sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Cuidar da Casa Comum – A Igreja ao serviço da Ecologia Integral

Segundo, o que foi aprovado pela respetiva Comissão de Coordenação, em sua reunião de 13 Novembro 2017, Cuidar da Casa Comum é iniciativa duma Rede de instituições, organizações, obras, movimentos da Igreja católica e de outras igrejas cristãs, bem como pessoas a título individual, que se propõe contribuir para a prossecução dos seguintes objetivos:
- Aprofundar e difundir a encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado da casa comum, nomeadamente no âmbito das respetivas instituições, organizações, obras e movimentos;
- Acompanhar, no espaço eclesial, as questões ecológicas de âmbito nacional e mundial, evidenciando as suas causas e consequências e equacionando-as à luz da encíclica Laudato Si’, de modo a promover a tomada de consciência coletiva acerca da sua relevância e urgência;
- Promover nas comunidades cristãs e nos respetivos espaços (paróquias, escolas, obras e movimentos) uma efetiva conversão ecológica e sugerir caminhos de atuação concreta com vista a uma ecologia integral;
- Proporcionar instrumentos de análise que permitam pensar o futuro do Planeta e da sociedade global de que somos parte;
- Aprofundar e difundir a teologia da Criação;
- Incentivar a celebração em comum do Dia da Criação.
Para tanto, a Rede Cuidar da Casa Comum promoverá a realização de sessões de esclarecimento e sensibilização, fomentará a criação de “focos de cuidado da casa comum” (grupos locais empenhados na promoção de uma ecologia integral) a quem proporcionará instrumentos de reflexão e guiões para iniciativas de conversão ecológica, bem como animará plataformas para difusão e troca das diferentes experiências.
Com idêntica finalidade, a Rede propõe-se criar e manter um sítio na net com vista a promover o pensamento da encíclica Laudato Si’, incentivar a reflexão sobre estilos de vida pessoal e coletiva, partilhar testemunhos de gestos e comportamentos de ecologia integral, fazer pontes com iniciativas relevantes que ocorram no espaço eclesial e na sociedade civil.
A Rede Cuidar da Casa Comum compagina uma plataforma aberta à participação ecuménica, animada por uma Comissão de Coordenação, apoiada por uma Comissão Executiva, uma Comissão de apoio teológico e científico e uma Comissão de informação e documentação, atuando em consonância com a Conferência Episcopal Portuguesa – Comissão Episcopal do Laicado e Família.
A Rede Cuidar da Casa Comum parte da convicção de que viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspeto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa (Laudato Si’, n. 217)
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A rede funciona com base nos denominados focos de conversão ecológica a criar nas paróquias.
Os “focos” são pequenos grupos (entre 5 e 10 pessoas) constituídos para responder aos apelos do Papa Francisco na encíclica Laudato Si’, designadamente para fomentar uma conversão ecológica no seio da respetiva comunidade.
Têm por missão escutar o grito da nossa “Casa comum” contra o mal que lhe provocamos, identificar, na vida quotidiana, o uso irresponsável dos bens da Terra, criar no seio das respetivas comunidades pontes de diálogo com vista à construção de uma ecologia integral, tanto no plano dos comportamentos individuais com nas opções e práticas das comunidades da sua área de influência. Para isso, procurarão realizar na sua paróquia sessões de divulgação da encíclica Laudato Si’ e de sensibilização acerca das questões ecológicas, nomeadamente sobre a poluição ambiental, as alterações climáticas, a perda da biodiversidade, as desigualdades e a exclusão social, bem como promover espaços celebrativos e de oração nas comunidades a que pertencem.
Cada “foco” compromete-se a partilhar a sua experiência de reflexão e ação com os demais através da plataforma da Rede.
Cada “foco” designará um dos seus membros para o representar na Rede.
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Cuidar da Casa Comum é uma Rede que integra as seguintes entidades (indicadas por ordem alfabética): Agência Ecclesia; Associação Casa de Betânia; Associação Teilhard de Chardin; Cáritas Portuguesa; Casa Velha; Centro de Reflexão Cristã (CRC); CIRP – Confederação dos Institutos Religiosos; CNAL – Conferência Nacional do Apostolado dos Leigos; CNE – Corpo Nacional de Escutas; CNJP – Comissão Nacional Justiça e Paz; Fórum Abel Varzim; Fundação Betânia; Fundação Fé e Cooperação – FEC; Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria – IRSCM; LOC-MTC (Movimento dos Trabalhadores Cristãos); Metanoia – Movimento Católico de Profissionais; Pax Christi Portugal; Província Portuguesa da Companhia de Jesus / Fundação Gonçalo da Silveira; Província Portuguesa da Ordem Franciscana (OFM); Rádio Renascença; SNPES – Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior; Vida Ascendente, Movimento Cristão de Reformados; e Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável.
Integram a rede a título individual as seguintes personalidades (referidas por ordem alfabética): António Martins; Armindo Vaz; Bárbara Lopes; Filipe Lopes; Francisco Ferreira; Luísa Ribeiro Ferreira; Maria de Lurdes Paixão; Maria José Melo Antunes; e Maria José Varandas.
A sua Comissão de Apoio Teológico e Científico é constituída por (referidos por ordem alfabética): António Martins; Armindo Vaz; Eduardo Duque; Francisco Ferreira; Joaquim Cerqueira Gonçalves; Luísa Schmidt; Maria José Varandas; e Sociedade de Ética Ambiental.
E constituem a sua Comissão Executiva (por ordem alfabética): Adelaide Theotónio; Elisabete Santos; Manuela Silva; Margarida Alvim; Maria José Melo Antunes; Maria Luísa França de Oliveira; Maria Luísa Ribeiro Ferreira; Rita Veiga; e Teresa Paiva Couceiro – apenas senhoras!
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Como é óbvio, a documentação-base é a encíclica Laudato Si’. Já a 1 de julho de 2015, Manuela silva publicava no site da Casa Betânia, uma das componentes da Rede, o seguinte texto:
“Não haverá uma nova relação com a natureza sem um ser humano novo. (Papa Francisco, in Laudato Si, n.118).
“A recente encíclica do Papa Francisco sobre a responsabilidade de todos os habitantes do Planeta pelo cuidado da Terra, a nossa casa comum, veio reacender o debate em torno de questões fundamentais de sustentabilidade do equilíbrio ecológico, desde o aquecimento global, às ameaças que pesam sobre a redução da biodiversidade, a acumulação dos lixos, as múltiplas causas de poluição do ar, dos rios e dos mares, a contaminação dos solos, a desflorestação de vastos territórios, a questão energética.
“Cresce a convicção de que a Humanidade está a viver numa situação potencialmente catastrófica, pela qual é responsável, já que tal resulta das tecnologias em uso, das bases em que assenta a economia, do modo de organização das sociedades, dos estilos de vida, caraterizados pela avidez consumista de uns e a extrema pobreza de outros e do descaso de todos pelo cuidado com o Planeta e pelo bem comum.
“A atual crise ecológica não é dissociável da crise social que se manifesta nas manchas de extrema pobreza à escala mundial e na abissal desigualdade de oportunidades de acesso ao conhecimento e aos bens materiais, situações estas que, por sua vez, decorrem de uma economia assente na avidez do lucro e na centralidade do dinheiro, em vez de se alicerçar em objetivos de qualidade de vida das pessoas e de prossecução do bem comum.
“Faltam certamente grandes reformas de regulação do sistema económico e financeiro (a nível dos países e regiões, como também a nível supranacional) para fazer face às disfuncionalidades, correntes e crescentes, da mundialização, que introduzam e imponham novas racionalidades capazes de integrar os direitos de todos os humanos e demais seres vivos que habitam no Planeta, sem esquecer a salvaguarda dos recursos necessários às gerações futuras.
“Há mais de 50 anos que se vem alertando para esta necessidade; contudo, os esforços que, até agora, foram desenvolvidos, não têm produzido os efeitos desejados. O resultado é o que conhecemos e lembra os versos de Sophia de Mello Breyner: vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar
“Para enfrentar a gravíssima crise ecológica com que estamos confrontados, há que ter a coragem de a reconhecer nas suas múltiplas e imbricadas facetas e ter a ousadia de querer superar as suas causas mais profundas: as raízes antropológicas, espirituais e filosóficas que lhe subjazem.
“Como bem lembra o Papa Francisco: 
Não haverá uma nova relação com a natureza sem um ser humano novo (n.118) e sem uma nova cultura que integre um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao paradigma tecnocrático (n.111).
“A construção do ser humano novo é, desde logo, tarefa indeclinável de cada pessoa e pertence, intrinsecamente, ao foro da sua responsabilidade, devendo, no entanto, ser incentivada e apoiada pelas instâncias que, nas sociedades, desempenham um papel particular de educação e de transmissão de conhecimento, de valores e de princípios éticos.
“Quando afirmamos que todos somos responsáveis pelo futuro da Terra em que habitamos, estamos a querer dizer que, em primeiro lugar, se exige de cada um e de cada uma de nós a devida profundidade e abrangência do nosso olhar, com o que isso comporta de atenção e discernimento permanentes sobre a realidade em que vivemos.
“Requer-se, também, a conversão permanente do coração, no sentido da sua abertura a uma comunhão universal inclusiva que gere e alimente atitudes e comportamentos de fraternidade e solidariedade com os mais vulneráveis, de compaixão para com todas as criaturas, de respeito pelos bens da terra de que verdadeiramente não somos donos mas tão só utilizadores e cuidadores. Precisamos de uma conversão do coração que tenha impacto nos nossos quotidianos, no nosso estilo de vida, no nosso agir no plano familiar, económico, cívico e político.
“Porque as raízes mais fundas da crise ecológica em que estamos mergulhados são de natureza antropológica, cultural e espiritual, é urgente que se abram novas frentes de diálogo que rompam as fronteiras mais imediatistas dos interesses políticos, ideológicos ou do poder financeiro e permitam impor novas racionalidades assentes na prossecução da sustentabilidade ambiental e no bem comum.
“Para que tal diálogo seja possível e frutuoso, há que promover a nossa capacidade para ultrapassar uma visão egótica do interesse pessoal e o desenvolvimento de uma consciência de si como parte de um todo, capaz de reconhecer os limites da tendência para a avidez e a posse desmesurada dos bens materiais, com o contraponto de um correspondente sentido de responsabilização pelo bem das outras criaturas e do cuidado pela casa comum.
“O tempo de férias de que possamos dispor nas próximas semanas é ocasião oportuna para privilegiarmos tempos de silêncio e de contemplação onde nos deixemos interrogar sobre a qualidade da nossa relação com os outros, com a natureza, com o nosso eu profundo e com Deus. A leitura meditada da encíclica Laudato Si será um excelente guia para alcançarmos uma nova Humanidade.”.
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Não há, pois, como arregaçar as mangas e operacionalizar a ideia do cuidado assíduo com o Planeta numa linha ecoeconómica e na fidelidade ao desígnio da criação e do destino universal dos bens que o Planeta produz – tarefa coletiva –, para a ninguém faltar o que lhe é necessário para viver condignamente e a Natureza reconhecer a ternura que o homem tenha por ela.

2017.12-29 – Louro de Carvalho

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