O anúncio,
feito pelo cardeal irlandês Kevin Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, foi escutado ao vivo,
na Cidade do Panamá por Dom Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa e Presidente
da Conferência Episcopal de Lisboa, e por Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente
da República Portuguesa. E foi recebido com uma salva de palmas pelas centenas
de milhares de participantes na Missa conclusiva da JMJ 2019.
Presidente e Patriarca vincaram vitória para
Portugal e para a África lusófona. Em declarações à agência Ecclesia e à Rádio Renascença, os dois mostraram-se muito satisfeitos com a decisão,
com o Presidente a dizer que esta é uma vitória da Igreja em Portugal, mas não
só:
“Vitória também da língua portuguesa e da lusofonia, porque na discussão
no Vaticano, um ponto essencial era a abertura a África, continente onde nunca
houve estas jornadas. E pensou-se ‘qual é o país que é a melhor plataforma
giratória para todos os continentes e também para África. E como é possível que
venham de África muitos peregrinos e muitos jovens’. Isto foi um argumento
também decisivo.”.
Dom Manuel
Clemente, sublinhando também a importância da proximidade com África para esta
decisão do Papa e frisando que a escolha de Lisboa para organizar JMJ em 2022 é
“uma excelente notícia”, declarou:
“Estamos num canto da Europa onde a Europa se aproxima de África, onde
Europa e África já olham por este Atlântico para as Américas. Toda a gente lá vai
estar com gosto e empenho e nós vamos fazer o possível para que corra de uma
maneira fabulosa, tão fabulosa como foi esta feliz notícia que o Papa acaba de
nos dar.”.
A Jornada
Mundial da Juventude é um evento que reúne centenas de milhares, ou mesmo
milhões, de jovens de todo o mundo. Realiza-se de três em três anos ou,
excecionalmente, de dois em dois, normalmente variando entre continentes.
Desde a
primeira edição das JMJ sob a égide se São João Paulo II, o Papa tem estado
sempre presente, pelo que é previsível que Francisco ou um seu enviado especial
ou, eventualmente, o seu sucessor, regresse a Portugal para participar no
evento.
***
Em
Portugal, a primeira reação eclesiástica anotada foi do Bispo do Porto. Com
efeito, Dom Manuel da Silva Rodrigues Linda
reagiu à notícia da escolha de Lisboa como a próxima cidade a acolher a Jornada
Mundial da Juventude (JMJ), em 2022,
dizendo: “É uma
alegria indescritível, imensa”. Nos próximos três anos, disse ainda, a Igreja em Portugal terá de se “dedicar muito mais à pastoral juvenil”, afinando
a sua linguagem pela linguagem que os jovens entendam. É expectável que centenas de milhares de jovens se desloquem a Portugal por
ocasião da JMJ. “O nome de Portugal será o mais falado naquele contexto por
todo o mundo e durante muito tempo, antes e depois”, disse o prelado, alertando
que “temos de saber acolher”.
Sobre as
razões que terão induzido o Papa a escolher Portugal como país anfitrião da
próxima JMJ, o prelado portucalense considera que se deve à proximidade a
África, a nível geográfico e sentimental, explicitando:
“Nós soubemos contactar com os africanos e, salvo algumas épocas um
bocado mais difíceis, como foi a guerra colonial, a nossa relação com África
foi relativamente pacífica. E, portanto, se soubemos ao longo do tempo conviver,
agora saberemos acolher.”.
***
Segundo a agência Ecclesia,
a CEP (Conferência
Episcopal Portuguesa) reagiu com
“grande alegria” ao anúncio de que a próxima JMJ vai decorrer em 2022, na
cidade de Lisboa. Com efeito, o Padre Manuel Barbosa, o secretário da CEP e porta-voz
do episcopado, destaca, em comunicado, que este é um acontecimento:
“Em que a Igreja em Portugal e, de modo
particular o Patriarcado de Lisboa, conta com o apoio da Presidência da
República e a colaboração das entidades governamentais e autárquicas”.
Prosseguindo, explicita:
“A JMJ vai envolver todas as Dioceses do
país ao longo dos próximos três anos e meio na sua preparação, constando de
encontros de oração, celebração e reflexão, e de inúmeros acontecimentos a
nível religioso e cultural. Culminará nos últimos dias com a presença em Lisboa
de centenas de milhares de jovens vindos de todo o mundo, em celebrações
presididas pelo Santo Padre.”.
E deixa votos de que JMJ em Portugal seja “um forte momento de graça para todos os
jovens renovarem o dinamismo da sua vocação, respondendo ao convite de Jesus
Cristo a serem autênticos discípulos missionários na vida da Igreja e da
sociedade”.
Do Panamá, o Bispo de Bragança-Miranda reagiu ao anúncio
com uma mensagem enviada à Ecclesia
pelo secretariado diocesano das Comunicações Sociais:
“Com o Papa Francisco queremos ser
servidores da alegria dos jovens que são o agora da Igreja e do mundo. Eis-me
aqui! Faça-se segundo o Evangelho.”.
***
Por seu turno, o
Reitor do Santuário de Fátima, que está no Panamá a chefiar uma
delegação do Santuário que levou, de forma inédita, a Imagem n.º 1 da Virgem
Peregrina de Fátima a uma Jornada Mundial da Juventude, afirmou esta manhã que
a escolha de Lisboa como capital da JMJ de 2022 é “uma grande alegria e uma enorme responsabilidade”.
Além disso, o Padre Carlos Cabecinhas afirmou, numa reação imediata
ao anúncio pelo cardeal D. Kevin Farrell (já de tarde em Lisboa), de que a capital portuguesa é a cidade escolhida para
acolher a próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2022:
“Para
nós é motivo de grande alegria enquanto membros da Igreja portuguesa, mas
também para Fátima, pois as Jornadas Mundiais da Juventude representam uma
ocasião que proporciona a muitos jovens a visita a Fátima”.
“Se nos enchemos
de alegria por toda a Igreja portuguesa, sentimos também a enorme
responsabilidade para que Fátima saiba acolher e receber os jovens que para aí
remarem” – precisou ainda o sacerdote que, desde o passado dia 22, acompanha a
Imagem n.º 1 da Virgem Peregrina de Fátima, que empreende uma viagem
extraordinária ao encontro dos jovens de todo o mundo, na JMJ, mas cumprindo
paralelamente um programa autónomo que a levou a alguns lugares mais
periféricos como o Centro Penitenciário Feminino da Cidade do Panamá e amanhã a
levará a um hospital de doentes oncológicos.
Por outro
lado, hoje, durante a Missa internacional na Basílica da Santíssima Trindade, o
Santuário de Fátima teve presente esta Jornada que se encerrou no Panamá. Assim,
no texto duma das preces da Oração Universal, os peregrinos foram especialmente
interpelados a rezar “pelos jovens e por
todos os participantes na JMJ para que, anunciando a fé viva e o rosto jovem do
evangelho, trabalhem na construção de uma sociedade mais justa e fraterna”.
***
O DN on line abria a rubrica respetiva com
o título: E no Panamá disseram: ‘Até
Portugal, Lisboa 2022’. E continuava:
“A próxima cidade a receber a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) é
Lisboa. O local está escolhido. Será no Parque Tejo, entre Lisboa e o Trancão.
A capital pode receber um milhão de peregrinos. O desafio começa agora.”.
E
referia que, apesar de a tarde lisboeta estar fria e ventosa, muitos jovens se
juntaram na Paróquia do Parque das Nações para ouvirem o anúncio, no Panamá, de
que a próxima cidade a receber a JMJ é Lisboa, sendo esta a paróquia de receção
da próxima JMJ. E frisava que, a ver em direto estavam mais de 200 jovens de
várias paróquias de Lisboa, que, tendo iniciado este encontro no sábado à noite
a acompanhar a vigília no Panamá, festejaram com vivas, palmas e confetis e
muitos gritos de “Portugal, Portugal!”.
Segundo
este diário, bem como segundo o JN, a
ouvir Francisco estavam os 300 jovens que viajaram até àquele país para
participarem neste evento. O cardeal Dom Manuel Clemente, seis bispos, vários
sacerdotes, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto,
João Paulo Rebelo, em representação do Governo, vários embaixadores e o Presidente da Câmara de Lisboa,
Fernando Medina.
Manhã
cedo, no Panamá, milhares de jovens participavam na última celebração da JMJ
2019, mas para os portugueses e para os jovens da lusofonia, estas jornadas
tinham um sabor especial: o novo destino será Lisboa. Dom Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa,
recebeu a Cruz das Jornadas, símbolo da passagem de testemunho. Da assembleia
ouviram-se gritos de “Portugal! Portugal!
Portugal!”.
Os
jovens aplaudiram. E a Igreja Portuguesa, sobretudo a diocese de Lisboa, que
avançou com a candidatura, também. Marcelo já tinha dito que, a confirmar-se
poderia ser um incentivo à sua recandidatura. Para todos, o desafio começa
agora. Lisboa poderá receber em duas semanas quase tantos peregrinos como
turistas num ano: um milhão.
O Presidente
da República considera que a realização da JMJ em Lisboa é “uma vitória também
do episcopado”, dirigindo uma palavra a Dom Manuel Clemente, que “tanto lutou
por isto”.
Segundo o JN, o anúncio era aguardado com
expectativa, também por milhares de católicos em Portugal. No Multiusos de
Gondomar reuniram-se cerca de dois mil jovens de Lisboa, Vila Franca de Xira,
Fátima, Viseu, Guarda, Santarém, Vila Real, Bragança, Viana do Castelo, Braga e
Aveiro para assistirem em direto à transmissão da celebração desde a Cidade do
Panamá. Dom Manuel Linda, bispo do Porto, marcou presença neste encontro de
jovens, adrede agendado.
Na sua conta
no Twitter, o Papa escreveu:
“A vocês, queridos jovens, um muito obrigado por #Panama2019. Continuem
a caminhar, continuem a viver a fé e a compartilhá-la. Até Lisboa em 2022.”.
***
Segundo o
que apurou o DN, será às portas de
Lisboa que milhares e milhares de jovens receberão o Papa na JMJ anunciada por
Francisco para a capital portuguesa em 2022. Depois de várias hipóteses
colocadas na mesa, como o Campo de Tiro de Alcochete ou as bases do Montijo e
da Ota, as autoridades religiosas e políticas já definiram um local: será no Parque Tejo, no Parque das Nações,
prolongando-se para Norte, e na Bobadela, ali ao lado.
Apesar das
cautelas entre a Igreja portuguesa (até porque, há meses, houve uma
irritante fuga de informação que poderia ter estragado tudo), de eventual escolha alternativa de Estocolmo para a
realização do encontro de 2022, as autoridades já tinham ido ao terreno
verificar as condições logísticas. Pela
zona norte do Parque das Nações já passaram o Presidente da Câmara Municipal de
Lisboa, Fernando Medina, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, e o próprio
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O anúncio da
localidade para o encontro de 2022 foi feito oficialmente no Panamá, no encerramento
da XXXIV Jornada Mundial da Juventude.
A comitiva portuguesa que se deslocou àquele país da América Central
vincava o que está em causa e torcia pela escolha. O Presidente da República e
o Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom Manuel Clemente, foram acompanhados do
presidente da autarquia lisboeta, que é também o presidente da Área
Metropolitana de Lisboa, Fernando Medina – e que fontes ouvidas garantiram
estar muito empenhado na escolha da capital – e do pároco do Parque das Nações,
Paulo Franco.
Quer Marcelo
quer Clemente tinham adotado o discurso cauteloso de quem diz ter “esperança”
de poder trazer a próxima edição destas jornadas para Lisboa, porque assim
determina a diplomacia do Vaticano: é ao Papa que cabe o anúncio formal.
Mas há meses que a preparação avançava. E, entre os aspetos logísticos, estava
a escolha do local, que poderá acolher cerca de um milhão de jovens.
A opção pelo Parque das Nações e Bobadela obrigará à construção de pontes
pedonais para vencer o obstáculo natural que divide o espaço previsto para as jornadas,
que é a foz do rio Trancão, e à remoção dos contentores existentes na Bobadela,
entre a EN10 e a A30/IC2, porque
as jornadas decorrem por vários dias
(no Panamá,
por exemplo, realizaram-se de terça-feira a domingo) e os jovens inscritos, sempre em número inferior ao
que depois participa nos dois últimos dias no acolhimento ao Papa, são
distribuídos por milhares de alojamentos diferentes.
É esta
logística a que também responderá a organização portuguesa, que será coordenada
pelo Presidente do Conselho da Administração da Rádio Renascença, o Cónego Américo Aguiar: arranjar alojamentos para acolher milhares de
jovens.
Recorde-se
que, em 2016, quando o encontro teve lugar em Cracóvia, Polónia, estavam
inscritos oficialmente cerca de 360 mil jovens para a semana de atividades e,
no fim de semana, para a vigília e a missa, o número disparou para cima do
milhão e meio de jovens. Nesses dias, havia 37 mil espaços para acampar. Em
2011, em Madrid, havia 7000 espaços de alojamento, incluindo em Portugal, para
os dias anteriores ao fim de semana em que o bispo de Roma participa na Jornada
Mundial da Juventude.
***
As
cidades que já
receberam as JMJ foram: Roma
1985 (Vaticano / Itália, 23 de março) – a primeira edição das JMJ, no Ano Internacional da Juventude, ficando
decidido que, nos anos ímpares, a
reunião seria realizada numa cidade do mundo, escolhida pelo Papa; Buenos Aires 1987 (Argentina,
11-12 de abril), 1.ª
JMJ fora da Europa – onde
1 milhão de participantes ouviu as mensagens do Papa São João Paulo II; Santiago de Compostela
1989 (Espanha, 19-20
de agosto) –
aonde 600 mil
jovens foram em peregrinação; Częstochowa 1991 (Polónia,
10-15 de agosto) – com 1,6
milhões de jovens; Denver
1993 (EUA, Colorado,
10-15 de agosto) – com
900 mil
jovens; Manila
1995 (Filipinas,
10-15 de janeiro) – com
mais de 4
milhões de jovens; Paris
1997 (França, 19-24
de agosto) – com
1,2 milhões de
jovens; Roma 2000 (Vaticano / Itália, 15-20 de agosto) – com cerca de 2 milhões de jovens (2,5
milhões, segundo a imprensa local) e o
jubileu das JMJ a coincidir com o jubileu do milénio; Toronto 2002 (Canadá, 23-28 de julho) – com 800 mil jovens; Colónia 2005 (Alemanha, 16-21 de agosto), a
1.ª JMJ de Bento XVI – com 2 milhões de jovens; Sydney
2008
(Austrália, 15-20
de julho) – com
500 mil jovens; Madrid 2011 (Espanha, 16-21 de agosto) – com
cerca de 2
milhões de jovens; Rio
de Janeiro 2013 (Brasil, 23-28
de julho), a
1.ª JMJ de Francisco – com 3,7
milhões de fiéis; Cracóvia
2016 (Polónia, 26-31 de julho) – com 2,5 milhões de jovens; e Panamá 2019 (Panamá, América Central, 22-27 de janeiro) – ainda sem contabilização oficial.
E Lisboa 2019 (Portugal) constitui o desafio próximo para Portugal e a
esperança para o triénio. De que Portugal é capaz não restam dúvidas, mas é mister
que a Igreja em Portugal corresponda à confiança que nela se deposita e aproveite
o ensejo para se rejuvenescer!
2019.01.27 – Louro de Carvalho
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