Centenas de peregrinos acolheram, na noite de 21 de janeiro, a Imagem no
aeroporto de Tocumen, acompanharam-na no seu percurso para a capital e festejaram-na
na Igreja de Nossa Senhora de Lourdes em Carrasquilla, Cidade do Panamá. A festa teve a participação
de panamenhos,
voluntários e peregrinos da XXXIV Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
A agenda inclui visitas a um hospital e a
uma prisão feminina, além de celebrações com o clero e com o Papa Francisco.
Eram 19,17
horas, hora panamenha, mais cinco em Lisboa, quando um avião da Air France
aterrou no Aeroporto de Tocumen, na Cidade do Panamá. Nesse avião seguia a
Imagem Peregrina n.º 1 de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
Os primeiros
momentos de alegria aconteceram ainda na pista, quando os bombeiros locais
dispararam jatos de água para homenagear Nossa Senhora. Quando a Imagem saiu do
avião, Mons. José Domingo Ulloa, Arcebispo do Panamá, bateu palmas, afirmando
que a “Rainha da Paz” estava no
Panamá.
Entre cânticos
e orações, centenas de peregrinos quiseram ver de perto a segunda ‘figura’ com
o distintivo de inscrita na Jornada Mundial da Juventude no Panamá, que o
Arcebispo colocou na Imagem – uma distinção proclamada pelo líder eclesial
do Panamá, que também confirmou que a primeira inscrição foi a do Papa
Francisco.
A Imagem n.º
1 da Virgem Peregrina de Fátima seguiu em procissão até à Igreja de Lourdes,
onde foi recebida com fogo de artifício e muitos aplausos. Após uma oração, o Padre
Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário de Fátima, agradeceu o acolhimento
caloroso e desafiou os muitos jovens presentes a tomar “Maria no seu exemplo e na sua entrega”.
Em declarações aos jornalistas, o Arcebispo José
Domingo Ulloa disse que esta visita é um “privilégio” que transforma o
Panamá num “santuário”, frisando que “é como se todos os panamenses pudessem
estar em Fátima”.
A chegada da imagem foi acompanhada pelo embaixador de
Portugal na Cidade do Panamá, Pedro Pessoa e Costa, que falou à agência Ecclesia dum “momento muito bonito”,
destacando a “enorme devoção mariana” que tem visto no Panamá. E acrescentou:
“Creio que a presença da Imagem Peregrina de
Nossa Senhora de Fátima nas Jornadas Mundiais da Juventude simboliza o grande
envolvimento de Portugal nesta organização”.
A embaixadora do Panamá em Portugal, Ilka Varela de
Barés, mostrou-se “muito feliz” com esta visita, símbolo dos “laços da amizade”
entre os dois países e assinalou:
“Não há palavras para descrever a bênção que
representa ter a Imagem de Nossa Senhora aqui no Panamá”.
Este encontro
mundial de jovens começou esta terça-feira, dia 22 de janeiro, na Cidade do
Panamá, e decorre pela primeira vez na América Central, com o tema ‘Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim
segundo a tua palavra’ (Lc 1,38) – profundamente
mariano e modelar do crente em Jesus – escolhido pelo Santo Padre.
A imagem n.º
1 da Virgem Peregrina de Fátima saiu hoje, dia 22, em procissão em
direção ao Parque Omar para ser colocada na Capela do Santíssimo; pelas 9
horas (14 em Lisboa) foi celebrada a Missa de Abertura do Parque do Perdão, tendo-se
seguido um momento de adoração permanente
ante o Santíssimo com a Imagem Peregrina, custodiada pelas Missionárias da
Caridade (congregação fundada por Santa Madre Teresa de Calcutá), os custódios da Reitoria do Santuário de Fátima e
os custódios do SENAN (Serviço Nacional Aéreo Naval) do Panamá.
Entre quarta
e sexta-feira, a Imagem Peregrina estará no Parque do Perdão; no sábado, é
recitado o Rosário, seguindo-se uma procissão de velas, na Vigília de Oração. No
domingo, dia do encerramento da JMJ 2019, a imagem de Nossa Senhora de Fátima
vai estar junto ao altar, na Missa presidida pelo Papa Francisco. O último
momento celebrativo está marcado para a tarde 29 de janeiro, no Aeroporto Internacional
de Tocumen, onde o Padre Carlos Cabecinhas vai presidir à celebração da Missa
de despedida.
***
A escultura
n.º 1 da Virgem Peregrina de Fátima viajou, na madrugada desta
segunda-feira até ao Panamá para estar presente na Jornada Mundial da
Juventude, iniciativa que decorre de 22 a 27 de janeiro e conta com a presença
de Francisco. Antes desta importante viagem, a Imagem, datada de 1947, foi alvo
de um processo de estudo técnico e material no Centro de Conservação e Restauro da Escola das Artes da UCP (Universidade Católica Portuguesa), no Porto, entidade escolhida pelo
Museu do Santuário de Fátima para identificar os materiais que constituem o
suporte e superfície da escultura e a caraterização das técnicas construtivas
utilizadas.
A este nível,
refira-se que, durante 15 dias, o Centro de Conservação e Restauro desenvolveu
um estudo aprofundado que permitiu perceber a forma como José Ferreira Thedim
criou a escultura. Numa primeira fase, os investigadores tentaram perceber o
estado de conservação do suporte e detetar intervenções passadas de conservação
ou restauro. Em seguida – e de forma a estudar o número e a espessura das
camadas de tinta, identificar pigmentos, vernizes e outros materiais utilizados
na escultura –, recolheram e analisaram microamostras com o auxílio de
infravermelhos e de raios-x.
No processo
de exame e análise da escultura – criada segundo a descrição da irmã Lúcia –,
foi executada, ainda, a estabilização estrutural da base, um dos pontos mais
sensíveis da imagem.
Carla
Felizardo, diretora do predito Centro de Conservação e Restauro no Porto,
observou:
“A
fragilidade da base e a necessidade de estabilidade da escultura levaram a que
fosse realizado um reforço estrutural, essencial tendo em conta a viagem de
aproximadamente 8.000 quilómetros que a imagem fará, agora, até ao
Panamá”.
Para a
diretora do Centro, “é um enorme motivo de orgulho saber que o nosso Centro fez
parte do processo de estudo e conservação da imagem que acompanhará o Papa
Francisco nas Jornadas Mundiais da Juventude”. E concluiu:
“A
confiança que o Santuário de Fátima depositou no nosso trabalho, dando-nos a
oportunidade de contactar com uma peça desta natureza, é, sem dúvida, um marco
inigualável e que faz já parte das memórias mais importantes do Centro”.
Recorde-se
que esta escultura percorre, desde 1947, os caminhos do mundo, tendo passado,
em menos de 10 anos, pelos cinco continentes, sendo, talvez, a peça artística
mais viajada do mundo. Entre 1947 e 2003, ano em que a Imagem Peregrina n.º 1
foi entronizada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, saindo apenas
excecionalmente do Santuário de Fátima, foram contabilizados cerca de 630 mil
quilómetros percorridos pelos 5 continentes, aproximadamente 15 voltas ao
mundo, tomando como referência o perímetro equatorial.
***
Numa videomensagem aos
Cristãos do Panamá o Padre Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário de Fátima,
falou da “enorme alegria” que é enviar a “Imagem Peregrina mais importante”
para a Jornada Mundial da Juventude. A sublinhar o caráter “absolutamente
excecional” desta saída, disse o Reitor do Santuário:
“Esta
Imagem Peregrina é única, é a primeira e a original, aquela que percorreu os
vários continentes, aquela que deu várias vezes a volta ao mundo”.
E, relevando a
JMJ 2019 como um “acontecimento eclesial de primeira importância”, vincou:
“Entendemos
que este é um momento muito importante e que, por isso, justifica a saída desta
Imagem Peregrina n.º 1, aquela que, como eu dizia, é para nós a mais importante
das Imagens Peregrinas de Nossa Senhora de Fátima”.
Segundo as
palavras do Padre Cabecinhas, há uma “clara consciência de quão importante é
para toda a Igreja esta presença dos jovens juntos com o Santo Padre em oração,
em reflexão, em convívio, em festa”. E, por outro lado, discorreu:
“Sabemos
o quanto a devoção a Nossa Senhora está desde a origem das jornadas mundiais da
juventude ligada a este acontecimento. Sabemos quão devoto era a Nossa Senhora
o Papa São João Paulo II e, por isso, muito naturalmente, quando ele criou as
jornadas mundiais da juventude, deu-lhe desde inicio um cunho mariano e, por
isso, este era também motivo mais que suficiente para o envio de uma Imagem
para nós tão importante”.
Este envio “é
uma forma de exprimirmos a união na oração neste acontecimento”, reiterou.
Das viagens
que a Imagem Peregrina fez pelos 5 continentes foi possível aferir a dinâmica
pastoral centrífuga que leva a entidade cultuada aos peregrinos; a presença da
imagem branca em países em tensão pelo conflito mundial que terminara dois anos
antes; a inculturação de Fátima e da sua ritualidade pelo mundo; e o caráter
missionário das viagens na expansão do Evangelho – sustenta o Diretor do Museu
do Santuário de Fátima, Marco Daniel Duarte.
***
Na reflexão que fez sobre o Evangelho proclamado na Missa do dia 20, II
domingo do tempo comum, que relata o episódio das Bodas de Caná, o Reitor do
Santuário apresentou Jesus como “Aquele
que transforma a nossa a vida, dando-a em plenitude” e Maria como a “mão que nos conduz permanentemente a Cristo”.
Ao destacar o
primeiro milagre de Jesus como “um sinal
que vai além da materialidade”, o sacerdote explicou a relação deste
episódio com a Boa Nova que Cristo trouxe à humanidade:
“A
transformação da água em vinho remete-nos para aquilo que é a missão e a identidade
de Jesus: a salvação dos homens pela transformação das vidas. Assim como
transforma a água em vinho, também transforma o pão e vinho em Corpo e Sangue,
na Eucaristia, e transforma também a nossa vida: transfigura-a, tornando-a
plena em abundância. Este é o verdadeiro milagre de Caná!”.
Para que
“Jesus possa operar esta transformação é necessária a adesão e disponibilidade
às suas palavras, seguindo o seu exemplo de vida”, alertou, em seguida, ao
sublinhar o importante papel de intercessora que Nossa Senhora assumiu no
episódio do primeiro milagre do Filho. E frisou, apontando o acontecimento de
Fátima como um exemplo prático da intercessão de Maria em favor da humanidade:
“Tal
como fez nas Bodas de Caná, ainda hoje, na glória, Nossa Senhora continua a
interceder por nós. Conhece as nossas tristezas e medos e vem ao nosso
encontro. No relato do Evangelho, é Maria que se dá conta que alguma coisa não
está bem. Ainda hoje, Maria aparece como aquela que conhece as dificuldades e a
necessidade de transformação de cada um de nós, vindo em nosso auxílio.”.
E prosseguiu:
“Em
Fátima, Nossa Senhora dá-se conta dos dramas que o mundo vive e vem ao nosso
encontro, trazendo a resposta que Deus dá. São as nossas súplicas a Maria que
levam Deus a intervir, tal como aconteceu nas Bodas de Caná; e é esta certeza
que nos enche de confiança e nos faz com que, como filhos, depositemos as
nossas súplicas em Maria.”.
Apresentou
Maria como Aquela que nos “desafia ao compromisso de seguir Jesus”, tal como
pediu aos serventes das Bodas de Caná que “fizessem tudo quanto Ele lhes
dissesse”, e tal como se entregou a Deus, na Anunciação.
E deu o
exemplo de santidade dos Pastorinhos Lúcia, São Francisco e Santa Jacinta, que aprenderam,
“nesta escola de Maria”, a pedir a ajuda de Nossa Senhora e a mostrar “total
disponibilidade a seguir Jesus, como Ela lhes pediu”.
Após a
homilia, seguiu-se o rito bênção da nova coroa e a coroação da primeira Imagem
Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que iria partir em peregrinação para a Jornada Mundial da Juventude no Panamá.
Tomando a
oportunidade desta saída excecional, a Imagem foi, como se disse, alvo de
um processo d estudo técnico e material, tendo o Santuário de Fátima
encomendado uma nova coroa para uso nesta e nas restantes 12 imagens oficiais
da Virgem Peregrina de Fátima.
“A criação
foi solicitada à Casa Leitão & Irmão, Joalheiros, responsável pela coroa da
Imagem de Nossa Senhora de Fátima que é venerada na Capelinha das Aparições –
coroa criada em 1942 e colocada na escultura em 1946”, lê-se na nota
informativa do Museu do Santuário de Fátima.
Atendendo à
conotação das viagens da Virgem Peregrina com o tema da Paz, na base da coroa
aparece a seguinte legenda, inscrita em capitais: Regina Pacis. Regina Rosarii
Fatimae. Regina Mundi (Rainha da Paz. Rainha do Rosário de Fátima. Rainha do Mundo), formulação que irá constar na
coroa das 13 Imagens oficiais.
Desenvolvida
a partir do programa iconográfico fornecido pelo Museu do Santuário de Fátima,
o seu autor, Jorge Lé, configurou a coroa tomando como mote a ideia simbólica
da Árvore da Vida, descrita no livro do Apocalipse (Ap 22,2) do seguinte modo: “No meio da sua praça, e de uma e da outra banda do rio, estava a árvore
da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da
árvore são para a saúde das nações”.
Na memória
descritiva, o autor refere:
“A
árvore da vida, elemento principal desta coroa, símbolo de vida e evolução
perpétua, representa a ligação entre a terra e o céu. Reúne também em si todos
os elementos da Vida, a água presente na sua seiva, a terra que se integra com
as raízes, o ar que as folhas respiram e o fogo que surge pela fricção de dois
galhos. O seu tronco, que surge da terra e se eleva para o céu, ramifica-se em
cinco ramos, representando os cinco continentes, os quais se entrelaçam e unem
ao longo da forma circular da coroa, ligando todas as nações que formam o nosso
planeta. As suas folhas, símbolo de salvação das nações e eternidade, crescem
em direção ao céu, sinónimo de ascensão.”.
***
Laus Deo Virginique
Mariae!
2019.01.22 – Louro de Carvalho
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