sexta-feira, 16 de março de 2018

Brilhante, extraordinário e incrivelmente divertido


O mundo reagiu à morte de Stephen Hawking. Do Ministro da Ciência português à Primeira-Ministra do Reino Unido e Katy Perry, são muitos os que já comentaram a morte de Stephen Hawking, elogiando o legado do cientista, que faleceu a 14 de março aos 76 anos de idade.
Manuel Heitor, o Ministro da Ciência português, reagiu à morte de Stephen Hawking, elogiando o legado do astrofísico britânico. E disse:
Hoje estar no mundo é saber fazer as perguntas mais difíceis mesmo que não tenhamos respostas imediatas para elas e, por isso, [Hawking] é um exemplo para todos, certamente para os mais jovens e é uma lição de vida que vale a pena viver e vale a pena ter boas ideias.”.
Questionou-se inclusive a si próprio. Por exemplo: quando, em 2010, veio repor toda a sua teoria sobre o universo e buracos negros, mostrou que “faz parte de fazer ciência estar sempre a questionar e a fazer novas perguntas”. Segundo Heitor, o físico “não tinha medo da morte, mas tinha medo de não conseguir fazer tudo o que queria fazer até morrer”, o que “mostra o que é o espírito de uma pessoa forte que quer viver e quer estar sempre a fazer perguntas”.
A Primeira-Ministra britânica enalteceu a mente “brilhante e extraordinária” do físico. Nas palavras de Theresa May, Hawking foi “um dos grandes cientistas da sua geração”. Por isso, “a sua coragem, humor e determinação para tirar o melhor da vida foram uma inspiração”. Assim, “o seu legado não será esquecido”.
Barack Obama, antigo presidente dos Estados Unidos, escreveu na sua página do Twitter: Diverte-te aí entre as estrelas.
Eddie Redmayne, o ator que o interpretou no filme “A Teoria de Tudo” – papel com o qual ganhou um Óscar de Melhor Ator – enviou uma declaração ao órgão digital norte-americano Mashable do teor seguinte:
Perdemos uma mente verdadeiramente brilhante, um cientista assombroso e o homem mais divertido que já tive o prazer de conhecer. O meu amor e os meus pensamentos estão com a sua extraordinária família.”.
Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista britânico, frisou a “coragem de tirar a respiração” do físico na luta contra “as adversidades da vida”, bem como “a sua determinação em explicar os mistérios do cosmos”.
O comediante John Oliver, que o entrevistou, recordou “um homem brilhante mas também incrivelmente divertido”. E acrescentou: “Falar com ele foi “um privilégio”.
NASA, através da sua conta oficial de Twitter, homenageou o astrofísico, destacando:
As suas teorias desbloquearam um universo de possibilidades que nós e o mundo ainda estamos a explorar”.
Tim Berners-Lee, inventor da World Wide Web, enviou condolências, declarando:
Perdemos uma mente colossal e um espírito magnífico. Descansa em paz, Stephen Hawking”.
Stephen Toope, professor e vice-reitor da Universidade de Cambridge, afirmou:
O professor Hawking era um indivíduo único que será recordado de forma calorosa e afetuosa, não apenas em Cambridge, mas em todo o mundo. As suas contribuições excecionais para o conhecimento científico e para o aumento da popularidade da ciência e da matemática deixam um legado que não poderá ser apagado. A sua personalidade era uma inspiração para milhões de pessoas. Vamos sentir a falta dele.”.
A página oficial da série A Teoria do Big Bang recordou, no Twitter, a passagem de Hawking pelo programa e agradeceu-lhe a inspiração.
Al Jean, guionista e produtor da série “Os Simpsons”, sublinhou que o físico tinha “um sentido de humor tão vasto quanto o universo”.
O músico Nile Rodgers enviou condolências à família e elogiou o sentido de humor do físico.
 Matthew Buckley, professor e especialista em Física,  lembrou que Hawking era um grande cientista: “O mundo talvez não o chegasse a conhecer se nunca tivesse sofrido da doença de que sofreu, mas deveria”.
E a cantora Katy Perry diz ter “um grande buraco negro no coração” depois da morte do físico.
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Stephen Hawking, o astrofísico britânico que popularizou os mistérios da ciência junto de milhões de leitores e desenvolveu estudos pioneiros sobre o universo, morreu na sua residência em Cambridge, na Grã-Bretanha, na passada quarta-feira, dia 14, aos 76 anos.
Nasceu em Oxford, na Inglaterra, em 8 de janeiro de 1942 – exatamente o dia do aniversário de 300 anos da morte de Galileu Galilei (1564-1642) – e morreu no dia em que nasceu outro físico brilhante Albert Einstein, em 14 de março de 1879.
Hawking sofria desde os 21 anos de idade de esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença degenerativa que lhe paralisou os movimentos e até a voz, confinando-o a uma cadeira de rodas pelo resto da vida – mas que não lhe limitou nem a curiosidade nem o brilhantismo, que o impulsionaram até ao fim a buscar respostas para as grandes questões da ciência.
A sua morte foi confirmada em nota divulgada pelos filhos, Lucy, Robert e Tim, onde se lia:
Ele era um grande cientista e um homem extraordinário cujo legado viverá por muitos anos. A sua coragem e persistência com o seu brilhantismo e humor inspiraram pessoas ao redor do mundo.”.
O comunicado não detalhou a causa da morte.
Formado em Física na Universidade de Oxford, tornou-se pesquisador da Universidade de Cambridge, em cosmologia – ciência que estuda o Universo na sua totalidade, envolvendo a sua origem e evolução. Nos anos em que se dedicou ao estudo das leis fundamentais que governam o cosmos, propôs que, se o Universo teve um início – o Big Bang –, provavelmente terá um fim. Trabalhando com o cosmólogo Roger Penrose, demonstrou que a Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein, leva a concluir que o espaço-tempo, iniciado no Big Bang, chegaria ao fim com os buracos negros. A tese implica que a teoria de Einstein e a teoria quântica devem estar conectadas – algo controverso até hoje.
Utilizando as duas teorias, em 1974, Hawking teorizou que, por causa dos efeitos quânticos, os buracos negros não são totalmente “negros”, mas deveriam emitir um tipo de radiação, contradizendo a ideia de que nada poderia escapar desses corpos celestes.
A ideia deste físico partia do princípio de que, graças ao caráter aleatório da teoria quântica, não seria possível a existência do vazio absoluto no Universo. Mesmo o vácuo espacial teria flutuações em seus campos energéticos, fazendo com que pares de fótons aparecessem continuamente, destruindo-se mutuamente logo em seguida. Mas esses “fótons virtuais” poderiam tornar-se partículas reais, caso o horizonte de eventos dum buraco negro os separasse antes de eles se aniquilarem um ao outro. Assim, um fóton seria tragado pelo horizonte de eventos e o outro liberado no espaço. Seria a “radiação Hawking”, emitida pelo buraco negro.
Em 2014, Hawking reviu a sua teoria de forma surpreendente, ao escrever que “não existem buracos negros”. Não existem, pelo menos, da maneira que os cosmólogos os compreendem tradicionalmente. Esta sua nova teoria descartou a existência dum “horizonte de eventos”, o ponto do qual nada pode escapar. Em vez disso, propôs a existência dum “horizonte aparente”, que seria alterado de acordo com as mudanças quânticas no buraco negro – teoria que permanece controversa.
O seu primeiro livro que o tornou popular foi Uma Breve História do Tempo: do Big Bang aos Buracos Negros, lançado em 1988. Nele, o autor procurou divulgar junto do grande público questões fundamentais sobre o nascimento e morte do Universo. Desde então, o cientista publicou outros livros de divulgação, como “O Universo em uma Casca de Noz” (2001), “O Fim da Física” (1994), “Os Génios da Física: Sobre os Ombros de Gigantes” (2000), “Uma Brevíssima História do Tempo”, O Grande Projeto (2010) e a Teoria de Tudo – A Origem e o Destino do Universo” (2017).
Conhecido mundialmente por seus populares livros de divulgação científica – como o best-seller “Uma Breve História do Tempo” – Hawking também chamava a atenção pelo contraste entre a sua vitalidade intelectual e a sua fragilidade física.
A sua enorme contribuição para a ciência veio em duas frentes. Na divulgação científica, introduziu a cosmologia ao público leigo com livros que explicaram o mundo fascinante da astrofísica com uma linguagem acessível e apelo pop como os acima referenciados. É de referir que Uma Breve História do Tempo (1988) foi um best-seller que vendeu mais de 10 milhões de cópias ao redor do planeta. Na área académica, o astrofísico desenvolveu estudos sobre gravidade, teoria quântica, relatividade e, acima de tudo, buracos negros.
Encantado pelos mistérios do universo, o próprio Hawking era um mistério para a medicina. Com base em casos semelhantes, depois do diagnóstico da doença os médicos deram-lhe poucos anos de vida. Erraram por muito. A ELA, porém, deixou o físico incapaz de se mover. E, quando alcançou o estrelato, após a publicação de Uma Breve História do Tempo, já não tinha capacidade nem de falar – e a “sua voz”, que se tornaria mundialmente conhecida, seria o som metálico do sintetizador usado para ler o que ele digitava. O próprio astrofísico atribuía a sua notoriedade a essa condição. Explicava ele, com boas doses de modéstia e humor:
As pessoas são fascinadas pelo contraste entre minhas capacidades físicas extremamente limitadas e a imensidade do universo de que trato”.
O cientista mais célebre desde Einstein sabia que era (e parecia gostar de o ser) a celebridade da popcultura. Teve participação especial em séries como Os SimpsonsFuturamaStar Trek e Big Bang Theory, estrelou um documentário premiado, foi tema dum filme de Hollywood e adorava fazer declarações bombásticas – como quando afirmou que “Deus não tem lugar” nas teorias para a criação do universo ou que os humanos devem evitar o contacto com ETs para a própria sobrevivência – e fazer apostas públicas com outros cientistas renomados (em 2012 perdeu 100 dólares quando o bóson de Higgs foi detetado).
O astrónomo Martin Rees, que o conheceu quando ambos cursavam doutoramentos na Universidade de Cambridge, disse de Hawking:
Tornou-se possivelmente o cientista mais famoso do mundo, aclamado por suas pesquisas brilhantes, por seus livros best-sellers e, acima de tudo, por seu assombroso triunfo ante a adversidade”.
Rees, ex-presidente da Royal Society, uma das mais antigas e prestigiosas instituições científicas do mundo, em que Hawking foi admitido em 1974, com apenas 32 anos, destaca, no entanto, que o sucesso entre o grande público não deve ofuscar as importantes contribuições de Hawking ao mundo da ciência pura, em particular nas áreas dos buracos negros, relatividade e gravidade. Com efeito, ele fez mais que qualquer um desde Einstein para melhorar nosso conhecimento sobre a gravidade”, disse Rees em 2012.
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Também o Vaticano assinala o adeus ao astrofísico britânico Stephen Hawking, que fora recebido por 4 Papas no Vaticano, “se tornou um dos cientistas mais conhecidos do mundo ao abordar temas como a natureza da gravidade e a origem do universo” e, desde 1986, era Membro da Pontifícia Academia de Ciências.
Diz o Vatican News:
Faleceu na noite de quarta-feira (14/03) em Cambridge, o físico e pesquisador britânico Stephen William Hawking, aos 76 anos. Era o cientista mais popular desde Albert Einstein: um génio que desvendou segredos do universo enquanto lutava contra a doença degenerativa Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).”.
E continua:
Membro desde 1986 da Pontifícia Academia de Ciências, o cientista foi recebido por 4 Papas: Paulo VI, em abril de 1975; João Paulo II, em outubro de 1981; Bento XVI, em outubro de 2008; e Francisco, em novembro de 2016.
Genialidade e fama precoces
Hawking nasceu em 8 de janeiro de 1942 em Oxford, na Inglaterra. Aos 8 anos mudou-se para St. Albans, cidade localizada a cerca de 30 km de Londres. Foi professor de Matemática em Cambridge e dirigiu o departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica da mesma universidade. Em 1974 tornou-se um dos mais jovens membros da Royal Society, com apenas 32 anos.
E destaca:
Muitos de seus trabalhos se concentraram em alinhar a relatividade à teoria quântica para explicar a criação e o funcionamento do Universo”.
Como referência de popularidade, ressalta: “Autor de 14 livros, a sua obra mais popular foi ‘Um breve história do tempo’, best-seller lançado em 1988 que detalhava a lógica dos buracos negros a todo o universo. Em 2014, a história de sua vida foi narrada no filme ‘A teoria de tudo’, vencedor de um Oscar.”.
Sobre a adaptação à doença, refere:
Hawking também se tornou um símbolo de determinação por ser portador da ELA e ter sobrevivido décadas. Aos 21 anos foi diagnosticado com a doença que acaba com os neurónios motores, as células nervosas responsáveis pelos movimentos do corpo e perdeu progressivamente sua capacidade de se mover, falar, engolir e até respirar. A cadeira de rodas e a crescente dificuldade para se comunicar não o impediram, no entanto, de seguir sua carreira, já que sua capacidade intelectual permaneceu intacta. Dependente de um sistema de voz computadorizado para se comunicar, o astrofísico prosseguiu trabalhando até o fim, sem perder sua curiosidade e humildade diante dos mistérios da ciência.”. 
Frisando a circunstância da morte em família, transcreve parte do testemunho dos filhos:
Estamos profundamente entristecidos porque nosso querido pai faleceu. Era um grande cientista e um extraordinário homem cujo legado perdurará por muitos anos”. E ainda:
“Sua coragem e persistência, brilho e humorismo inspiraram pessoas em todo o mundo. Sentiremos sempre sua falta”.
E, por fim, a síntese circunstancial:
“Stephen Hawking faleceu ‘pacificamente’ em sua casa, circundado por seus três filhos Lucy, Robert e Tim”.
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Cientista e vaticano em boa relação pela similitude em querer acertar, para lá das divergências!
2018.03.16 – Louro de Carvalho

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