De acordo com a informação veiculada pela agência Ecclesia, a 28 de dezembro, responsáveis de jornais e revistas da Imprensa de
Inspiração Cristã (AIC) e da
Imprensa Missionária (Missão Press) destacaram
os acontecimentos e palavras que marcaram o ano em Portugal e no mundo.
O Padre Manuel Correia Fernandes, diretor do jornal ‘Voz Portucalense’, da Diocese do Porto, selecionou
as eleições legislativas de 6 de
outubro em Portugal, não tanto pelos resultados, em que o Parlamento ficou mais
diversificado e colorido, mas pelo aspeto negativo, o da abstenção que foi
exageradamente elevada, o que vale paras as europeias de 26 de maio. Os
resultados são o que são, mas a abstenção tem significado importante porque
significa alheamento da condução do país por parte da população. E realçou, no
âmbito dos acontecimentos internacionais, o “Brexit” e as “convulsões na
Europa e na América Latina em geral”.
Paulo Ribeiro, chefe de redação do ‘Jornal Alvorada’, da Lourinhã, e
presidente da AIC, disse que o acontecimento de 2019 foi a oportunidade de ir
ao Vaticano para um encontro com o Papa
Francisco, a propósito do que referiu:
“Tivemos ocasião de dar a nossa visão sobre
a comunicação social e a imprensa em particular e ainda tivemos ocasião de o saudar
no âmbito das comemorações dos 25 anos da nossa associação. Foi um momento
muito importante para a imprensa católica portuguesa.”.
O missionário Espiritano Victor Silva, do jornal ‘Ação Missionária’, aponta como
acontecimento “algo que se passou longe”, com epicentro no Panamá, “que abalou
muito a Igreja portuguesa, no bom sentido”, o
anúncio de que Portugal vai receber a próxima edição internacional da Jornada
Mundial da Juventude, em 2022.
E, no programa ECCLESIA,
que é transmitido no último dia de 2019, a partir das 15 horas na RTP2, o irmão
Bernardino Frutuoso e o padre Albino Brás, respetivamente missionário
Comboniano e missionário da Consolata, assinalaram que o ano ficou marcado pelo
Sínodo da Amazónia, ao qual as suas
revistas ‘Além-Mar’ e ‘Fátima Missionária’ deram amplo
destaque.
***
Do seu lado, ‘Rádio
Renascença’, Emissora Católica Portuguesa, a que se juntam outras rádios
portuguesas, integram a ARIC (associação de rádios de inspiração cristã), refere que os leitores do site da Renascença elegeram o Cardeal Dom José Tolentino Mendonça e a crise no SNS (Serviço Nacional de Saúde) como personalidade e acontecimento nacional de 2019,
respetivamente.
No espaço de
pouco mais de um ano, Dom José Tolentino
Mendonça passou de sacerdote a arcebispo e foi feito cardeal. Aos 53 anos,
o padre-poeta português que recebeu o anel e barrete cardinalícios num
consistório convocado pelo Papa, obteve um total de 31% dos votos. A seguir, veio Rui Pinto, com 27%. Pirata informático
para uns, denunciante para outros, foi detido no início do ano, na Hungria, e
extraditado para Portugal. Está em prisão preventiva. E, na 3.ª posição, com
15%, ficou Miguel Duarte, jovem
português que arrisca uma pena de 20 anos de cadeia em Itália, por ajudar a
salvar milhares de migrantes no Mar Mediterrâneo.
Na categoria acontecimento nacional, o mais votado foi, como se disse, a crise no SNS, marcada por falta de profissionais, encerramento de
serviços, greve de médicos e enfermeiros e centenas de consultas e cirurgias
adiadas. Teve 23% dos votos dos utilizadores da página da Renascença. Em segundo lugar, ficaram as mortes por violência doméstica, com 16%, e, em terceiro, a extrema-direita e os novos partidos no Parlamento, com 16%,
igualmente.
No plano internacional, o Papa Francisco foi eleito, mais uma vez,
a personalidade do ano, com 38% dos votos. Em segundo lugar ficou Greta Thunberg, a jovem ativista de 16
anos que impulsionou o movimento estudantil contra a inação climática. Greta
arrecadou 20% dos votos, seguida por Boris Johnson, primeiro-ministro
britânico, com 11%.
O acontecimento internacional de 2019 para os leitores da Renascença
é a crise climática global, com 41%
dos votos e uma larga margem para o segundo classificado – o incêndio em Notre-Dame. Os protestos em Hong Kong e a crise na América Latina ocupam o
terceiro e quarto lugar, respetivamente.
A edição deste ano contou com uma novidade – a nova categoria de desporto. No universo desportivo foi Jorge Jesus quem conquistou a primeira posição no pódio da
personalidade do ano de 2019, com 35% dos votos. Jorge de Jesus foi o primeiro
técnico português a conquistar a dobradinha no Brasil – o Brasileirão e a Taça
dos Libertadores. Dois títulos num fim de semana histórico que levou cerca de
dois milhões de adeptos às ruas do Rio de Janeiro.
Em segundo
lugar, com 13% dos votos, ficou João
Félix, que abandonou o Benfica e rumou ao Atlético de Madrid, numa
transferência que custou 126 milhões de euros ao clube espanhol.
A conquista portuguesa da Taça das Nações
foi a grande vencedora do acontecimento desportivo do ano, seguida da vitória da seleção portuguesa no mundial de
futebol de praia, com 55% e 14%, respetivamente.
***
No final de cada ano há palavras que se desejam e
outras que são destacadas como as que mais marcaram a sociedade seja a nível nacional,
continental ou mundial. E os comunicadores da Imprensa de Inspiração Cristã e
da Missão Press associaram a 2019: “Emergência
climática”; compromisso e envolvimento; conversão (a preferida
pelo Cardeal Tolentino Mendonça); esperança;
influenciador/influencer; ausência;
sonho; polígrafo. … notícias falsas.
***
Também são de relevar factos importantes na agenda
papal, segundo a Ecclesia: sete
viagens apostólicas fora de Itália, incluindo a viagem ao Panamá para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2019, o combate
a abusos sexuais, de que se destaca a cimeira de fevereiro,
e o Sínodo especial dedicado à Amazónia.
Mais: a 17 de dezembro, Francisco decidiu abolir o
segredo pontifício nos casos de violência sexual e de abuso de menores
cometidos por clérigos, obviamente sem levantar o segredo da confissão
sacramental, numa decisão considerada histórica.
Durante o último ano, o Papa exigiu a todas as
dioceses a criação de estruturas para receber denúncias de abusos sexuais, até
2020, na sequência da cimeira que Francisco convocou para fevereiro,
reunindo no Vaticano os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo
e responsáveis de Institutos Religiosos e da Cúria Romana, para debater medidas de
proteção a menores na Igreja Católica e de que resultaram dois documentos.
Em fevereiro, o Papa e o grande imã de Al-Azhar, Ahmad
Al-Tayyeb, assinaram nos Emirados Árabes Unidos a Declaração de Abu
Dhabi, apresentada como histórica pelo Vaticano, que condena o terrorismo e a
intolerância religiosa. A aproximação ao Islão continuou em Marrocos.
Francisco passou depois pela Bulgária e Macedónia
do Norte, a terra natal de Madre Teresa de Calcutá, bem como pela Roménia,
onde prestou homenagem aos católicos perseguidos durante o regime comunista.
Foi a África, para deixar mensagens em favor dos mais pobres e pela
paz, numa viagem a Moçambique, Madagáscar e Maurícia.
A última visita internacional teve como destinos
Tailândia e Japão, viagens inéditas marcadas por apelos contra as
armas nucleares e contra a exploração das pessoas.
O ano tinha começado com a celebração JMJ no Panamá,
que abriu caminho para a primeira edição internacional acolhida por
Portugal, que vai acontecer no verão de 2022, em Lisboa.
Ainda em 2019, o Papa presidiu a um consistório para
a criação de cardeais, entre os quais Dom José Tolentino Mendonça, e foi
celebrada a canonização do santo, sábio e pastor frei Bartolomeu dos
Mártires, arcebispo de Braga do século XVI.
O Papa suprimiu a Comissão Ecclesia Dei, passando as suas competências para a Congregação para
a Doutrina da Fé; alterou algumas normas do Código de Direito Canónico no
atinente a Institutos Religiosos e Institutos Seculares; publicou uma Carta
Apostólica sobre a proteção de menores e das pessoas vulneráveis; publicou a
Carta Apostólica ‘Vos estis lux mundi’,
sobre abusos sexuais por clérigos e religiosos; instituiu o Domingo da Palavra de Deus; mudou a
designação do atual Arquivo Secreto do
Vaticano, “sem nada alterar da sua identidade, estrutura e missão”, para Arquivo
Apostólico do Vaticano; publicou a
Carta Apostólica ‘Admirabile Signum’, sobre o significado e valor do
Presépio; publicou a Exortação Apostólica pós-sinodal ‘Christus vivit’,
aos jovens e a todo o Povo de Deus; e criou o Dicastério para a Comunicação
Social.
***
Para o ano de 2020, Pedro Conceição, do jornal
centenário ‘A Defesa’, da
Arquidiocese de Évora, deseja que a comunicação social regional não perca “a
coragem de continuar a fazer o seu trabalho de estar próximo das comunidades, a
dar voz às realidades que são necessárias trazer para a ribalta”.
Paulo Ribeiro, já referido, espera que “seja
efetivamente o ano” em que o debate em torno da comunicação social e em
particular da imprensa “seja alvo de medidas concretas e fortes para que
fortaleça este setor em prol da democracia portuguesa”.
Para Maria da Conceição Vieira, do Instituto Secular
das Cooperadoras da Família, “o grande desejo” é que o ‘Jornal da Família’ seja “uma presença junto de muito mais famílias,
a sensibilizá-las para a realidade ecológica” para poderem ser o mentor
educativo junto das gerações mais novas.
O diretor da ‘Fátima
Missionária’, padre Albino Brás, salienta que as Nações Unidas escolheram o
próximo ano para “lançamento da década do envelhecimento saudável”, a que a
revista vai dar destaque já em janeiro: “Quer
colocar governos, instituições, grupos, associações a debater este tema e a
procurarem soluções, dinamismos para que os nossos idosos possam continuar a
viver de forma saudável até ao último dos seus dias”. Neste aspeto, tem
Marcelo Rebelo de Sousa do seu lado, a urgir o debate sobre a viabilização e a
sustentabilidade da comunicação social.
E
Vicente Jorge Silva, no ‘Público’ de
hoje, dia 29, aponta uma tendência para a desintegração comunitária, a
intolerância religiosa e o afrontamento das crenças, a crise exacerbada do
atual modelo do capitalismo, as desigualdades em Portugal e nos países ricos,
as nossas contas certas, mas sem base de sustentação, a fragmentação europeia e
a dúvida sobre as eleições americanas.
***
Aqui
fica uma panorâmica tão vasta quanto possível, mas não exaustiva, sobre 2019 e
de desejos e tendências para 2020. Que o bem se consolide e difunda e o mal se
dissipe e se anule!
2019.12.29 –
Louro de Carvalho
Sem comentários:
Enviar um comentário