quinta-feira, 12 de setembro de 2019

A exposição “A viagem mais longa: a primeira volta ao mundo”


Foi inaugurada, em Sevilha, com a presença dos Reis de Espanha, Felipe e Letizia, a exposição indicada em epígrafe, através da qual o Arquivo Geral das Índias de Sevilha mostra, pela primeira vez, os principais documentos e crónicas que permitiram o estudo da primeira volta ao mundo efetuada há 500 anos, uma longa viagem. E esta exibição aporta uma nova forma de ver e sentir a proeza que começou na Península Ibérica e mudou a forma de entender o mundo.  
Financiada pela Unicaja e organizada pela Ação Cultural Espanhola e pelo Ministério da Cultura e Desporto, a propósito do V centenário da 1.ª circum-navegação de Fernão de Magalhães/Juan Sebastián Elcano, ficará no Arquivo Geral das Índias até 23 de fevereiro e viajará, depois, para o Museu São Telmo de São Sebastião. E há planos para fazer uma exposição em conjunto com Portugal, mas, segundo os comissários, “ainda é só uma ideia”.
A mostra exibe documentos reunidos que permitem acompanhar os 245 homens que iniciaram há 5 séculos a maior aventura marítima de todos os tempos. São 106 peças a compor a mostra que tem também apoio nos suportes audiovisuais e que, no caso dos documentos, quase na sua totalidade originais – testemunhos dos protagonistas, crónicas, apontamentos... – todo o conjunto ordenado cronologicamente dá uma visão completa desta proeza.
Os documentos pertencem a distintas instituições de outros países europeus, entre eles Portugal, que contribui com a carta de Maximiliano Transilvano e com a crónica da viagem de António Pigafetta, guardada na Biblioteca da Universidade de Coimbra. Do Arquivo Nacional da Torre do Tombo veio a carta do capitão António de Brito a Dom João III de Portugal, a relação de um piloto genovês, as instruções dadas a João de Cartagena e a Real Cédula a Magalhães.
E Antonio Fernández, historiador e um dos três comissários da exposição, referindo que “a colaboração com as entidades portuguesas tem sido perfeita, só temos palavras de agradecimento”, assegura: 
Não há um herói único e os protagonistas, de diferentes nacionalidades, devem partilhar a glória da proeza”.
A mostra, além de contar um acontecimento-chave da História, evidencia o lado humano dos navegantes e homenageia o “espírito explorador do homem e a sua atitude frente ao desconhecido”. Um português, Fernão de Magalhães, desenhou o projeto, mas seria um espanhol, Juan Sebastián Elcano, a completar uma viagem que durou três anos e que, em todo o seu conjunto, foi uma epopeia humana. A este respeito, Braulio Vázquez, também comissário da mostra e para quem é importante destacar que “só no momento em que a expedição esteve unida logrou continuar em frente”, sublinha que, através desta mostra, “queremos mostrar a verdade do que aconteceu, o lado mais escuro e o mais luminoso”.
A versão portuguesa do Tratado de Tordesilhas, guardada no Arquivo Geral de Sevilha, é o arranque da exposição que estará aberta até 23 de fevereiro. E Guillermo Morán, o terceiro comissário, afirma:
Desenhamos com os testemunhos mais significativas os documentos vertebrais da exposição”.
***
As especiarias foram o motor da viagem quando as Molucas (ou Ilhas das Especiarias) causaram um conflito diplomático entre Portugal e Castela. Lembram os comissários que, de facto, Castela tem mais poder económico que Portugal e capta o talento de Magalhães que apresenta o seu projeto na Corte espanhola e se impõe aos outros pela sua competência e revela “o sonho de chegar ao Oriente pelo Ocidente”. Convicto de que as Molucas estavam na parte espanhola, Magalhães convence Carlos I (Carlos V de Áustria) e encontra o financiamento para a expedição. Como se lê nas Capitulações de Carlos V com Fernão de Magalhães e Rui Faleiro sobre a viagem às Molucas, “o rei advertiu-o muito para não entrar no território português”. E o comissário Guillermo Morán diz que este conjunto de documentos, que detalham todos os preparativos da viagem, a burocracia do momento, “é o que permitiu organizar um projeto desta dimensão e, por isso, o império do ultramar espanhol foi o maior e o mais duradouro” (diz ele).
O percurso pela exposição dá a conhecer muitos detalhes de uma viagem longa, difícil e com a tripulação dividida. Lembra Braulio Vázquez:
Magalhães praticou muito o secretismo e causou muitos problemas, teve muitos adversários. Foi um grande marinheiro e homem de ação, mas não foi bom como gestor de recursos humanos. Teve muitos dos homens contra ele.”.
O motim contra Magalhães, a passagem pelo estreito que tem o seu nome e a sua morte nas Filipinas são momentos de destaque na mostra, que dá detalhes do regresso da nau Vitória com Sebastián Elcano como capitão que completou a primeira circum-navegação. Os comissários, indicando que Pigafetta não dedica uma palavra a Elcano, ele era protegido de Magalhães, entendem que a sua narrativa “é uma fonte incompleta”, embora tenha sido o seu texto que teve uma grande divulgação mundial. Antonio Fernández sublinha em Magalhães a liderança:
Com as ideias claras, sabia o que queria, não desistiu e acreditou no seu projeto. Grande navegador com poucos amigos.”.
Entre os amigos não estava Juan Sebastián Elcano, que ficou do outro lado durante o motim. Mas na passagem pelo estreito que viria a ser de Magalhães não se tiveram em conta os factos passados e essa união foi determinante para cumprir o objetivo.
***
Entre os documentos mais conhecidos encontra-se a carta de Maximiliano Transilvano, o secretário de Carlos I, “que permitiu que a notícia da primeira volta ao mundo fosse conhecida em todo lado”. E há outros mais desconhecidos, mas com informação que tem sido essencial no mundo náutico como a Rota de Francisco Albo, “piloto da nau Vitória”, cujas anotações “são essenciais para perceber como é o mundo hoje”, como sublinha Braulio Vázquez. A carta de González de Espinosa, da nau Trindade, tem a sua própria história: escrita na Índia para pedir ajuda ao Rei, entrou por contrabando por Portugal e chegou ao seu destinatário.
No balanço final desta aventura, chegaram a terra 18 homens acompanhados de dois nativos e, posteriormente, outros 13 homens que tinham sido feitos prisioneiros. Com 5% de rentabilidade económica da viagem, “o custo humano foi terrível”, segundo Morán, mas teve “uma grande dimensão intelectual, científica, heroica e tecnológica” e “foi o trunfo do Renascimento”.
A imagem da Virgem da Vitória, quase no fim da mostra, lembra o último capítulo da longa viagem. Os navegadores, um dia depois do regresso à terra, foram em procissão, descalços e com velas, até à Virgem da Vitória, no bairro de Triana, “porque, quando estavam à beira da morte, se tinham encomendado a ela”.
***
Gianluca Barbera, jornalista italiano, inventa como narrador um Elcano velho, um companheiro de Pigafetta, e conta a seu modo a epopeia de Magalhães, que diz ser um drama shakespeariano. O DN entrevistou-o em Lisboa, em março, já a pensar no 10 de agosto, o dia em que fez 500 anos o início da viagem a partir de Sevilha. Na verdade, o jornalista esteve então em Lisboa a convite do Instituto Italiano de Cultura e deu uma palestra no auditório do Museu da Farmácia.
Agora a efeméride, a primeira de muitas da epopeia que durou três anos, serve de pretexto à publicação e, entretanto, saiu a edição portuguesa de “Magalhães” (Editorial Presença).
A 10 de agosto de 2019, fez 500 anos que partiram de Sevilha as 5 carracas da expedição de Magalhães ao serviço de Espanha. Entre as muitas biografias do navegador publicadas, a maior parte de historiadores, destaca-se agora a versão romanceada, de Gianluca Barbera, italiano como Antonio Pigafetta que escreveu o relato da viagem financiada por Carlos V e que terminou com a circum-navegação pelo espanhol Juan Sebastián de Elcano.
Tem havido polémica entre portugueses e espanhóis, sobretudo nos jornais, a propósito da celebração dos 500 anos da viagem. Espanha sustenta que a expedição foi 100% espanhola, paga por Carlos V, enquanto Portugal relembra que sem o génio do navegador nada teria sido possível e que este era português. Sobre isto, o italiano diz que é uma polémica um pouco como a existente em torno da nacionalidade de Cristóvão Colombo.
No respeitante a Magalhães, refere ter lido a “História Concisa de Portugal, de José Hermano Saraiva, que não menciona Magalhães. E diz que, apesar de se tratar de uma história concisa, Magalhães foi um grande português, e a viagem foi um grande feito de um português.
Revelando que ia editar o seu livro em Portugal, na Presença, e que notava interesse no Brasil, pela Autêntica, mas que não via interesse da parte de editoras espanholas, diz que escreveu sobre Magalhães, mas que este continua um mistério, “não a nível da nacionalidade, mas como pessoa”. E, depois de muito ter investigado, chega à conclusão de que “Magalhães é uma daquelas figuras que pertencem a todos, como acontece, por exemplo, com Leonardo Da Vinci, que acaba por ser muito mais do que um italiano”, é “património da humanidade”. E explicita:
São, pois, personagens que transcendem a sua nacionalidade. Magalhães é património da humanidade. Um português património da humanidade.”.
Curiosamente assegura que, “se perguntarmos hoje a um jovem de 20 anos em Itália de que país era Magalhães, irá responder que era italiano”, porque, segundo o uso da época, “o nome foi latinizado” e, depois “italianizado” em Magellano, “o que faz que muitas personagens pareçam italianas para quem estudou menos os assuntos”. Obviamente, “uma pessoa mais culta sabe que foi português, mas também que a expedição foi financiada inteiramente pelo rei de Espanha e por armadores espanhóis e que não foi investido um tostão que fosse de Portugal”.
Questionado pelo facto de ser um italiano a escrever sobre Magalhães, mas não escrever sobre Colombo ou Vespúcio, grandes marinheiros italianos, embora ao serviço de outros países, disse:
Quando quis escrever um romance que contasse a grande epopeia das descobertas geográficas do século XVI, pensei em construí-lo em redor de uma figura imaginária, que fosse um misto de Colombo, Vespúcio, Caboto, etc. Mas, quando me envolvi na história de Magalhães, disse que isto era puro Shakespeare, uma tragédia perfeita. Com a morte do herói. Magalhães é melhor do que qualquer herói imaginário.”.
Quanto ao facto de, além da liderança de Magalhães, os principais cartógrafos serem portugueses e se dizer que a Espanha pagou a expedição, mas que a comissão científica era portuguesa, o autor explica:
Na época, tanto Portugal como Espanha faziam grande segredo de tudo o que iam descobrindo sobre os mares. Os navegadores que regressavam com informações preciosas do resto do mundo eram levados a confiar ao arquivo régio esses documentos. Mas Magalhães, que, além de muito ter navegado ao serviço de Portugal, também teve acesso aos arquivos portugueses, consegue ser contratado pelo rei de Espanha por causa desse saber.”.
O essencial de Magalhães era conhecer a existência duma passagem pelo novo continente, uma passagem que estaria entre os paralelos 40 e 50, mas que, “na realidade”, estava ainda mais a sul”. Por outro lado, dizia ter encontrado tal informação em documentos portugueses, o que o tornou credível para Carlos V, que chegou a temer que se tratasse dum espião. E o livro, que é um romance histórico, retrata Magalhães como um herói, alguém que tem, não só o conhecimento científico e técnico, mas também “a coragem de liderar aquela tripulação multinacional e muitas vezes rebelde na travessia do estreito de Magalhães e, depois, a travessia do oceano Pacífico, que é por ele batizado”.
Sobre isso, o romancista afirma categoricamente que “o mérito da expedição é 100% de Magalhães”. Embora o financiamento seja de Espanha, “não só todo o projeto é de Magalhães” como “os espanhóis a bordo fizeram tudo para lhe pôr obstáculos, para o fazer falhar”. Com efeito, os três capitães espanhóis, da Concepcion, da San Antonio e da Victoria, Gaspar de Quesada, Juan de Cartagena e Luiz de Mendonza, fazem-lhe guerra desde o início (outro navio com capitão espanhol, a Santiago, de Juan Serrano, naufraga na Patagónia). E assegura Barbera:
Estão lá para vigiá-lo, porque o rei confiou nele, mas na corte houve conselheiros que sugeriram que o português ficasse sob vigilância porque havia muito dinheiro espanhol envolvido. É sobretudo Cartagena que tem esse papel de vigilante, como inspetor real, e tanto que em certo momento os dois homens disputam quem manda mais. E, se é evidente que quem manda é o almirante, o comandante da armada, na Trinidad, Cartagena exige um poder quase igual e o confronto tornou-se inevitável, com Magalhães a ter uma vitória absoluta.”.
Porém, Magalhães “mostra-se mais inteligente do que o outro, mas não só”, “mostra também que tem um objetivo, sabe o que quer, enquanto os outros estão ali por estar, sem convicção”. Por isso, o mérito é “todo da enorme força de vontade de Magalhães” e o livro diz que “Magalhães é um homem preso a um sonho, uma obsessão, que ao longo da viagem não escuta ninguém, não discute com ninguém”, pelo que “também há tripulantes que temem que o almirante não saiba para onde vai e se revoltam ou desertam”. 
Tratando-se de um homem tão inteligente, que morre nas Filipinas, “numa guerra que lhe é alheia, mas em que faz questão de intervir, em apoio de aliados que mal conhece”, “é vítima de um excesso de confiança, agora que já cruzou o Pacífico e está a chegar próximo das ilhas das especiarias, as Molucas”. E Barbera afirma taxativamente que “morre por exclusiva culpa sua” e explica o que decorre da sua personalidade e do que entende como sua missão:
É o único momento em que Magalhães põe de lado a prudência. Até então tinha-se revelado um calculista, um homem prudentíssimo, ousado, mas prudente. Antes de fazer qualquer coisa, estuda-a a fundo, calcula as possíveis consequências dessas ações. É um homem corajoso, não um temerário. O que é que acontece nas Filipinas? Pela primeira vez, naquele arquipélago que batiza como ilhas de São Lázaro e só mais tarde serão rebatizadas em honra do futuro Filipe II, este navegador profundamente católico convence-se de que Deus está ao seu lado na viagem, de que está a ajudá-lo.”.
E há outros motivos para o excesso de confiança: a experiência anterior de disparar armas de fogo e pôr grandes massas de indígenas; e a ideia generalizada de que os outros povos tinham um temor reverencial aos europeus, vistos como divindades ou semideuses. Porém, como diz Barbera, os habitantes das Filipinas eram diferentes, já conheciam, por exemplo, os árabes, pelo que “não podiam ser confundidos com os indígenas da Patagónia”. Este “foi o primeiro erro de Magalhães, desvalorizar o inimigo” e “o segundo foi não calcular bem a distância a que os navios tiveram de fundear por causa da maré baixa”. E o jornalista romancista explica:
Ficaram muito longe da costa, sem capacidade de bombardear a praia para proteger a fuga dos europeus. O rei da ilha de Cebu segue-o com 1500 guerreiros, e deveria intervir em seu auxílio, mas não o faz. É Magalhães que recusa a ajuda, para poder exibir o poder de fogo europeu. E chega a Mactan, pequena ilha junto a Cebu, sem ter também grandes informações. É a única vez em que passa de corajoso a temerário, até fanático. Deixou-se convencer de que era invencível.”.
Acabando por ser Elcano a assumir a liderança e a trazer o que resta da tripulação para a Europa a bordo da Victoria em 1522, o romance viola um pouco a história imaginando um velho Elcano a fazer a narrativa. O romancista, observando que dele se sabe pouco, considera que, ao chegar, se apropria um pouco do mérito de Magalhães e, para justificar as suas opções, tinha de desacreditar o português. Fora um dos amotinados, poupado por Magalhães por necessidade de gente para continuar a navegação. Os fugitivos da San Antonio no estreito de Magalhães, quando souberam que o almirante morreu, ficaram aliviados por Elcano ser um dos seus.
A narrativa romanceada dá Elcano a trair Magalhães por três vezes: a primeira, no motim; a segunda, quando Magalhães cai ferido e Elcano só pensa em salvar a pele; e a terceira, quando chega a Espanha e tenta ficar com todos os méritos. E Barbera desenvolve:
Recebe títulos e recompensas. Passa a ser o descobridor e circum-navegador do globo. E lança acusações de traição e de violência gratuita sobre Magalhães. Mas o seu destino fora da ficção estava traçado, não chegou a velho. Quando volta a seguir o rumo do Pacífico, poucos anos depois, morre. Morre no Pacífico. É a sua némesis. A vingança que acaba por chegar, a punição pela mentira.”.
Obviamente que Elcano puxa das suas credenciais de mérito: controlou os marinheiros num momento de desespero; e determinou a rota de regresso por mares controlados por Portugal, mas contra as ordens de Carlos V, que não queria provocar Dom Manuel I, pois tinha de ser assim: era uma rota bem mais conhecida.
Ora, para ajudar a esclarecer a verdade da expedição, é vital o relato de Pigafetta, que “está por sua conta, dá a volta ao mundo e escreve tudo o que se passa”. E Barbera vinca:
É o grande defensor da verdade histórica. Para Pigafetta, Elcano não existe. No que escreve dá pouca atenção aos aspetos políticos, mas mesmo assim afirma que os capitães espanhóis faziam guerra em permanência a Magalhães só por este ser português. A personagem central de toda a relação de Pigafetta é Magalhães. E, quando este morre, escreve que morreu quem os guiava. O relato de Pigafetta é entregue a Carlos V e desaparece.”.
A corte espanhola fez desaparecer o relato entregue por Pigafetta, pois “não tinha interesse em que se soubesse o que se passou”; e, em vez de promover a imagem de um português, quiseram fazer crer que foi Elcano a figura-chave. O relato conhecido resulta do facto de o cronista, quando regressou à Itália, ter contado a história e ter sido desafiado a reescrevê-la.
***
Enfim, Magalhães é o herói inquestionável. A viagem era muito longa. Não sei se se poderá dizer que era bom marinheiro e grande homem de ação, mas mau gestor de recursos humanos, como diz Braulio Vázquez. Penso que era difícil de liderar uma expedição tão eclética e com tanto tempo nos mares, mas sobretudo com tanto antagonista nas tripulações. Por outro lado, os grandes homens cometem erros táticos e não deixam de ser grandes. Excessivamente confiante e insuficiente no cálculo da distância a que os navios tiveram de fundear por causa da maré baixa, Magalhães não deixa de ser o homem grande, um dos grandes marcos da época com reflexo indelével no devir histórico.
2019.09.12 – Louro de Carvalho

Sem comentários:

Enviar um comentário