terça-feira, 8 de janeiro de 2019

José Gil diz das candentes questões acerca do mundo, do país e da gente


João Céu e Silva publicou, a 4 de janeiro, uma entrevista com o filósofo José Gil, que nos diz quetudo o que estamos a viver ou aquilo a que estamos a assistir por todo o planeta é novo e não tem paraleloe, porqueo passado está a ser engavetado, digitalizado e virtualizado”, evita, segundo o jornalista, “prever o futuro próximo da humanidade”, o que justifica “por não existir um paradigma com que se possa comparar o novo estágio das sociedades com o que foi até agora a história”.
Abordando candentes problemas como o populismo, a ameaça de fascismo, o perigo de extinção ou as catástrofes ecológicas, o filósofo s afiança que “o imobilismo é apodrecimento” e interroga-se sobre o que “os professores vão ensinar?”. Nas linhas seguintes, dá-se voz a importantes asserções por si desfiadas, obviamente através das minhas lentes de entendimento e apreciação.
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Começou por explicitar o sentido da sua recente afirmação “tudo o que resulta das velhas verdades falhou” apontando como um falhanço o “discurso de valores e uma certa moral de um humanismo cristão e laico” que propõe um arsenal de categorias de direitos, de cidadania, de tolerância e de justiça”, porque “não se efetivaram”, pois “o facto de se tornarem universais” para alterarem “a realidade e a história conflitual”, e porque “não fomos capazes de nos transformar" de modo a que a nossa sociedade se modificasse”. Por outro lado, veio o falhanço teórico desses valores, já criticado por muitos pensadores “ainda antes de Nietzsche”.
Sobre a suposta estranheza de estarmos “perante o momento mais ‘inteligente’ da humanidade e não sermos capazes de pensar a nossa realidade de outro modo, assegurou que o homem “é o ser mais inteligente”, mas advertiu que se devia examinar melhor a “hierarquia de graus de inteligência”, pois “um peixe é mais inteligente do que nós no contexto natural”. Por isso interrogou: “Que é um ser mais inteligente?”. E, com base na suposta asserção de será “o que tem mais tecnologia" e "memória cultural do passado”, discorreu firmado na História recente:
A nossa inteligência manifesta-se na técnica e na ciência e na articulação tecnológica entre as duas. No entanto, é também uma das razões que se podem apontar entre as maiores calamidades que aconteceram ao homem. Há teorias de filósofos que dizem que a técnica foi uma das causas maiores do mal humano e podemos ver, mesmo de forma superficial, que é muito real. Não esquecer que a técnica está também por detrás do Holocausto e dos campos de concentração alemães. Até o que fez Hiroxima e Nagasaki. Vivemos uma utilização sem limites da técnica e é esse uso, mesmo que a causa não esteja nela, que levou ao expoente máximo da exploração capitalista da nossa Terra e que poderá levar à nossa extinção.”.
E, sem entrar no mito genésico de que o mal vem por querermos conhecer tudo (cf Gn, 2,17; 3,22), disse estarmos no “questionamento permanente sobre qualquer enigma” e evocou duas visões da técnica: a que a toma por neutra, por tanto poder ser utilizada “para o bem como para o mal”; e a que a toma por não neutra por levar a “análise cada vez mais profunda do que deveria ficar escondido”, admitindo que a técnica “não tenha limites”, mas “vocação intrínseca de não parar”. 
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Posto ante a hipótese da extinção, palavra tão presente na agenda da discussão nos últimos meses, disse que seria ingenuamente otimista” dizer que é possível evitá-la, pois “tudo nos leva a crer que estamos cada vez mais perto de um perigo iminente”. E explicou:
Tudo o diz, como é o caso dos relatórios científicos. Ou quando se leem os jornais e se observa a destruição do permafrost, os degelos da Antártida num avanço extraordinário, os desequilíbrios ecológicos que levam a desequilíbrios funcionais da espécie humana – e não se vê um plano possível de sobrevivência. Porque implicaria a solução de muitos problemas que são políticos e que estão por resolver há muito. Basta ver como os tratados das cimeiras para o clima estão a ser violados cada vez mais.”.
E arriscou uma asserção e uma hipótese:
Quanto à presença frequente da palavra extinção em 2018, a minha vontade é de dizer que em 2019 será ainda mais. O que não quer dizer que também não pense: e se acontecesse qualquer coisa que travasse isto? Se houvesse uma catástrofe ecológica que, sem provocar a extinção, exigisse mais consciência ecológica mundial sobre o que não está feito.”.
À insinuação de estar a falar numa espécie de minidilúvio esclarecedor, contrapôs:
Estou a fazer especulação ao dizer isto, mas, segundo a probabilidade científica – que pode ser contrariada por um outro comportamento –, hoje caminhamos para um desastre final”.
Quanto à proposta de Thomas Piketty para uma “nova Europa capaz de lidar com crises de forma imediata”, embora admita que se trata de utopia, não o afirmou “dogmática ou definitivamente, tal como múltiplas outras que vão surgindo”. E advertiu:
Do que precisamos agora é de medidas que sejam eficazes e concretizadas imediatamente. Temos muitas propostas para acabar com o aumento de mais de um grau e meio no clima global, porque não são cumpridas? É contra isso que temos de ir. Estamos um pouco fartos de propostas de gabinete, sempre belas, pois os tempos são outros e vivemos numa urgência de evitar uma morte iminente. E não estou a dramatizar, porque é mesmo a nossa realidade.”.
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Sobre a alegada decisão política de que não se repetiriam, em 2018, os fogos trágicos de 2017 “e quase não aconteceram”, referiu que “as causas dessa negligência portuguesa são múltiplas e têm de ser bem analisadas”. E clarificou: 
Vêm de muito longe – isto não é para dizer que este Governo não poderia ter feito alguma coisa – e resultam da longa inércia fruto de muitas governações anteriores, além de não dizer só respeito às elites, mas também à ausência de responsabilidades cívicas dos proprietários”.
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E, sobre os movimentos sociais como o dos coletes amarelos, o caso da Catalunha ou o do partido Vox, disse que não se pode responder em definitivo se estamos perante um aviso aos políticos de que as estruturas políticas atuais podem deixar de ter utilidade. Porém, considerou:
Há muita probabilidade de que esta onda de um pré-populismo, até mesmo de um protofascismo de extrema-direita, irá continuar e que alastrará não só por toda a Europa, mas para outros continentes – onde já existem viveiros para isso”.
Sendo situações a requerer análises específicas porque não se pode misturar tudo, avisou:
O Vox não é da mesma natureza que os coletes amarelos, por exemplo. Estamos perante uma ameaça, a da eclosão e do alastramento do populismo, que numa segunda fase permitirá formações de poder violentamente autocráticas, a que poderemos chamar fascistas – mesmo que haja quem diga que o fascismo só foi no tempo do Mussolini, o que é completamente restritivo e errado.”.
Considerou como um aviso o sucedido França, pois, apesar de muitos manifestantes não saberem o que os leva a protestar, estão a abrir caminho a populismos devastadores. E vincou:
Ouvimos o discurso de corresponsáveis aqui e ali, porque não existe uma única cabeça, e vemos que se desenvolve em vários planos de reivindicações corporativas, laborais, salariais, de direitos civis, etc. No entanto, é um movimento que não encontrou ainda a dimensão política nem, a um terceiro nível, aquilo a que poderíamos chamar um nível existencial. Este nível, não laboral e não político, é importante porque é o que os liga todos e lhes dá um sentido mesmo que obscuro, e é importante também porque é por aí que a extrema-direita e o seu populismo vão enxertar dimensões como a identitária, que estará em perigo. Esse terceiro nível existencial é extremamente importante porque nos vai fazer compreender como é que em Portugal pode nascer qualquer coisa como um populismo mesmo quando o país parece imune a esses movimentos.”.
À hipótese de a nossa identidade ainda não estar firmada, respondeu não estar certo disso, até porque alguns apontam que “Portugal sofre de uma superidentidade, que tem identidade a mais”, pelo que não crê que haja problemas de identidade, mas de “autoestima”. E especificou:
Saber se temos valor, se mais ou menos do que os outros, ou do fechamento sobre nós próprios. Sabermos quem somos e do que gostamos. No entanto, existe uma força portuguesa que nos dá uma coesão que, possivelmente, é particular, e a maioria dos outros países modernos europeus não tem.”.
Não descartando o aparecimento do populismo em Portugal, voltou aos coletes amarelos:
Não sabem exprimir essa crise existencial que se vive em França, têm umas intuições do segundo nível político e do primeiro laboral, daí dizerem que o discurso do Presidente Macron é voltado para o passado e eles querem o futuro. […] O que se vê cada vez mais numa sociedade desenvolvida como a França – não em Portugal – é que as pessoas sabem cada vez menos o que é viver em família, como educar os filhos, o que é um padrão de beleza sem botox ou o que é fazer amor sem ler revistas de bons conselhos.”.
E produziu a sua apreciação, obviamente negativa:
É uma estupidez generalizada, pois estamos cada vez menos a reconhecer-nos em nós próprios e isso tem que ver com o nível existencial que está por detrás. Daí dizer que é obscuro quando se ouvem os coletes amarelos nas suas declarações na televisão. É o desconhecimento desse futuro que vai ser aproveitado pelos populismos.”.
Considerando generalizada a asserção de que estamos imunes, disse que “não se sabe exatamente apesar de os extremos do xadrez político estarem ocupados pelo Bloco de Esquerda, pelo PCP, pelo CDS, pelos sindicatos” (as reivindicações estão cobertas por estruturas institucionalizadas). E discorreu:
Ora, o populismo nasce e floresce fora das instituições e contra elas, portanto terão de ser reivindicações que saem fora do discurso habitual dos sindicatos, dos partidos e do Governo, para que qualquer coisa nasça, até porque se caraterizam por serem fenómenos que aparecem sem que saibamos como. O populismo atual vem rapidamente de uma cada vez maior sensibilização das classes médias baixas e não instruídas, devido ao aumento do escrutínio dos media sobre as desigualdades ou a corrupção.”.
Porém, alertou para o possível aumento da abstenção e o surgimento de exigências apolíticas:
Há um sentimento de injustiça que atravessa a sociedade e que faz que os políticos sejam cada vez menos reconhecidos e representativos, podendo observar-se uma onda latente de populismo possível na abstenção, que é cada vez maior. Também pode acontecer, por exemplo, a propósito de uma exigência que não tem expressão política.”.
E, exemplificando com o empolamento que a redes sociais possam dar a mortes por falta de cirurgias ou às mortes psíquicas no corpo docente, explicou e interrogou:
Basta pensar numa [reivindicação sobre algo] que seja intolerável no novo espaço público, o das redes sociais, como é o caso das mortes que estão a acontecer no país porque não houve cirurgias. Ou mortes psíquicas, que cada vez mais acontecem no corpo docente do ensino primário e secundário, em que os professores têm uma vida cada vez mais difícil. É intolerável que um português em cinco tenha perturbações psíquicas. Que povo é este? Suponhamos que tudo o que está nesse fundo da abstenção política emerge e ultrapassa os partidos políticos que não tiveram capacidade de fazer de certas situações, uma reivindicação política que poderá provocar um movimento social do tipo coletes amarelos.”.
Depois assegurou que a política de afetos do Presidente Marcelo não esvazia qualquer aproveitamento desses, embora considere que “vem entravar movimentos que podiam ser populistas, mas não os esgota”. E justificou:
Até porque o afeto do Presidente Marcelo não tem expressão política. Ele vem insuflar numa série de iniciativas políticas aquilo que falta na política em geral. Por exemplo, o que o Primeiro-Ministro e o Governo foram incapazes de transmitir nos fogos, a empatia com as populações. Colmatou um desequilíbrio que poderia manifestar-se politicamente. Contudo, como o Presidente não tem expressão política clara e definida, pode haver uma série de movimentos que explorem situações desumanas que, de repente, se tornam intoleráveis devido a uma extrema injustiça.”.
E, tendo o filósofo referido que “pode ser um caso único, como o de um doente que morre”
(mas não é um, mas milhares, porque não se verificam respostas adequadas nos serviços públicos”), foi-lhe recordado que esse “caso único aconteceu na Tunísia quando Bouazizi se imolou e foi o rastilho da Primavera Árabe”. E o filósofo verificou: 
Nós estamos, devido à globalização das tecnologias de informação e de comunicação, cada vez mais sujeitos a rastilhos que podem vir das Filipinas ou do Chile, coisa que seria impensável há 30 anos”.
Poderia tê-lo dito dos EUA, do Brasil da Itália...
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Sobre a alegada “falência económica da comunicação social” face à “emergência das redes sociais” como combinação fatal”, contestou dizendo não se tratar duma combinação, mas do resultado de “causas comuns” cujos efeitos “são divergentes” – fenómeno novo para as elites. E perorou com conhecimento de causa: 
Há um facto muito simples: é que até agora em países muitos pequenos e específicos, como o nosso, o espaço público era dominado pelos media e pela televisão, mas as novas tecnologias tornaram possível a criação de um outro espaço público muito particular, diferente e que se torna o terreno propício para dar expressão a uma injustiça: ‘Eu, cidadão anónimo, desprezado pelo sistema e pela injustiça das políticas, posso manifestar-me aqui’. Mesmo que isto signifique que o ignaro mais incongruente possa manifestar a ignorância com agressividade nesse espaço público.”.
E, relativamente às fake news, disse que “existiram sempre porque a mentira e a máscara sempre aconteceram”. Porém, considerou que há coisas novas e outros tipos de mentira, o que sucedeu com toda a gente: notícias ditas verdadeiras revelaram-se falsas. Porém, não se furtou a discorrer:
O que é uma fake new? É uma notícia que é produzida sem que haja critérios de verificabilidade da sua realidade porque eles foram abolidos. Mesmo que os haja, esses critérios deixaram de ter validade devido ao meio de fabricação das fake news, que provém de um meio populista onde não se pode analisar a falsidade sem se contextualizar numa relação de poder.”.
E deu um exemplo que lhe permitiu uma ilação sobre a força carismática do líder:
“Podem ter-se todas as provas que se quiser para demonstrar que é falso, mas o que Trump faz todos os dias, e sabe-se que não é verdade o que diz, vai ser absorvido pelo seu público sem os critérios de verificabilidade. É a potência carismática e a adesão ao líder que conta nas fake news.”.
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Sobre o eclipse parcial da religião, dos questionamentos constantes sobre o papel do Papa e do escrutínio severo sobre a Igreja, opinou que “a religião católica até pode ser uma vítima”, mas que “os escândalos de pedofilia e de finança do Vaticano se ligam muito facilmente ao descrédito que se tem pelos políticos e à muita indiferença pela política”. Depois admitiu que “o descrédito pela instituição Igreja poderá levar a que o crente abandone a prática mesmo que não deixe de crer, mas não o faz passar da religião para o ateísmo”. E perorou sobre a 'erodição' civilizacional:
Ouvimos falar muito do choque de civilizações e de religiões. São conceitos que têm desaparecido do debate atual. […] Essas teorias são formas de querer encarar ou dar inteligibilidade a fenómenos como o islamismo ou o fundamentalismo, depois verificou-se que não era bem assim. Hoje, pouca gente admite que haja um choque de civilizações, nem é isso que conta ou interessa, o que importa é que as civilizações estão a erodir-se cada vez mais.”.
E admitiu que o mesmo se passa com o diálogo inter-religioso, porque “não é isso que está por detrás do fenómeno, não é um deus contra outro deus, antes situações com mais importância”.
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Constatando que o passado mostrado pela arte e pela cultura tem vindo a ser suplantado pela preocupação com a situação financeira e económica, reagiu dizendo que “não é só a questão económica”, mas “uma erosão de tudo o que é a tradição”, e atirando:
O passado está a ser engavetado, digitalizado e virtualizado, e cada vez menos lhe atribuímos uma realidade com peso. […] É cada vez mais uma imagem que se transforma numa coleção de imagens enquanto objetos de consumo, apesar de não informarem nem sedimentarem a nossa pessoa e cada vez menos os comportamentos sociais.”.
E acusou:  
Um aluno sabe cada vez menos sobre o passado, nem lhe interessa saber. E isso é terrível, pois há uma erosão que vem da transformação do valor da realidade do passado e da transmissão pela tecnologia que traduz tudo em imagem. Tudo isso é metabolizado e instrumentalizado pelo capitalismo, que só conta cada vez mais com o que gera uma mais-valia.”.
Assentindo que “é um tempo em que Botticelli vale tanto como Madonna”, lamentou:
Acaba-se a nossa relação com o passado e a maneira de ‘fruir’ e ‘consumir’ a própria arte. A introdução maciça no mercado da arte do valor de troca como parte do juízo estético é recente e transformou completamente a valoração do objeto de arte.”.
Disse não haver mudança de paradigma, “porque tal não existe para o nosso presente”, ou melhor, estarmos a mudar de paradigma sem que tenhamos aquele para o qual queremos mudar. E verifica as dificuldades sobre o conteúdo da cidadania e da sua pedagogia e interroga-se:
Isto em tudo, como é o caso da educação para a cidadania. Havia antes uma educação para a transmissão e acumulação na área das humanidades, agora é o da cidadania. O que é que os professores vão ensinar? E como vão formar turmas tumultuosas. Isto é uma coisa ridícula, porque quando não se dão meios nem se preparam os professores para a cidadania não há formação possível: ou seja, não há paradigma, tanto mais que a questão da cidadania leva a ponderar questões totais na sociedade.”.
Sobre o dito de Kafka “desgraçado daquele que perdeu o poder de se transformar”, disse:
Há transformações e transformações. Não estou a criticar todo o tipo de mudança nem a elogiar o imobilismo, pelo contrário, a capacidade de transformação de uma pessoa é a condição necessária e imprescindível para que possamos interrogar sempre e ir mais à frente na inovação e na descoberta, que é a nossa única possibilidade na vida. O imobilismo é apodrecimento.”.
E terminou falando da palavra “caos”, utilizada recorrentemente, dizendo que “seria muito importante aproximarmo-nos do caos com umas lentes que permitissem ver melhor o que é isso”.
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Enfim, uma peça que vale a pena ler e reler, dada a variedade e profunda leveza de abordagem!
2019.01.08 – Louro de Carvalho

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