domingo, 27 de janeiro de 2019

Lisboa será palco da Jornada Mundial da Juventude em 2022


O anúncio, feito pelo cardeal irlandês Kevin Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, foi escutado ao vivo, na Cidade do Panamá por Dom Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa e Presidente da Conferência Episcopal de Lisboa, e por Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa. E foi recebido com uma salva de palmas pelas centenas de milhares de participantes na Missa conclusiva da JMJ 2019.
Presidente e Patriarca vincaram vitória para Portugal e para a África lusófona. Em declarações à agência Ecclesia e à Rádio Renascença, os dois mostraram-se muito satisfeitos com a decisão, com o Presidente a dizer que esta é uma vitória da Igreja em Portugal, mas não só:
Vitória também da língua portuguesa e da lusofonia, porque na discussão no Vaticano, um ponto essencial era a abertura a África, continente onde nunca houve estas jornadas. E pensou-se ‘qual é o país que é a melhor plataforma giratória para todos os continentes e também para África. E como é possível que venham de África muitos peregrinos e muitos jovens’. Isto foi um argumento também decisivo.”.
Dom Manuel Clemente, sublinhando também a importância da proximidade com África para esta decisão do Papa e frisando que a escolha de Lisboa para organizar JMJ em 2022 é “uma excelente notícia”, declarou:
Estamos num canto da Europa onde a Europa se aproxima de África, onde Europa e África já olham por este Atlântico para as Américas. Toda a gente lá vai estar com gosto e empenho e nós vamos fazer o possível para que corra de uma maneira fabulosa, tão fabulosa como foi esta feliz notícia que o Papa acaba de nos dar.”.
A Jornada Mundial da Juventude é um evento que reúne centenas de milhares, ou mesmo milhões, de jovens de todo o mundo. Realiza-se de três em três anos ou, excecionalmente, de dois em dois, normalmente variando entre continentes.
Desde a primeira edição das JMJ sob a égide se São João Paulo II, o Papa tem estado sempre presente, pelo que é previsível que Francisco ou um seu enviado especial ou, eventualmente, o seu sucessor, regresse a Portugal para participar no evento.
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Em Portugal, a primeira reação eclesiástica anotada foi do Bispo do Porto. Com efeito, Dom Manuel da Silva Rodrigues Linda reagiu à notícia da escolha de Lisboa como a próxima cidade a acolher a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em 2022, dizendo:É uma alegria indescritível, imensa”. Nos próximos três anos, disse ainda, a Igreja em Portugal terá de se “dedicar muito mais à pastoral juvenil”, afinando a sua linguagem pela linguagem que os jovens entendam. É expectável que centenas de milhares de jovens se desloquem a Portugal por ocasião da JMJ. “O nome de Portugal será o mais falado naquele contexto por todo o mundo e durante muito tempo, antes e depois”, disse o prelado, alertando que “temos de saber acolher”.
Sobre as razões que terão induzido o Papa a escolher Portugal como país anfitrião da próxima JMJ, o prelado portucalense considera que se deve à proximidade a África, a nível geográfico e sentimental, explicitando:
Nós soubemos contactar com os africanos e, salvo algumas épocas um bocado mais difíceis, como foi a guerra colonial, a nossa relação com África foi relativamente pacífica. E, portanto, se soubemos ao longo do tempo conviver, agora saberemos acolher.”.
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Segundo a agência Ecclesia, a CEP (Conferência Episcopal Portuguesa) reagiu com “grande alegria” ao anúncio de que a próxima JMJ vai decorrer em 2022, na cidade de Lisboa. Com efeito, o Padre Manuel Barbosa, o secretário da CEP e porta-voz do episcopado, destaca, em comunicado, que este é um acontecimento:
Em que a Igreja em Portugal e, de modo particular o Patriarcado de Lisboa, conta com o apoio da Presidência da República e a colaboração das entidades governamentais e autárquicas”.
Prosseguindo, explicita:
A JMJ vai envolver todas as Dioceses do país ao longo dos próximos três anos e meio na sua preparação, constando de encontros de oração, celebração e reflexão, e de inúmeros acontecimentos a nível religioso e cultural. Culminará nos últimos dias com a presença em Lisboa de centenas de milhares de jovens vindos de todo o mundo, em celebrações presididas pelo Santo Padre.”.
E deixa votos de que JMJ em Portugal seja “um forte momento de graça para todos os jovens renovarem o dinamismo da sua vocação, respondendo ao convite de Jesus Cristo a serem autênticos discípulos missionários na vida da Igreja e da sociedade”.
Do Panamá, o Bispo de Bragança-Miranda reagiu ao anúncio com uma mensagem enviada à Ecclesia pelo secretariado diocesano das Comunicações Sociais:
Com o Papa Francisco queremos ser servidores da alegria dos jovens que são o agora da Igreja e do mundo. Eis-me aqui! Faça-se segundo o Evangelho.”.
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Por seu turno, o Reitor do Santuário de Fátima, que está no Panamá a chefiar uma delegação do Santuário que levou, de forma inédita, a Imagem n.º 1 da Virgem Peregrina de Fátima a uma Jornada Mundial da Juventude, afirmou esta manhã que a escolha de Lisboa como capital da JMJ de 2022 é “uma grande alegria e uma enorme responsabilidade”.
Além disso, o Padre Carlos Cabecinhas afirmou, numa reação imediata ao anúncio pelo cardeal D. Kevin Farrell (já de tarde em Lisboa), de que a capital portuguesa é a cidade escolhida para acolher a próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2022:
Para nós é motivo de grande alegria enquanto membros da Igreja portuguesa, mas também para Fátima, pois as Jornadas Mundiais da Juventude representam uma ocasião que proporciona a muitos jovens a visita a Fátima”.
“Se nos enchemos de alegria por toda a Igreja portuguesa, sentimos também a enorme responsabilidade para que Fátima saiba acolher e receber os jovens que para aí remarem” – precisou ainda o sacerdote que, desde o passado dia 22, acompanha a Imagem n.º 1 da Virgem Peregrina de Fátima, que empreende uma viagem extraordinária ao encontro dos jovens de todo o mundo, na JMJ, mas cumprindo paralelamente um programa autónomo que a levou a alguns lugares mais periféricos como o Centro Penitenciário Feminino da Cidade do Panamá e amanhã a levará a um hospital de doentes oncológicos.
Por outro lado, hoje, durante a Missa internacional na Basílica da Santíssima Trindade, o Santuário de Fátima teve presente esta Jornada que se encerrou no Panamá. Assim, no texto duma das preces da Oração Universal, os peregrinos foram especialmente interpelados a rezar “pelos jovens e por todos os participantes na JMJ para que, anunciando a fé viva e o rosto jovem do evangelho, trabalhem na construção de uma sociedade mais justa e fraterna”.
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O DN on line abria a rubrica respetiva com o título: E no Panamá disseram: ‘Até Portugal, Lisboa 2022’. E continuava:
A próxima cidade a receber a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) é Lisboa. O local está escolhido. Será no Parque Tejo, entre Lisboa e o Trancão. A capital pode receber um milhão de peregrinos. O desafio começa agora.”.
E referia que, apesar de a tarde lisboeta estar fria e ventosa, muitos jovens se juntaram na Paróquia do Parque das Nações para ouvirem o anúncio, no Panamá, de que a próxima cidade a receber a JMJ é Lisboa, sendo esta a paróquia de receção da próxima JMJ. E frisava que, a ver em direto estavam mais de 200 jovens de várias paróquias de Lisboa, que, tendo iniciado este encontro no sábado à noite a acompanhar a vigília no Panamá, festejaram com vivas, palmas e confetis e muitos gritos de “Portugal, Portugal!”.
Segundo este diário, bem como segundo o JN, a ouvir Francisco estavam os 300 jovens que viajaram até àquele país para participarem neste evento. O cardeal Dom Manuel Clemente, seis bispos, vários sacerdotes, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, em representação do Governo, vários embaixadores e o Presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.
Manhã cedo, no Panamá, milhares de jovens participavam na última celebração da JMJ 2019, mas para os portugueses e para os jovens da lusofonia, estas jornadas tinham um sabor especial: o novo destino será Lisboa. Dom Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa, recebeu a Cruz das Jornadas, símbolo da passagem de testemunho. Da assembleia ouviram-se gritos de “Portugal! Portugal! Portugal!”.
Os jovens aplaudiram. E a Igreja Portuguesa, sobretudo a diocese de Lisboa, que avançou com a candidatura, também. Marcelo já tinha dito que, a confirmar-se poderia ser um incentivo à sua recandidatura. Para todos, o desafio começa agora. Lisboa poderá receber em duas semanas quase tantos peregrinos como turistas num ano: um milhão.
O Presidente da República considera que a realização da JMJ em Lisboa é “uma vitória também do episcopado”, dirigindo uma palavra a Dom Manuel Clemente, que “tanto lutou por isto”.
Segundo o JN, o anúncio era aguardado com expectativa, também por milhares de católicos em Portugal. No Multiusos de Gondomar reuniram-se cerca de dois mil jovens de Lisboa, Vila Franca de Xira, Fátima, Viseu, Guarda, Santarém, Vila Real, Bragança, Viana do Castelo, Braga e Aveiro para assistirem em direto à transmissão da celebração desde a Cidade do Panamá. Dom Manuel Linda, bispo do Porto, marcou presença neste encontro de jovens, adrede agendado.
Na sua conta no Twitter, o Papa escreveu:
A vocês, queridos jovens, um muito obrigado por #Panama2019. Continuem a caminhar, continuem a viver a fé e a compartilhá-la. Até Lisboa em 2022.”.
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Segundo o que apurou o DN, será às portas de Lisboa que milhares e milhares de jovens receberão o Papa na JMJ anunciada por Francisco para a capital portuguesa em 2022. Depois de várias hipóteses colocadas na mesa, como o Campo de Tiro de Alcochete ou as bases do Montijo e da Ota, as autoridades religiosas e políticas já definiram um local: será no Parque Tejo, no Parque das Nações, prolongando-se para Norte, e na Bobadela, ali ao lado.
Apesar das cautelas entre a Igreja portuguesa (até porque, há meses, houve uma irritante fuga de informação que poderia ter estragado tudo), de eventual escolha alternativa de Estocolmo para a realização do encontro de 2022, as autoridades já tinham ido ao terreno verificar as condições logísticas. Pela zona norte do Parque das Nações já passaram o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, e o próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O anúncio da localidade para o encontro de 2022 foi feito oficialmente no Panamá, no encerramento da XXXIV Jornada Mundial da Juventude.
A comitiva portuguesa que se deslocou àquele país da América Central vincava o que está em causa e torcia pela escolha. O Presidente da República e o Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom Manuel Clemente, foram acompanhados do presidente da autarquia lisboeta, que é também o presidente da Área Metropolitana de Lisboa, Fernando Medina – e que fontes ouvidas garantiram estar muito empenhado na escolha da capital – e do pároco do Parque das Nações, Paulo Franco.
Quer Marcelo quer Clemente tinham adotado o discurso cauteloso de quem diz ter “esperança” de poder trazer a próxima edição destas jornadas para Lisboa, porque assim determina a diplomacia do Vaticano: é ao Papa que cabe o anúncio formal. Mas há meses que a preparação avançava. E, entre os aspetos logísticos, estava a escolha do local, que poderá acolher cerca de um milhão de jovens.
A opção pelo Parque das Nações e Bobadela obrigará à construção de pontes pedonais para vencer o obstáculo natural que divide o espaço previsto para as jornadas, que é a foz do rio Trancão, e à remoção dos contentores existentes na Bobadela, entre a EN10 e a A30/IC2, porque as jornadas decorrem por vários dias (no Panamá, por exemplo, realizaram-se de terça-feira a domingo) e os jovens inscritos, sempre em número inferior ao que depois participa nos dois últimos dias no acolhimento ao Papa, são distribuídos por milhares de alojamentos diferentes.
É esta logística a que também responderá a organização portuguesa, que será coordenada pelo Presidente do Conselho da Administração da Rádio Renascença, o Cónego Américo Aguiar: arranjar alojamentos para acolher milhares de jovens.
Recorde-se que, em 2016, quando o encontro teve lugar em Cracóvia, Polónia, estavam inscritos oficialmente cerca de 360 mil jovens para a semana de atividades e, no fim de semana, para a vigília e a missa, o número disparou para cima do milhão e meio de jovens. Nesses dias, havia 37 mil espaços para acampar. Em 2011, em Madrid, havia 7000 espaços de alojamento, incluindo em Portugal, para os dias anteriores ao fim de semana em que o bispo de Roma participa na Jornada Mundial da Juventude.
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As cidades que já receberam as JMJ foram: Roma 1985 (Vaticano / Itália, 23 de março) – a primeira edição das JMJ, no Ano Internacional da Juventude, ficando decidido que, nos anos ímpares, a reunião seria realizada numa cidade do mundo, escolhida pelo Papa; Buenos Aires 1987 (Argentina, 11-12 de abril), 1.ª JMJ fora da Europa – onde 1 milhão de participantes ouviu as mensagens do Papa São João Paulo II; Santiago de Compostela 1989 (Espanha, 19-20 de agosto) – aonde 600 mil jovens foram em peregrinação; Częstochowa 1991 (Polónia, 10-15 de agosto) – com 1,6 milhões de jovens; Denver 1993 (EUA, Colorado, 10-15 de agosto) – com 900 mil jovens; Manila 1995 (Filipinas, 10-15 de janeiro) – com mais de 4 milhões de jovens; Paris 1997 (França, 19-24 de agosto) – com 1,2 milhões de jovens; Roma 2000 (Vaticano / Itália, 15-20 de agosto) – com cerca de 2 milhões de jovens (2,5 milhões, segundo a imprensa local) e o jubileu das JMJ a coincidir com o jubileu do milénio; Toronto 2002 (Canadá, 23-28 de julho) – com 800 mil jovens; Colónia 2005 (Alemanha, 16-21 de agosto), a 1.ª JMJ de Bento XVI – com 2 milhões de jovens; Sydney 2008 (Austrália, 15-20 de julho) – com 500 mil jovens; Madrid 2011 (Espanha, 16-21 de agosto) – com cerca de 2 milhões de jovens; Rio de Janeiro 2013 (Brasil, 23-28 de julho), a 1.ª JMJ de Francisco – com 3,7 milhões de fiéis; Cracóvia 2016 (Polónia, 26-31 de julho) – com 2,5 milhões de jovens; e Panamá 2019 (Panamá, América Central, 22-27 de janeiro) – ainda sem contabilização oficial.
E Lisboa 2019 (Portugal) constitui o desafio próximo para Portugal e a esperança para o triénio. De que Portugal é capaz não restam dúvidas, mas é mister que a Igreja em Portugal corresponda à confiança que nela se deposita e aproveite o ensejo para se rejuvenescer!
2019.01.27 – Louro de Carvalho

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