domingo, 29 de dezembro de 2019

Alguns factos de 2019 – desejos e perspetivas para o ano de 2020


De acordo com a informação veiculada pela agência Ecclesia, a 28 de dezembro, responsáveis de jornais e revistas da Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) e da Imprensa Missionária (Missão Press) destacaram os acontecimentos e palavras que marcaram o ano em Portugal e no mundo.
O Padre Manuel Correia Fernandes, diretor do jornal ‘Voz Portucalense’, da Diocese do Porto, selecionou as eleições legislativas de 6 de outubro em Portugal, não tanto pelos resultados, em que o Parlamento ficou mais diversificado e colorido, mas pelo aspeto negativo, o da abstenção que foi exageradamente elevada, o que vale paras as europeias de 26 de maio. Os resultados são o que são, mas a abstenção tem significado importante porque significa alheamento da condução do país por parte da população. E realçou, no âmbito dos acontecimentos internacionais, o “Brexit” e as “convulsões na Europa e na América Latina em geral”.
Paulo Ribeiro, chefe de redação do ‘Jornal Alvorada’, da Lourinhã, e presidente da AIC, disse que o acontecimento de 2019 foi a oportunidade de ir ao Vaticano para um encontro com o Papa Francisco, a propósito do que referiu:
Tivemos ocasião de dar a nossa visão sobre a comunicação social e a imprensa em particular e ainda tivemos ocasião de o saudar no âmbito das comemorações dos 25 anos da nossa associação. Foi um momento muito importante para a imprensa católica portuguesa.”.
O missionário Espiritano Victor Silva, do jornal ‘Ação Missionária’, aponta como acontecimento “algo que se passou longe”, com epicentro no Panamá, “que abalou muito a Igreja portuguesa, no bom sentido”, o anúncio de que Portugal vai receber a próxima edição internacional da Jornada Mundial da Juventude, em 2022.
E, no programa ECCLESIA, que é transmitido no último dia de 2019, a partir das 15 horas na RTP2, o irmão Bernardino Frutuoso e o padre Albino Brás, respetivamente missionário Comboniano e missionário da Consolata, assinalaram que o ano ficou marcado pelo Sínodo da Amazónia, ao qual as suas revistas ‘Além-Mar’ e ‘Fátima Missionária’ deram amplo destaque.
***
Do seu lado, ‘Rádio Renascença’, Emissora Católica Portuguesa, a que se juntam outras rádios portuguesas, integram a ARIC (associação de rádios de inspiração cristã), refere que os leitores do site da Renascença elegeram o Cardeal Dom José Tolentino Mendonça e a crise no SNS (Serviço Nacional de Saúde) como personalidade e acontecimento nacional de 2019, respetivamente.
No espaço de pouco mais de um ano, Dom José Tolentino Mendonça passou de sacerdote a arcebispo e foi feito cardeal. Aos 53 anos, o padre-poeta português que recebeu o anel e barrete cardinalícios num consistório convocado pelo Papa, obteve um total de 31% dos votos. A seguir, veio Rui Pinto, com 27%. Pirata informático para uns, denunciante para outros, foi detido no início do ano, na Hungria, e extraditado para Portugal. Está em prisão preventiva. E, na 3.ª posição, com 15%, ficou Miguel Duarte, jovem português que arrisca uma pena de 20 anos de cadeia em Itália, por ajudar a salvar milhares de migrantes no Mar Mediterrâneo.
Na categoria acontecimento nacional, o mais votado foi, como se disse, a crise no SNS, marcada por falta de profissionais, encerramento de serviços, greve de médicos e enfermeiros e centenas de consultas e cirurgias adiadas. Teve 23% dos votos dos utilizadores da página da Renascença. Em segundo lugar, ficaram as mortes por violência doméstica, com 16%, e, em terceiro, a extrema-direita e os novos partidos no Parlamento, com 16%, igualmente.
No plano internacional, o Papa Francisco foi eleito, mais uma vez, a personalidade do ano, com 38% dos votos. Em segundo lugar ficou Greta Thunberg, a jovem ativista de 16 anos que impulsionou o movimento estudantil contra a inação climática. Greta arrecadou 20% dos votos, seguida por Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, com 11%.
O acontecimento internacional de 2019 para os leitores da Renascença é a crise climática global, com 41% dos votos e uma larga margem para o segundo classificado – o incêndio em Notre-Dame. Os protestos em Hong Kong e a crise na América Latina ocupam o terceiro e quarto lugar, respetivamente.
A edição deste ano contou com uma novidade – a nova categoria de desporto. No universo desportivo foi Jorge Jesus quem conquistou a primeira posição no pódio da personalidade do ano de 2019, com 35% dos votos. Jorge de Jesus foi o primeiro técnico português a conquistar a dobradinha no Brasil – o Brasileirão e a Taça dos Libertadores. Dois títulos num fim de semana histórico que levou cerca de dois milhões de adeptos às ruas do Rio de Janeiro.
Em segundo lugar, com 13% dos votos, ficou João Félix, que abandonou o Benfica e rumou ao Atlético de Madrid, numa transferência que custou 126 milhões de euros ao clube espanhol.
A conquista portuguesa da Taça das Nações foi a grande vencedora do acontecimento desportivo do ano, seguida da vitória da seleção portuguesa no mundial de futebol de praia, com 55% e 14%, respetivamente.
***
No final de cada ano há palavras que se desejam e outras que são destacadas como as que mais marcaram a sociedade seja a nível nacional, continental ou mundial. E os comunicadores da Imprensa de Inspiração Cristã e da Missão Press associaram a 2019: “Emergência climática”; compromisso e envolvimento; conversão (a preferida pelo Cardeal Tolentino Mendonça); esperança; influenciador/influencer; ausência; sonho; polígrafo. … notícias falsas.
***
Também são de relevar factos importantes na agenda papal, segundo a Ecclesia: sete viagens apostólicas fora de Itália, incluindo a viagem ao Panamá para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2019, o combate a abusos sexuais, de que se destaca a cimeira de fevereiro, e o Sínodo especial dedicado à Amazónia.
Mais: a 17 de dezembro, Francisco decidiu abolir o segredo pontifício nos casos de violência sexual e de abuso de menores cometidos por clérigos, obviamente sem levantar o segredo da confissão sacramental, numa decisão considerada histórica.
Durante o último ano, o Papa exigiu a todas as dioceses a criação de estruturas para receber denúncias de abusos sexuais, até 2020, na sequência da cimeira que Francisco convocou para fevereiro, reunindo no Vaticano os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo e responsáveis de Institutos Religiosos e da Cúria Romana, para debater medidas de proteção a menores na Igreja Católica e de que resultaram dois documentos.
Em fevereiro, o Papa e o grande imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, assinaram nos Emirados Árabes Unidos a Declaração de Abu Dhabi, apresentada como histórica pelo Vaticano, que condena o terrorismo e a intolerância religiosa. A aproximação ao Islão continuou em Marrocos.
Francisco passou depois pela Bulgária e Macedónia do Norte, a terra natal de Madre Teresa de Calcutá, bem como pela Roménia, onde prestou homenagem aos católicos perseguidos durante o regime comunista. Foi a África, para deixar mensagens em favor dos mais pobres e pela paz, numa viagem a Moçambique, Madagáscar e Maurícia.
A última visita internacional teve como destinos Tailândia e Japão, viagens inéditas marcadas por apelos contra as armas nucleares e contra a exploração das pessoas.
O ano tinha começado com a celebração JMJ no Panamá, que abriu caminho para a primeira edição internacional acolhida por Portugal, que vai acontecer no verão de 2022, em Lisboa.
Ainda em 2019, o Papa presidiu a um consistório para a criação de cardeais, entre os quais Dom José Tolentino Mendonça, e foi celebrada a canonização do santo, sábio e pastor frei Bartolomeu dos Mártires, arcebispo de Braga do século XVI.
O Papa suprimiu a Comissão Ecclesia Dei, passando as suas competências para a Congregação para a Doutrina da Fé; alterou algumas normas do Código de Direito Canónico no atinente a Institutos Religiosos e Institutos Seculares; publicou uma Carta Apostólica sobre a proteção de menores e das pessoas vulneráveis; publicou a Carta Apostólica ‘Vos estis lux mundi’, sobre abusos sexuais por clérigos e religiosos; instituiu o Domingo da Palavra de Deus; mudou a designação do atual Arquivo Secreto do Vaticano, “sem nada alterar da sua identidade, estrutura e missão”, para Arquivo Apostólico do Vaticano; publicou a Carta Apostólica ‘Admirabile Signum’, sobre o significado e valor do Presépio; publicou a Exortação Apostólica pós-sinodal ‘Christus vivit’, aos jovens e a todo o Povo de Deus; e criou o Dicastério para a Comunicação Social.
***
Para o ano de 2020, Pedro Conceição, do jornal centenário ‘A Defesa’, da Arquidiocese de Évora, deseja que a comunicação social regional não perca “a coragem de continuar a fazer o seu trabalho de estar próximo das comunidades, a dar voz às realidades que são necessárias trazer para a ribalta”.
Paulo Ribeiro, já referido, espera que “seja efetivamente o ano” em que o debate em torno da comunicação social e em particular da imprensa “seja alvo de medidas concretas e fortes para que fortaleça este setor em prol da democracia portuguesa”.
Para Maria da Conceição Vieira, do Instituto Secular das Cooperadoras da Família, “o grande desejo” é que o ‘Jornal da Família’ seja “uma presença junto de muito mais famílias, a sensibilizá-las para a realidade ecológica” para poderem ser o mentor educativo junto das gerações mais novas.
O diretor da ‘Fátima Missionária’, padre Albino Brás, salienta que as Nações Unidas escolheram o próximo ano para “lançamento da década do envelhecimento saudável”, a que a revista vai dar destaque já em janeiro: “Quer colocar governos, instituições, grupos, associações a debater este tema e a procurarem soluções, dinamismos para que os nossos idosos possam continuar a viver de forma saudável até ao último dos seus dias”. Neste aspeto, tem Marcelo Rebelo de Sousa do seu lado, a urgir o debate sobre a viabilização e a sustentabilidade da comunicação social.
E Vicente Jorge Silva, no ‘Público’ de hoje, dia 29, aponta uma tendência para a desintegração comunitária, a intolerância religiosa e o afrontamento das crenças, a crise exacerbada do atual modelo do capitalismo, as desigualdades em Portugal e nos países ricos, as nossas contas certas, mas sem base de sustentação, a fragmentação europeia e a dúvida sobre as eleições americanas.
***
Aqui fica uma panorâmica tão vasta quanto possível, mas não exaustiva, sobre 2019 e de desejos e tendências para 2020. Que o bem se consolide e difunda e o mal se dissipe e se anule!
2019.12.29 – Louro de Carvalho

Sem comentários:

Enviar um comentário