Foi com este sugestivo título que Dom Rui Valério, Bispo das Forças
Armadas e de Segurança, que presidiu à peregrinação evocativa da 5.ª Aparição da
Virgem do Rosário na Cova da Iria, desafiou peregrinos a testemunharem Cristo
pela alegria. Na Cova da Iria, neste dia 13, o venerando Ordinário Castrense
olhou para Nossa Senhora como “Mãe da
Alegria”, que aponta para o Redentor que salva a humanidade da tristeza
da escassez do amor.
Para esta
peregrinação, inscreveram-se 87 grupos de peregrinos, de 23 países a saber:
Portugal, Alemanha, Austrália, Brasil, Cabo Verde, Coreia do Sul, Eslováquia,
Espanha, EUA, França, Holanda, Indonésia, Irlanda, Itália, Polónia, Singapura,
Burkina Faso, Canadá, China, República Checa, Filipinas, África do Sul e Reino
Unido.
***
A peregrinação iniciou-se na tarde do dia 12 com a habitual Saudação a Nossa Senhora na Capelinha
das Aparições, com as presenças do presidente da Peregrinação e do Bispo de
Leiria-Fátima, o Cardeal Dom António Marto.
Nesse momento,
Dom Rui Valério quis interpelar os peregrinos desafiando-os a fazer de Fátima “um
lugar de vida” e lembrou que a peregrinação a Fátima é sinónimo da “alegria de encontrar alguém que nos ama, nos
recebe, nos acolhe e nos dirige um sorriso”. Por isso, convidou os
peregrinos participantes neste momento de oração a encontrarem “essa mãe” e na
“intimidade do coração” a escutarem a sua mensagem. E sublinhou:
“Ela mostra-nos Cristo, acolhe as nossas
preces e ensina-nos a fazer o que Ele quer. Acolhamos Maria no nosso coração
para que ele seja morada do Senhor e do Espírito Santo.”.
Por seu
turno, Dom António Marto sublinhou a importância do silêncio em Fátima como “a
expressão mais bela e apropriada” da homenagem que os peregrinos fazem a Nossa
Senhora quando chegam à Capelinha das Aparições e, diante da imagem, rezam em
silêncio. E vincou:
“É a reação mais profunda de quem chega.
Todos ficamos em silêncio junto Dela, na contemplação do seu rosto, sentindo e
experimentando a sua proximidade.”.
Para o
prelado leiriense-fatimita, é neste silêncio que “sintonizamos o nosso coração com o coração imaculado de Maria, que nos
conduz até Deus”. Com efeito, “o
silêncio favorece o clima de oração que aqui se torna diálogo íntimo com a mãe;
no silêncio interior queremos fazer chegar até Ela a nossa voz, em ação de
graças ou com súplicas” – disse o Cardeal, frisando que, nesse silêncio,
Maria faz chegar a cada um “o bom
conselho para que vivamos na luz, verdade e amor de Deus, amor fraterno e
solidário sem distinções ou discriminações”.
E, pedindo
aos peregrinos que rezassem pelo Papa, pela Igreja e pela Paz no Mundo,
concluiu:
“Seja-nos dada a graça de escutarmos esta
voz, a voz da Mãe do Senhor, pois todos nós precisamos dessa consolação. É uma
palavra de encorajamento para a vida em Cristo, para a nossa participação na
vida da Igreja e uma voz de advertência maternal que nos convida a fazer um
exame sério de consciência e a pôr em ordem a nossa vida cristã.
Escutemo-la e confiemo-nos a Ela.”.
***
Durante a
homilia da Missa da Vigília da Peregrinação Internacional Aniversária de
setembro, no dia 12, o Bispo das Forças Armadas e de Segurança afirmou que a
sociedade moderna vive “encerrada em si mesma” sem soluções de paz porque o
homem dispensou Deus. E o prelado sustentou que a autossuficiência do homem é um
obstáculo à Paz.
“Todas as vezes que o ser humano procura
encontrar em si mesmo a solução para os seus problemas, contando só consigo e
confiando apenas nas suas capacidades, que faz ele senão uma forte violência a
si próprio?” – interpelou Dom Rui Valério, que explicitou detalhadamente o
seu pensamento sobre a paz:
“De facto, em todo o género de conflito seja
bélico ou familiar, existencial, profissional ou pessoal deparamo-nos sempre
com o mesmo cenário da pessoa centrada sobre si, fechada dentro do seu mundo,
entregue somente aos seus recursos e projetando tudo a partir de si e do ponto
de vista dos seus interesses pessoais. Pelo contrário, a paz é a
bem-aventurança da aventura ao outro, da desfocalização e descentração e
esta atitude germina e floresce na comunhão com o Senhor, vivida na oração
autêntica.”.
Perante os
milhares de peregrinos que participaram na Eucaristia que se seguiu à Procissão
das Velas, o presidente da celebração apontou que não é de estranhar “se hoje
nos deparamos, mais uma vez, com uma sociedade demasiado encerrada em si mesma,
sem janelas para a eternidade” e porfiou que “só onde há oração há abertura a
Deus e aos outros e só onde esta abertura existir será possível construir ou
reparar todos os dias os delicados alicerces da paz”. E esclareceu:
“A paz tem na oração não só a sua génese e o
seu mais profícuo caminho, como também a sua principal medida e a sua mais justa
dimensão. Rezar, viver o encanto do encontro com o Senhor não só é a principal
ferramenta para destronar a guerra, mas é o passo decisivo para se construir a
paz.”.
O prelado,
invocando o exemplo de Maria na proximidade a Deus e na comunhão com Ele,
frisou que foi esta atitude que fez Dela a construtora de uma “nova Humanidade”
e ensinou:
“A abertura de Nossa Senhora a Deus e à sua
santa vontade abriu novos horizontes à humanidade, outrora bloqueados pela
maldade e pelo pecado, quando Adão e Eva avistaram o fruto e, numa mera
criatura, num simples objeto, quiseram ver o belo, o bom e o verdadeiro,
atributos que só a Deus pertencem”.
E,
concluindo que o mundo “só será salvo em
Cristo”, o Prelado Castrense observou:
“No Éden, o olhar da humanidade, pelos olhos
de Eva, ficou fechado na idolatria. Mas, agora, pelos olhos de Maria, a nova
Eva, a humanidade redescobre, incessantemente, a Beleza, a Bondade e a Verdade
de Deus.”.
Por fim, Dom
Rui Valério explicitou o itinerário do caminho que cada peregrino deve fazer
para alcançar a verdadeira comunhão com Deus: acolhimento do outro tal como é, capacidade para aceitar o mistério deixando-se surpreender, disponibilidade para o serviço e abertura à missão. E, considerando que “sair ao encontro dos outros é a outra face
do encontro com o Senhor”, o insigne Bispo exortou:
“Sejamos, com Maria, coerentes com a nossa
fé, capazes de nos admirarmos com as surpresas de Deus, de permanecermos
disponíveis para fazer a sua vontade através do acolhimento dos outros e da
atenção solícita para respondermos aos seus apelos”.
***
Na manhã
deste dia 13, na homilia da Missa Internacional Aniversária de Setembro (concelebrada,
além do cardeal Dom António Marto, por 3 bispos e 123 sacerdotes), Dom Rui Valério apelou aos peregrinos a que deem
testemunho vivo da alegria salvífica de Deus, através de
uma concretização missionária do Evangelho na vida quotidiana.
A partir do
relato da 5.ª Aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, na Cova da Iria, em
que a Mãe do Céu “vem falar da alegria de Deus”, o presidente da celebração
começou por dar conta da esperança da presença incessante de “um Deus vivo, que conhece e experimenta o
doce sabor da alegria que irrompe sempre que o ser humano se deixa resgatar e é
salvo”. E lembrou:
“A Boa Nova que Nossa Senhora trouxe e que proclamou precisamente neste
lugar é que o mundo não está perdido. (…) Maria Santíssima é a
Mensageira dessa alegria e da salvação do mundo. Foi-o aqui em Fátima, como
o tinha sido quando visitou a sua prima Isabel para lhe comunicar a boa nova da
iminente vinda do Redentor.”.
Depois, olhou
para Nossa Senhora como “Mãe da alegria” a partir do relato das Bodas de Canaã,
proclamado no Evangelho.
Numa
interpretação teológica do episódio de Caná, o Bispo das Forças Armadas e de
Segurança apontou o vinho que Jesus ali oferece, a partir de água, como símbolo
da “alegria do amor” de Deus, e as talhas de pedra vazias como “o coração e a
vida das pessoas privadas de sentido e de razões de viver”. E, tendo em conta
que “o vazio indica a tristeza e nada esvazia tanto o coração humano como a
escassez do amor”, alertou para a “embriaguez do consumo” com que o ser humano
tenta colmatar este vazio e apontando para o amor de Deus como resposta a este
“consumismo afetivo e espiritual”. A seguir, garantindo que “a pessoa não se
salva por intermédio das coisas efémeras” e, evocando a fundação da “nova
Aliança fundada no amor” que Jesus institui com o seu povo nas Bodas de Caná, sublinhou:
“Só o amor nos salva e nos preenche, construindo e reconstruindo a vida
redimida a partir das ruínas em que tantas vezes nos encontramos. (…) E só
Cristo, nosso Redentor, pode realizar essa obra de salvação.”.
O presidente
da Peregrinação Internacional Aniversária reforçou, depois, o “valor
salvífico” dos sacrifícios dos Pastorinhos, fundado num “excesso de amor
abundante”, para enumerar três ações para alcançar a alegria salvífica que
Deus oferece à humanidade: acolher Maria
no coração, sendo Sua morada; escutar a
Palavra do Senhor, pondo-A em prática; e, a partir da comunhão irmãos, assumir a missão evangélica de testemunhar,
na vida quotidiana, a alegria da comunhão com Cristo. E, concluindo, desafiou:
“Seja esta a nossa proposta para o mundo: mostrar a nossa pessoal
experiência de vida com Cristo, testemunhá-la na vida quotidiana para que todos
os que observarem a nossa alegria e a forma como vivemos de amor se sintam
atraídos e fascinados com a vida cristã que na Igreja transparece”.
***
É também de
realçar a palavra dirigida aos doentes, durante o momento de Adoração ao
Santíssimo Sacramento, por Pedro Santa Marta, da Associação dos Servitas
de Nossa Senhora de Fátima, que perspetivou a vida como um Rosário, convidando
os peregrinos a ser exemplo de “alegria e
esperança na aceitação do sofrimento” e desenvolvendo:
“Nem sempre Deus nos cura ou nos alivia. Não porque não goste de nós –
porque Deus nunca nos abandona – mas porque, através desse sofrimento, nos
oferece uma oportunidade para nos purificarmos ou, então, porque se quer servir
de nós para ajudar os outros na sua conversão. E, se o soubermos e quisermos
aceitar, com alegria e muita esperança, estaremos a ser um instrumento de Deus
na conversão dos pecadores, tal como Nossa Senhora aqui o pediu em maio de
1917.”.
E formulou o
seguinte voto:
“Que a nossa vida seja como um rosário: as contas serão as nossas boas
ações, ligadas por uma corrente feita das nossas orações e do nosso amor a Deus
e a quem nos rodeia” – afirmou o responsável pelos Servitas de Fátima.
***
Como é
habitual, a última palavra da celebração coube ao Bispo de Leiria-Fátima, que
reforçou a tonalidade da alegria (a alegria de
Deus por nós e a nossa alegria em Deus) enunciada
na homilia por Dom Rui Valério, a quem agradeceu a presença e a mensagem “bela
e calorosa”. E afirmou:
“Deus alegra-se connosco, e a nossa alegria em Deus, no amor, na
ternura, na misericórdia, no perdão e na vida nova que nos oferece. A alegria
da qual Nossa Senhora fez eco aqui, em Fátima, aos Pastorinhos... Uma alegria
que é um dom de Deus e que levamos no nosso coração para dar testemunho dela na
vida quotidiana.”.
No dia em
que em que se iniciam as aulas para muitas crianças, o Prelado de Leiria-Fátima
enviou uma bênção aos “pequenitos e pequenitas” para este início de ano letivo,
deixou uma palavra de conforto aos doentes e saudou os peregrinos, que vieram à
Cova da Iria, provenientes de várias geografias do mundo.
Por fim, Dom
António Marto lembrou os bombeiros portugueses e o seu esforço no combate aos
incêndios, convidando a assembleia a rezar uma Ave-Maria por estes soldados da
paz.
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E aí está
Fátima na sua força da bem-aventurança evangelizadora e como espaço da vida e
da alegria em Deus e por Deus.
2019.09.13 – Louro de Carvalho
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