos tolerar este escândalo e como Jesus, o único Salvador,
devemos refutar a fome, porque é indigna do ser humano”.
Depois,
partindo do sentimento de gratidão,
que não deve ser apenas um simples hábito social ou um código linguístico, explicou,
visivelmente comovido, as razões que devem levar as Forças Armadas e as Forças
de Segurança a dizer um “Obrigado à Sociedade” e esta àquelas e de ele próprio
ter o dever de agradecer a ambas e a Deus por o ter colocado em
relação com elas. E frisou: “E digo ainda um obrigado a Deus que me colocou num setor, posso
dizê-lo com emoção, só me deu muita alegria”. E terminou
apelando a todos os presentes, militares e forças de segurança que continuassem
fiéis aos princípios e valores que sempre os nortearam.
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A mensagem de Marcelo
Rebelo de Sousa, um agradecimento em nome de Portugal e como Comandante Supremo
das Forças Armadas, é do seguinte teor:
“Como Presidente da
República e Comandante Supremo das Forças Armadas, agradeço, solene e
emotivamente, o múnus devotado, lúcido, incansável, solidário, e patriótico do
Senhor Dom Manuel Linda como Bispo das Forças Armadas e das Forças de
Segurança. Pela minha voz, Portugal agradece, indelevelmente, reconhecido.”.
Na sua alocução, o Almirante António Silva Ribeiro, recordou “as palavras que
gentilmente quis dirigir a todos os elementos das Forças Armadas e das Forças
de Segurança, logo que foi conhecida a vontade de Sua Santidade o Papa
Francisco para que abraçasse uma nova tarefa pastoral na igreja”. Sublinhando que Dom
Manuel Linda “acabou por ficar somente 4 anos ao serviço da igreja no
Ordinariato Castrense”, não tendo sido, pois, assim “muito tempo”, sustentou
que todos perceberam que “tudo fez com grande intensidade, paixão e inovação”.
Por isso, no momento
em que cessa funções, afirma-lhe quanto as Forças Armadas e as Forças de
Segurança devem “à distinção da sua inteligência e à nobreza do seu caráter,
pelo avanço que imprimiu, com resultados notáveis, ao Ordinariato Castrense”.
Mais disse que Dom
Manuel deixa em todos “um rasto de grande simpatia, de total proximidade e de
grande dedicação às pessoas” e, “antes de tudo, de grande fidelidade ao
Evangelho”. Todos se habituaram a ver no seu Bispo “o compromisso com
todos os valores que são código de conduta nas Forças Armadas e nas Forças de
Segurança”, o que é considerado ter sido “reconfortante”, pois esses valores “continuarão
a ser o nosso lema de todas as horas”. E não duvidam de que “a
sua nova missão vai ser igualmente coroada de êxito na linha dos grandes
pastores, com que Deus tem presenteado a Diocese do Porto”.
Finalmente, o
Almirante CEMGFA fez votos por que “Deus abençoe e acompanhe sempre a sua ação,
para que todos os seus novos diocesanos e homens de boa vontade em geral desfrutem,
em cada momento, de todo o seu zelo pastoral”.
***
Também, a 5 de Abril, nas instalações do Brigada Mecanizada,
generais do Exército foram demonstrar a consideração dedicada ao senhor Bispo.
No final
do almoço, o Chefe de Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, agradeceu
a ligação sentimental que Dom Manuel demonstrou pelo Exército e, para além de
documentação vária, colocou-lhe nas mãos uma artística bússola “para que nunca
perca o Norte”. Após a foto “oficial”, junto ao novo monumento aos combatentes,
celebrou-se a Eucaristia, então já com a presença do Presidente da Junta de
Santa Margarida da Coutada e dos Comandantes das várias Unidades da BrigMec. O
coro era constituído exclusivamente por militares e, como é habitual, não
faltaram a guarda de honra ao altar e os costumados toques. Concelebraram o Capelão
Adjunto para o Exército, Padre Matos, e o antigo capelão desta Brigada, Padre António
Joaquim. E Dom Manuel usou a mitra com o logótipo do Ordinariato Castrense,
“para que o senhor bispo nunca se esqueça dos militares” de que o comandante da
BrigMec, o general Ferrão, e o comandante do Campo Militar, o coronel Vinhas
Nunes, lhe fizeram oferta.
Na breve homilia, Dom Manuel comentou a leitura bíblica do
dia, a pregação de São Pedro: “Condenastes o Justo e pedistes a libertação de
um assassino”. E afirmou:
“Juntamente com outras
estruturas e organismos, o Exército existe para que esta inversão de valores
não se produza e não leve à destruição dos próprios laços onde a sociedade se
fundamenta. O que é um perigo constante e uma tentação de todos os tempos. Mas
vós, caros militares, estareis tanto mais capacitados para esta salvaguarda dos
valores quanto mais os tenhais presentes na vossa existência. E não tenhamos
ilusão: a fé constitui o alicerce mais sólido onde assentam os valores. Por
conseguinte, muni-vos da fé para que possais desempenhar a vossa nobre tarefa.”.
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Também o
chefe de Estado-Maior da Força Aérea Portuguesa distinguiu, no dia 4 de abril, Dom
Manuel Linda com a medalha de mérito aeronáutico de primeira classe e destacou
o “humanismo” que caraterizou a sua missão como Bispo das Forças Armadas e de
Segurança.
Em
declarações à agência Ecclesia, no
final da cerimónia nas instalações do EMFA em Alfragide, o general Manuel
Teixeira Rolo salientou “as palavras estimulantes e de força” que o Bispo
sempre conseguiu deixar aos militares e a forma como se afirmou como
“mensageiro” dos valores que estes homens e mulheres são continuamente chamados
“a cultivar”, “sobretudo porque a Força Aérea tem uma missão que determina
isso, que determina que haja força, que haja coragem, que haja abnegação,
espírito de missão” e referiu que tudo isso se consegue “fazer melhor se houver
fé e se houver esperança”.
Na hora de se dirigir a todos os membros da Força Aérea, o
Bispo destacou os tantos homens e mulheres, “muitos deles de forma quase
anónima” que “tanto contribuem” para o serviço do país e do povo português. Disse
que, tanto “ao nível da defesa da nação” como, por exemplo, em atividades de
“buscas e salvamentos”, “transportes de órgãos” e mesmo “transportes de
recém-nascidos”, como aconteceu recentemente nos Açores. Garantiu que estarão
sempre no seu coração, lembrando que no Porto também terá como missão estar
próximo dos que de forma tão “nobre” se entregam aos outros, na área militar. Com
efeito vem “para uma diocese que tem pelo menos duas unidades da Força Aérea, a
Estação do Radar de Paços de Ferreira, e tem o Aeródromo de Manobra de Maceda”,
como salientou.
Fez ainda uma referência à vinda do Papa Francisco a Portugal,
em maio de 2017, como um dos acontecimentos que marcaram a sua missão como Bispo
das Forças Armadas e de Segurança.
***
Já no dia 3 de abril, o Ministro da Defesa Nacional Cerimónia
condecorara o Bispo das Forças Armadas e de Segurança com a Medalha da Defesa Nacional 1.ª Classe. Na sua alocução, o governante, sabendo que “a César haveremos de
dar o que é de César e a Deus o que é de Deus” sentiu que este Bispo das Forças
Armadas e de Segurança é um servidor da Paz e serve “os Servidores da Paz”.
Considerou-o o estudioso
(mais que o estudioso, o
discípulo!) de Dom António Ferreira Gomes (foi Bispo do Porto), que ensinou a “repensar
e ajuizar, à base da sempre perene Revelação cristã, as novas questões com que
a humanidade continuamente se confronta”.
E referiu que, num
mundo repleto de muitos Césares (globalizando medos, fobias,
vinganças e os ressentimentos, mais do que uma efetiva justiça jurídica,
económica e social), caberá a Deus, e aos
cuidadores das coisas do espírito promover a dignidade humana que só se pode
realizar em liberdade e em fraternidade. E vê nesta linha a ação de camaradagem
e fraternidade do homenageado. E
disse:
“Soube unir, sem deixar de deixar, aqui e ali e como quem não quer a
coisa, palavras de alerta como palavras de alento. Tudo aquilo de que precisam
as nossas Forças Armadas e as nossas Forças de Segurança, essa andragogia que
estudou em Dom António Ferreira Gomes mas que aqui exerceu em aulas práticas,
em aulas intensas.”.
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É este o
prelado que vem pastorear a grã diocese do Porto. Elogiado, louvado e
condecorado, sabe ser o homem simples da fraternidade, da relação, da união e
do labor pastoral conjunto.
2018.04.13
– Louro de Carvalho
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