É
uma forte asserção do Cardeal Dom José Tolentino Mendonça em entrevista à
agência Ecclesia, publicada neste dia
de Natal e em que fala do significado do Natal, da sua força transformadora
e da inspiração do Papa Francisco, que acompanha de perto na Cúria Romana.
***
Sobre o simbolismo da
partilha da Luz da Paz de Belém, iniciativa começada na gruta belemita, chegada
até nós através do CNE (Corpo Nacional de Escutas) e realizada em todas as
dioceses de Portugal, o purpurado madeirense aponta a linguagem dos símbolos
como aquela que é relevante “na nossa humanidade”, porque toca “mesmo no
fundo”, sendo que “um símbolo
vale por mil palavras”. Assim, “o gesto de partilhar uma luz que veio de tão
longe, do lugar onde o próprio Jesus nasceu”, é algo que ultrapassa as palavras
“e é este propagar, no fundo, de uma mensagem, de uma palavra de esperança – de
uma luz que se acende na noite, tantas vezes, das nossas vidas, dos nossos
corações, dos nossos dilemas –, que o Natal quer representar.
Considerando que o Papa, no
encontro de Natal com a Cúria Romana, falou desta luz que chega aos locais de
escuridão do nosso mundo, o Cardeal vinca o sentido e escopo da vinda de Jesus:
“Jesus vem
para isso. Jesus vem, não para o mundo idealizado, mas para o mundo real.
Para o mundo concreto, cheio de feridas, de divisões, de coisas por tratar, de
mudanças a inscrever. Nesse sentido, Ele é uma luz – seguindo a tradição
bíblica, o profeta Isaías, que dizia: o povo que andava nas trevas viu uma
grande luz (…), a proposta do Natal é essa visão de uma luz, uma luz nova que
nos reaproxima uns dos outros, do sentido das nossas vidas.”.
E falando da carta que Francisco escreveu a todos os
cristãos (a 1 de
dezembro sobre o presépio), frisa a
simplicidade e eficácia da mensagem, que incide sobre o essencial, vincando
que, na tradição de São Francisco, o autor do primeiro presépio, “cada
um de nós é personagem do presépio”, pois este não é um teatro, a que assistimos, mas uma história em que “participamos
como autores”. Por isso, se no dia de Natal sentimos o cansaço resultante
do “grande tempo de preparação e de emoção, de convívio, que vivemos” e nos
perguntarmos “o que é que fica de tudo isto que passa”, “é importante que fique
uma luz” a incidir na “certeza de que somos amados, a certeza de que este Deus
que vem à nossa vida é capaz de entender a mulher e o homem que nós somos, é
capaz de nos abraçar na nossa realidade mais viva” e “de semear em nós um
sentido, uma promessa, que diz: o verdadeiro Natal não passa”. Com efeito, “o
dia 25 não é o término, é um ponto de começo, de relançamento da nossa vida”.
Tendo-lhe sido apontado que
uma das coisas que escreveu é que “o Natal não é ornamento, é fermento”,
explicou:
“O grande risco
(…) no Natal, é que todo o mundo simbólico (…) acabe por esgotar tudo. De certo
modo, tudo fica numa mesa bem composta, nuns cozinhados excelentes, nos
presentes que trocamos, nas luzes que se acendem, e o essencial do Natal passa
ao lado. Por isso é importante dizer que o Natal não é ornamento, mas é
fermento. Não é em vão que nós vivemos este Natal.”.
E sublinhou que, apesar de termos vivido muitos
natais, “cada Natal é, de facto, uma oportunidade, e deixa-nos uma graça, na
nossa vida”, pelo que o Papa, ao falar aos funcionários do Vaticano, falava no
sorriso: “Deus, em Jesus, veio acender um
sorriso no fundo da nossa alma”. E Tolentino Mendonça considera importante “essa
alusão à alegria”, que “não se esgota”, que não se esvai com o pôr do sol deste
dia 25 e cuja cintilação de esperança é “a coisa mais importante”.
A audácia de ir atrás dessa
alegria, dessa luz, “é o grande
desafio, da nossa vida”. Na verdade, diz o purpurado, “Deus veio ao nosso
encontro” na proposta de Jesus, “este Deus frágil, que nos é dado, este Deus
que se torna dom é acolhido”. E Tolentino Mendonça explana:
“O Natal é um programa, é um programa de
vida. Um grande poeta contemporâneo dizia que nós nunca nascemos o
suficiente. Mesmo numa idade adulta, avançada, distantes do dia do nosso
nascimento, a verdade é que o ato de nascer é um ato para conjugar de muitas
maneiras, ao longo da nossa vida. Um nascimento nunca é suficiente e há um
parto, a nossa humanidade pode ser descrita como um parto. Nós
precisamos de nascer.”.
E o cardeal-poeta entende que Deus nos ensina no
presépio a audácia de nascer “mesmo na fragilidade, na nudez, na precariedade,
no não preparado, na vida como ela é, mas com a capacidade de florescer”, ou
seja, a capacidade de sermos “em plenitude”.
Quanto ao risco de não chegarmos aí “se nos fixarmos
nas questões penúltimas e não nas últimas”, diz que “as questões
penúltimas têm o seu sabor, o seu sentido” e “são o caminho para chegar às
últimas” sendo importante sentirmos que “as coisas não acabam aqui, que a minha
relação com o Deus-Menino, por exemplo, não acaba quando eu construo o presépio”,
tal como “a minha relação com os familiares não acaba quando nos levantamos da
mesa de Natal” e “a minha relação comigo mesmo, com a busca de Deus, não acaba
porque fui à Missa do Galo ou fui à Missa no dia 25”. E conclui:
“O Natal é um dom que nos é oferecido, é uma
luz que se acende. A grande pergunta é: o que é que eu vou iluminar com esta
luz? Por que é que esta luz se acendeu? O que é que eu posso fazer?”.
No atinente à inclusividade do presépio pela qual, no
dizer do Papa, “no rosto do Menino
Jesus estão todos aqueles que não têm lugar em tantas hospedarias da atualidade,
como Ele não teve na altura”, Dom José Tolentino contrapõe a este tempo de
fraternidade o enredo dramático do Natal, explicando:
“ [É] a
história de dois que descem, um jovem casal, que desce da sua terra, que está
deslocado do seu lugar de origem, que chega e não tem casa, tendo de viver no
desabrigo um dos momentos mais intensos da sua vida, que é dar à luz o filho
que Maria traz no seu seio. São condições de um dramatismo humano que a todos
nos toca e que nos deveria servir de modelo para a relação que queremos
instaurar com os nossos semelhantes, sobretudo com os mais pobres, aqueles que
literalmente melhor se identificam com a fragilidade das figuras do presépio.”.
É o Natal, pois, “uma escola de inclusão, é uma
escolha de acolhimento, porque nos reúne todos em volta do essencial, que é a
vida”. E prossegue o purpurado:
“As nossas sociedades não podem esquecer que
o valor primeiro é a vida, estarmos vivos é o primado. Em volta da vida,
nós devemos ajoelhar-nos, oferecer os nossos dons, sentir a grande alegria.
Porque, se deixamos de sentir alegria, quer dizer que um apagamento aconteceu
dentro de nós, que deixamos de ter a capacidade de espanto, de fraternidade e
de acolhimento.”.
Comentando a asserção papal
de que “os pobres, os marginalizados são os que se aproximam mais deste
mistério da Encarnação e nos ajudam nessa aproximação”, discorre:
“Os pobres
transportam o vazio, a necessidade, a disponibilidade. Os pobres têm um olhar
inocente, porque precisam, porque dependem. E isto é uma atitude espiritual de
que todos nós precisamos, porque às vezes somos cristãos de barriga cheia, que
vivem muito a partir do seu conformismo, da sua tradição, do seu deixa andar,
mas verdadeiramente não é uma questão vital, da qual dependa a nossa
existência. E os pobres ensinam-nos isso. Na linha de toda a tradição bíblica,
de toda a revelação de Deus, do que Jesus nos diz, o dom que é recebido é para
ser partilhado: Recebestes de graça, dai de graça.”.
Não se pode fazer de conta que a pergunta de Deus faz
a Caim, “onde está o teu irmão?” não
nos é feita, pois a “responsabilidade duns pelos outros é um património
inalienável”.
Sobre o tema da ternura de Deus – caro a Francisco – “que
se conjuga neste ambiente do presépio, no ambiente familiar”, observa em modo
anafórico:
“Isso é
extraordinário, porque, às vezes, uma das nossas pedras de tropeço são as
representações de Deus. Sobretudo as internas, que se instalaram dentro de nós.
Muitas vezes, temos a ideia de um Deus juiz, castigador, indiferente, mas o
Deus do presépio – este Deus feito Menino, este Deus que abre os braços para
nós, este Deus que se dá a conhecer na nudez e na fragilidade, este Deus que é
pobre – é purificador das imagens de Deus que são uma ameaça à nossa fé. O
Deus do presépio, cuja imagem nós precisamos de interiorizar e de aprender, é
um sustento para a nossa fé, porque Deus é como o Menino do presépio.”.
Depois, comenta o caso da coroa (metade de
Natal e metade de espinhos), que anda
nas redes sociais:
“O mistério da vida de Jesus e o mistério da
nossa própria vida têm de ser olhados na globalidade. A coroa de Natal não nos
pode fazer esquecer a vida, o Natal não é uma alienação, o Natal é uma
imersão festiva no sentido mais global da nossa vida, onde cabe tudo. A
nossa vida é esse caminho completo. Por isso, no Natal é importante não
esquecermos o sofrimento, o quinhão de sofrimento humano, e sobretudo não
esquecermos que este dom é uma grande responsabilidade, que temos de assumir
com todas as consequências que a ela estão inerentes.”.
Nestes termos “o dia 25 é um começo, um momento de que também
precisamos, porque somos seres feitos para a festa, para a alegria” e “o Natal
é o dia da festa”. E os madeirenses chamam-lhe simplesmente “a Festa”, pois “a
encarnação de Deus, que se faz Deus connosco, é o grande presente, é a grande
luz que se acende.” E sobre o facto de lá as
figuras do presépio estarem cada uma na sua “jaula”, presas, separadas umas das
outras, na fronteira”, o cardeal vinca:
“O tempo de
Natal é um tempo de reflexão. Podemos gostar ou não das imagens, das propostas,
mas mesmo imagens que possam chocar um pouco ajudam-nos a não passar este tempo
só na celebração. É preciso ter também um tempo de reflexão sobre o que
significa o Natal, em que contexto de mundo celebramos este Natal de 2019.”.
E contrapõe:
“O Natal é, de facto, uma chama que
ilumina a noite do mundo e é importante que tomemos consciência do mundo em
que vivemos e daquilo que o Natal nos implica a fazer, de compromisso, de
encontro, de ação transformadora”.
Quanto à vivência de Natal na Cúria
Romana, a partir do encontro anual com o Santo Padre (21 de dezembro de 2019), refere:
“É um momento
sempre muito importante, porque é o discurso anual que o Papa faz aos seus
colaboradores mais próximos, na Santa Sé. Para lá da beleza do encontro, em si,
e do estarmos uns com os outros, o Papa Francisco faz sempre um discurso programático.
Parte-se do Natal para pensar na vida. Este ano, o Santo Padre quis
pré-anunciar a reforma da Cúria, chamando-nos a uma atitude que foge à rigidez.
Às vezes, as estruturas e as instituições têm essa tentação, de se tornarem
rígidas e autorreferenciais; ora, é preciso abrir-se à novidade do Evangelho e
às exigências, aos novos desafios do Evangelho.”.
Assim, “pré-anunciando a concretização da reforma da
Cúria,” o Papa quer ajudar à atitude certa”: atitude de acolhimento, pois “no
Natal somos chamados a acolher o Menino que nasce”.
***
Sobre a afirmação do
Pontífice de que “já não estamos no tempo da Cristandade”, salienta:
“O mundo
mudou muito, tornou-se muito plural, muito diversificado. O lugar do
Cristianismo no mundo, o lugar da Igreja, tem um formato completamente
diferente do que era há alguns séculos, num regime de Cristandade.”.
Tudo isto implica uma interpretação específica e uma
conversão, pelo que Dom Tolentino frisa:
“A interpretação deste tempo e dos sinais
dos tempos, do caminho a seguir, é uma coisa muito exigente, porque nos pede a
todos uma desinstalação muito grande e uma capacidade de arriscar novos
caminhos, novas linguagens, novas propostas, vivendo uma simplificação maior
dos nossos meios, das nossas estruturas, para privilegiar as dimensões da
evangelização e do encontro. Isso, como diz o Santo Padre, é uma conversão.”.
E, no âmbito do alcance da predita conversão,
esclarece:
“Esta conversão, no entanto, não é só vivida
ao nível da Cúria Romana; esta conversão é vivida ao nível das dioceses, das
paróquias, dos grupos, das comunidades mais celulares, porque este chamamento a
uma renovação, digamos, para poder servir melhor a missão da Igreja é um
chamamento que toca verdadeiramente a todos”.
Quanto ao facto de o Papa
ter destacado, de entre os dicastérios a reformar, o Dicastério da Comunicação,
apelando a um modo de trabalhar diferente, em sinergia. O cardeal português, da
Madeira, considerou:
“É muito
importante e a Comunicação Social é um mundo onde as mudanças aceleradas aconteceram,
transformando tudo aquilo que nós conhecíamos, dos formatos: eu ainda sou da
geração que todos os dias lia o jornal e esperava pelo jornal em papel. Ele
continua, mas hoje as primeiras notícias do dia, se calhar, não nos chegam
através desse formato. É preciso adequar-se. Há uma palavra italiana que o
Concílio Vaticano II cunhou e que é muito repetida na Igreja: o aggiornamento. Colocar em dia os nossos processos. Isso
só se faz com a capacidade de trabalhar em equipa, de trabalhar conjuntamente.”.
E, articulando aspetos da reforma da Cúria Romana com
o Natal, anota:
“O Natal é o contrário da ‘lógica das capelinhas’
– ‘eu tenho o meu pequeno reino, o meu pequeno mundo, aqui sou um rei, mando,
controlo’. É preciso passar desta lógica individualista e fragmentária para uma
capacidade de estar, de fazer um processo conjunto, alimentar um projeto único.
Penso que é um grande desafio para a Igreja, a todos os níveis (…). Com
naturalidade, com simplicidade (…) o viver comunitário, o trabalho comum.”.
Sobre a
mudança da designação de Arquivo Secreto para Arquivo Apostólico Vaticano,
diz:
“Foi um aggiornamento, um
colocar em dia a designação, porque, se é verdade que a palavra ‘secreto’ vem
do latim – tem a mesma origem da palavra “secretaria” (…) e quer dizer privado,
porque é o arquivo do Papa e das Nunciaturas, que no fundo se correspondem com
o Santo Padre, a verdade é que a palavra “secreto”, hoje, é um termo muito
ambíguo, que precisa sempre de ser explicado, mas que não desfaz nunca uma
certa carga de coisa escondida, de coisa que se quer manter às escuras. Ora, um
arquivo é um lugar de estudo, é um lugar onde o encontro com a História se
realiza, de uma forma normal, porque são os documentos a falar.”.
“Nesse sentido”, assegura, “a melhor designação hoje,
de facto, é Arquivo Apostólico Vaticano,
como a Biblioteca”, pois “tem a ver com a missão de Pedro”.
***
Tendo-lhe sido lembrado que
o seu percurso de vida tem forte repercussão em Portugal – foi personalidade do
ano, para o ‘Expresso’, recebeu a Medalha de Mérito da Região Autónoma
da Madeira – confessa acolher tal repercussão “com muita humildade e respeito pelo sentimento dos outros”, embora se sinta
“sempre muito pequeno, diante do amor, do carinho” com que todos o abraçam.
Porém, assegura:
“O único valor, para mim, que vejo nessas
homenagens, não é certamente um valor pessoal – porque tenho o sentido profundo
da minha pequenez, de como tantas outras pessoas têm um papel, um valor, um
mérito muito superior ao meu –, mas o que me faz aceitar e sorrir a todos é a
oportunidade de que esses momentos sirvam para trazer para o espaço público
determinadas temáticas, falar de assuntos, trazer uma mensagem que normalmente
não está tão presente no dia a dia das conversas e escolhas”.
Não contestando que são
momentos que ajudam a manter a ligação com a sua terra natal, diz:
“Essa raiz existe e existirá sempre. Não é impunemente
que se é português ou que se nasce num lugar, porque é a nossa matriz cultural,
que é um património de futuro, não apenas de passado. Mas é sempre muito belo
voltar a Portugal.”.
E, no respeitante a ser o
presidente das próximas comemorações do 10 de Junho, na Madeira, agradece o convite que o Presidente da República que lhe
fez, “ainda antes de ser cardeal, para o fazer, como cidadão – porque é nessa
condição e é uma bela tradição da nossa República, chamar um cidadão para falar
no Dia de Portugal”. É, pois, “como cidadão português, mais um”, que nesse dia
falará “em nome dos portugueses”, esperando que “o discurso possa contribuir,
humildemente, para o debate e para as preocupações da nossa comunidade nacional”.
***
Quanto ao facto de cada um ser uma personagem do
presépio, o que nem o Papa nem cardeal explicam (talvez de propósito), penso que ninguém há de querer ser alguma das
figuras que lá se veem. Cada um deve querer ser aquilo que é e o que é chamado
a ser. Com efeito, se quero ser o menino Jesus (ser embrulhado e afagado e adorado por
todos), para o que já não tenho idade,
devia ter começado por ser a ovelha sofrida e resistente, que dá a carne, a lã
e o leite; ser o pastor que guarda o rebanho resistindo à intempérie e corre a
Belém; ser o cão que ladra em aviso e usa os dentes e as patas para defender as
ovelhas; ser o mago que se sujeita a caminhar, adora e oferece presentes; ser o
burro ou a vaquinha que aquecem o ambiente com a sua respiração e o calor
desenvolvido dentro do seu pelo (e a vaca pode dar o leite); ser o José justo, sonhador e pressuroso na defesa da
família; ser o anjo que anuncia a boa alegria e canta glória e paz; ser a mãe
Maria que transporta Jesus, cuida dele e O mostra a quem O procura. Talvez, sem
deixar de assumir papéis destas personagens todas, deva ser eu mesmo, mas
preferencialmente assumir o papel do anjo e de Maria como mensageiro, portador
e testemunha de Cristo: “Cristóforo” ou Cristóvão é o que transporta Cristo, O
apresenta, O canta e para Ele conduz os outros.
Lá está, como escrevia ontem, teremos de ser
discípulos, mensageiros e promotores do Presépio.
2019.12.25 – Louro de Carvalho
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