“Maria
Imaculada,
pela quinta
vez venho aos vossos pés como Bispo de Roma,
para
fazer-vos uma homenagem em nome de todos os habitantes desta cidade.
Quero
agradecer-vos pelo cuidado constante
com que
acompanhais o nosso caminho,
o caminho
das famílias, das paróquias, das comunidades religiosas;
o caminho
daqueles que todos os dias, e com muito esforço,
atravessam a
cidade de Roma para trabalhar,
o caminho
dos doentes, idosos e todos os pobres,
o caminho
dos imigrantes aqui, provenientes de terras de guerra e fome.
Obrigado,
porque assim que vos dirigimos um pensamento,
um olhar ou
uma Ave Maria fugaz,
sentimos
sempre a vossa presença materna, carinhosa e forte.”.
“Ó Mãe,
ajudai esta cidade a desenvolver os anticorpos
contra
alguns vírus dos nossos tempos:
a
indiferença, que diz: “Não me interessa”;
a má
educação cívica que despreza o bem comum;
o medo do
diferente e do estrangeiro;
o conformismo
disfarçado de transgressão;
a hipocrisia
de acusar os outros, enquanto se fazem as mesmas coisas;
a resignação
à degradação ambiental e ética,
a exploração
de muitos homens e mulheres.
Ajudai-nos a
rejeitar estes e outros vírus
com os
anticorpos que vêm do Evangelho.
Fazei com
que tenhamos o bom costume
de ler todos
os dias uma passagem do Evangelho
e sob o
vosso exemplo, proteger no coração a Palavra,
para que,
como uma boa semente, dê fruto em nossa vida.”.
“Virgem
Imaculada,
cento e
setenta e cinco anos atrás, pouco distante daqui,
na igreja de
Sant’Andrea delle Fratte,
vós tocastes
o coração de Afonso de Ratisbonne, que naquele momento
de ateu e
inimigo da Igreja se tornou cristão.
Vós vos
mostrastes a ele como Mãe da graça e da misericórdia.
Concedei
também a nós, especialmente na provação e na tentação,
manter o
olhar fixo em vossas mãos abertas,
que deixam
cair sobre a terra as graças do Senhor,
e nos
despojar da arrogância orgulhosa
para nos
reconhecermos como realmente somos:
pequenos e
pobres pecadores, mas sempre vossos filhos.
E assim,
pegando em vossas mãos,
nos deixar
reconduzir a Jesus, nosso irmão e salvador,
e ao Pai
celeste, que nunca se cansa de nos esperar
e nos
perdoar quando retornamos a Ele.”.
“Obrigado, ó
Mãe, por nos ouvir sempre!
Abençoai a
Igreja aqui em Roma,
e abençoai
também esta cidade e o mundo inteiro”.
Amen.
***
Na tarde do
dia 8 de dezembro, dia da Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa
Maria, o Papa Francisco, cumprindo um hábito que vem desde o tempo de Pio XII –
que foi o primeiro a enviar flores à Praça de
Espanha na Solenidade da Imaculada –, foi a esta Praça, localizada no centro de
Roma, para rezar aos pés do monumento à Imaculada, a Ela dedicado e construído
na Praça Mignanelli, próximo à Praça de Espanha, renovando o
tradicional ato de homenagem à Virgem Maria. E pronunciou a oração acima transcrita (tradução da Rádio Vaticano).
Esta imagem
de Nossa Senhora é obra do escultor Giuseppe Obici e está no alto da coluna
projetada pelo arquiteto Luigi Poletti.
Pio XII, em
1953, foi o primeiro Pontífice, como se disse, a prestar esta homenagem, dando assim
início a esta tradição que perdura desde então.
Acolhido na Praça de Espanha por volta das 16
horas pelo Arcebispo Angelo De Donatis, Vigário Geral de Sua Santidade
para a Diocese de Roma, o Papa caminhou até ao monumento onde rezou e depositou
flores.
No final da cerimónia, Francisco fez uma visita privada
à Basílica paroquial de “Sant’Andrea delle Fratte”, para rezar diante da efígie
de Nossa Senhora do Milagre, no 175.º aniversário da aparição a Alfonso
Ratisbonne.
Também diversas organizações fizeram sua homenagem a
Maria Imaculada, a começar, como reza a tradição, pelos bombeiros, que com a
colocação duma coroa de flores no alto do monumento às 7,30 horas, recordaram
os 220 colegas que a 8 de dezembro de 1857 inauguraram o monumento.
Ao longo de todo o dia, diversas fraternidades e
associações, religiosas e leigas, se revezaram para prestar a sua homenagem com
procissões provenientes de diversas partes, momentos de oração e caminhadas
acompanhadas por bandas de música.
Entre estes grupos, os Cavaleiros e Damas da Ordem do
Santo Sepulcro, a Ordem de Malta, os Frades Menores Conventuais, a Fraternidade
Sacerdotal São Pio X, Grupos de Oração do Padre Pio, a Legião de Maria, a Cruz
Vermelha, estudantes e populares. Também trabalhadores de diversas empresas
romanas, guiados pelo capelão Oliviero Pellicccioni, fizeram uma caminhada que
culminou com uma oração de consagração à Imaculada.
***
O tom da
oração papal é de prece impetratória e de gratidão. E o texto espelha as
preocupações do Pontífice pelos problemas que afligem o mundo e a atenção que
ele tem ao pensamento e aos gestos da Virgem Mãe.
O Papa
homenageou a Virgem em nome de todos os habitantes da cidade de Roma. E
agradeceu a solicitude com que Maria acompanha o percurso de todos, em
especial, o das famílias das paróquias, das comunidades religiosas, dos que
diariamente e com muito esforço atravessam a cidade para o trabalho, dos
doentes, dos idosos, de todos os pobres, dos imigrantes provenientes de terras
de guerra e de fome, sendo a leal peregrina com todos os que peregrinam, mesmo
aos tropeções. Agradeceu por todas as vezes que pensamos em Maria ou Lhe
dirigimos uma simples Ave Maria e ela nos mima com a sua “presença materna, carinhosa e forte”.
E Francisco
pede expressamente a ajuda da Mãe contra o que chama os vírus do nosso tempo: a indiferença do “Não me
interessa”; a má educação cívica que despreza o bem comum; o medo do
diferente e do estrangeiro; o conformismo; a hipocrisia de acusar os outros do
que nós mesmos fazemos; a resignação à degradação ambiental e ética; a
exploração de muitos homens e mulheres. Contra estes vírus o Papa pretende a
ajuda de Maria para desenvolvermos os necessários anticorpos, que vêm do
Evangelho, e quer que tenhamos o costume de ler todos os dias uma sua passagem e,
sob o exemplo da Virgem fiel, saibamos “proteger no coração a Palavra, para
que, como uma boa semente, dê fruto em nossa vida”.
Fez referência explícita à conversão de Afonso de Ratisbonne, tocado pela mão da Virgem na igreja
de Sant’Andrea delle
Fratte. E, reconhecendo
que Ela Se mostrou a ele como Mãe da graça e da misericórdia, pediu-lhe que nos
ensine e ajude, “especialmente na provação e na tentação”, a “manter o olhar
fixo” nas mãos abertas de Maria, “que deixam cair sobre a terra as graças do
Senhor”, e a “nos despojar da arrogância orgulhosa para nos reconhecermos como
realmente somos: pequenos e pobres
pecadores, mas sempre vossos filhos”.
Depois,
salienta o fundamental da devoção mariana: pegando em suas mãos, deixarmo-nos “reconduzir
a Jesus, nosso irmão e salvador, e ao Pai celeste, que nunca se cansa de nos
esperar e nos perdoar quando retornamos a Ele”.
Finalmente,
colocando plena confiança na Mãe, o Papa agradece mais uma vez porque Ela nos
ouve sempre e pede que abençoe a Igreja de Roma, a cidade e o mundo.
***
Não podemos
deixar de considerar esta oração como um modelo de oração mariana, preocupada
com o próximo, de que está ausente qualquer forma de egoísmo e que coloca no
sítio a devoção mariana, tantas vezes desfigurada.
É a prece
confiante e agradecida daquele que, na recitação do Angelus, porfiava contemplar a beleza de Maria Imaculada e, imerso
no Evangelho da Anunciação, pretende festejar o mistério replicando a saudação
do Anjo, que se dirige à Virgem, não lhe chamando Maria, mas com uma expressão
de não fácil tradução: “cumulada de graça”, “criada pela graça”, “cheia de
graça”. Na verdade. Maria está repleta da presença de Deus e, porque
inteiramente habitada por Deus, não morou nem mora nela o pecado – coisa
admirável num mundo contaminado pelo mal.
Isto exige da
nossa parte, que somos pecadores, que, olhando para este “oásis entre verde” da
humanidade, nos afeiçoemos à graça, adiramos à história nova inaugurada em
Maria. Reconhecendo-A cheia de graça, entendemos a razão por que é Ela sempre
jovem. Com efeito não é a idade que envelhece, mas o pecado; é o pecado que
esclerotiza o coração e o torna inerte. Maria é, pois, a pessoa mais jovem do
género humano, a mais bela, a excelsa. E o segredo da sua beleza é a Palavra
que Ela lia e escutava, guardava e servia, cumprindo totalmente a vontade do Pai.
A vontade do Pai era o seu paraíso, mesmo no turbilhão das muitas tribulações. Com
efeito, depois que o anjo se afastou, os problemas aumentaram, mas a Virgem não
desfaleceu, não teve medo, não desistiu.
E, sobretudo,
está sempre disponível para o desígnio de Deus, para amparo do povo de Deus e
para rogar por nós.
É a mesma a
quem Francisco homenageou na Praça de Espanha com flores e oração, agradecendo
e pedindo, confiando à sua ternura de Mãe as preocupações com a Igreja e com o
Mundo e sentindo na vida da Igreja e dos crentes – e até dos pecadores – o
toque materno da compaixão e da graça eficaz.
2017.12.09 – Louro de Carvalho
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