sexta-feira, 13 de setembro de 2019

A “Mãe da Alegria”


Foi com este sugestivo título que Dom Rui Valério, Bispo das Forças Armadas e de Segurança, que presidiu à peregrinação evocativa da 5.ª Aparição da Virgem do Rosário na Cova da Iria, desafiou peregrinos a testemunharem Cristo pela alegria. Na Cova da Iria, neste dia 13, o venerando Ordinário Castrense olhou para Nossa Senhora como “Mãe da Alegria”, que aponta para o Redentor que salva a humanidade da tristeza da escassez do amor.
Para esta peregrinação, inscreveram-se 87 grupos de peregrinos, de 23 países a saber: Portugal, Alemanha, Austrália, Brasil, Cabo Verde, Coreia do Sul, Eslováquia, Espanha, EUA, França, Holanda, Indonésia, Irlanda, Itália, Polónia, Singapura, Burkina Faso, Canadá, China, República Checa, Filipinas, África do Sul e Reino Unido.
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A peregrinação iniciou-se na tarde do dia 12 com a habitual Saudação a Nossa Senhora na Capelinha das Aparições, com as presenças do presidente da Peregrinação e do Bispo de Leiria-Fátima, o Cardeal Dom António Marto.
Nesse momento, Dom Rui Valério quis interpelar os peregrinos desafiando-os a fazer de Fátima “um lugar de vida” e lembrou que a peregrinação a Fátima é sinónimo da “alegria de encontrar alguém que nos ama, nos recebe, nos acolhe e nos dirige um sorriso”. Por isso, convidou os peregrinos participantes neste momento de oração a encontrarem “essa mãe” e na “intimidade do coração” a escutarem a sua mensagem. E sublinhou:
Ela mostra-nos Cristo, acolhe as nossas preces e ensina-nos a fazer o que Ele quer. Acolhamos Maria no nosso coração para que ele seja morada do Senhor e do Espírito Santo.”.
Por seu turno, Dom António Marto sublinhou a importância do silêncio em Fátima como “a expressão mais bela e apropriada” da homenagem que os peregrinos fazem a Nossa Senhora quando chegam à Capelinha das Aparições e, diante da imagem, rezam em silêncio. E vincou:
É a reação mais profunda de quem chega. Todos ficamos em silêncio junto Dela, na contemplação do seu rosto, sentindo e experimentando a sua proximidade.”.
Para o prelado leiriense-fatimita, é neste silêncio que “sintonizamos o nosso coração com o coração imaculado de Maria, que nos conduz até Deus”. Com efeito, “o silêncio favorece o clima de oração que aqui se torna diálogo íntimo com a mãe; no silêncio interior queremos fazer chegar até Ela a nossa voz, em ação de graças ou com súplicas” – disse o Cardeal, frisando que, nesse silêncio, Maria faz chegar a cada um “o bom conselho para que vivamos na luz, verdade e amor de Deus, amor fraterno e solidário sem distinções ou discriminações”.
E, pedindo aos peregrinos que rezassem pelo Papa, pela Igreja e pela Paz no Mundo, concluiu:
Seja-nos dada a graça de escutarmos esta voz, a voz da Mãe do Senhor, pois todos nós precisamos dessa consolação. É uma palavra de encorajamento para a vida em Cristo, para a nossa participação na vida da Igreja e uma voz de advertência maternal que nos convida a fazer um exame sério de consciência e a pôr em ordem a nossa vida cristã. Escutemo-la e confiemo-nos a Ela.”.
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Durante a homilia da Missa da Vigília da Peregrinação Internacional Aniversária de setembro, no dia 12, o Bispo das Forças Armadas e de Segurança afirmou que a sociedade moderna vive “encerrada em si mesma” sem soluções de paz porque o homem dispensou Deus. E o prelado sustentou que a autossuficiência do homem é um obstáculo à Paz.
Todas as vezes que o ser humano procura encontrar em si mesmo a solução para os seus problemas, contando só consigo e confiando apenas nas suas capacidades, que faz ele senão uma forte violência a si próprio?” – interpelou Dom Rui Valério, que explicitou detalhadamente o seu pensamento sobre a paz:
De facto, em todo o género de conflito seja bélico ou familiar, existencial, profissional ou pessoal deparamo-nos sempre com o mesmo cenário da pessoa centrada sobre si, fechada dentro do seu mundo, entregue somente aos seus recursos e projetando tudo a partir de si e do ponto de vista dos seus interesses pessoais. Pelo contrário, a paz é a bem-aventurança da aventura ao outro, da desfocalização e descentração e esta atitude germina e floresce na comunhão com o Senhor, vivida na oração autêntica.”.
Perante os milhares de peregrinos que participaram na Eucaristia que se seguiu à Procissão das Velas, o presidente da celebração apontou que não é de estranhar “se hoje nos deparamos, mais uma vez, com uma sociedade demasiado encerrada em si mesma, sem janelas para a eternidade” e porfiou que “só onde há oração há abertura a Deus e aos outros e só onde esta abertura existir será possível construir ou reparar todos os dias os delicados alicerces da paz”. E esclareceu:
A paz tem na oração não só a sua génese e o seu mais profícuo caminho, como também a sua principal medida e a sua mais justa dimensão. Rezar, viver o encanto do encontro com o Senhor não só é a principal ferramenta para destronar a guerra, mas é o passo decisivo para se construir a paz.”.
O prelado, invocando o exemplo de Maria na proximidade a Deus e na comunhão com Ele, frisou que foi esta atitude que fez Dela a construtora de uma “nova Humanidade” e ensinou:
A abertura de Nossa Senhora a Deus e à sua santa vontade abriu novos horizontes à humanidade, outrora bloqueados pela maldade e pelo pecado, quando Adão e Eva avistaram o fruto e, numa mera criatura, num simples objeto, quiseram ver o belo, o bom e o verdadeiro, atributos que só a Deus pertencem”.
E, concluindo que o mundo “só será salvo em Cristo”, o Prelado Castrense observou:
No Éden, o olhar da humanidade, pelos olhos de Eva, ficou fechado na idolatria. Mas, agora, pelos olhos de Maria, a nova Eva, a humanidade redescobre, incessantemente, a Beleza, a Bondade e a Verdade de Deus.”.
Por fim, Dom Rui Valério explicitou o itinerário do caminho que cada peregrino deve fazer para alcançar a verdadeira comunhão com Deus: acolhimento do outro tal como é, capacidade para aceitar o mistério deixando-se surpreender, disponibilidade para o serviço e abertura à missão. E, considerando que “sair ao encontro dos outros é a outra face do encontro com o Senhor”, o insigne Bispo exortou:
Sejamos, com Maria, coerentes com a nossa fé, capazes de nos admirarmos com as surpresas de Deus, de permanecermos disponíveis para fazer a sua vontade através do acolhimento dos outros e da atenção solícita para respondermos aos seus apelos”.
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Na manhã deste dia 13, na homilia da Missa Internacional Aniversária de Setembro (concelebrada, além do cardeal Dom António Marto, por 3 bispos e 123 sacerdotes), Dom Rui Valério apelou aos peregrinos a que deem testemunho vivo da alegria salvífica de Deus, através de uma concretização missionária do Evangelho na vida quotidiana.
A partir do relato da 5.ª Aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, na Cova da Iria, em que a Mãe do Céu “vem falar da alegria de Deus”, o presidente da celebração começou por dar conta da esperança da presença incessante de “um Deus vivo, que conhece e experimenta o doce sabor da alegria que irrompe sempre que o ser humano se deixa resgatar e é salvo”. E lembrou:
A Boa Nova que Nossa Senhora trouxe e que proclamou precisamente neste lugar é que o mundo não está perdido. (…) Maria Santíssima é a Mensageira dessa alegria e da salvação do mundo. Foi-o aqui em Fátima, como o tinha sido quando visitou a sua prima Isabel para lhe comunicar a boa nova da iminente vinda do Redentor.”.
Depois, olhou para Nossa Senhora como “Mãe da alegria” a partir do relato das Bodas de Canaã, proclamado no Evangelho.
Numa interpretação teológica do episódio de Caná, o Bispo das Forças Armadas e de Segurança apontou o vinho que Jesus ali oferece, a partir de água, como símbolo da “alegria do amor” de Deus, e as talhas de pedra vazias como “o coração e a vida das pessoas privadas de sentido e de razões de viver”. E, tendo em conta que “o vazio indica a tristeza e nada esvazia tanto o coração humano como a escassez do amor”, alertou para a “embriaguez do consumo” com que o ser humano tenta colmatar este vazio e apontando para o amor de Deus como resposta a este “consumismo afetivo e espiritual”. A seguir, garantindo que “a pessoa não se salva por intermédio das coisas efémeras” e, evocando a fundação da “nova Aliança fundada no amor” que Jesus institui com o seu povo nas Bodas de Caná, sublinhou:
Só o amor nos salva e nos preenche, construindo e reconstruindo a vida redimida a partir das ruínas em que tantas vezes nos encontramos. (…) E só Cristo, nosso Redentor, pode realizar essa obra de salvação.”.
O presidente da Peregrinação Internacional Aniversária reforçou, depois, o “valor salvífico” dos sacrifícios dos Pastorinhos, fundado num “excesso de amor abundante”, para enumerar três ações para alcançar a alegria salvífica que Deus oferece à humanidade: acolher Maria no coração, sendo Sua morada; escutar a Palavra do Senhor, pondo-A em prática; e, a partir da comunhão irmãos, assumir a missão evangélica de testemunhar, na vida quotidiana, a alegria da comunhão com Cristo. E, concluindo, desafiou:
Seja esta a nossa proposta para o mundo: mostrar a nossa pessoal experiência de vida com Cristo, testemunhá-la na vida quotidiana para que todos os que observarem a nossa alegria e a forma como vivemos de amor se sintam atraídos e fascinados com a vida cristã que na Igreja transparece”.
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É também de realçar a palavra dirigida aos doentes, durante o momento de Adoração ao Santíssimo Sacramento, por Pedro Santa Marta, da Associação dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima, que perspetivou a vida como um Rosário, convidando os peregrinos a ser exemplo de “alegria e esperança na aceitação do sofrimento” e desenvolvendo:
Nem sempre Deus nos cura ou nos alivia. Não porque não goste de nós – porque Deus nunca nos abandona – mas porque, através desse sofrimento, nos oferece uma oportunidade para nos purificarmos ou, então, porque se quer servir de nós para ajudar os outros na sua conversão. E, se o soubermos e quisermos aceitar, com alegria e muita esperança, estaremos a ser um instrumento de Deus na conversão dos pecadores, tal como Nossa Senhora aqui o pediu em maio de 1917.”.
E formulou o seguinte voto:
Que a nossa vida seja como um rosário: as contas serão as nossas boas ações, ligadas por uma corrente feita das nossas orações e do nosso amor a Deus e a quem nos rodeia” – afirmou o responsável pelos Servitas de Fátima.
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Como é habitual, a última palavra da celebração coube ao Bispo de Leiria-Fátima, que reforçou a tonalidade da alegria (a alegria de Deus por nós e a nossa alegria em Deus) enunciada na homilia por Dom Rui Valério, a quem agradeceu a presença e a mensagem “bela e calorosa”. E afirmou:
Deus alegra-se connosco, e a nossa alegria em Deus, no amor, na ternura, na misericórdia, no perdão e na vida nova que nos oferece. A alegria da qual Nossa Senhora fez eco aqui, em Fátima, aos Pastorinhos... Uma alegria que é um dom de Deus e que levamos no nosso coração para dar testemunho dela na vida quotidiana.”.
No dia em que em que se iniciam as aulas para muitas crianças, o Prelado de Leiria-Fátima enviou uma bênção aos “pequenitos e pequenitas” para este início de ano letivo, deixou uma palavra de conforto aos doentes e saudou os peregrinos, que vieram à Cova da Iria, provenientes de várias geografias do mundo.
Por fim, Dom António Marto lembrou os bombeiros portugueses e o seu esforço no combate aos incêndios, convidando a assembleia a rezar uma Ave-Maria por estes soldados da paz.
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E aí está Fátima na sua força da bem-aventurança evangelizadora e como espaço da vida e da alegria em Deus e por Deus.
2019.09.13 – Louro de Carvalho

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