O Papa
anunciou, a 1 de setembro, a criação como cardeal do Arcebispo português Dom
José Tolentino Mendonça, de 53 anos, bibliotecário e arquivista da Santa Sé, que
passa a ser o segundo membro mais jovem do Colégio Cardinalício, o que foi
replicado de imediato na comunicação social. O consistório para a criação de 13
novos cardeais, sendo 10 eleitores, está marcado para 5 de outubro, no
Vaticano.
O nome de
Dom José Tolentino Mendonça foi o segundo a ser anunciado, numa lista que
inclui colaboradores diretos do Papa e responsáveis de várias dioceses do
mundo. O arcebispo madeirense torna-se o 6.º cardeal português do século XXI e
o 3.º a ser designado por Francisco: junta-se a Dom Manuel Clemente e a Dom
António Marto no Colégio Cardinalício. Dom José Saraiva Martins (87 anos) e Dom Manuel Monteiro de Castro (81) são os outros dois cardeais portugueses, ambos já sem
direito a voto no conclave por terem mais de 80 anos.
Com esta nomeação, Portugal reforça o seu peso no Colégio Cardinalício,
passando de 10.º para 9.º país mais representado, com 5 cardeais, 3 deles
eleitores. Espanha também ganha dois
cardeais, passando para 15 – sete deles eleitores –, os mesmos dos EUA. Uma
lista liderada pela Itália, que agora ganhou dois cardeais: fica com 43, sendo 23
deles com direito de voto.
Portugal
teve até hoje 45 cardeais, uma lista iniciada pelo Mestre Gil, escolhido por
Urbano IV (1195-1264).
O Colégio
Cardinalício tem 118 eleitores (57 dos quais criados por Francisco) e 197 cardeais com mais de 80 anos, sem direito a
voto num conclave para eleição de um novo Papa. Dos cardeais eleitores, 50 são
da Europa, 33 da América, 31 da África e Ásia e 4 da Oceânia.
O membro mais
jovem do Colégio é Dom Dieudonné Nzapalainga, centro-africano (de 52 anos).
***
Dom José
Tolentino Calaça de Mendonça nasceu em Machico (Arquipélago da Madeira) a 15 de dezembro de 1965; foi ordenado presbítero em
1990 e bispo em 2018. Biblista,
investigador, poeta e ensaísta, foi condecorado com o grau de Comendador da
Ordem do Infante Dom Henrique, por Jorge Sampaio, em 2001, e de Comendador da
Ordem de Sant'lago da Espada por Aníbal Cavaco Silva, em 2015. Em 2020, será o novo cardeal
português a fazer o discurso do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
Portuguesas, depois de Marcelo Rebelo de Sousa o ter convidado para presidir à
comissão organizadora das comemorações do 10 de junho.
O Presidente da República já manifestou “o mais profundo júbilo pela elevação do Senhor Dom José Tolentino de
Mendonça ao Cardinalato, traduzindo o reconhecimento de uma personalidade
ímpar, assim como da presença da Igreja Católica na nossa sociedade, o que
muito prestigia Portugal”. O Chefe
de Estado sublinha “a excecional
relevância do novo cardeal como filósofo, pensador, escritor, professor e
humanista” e revelou que tenciona estar presente na cerimónia de imposição
do barrete cardinalício.
Outras
reações surgiram quase de imediato.
A CEP (Conferência Episcopal Portuguesa) aplaude elevação de Tolentino Mendonça a
cardeal. Em nota enviada às redações pode ler-se:
“A
Conferência Episcopal manifesta o seu grande regozijo pela criação de Dom José
Tolentino para este relevante serviço à Igreja Universal colaborando junto do
Santo Padre como Cardeal, serviço que certamente exercerá com a humildade, a
sabedoria, a competência e a dedicação que lhe são reconhecidas”.
“É uma alegria para a Igreja em Portugal
contar neste momento com cinco Cardeais no Colégio Cardinalício: Dom José
Saraiva Martins, Dom Manuel Monteiro de Castro, Dom Manuel Clemente, Dom
António Marto e Dom José Tolentino Mendonça” – observa a nota da CEP,
perante uma situação inédita, deixando votos de que “o Senhor derrame as suas bênçãos sobre o cardeal José Tolentino nesta
importante missão que lhe é confiada pelo Santo Padre”.
Que o Senhor derrame as suas bênçãos sobre o Cardeal
José Tolentino nesta importante missão que lhe é confiada pelo Santo Padre –
reza a nota.
Também o
Cardeal-Patriarca, o Bispo de Leiria-Fátima, o Bispo do Funchal e o Governo
Regional da Madeira manifestaram alegria pelo facto, salientando o seu perfil e
percurso e esperançosos de que o novo purpurado, com singular bagagem cultural,
será uma mais-valia no contributo à reforma da Igreja desejada por Francisco e
que o Pontífice está a liderar.
***
A
agência Ecclesia fez uma resenha
histórica dos 45 cardeais portugueses, de que se faz síntese.
1. Mestre Gil (também
aparece com o nome de Egídio). Filho do chanceler
Julião, do tempo de Dom Afonso Henriques, foi tesoureiro da Sé de Coimbra e
Cónego de Viseu e foi o primeiro Cardeal português, criado por Urbano IV (1195-1264).
2. Paio Galvão.
Nascido em Guimarães, fez-se Mestre de Teologia em Paris e Dom Sancho I
mandou-o a Roma como embaixador de obediência. Inocêncio III fê-lo Cardeal, em
1206, com o título de Santa Maria in Septisolio.
3. Pedro Julião
ou Pedro Hispano. Natural de Lisboa,
era filósofo, teólogo, cientista e médico, e autor de obras científicas.
Estando em Roma, depois de participar no concílio ecuménico de Lião, tratou o
Papa Gregório X duma doença dos olhos. Elevado a Cardeal em 1274, foi Papa (o único Papa português) com o nome de
João XXI, desde setembro de 1276 a maio de 1277.
4. Ordonho
Alvarez. Abade fonselense, nascido em Portugal. Foi Bispo de Salamanca (1272), passando, depois, para o arcebispado de Braga por
vontade de Gregório X. Em 1278, Nicolau III elevou-o a Cardeal-Bispo.
5. Pedro da
Fonseca. Nasceu em Olivença. Foi criado Cardeal pelo anti-Papa Bento XIII (Pedro de
Luna), com o título de Santo Angelo na
Pescaria, em 1409. Quando os Concílios de Pisa e Constança proferiram sentenças
contra o anti-Papa, passou a obedecer ao Papa de Roma, Martinho V, que o fez
Cardeal do mesmo título em 1419.
6. João Afonso
de Azambuja. Bispo de Silves, Porto e Coimbra. Foi Arcebispo de Lisboa, em
1402, e elevado ao Cardinalato por Gregório XII, em junho de 1411.
7. Antão [António] Martins de Chaves. Natural de Chaves, segundo uns, ou do Porto, segundo outros, foi bispo
nesta última cidade (1424). Foi criado
Cardeal Presbítero do título de São Crisógono por Eugénio IV, em 1439.
8. Jaime de
Portugal. Filho do Infante Dom Pedro, foi Arcebispo de Lisboa. Depois da
batalha de Alfarrobeira, (1449),
retirou-se para Flandres com os seus irmãos João e Beatriz. Daí é enviado a
Roma depois de ter sido eleito arcebispo de Arras. Foi criado Cardeal-Diácono
por Calisto III, em 20 de fevereiro de 1456, com o título de Santo Eustáquio.
9. Jorge da
Costa (Cardeal de Alpedrinha). Nasceu em
1406, em Alpedrinha. Estudou em Paris. Foi Bispo de Évora em 1463, Arcebispo de
Lisboa, em 1464, e de Braga, em 1501. Foi feito Cardeal pelo Papa Xisto IV, em
1476, com o título dos Santos Pedro e Marcelino.
10. Henrique.
Filho de Dom Manuel I, nasceu em Lisboa em 1512. Aos 22 anos, era eleito
Arcebispo de Braga por Clemente VII. Foi feito Cardeal em 16 de dezembro de
1545, com o título dos Santos Quatro Coroados. Tornou-se o 17.º rei de Portugal
em 1578 (2 anos da
sua morte).
11. Afonso.
Era filho de Dom Manuel I, que o queria cardeal aos 3 anos de idade, mas o
pedido foi indeferido. O concílio de Latrão estipulara que não podia ser “dada
catedral a menores de 30 anos”. Dom Manuel conseguiu, no entanto, que fosse
investido no arcebispado de Braga aos 15 anos e, aos 18, voltou a propô-lo para
Cardeal e Leão X elevou ao Cardinalato em 1517.
12. Miguel da
Silva. Nasceu em Évora em 1486. Foi Bispo de Viseu em 1526. Amigo pessoal
de Leão X e de Rafael, foi promovido a Cardeal in pectore em 1539, por Paulo III, que o confirmou em 1541, com o
título dos Doze Apóstolos.
13. Veríssimo de
Lencastre. Nasceu em 1615. Filho de Dom Francisco Luís de Lencastre,
comendador-mor de Avis, e de Dona Filipa Vilhena, a que armou cavaleiros 2 dos
seus filhos na madrugada de 1 de dezembro de 1640. Foi Arcebispo de Braga
em 1670, mas, em 1677, renunciou ao cargo. Foi elevado ao Cardinalato por
Inocêncio XI, em 1686.
14. Luís de
Sousa. Nasceu no Porto, em 1630. Foi Bispo em Bona (1671) e Arcebispo de Lisboa (1675). Inocêncio XII elevou-o ao Cardinalato em 1697.
Alcançou para todas as igrejas de Lisboa o jubileu do Lausperene e foi Provedor
da Misericórdia de Lisboa de 1674 a 1683.
15. Tomás de
Almeida – 1.º Cardeal-Patriarca de Lisboa. Nasceu em 1670, em Lisboa. Foi
Bispo de Lamego (1706), Bispo do
Porto (1709) e o 1.º Patriarca de Lisboa (1716). Clemente XII fê-lo Cardeal a 20 dezembro de 1737.
16. Nuno da
Cunha e Ataíde. Nasceu em Lisboa, em 1664. Foi Mestre de Artes em Coimbra e
graduado em Direito Canónico. Cónego da Sé de Coimbra, Conselheiro de Estado,
Inquisidor-mor, e capelão de Dom Pedro II. Recusou a mitra de Elvas, sendo-lhe
concedido o título de Bispo de Targa. Clemente XI elevou-o ao Cardinalato a 18
de maio de 1712.
17. José Pereira
de Lacerda. Nasceu em Moura, em 1661. Bispo do Algarve (1716), foi elevado a Cardeal-Presbítero, por Clemente XI,
em 1719, mas só recebeu o chapéu cardinalício das mãos de Inocêncio XIII, em
cujo Conclave tinha participado.
18. João da Mota
e Silva. Nasceu em Castelo Branco em 1685. Cónego magistral da Colegiada de
São Tomé, foi criado Cardeal por Bento XIII a 2 de novembro de 1727.
19. Paulo de
Carvalho e Mendonça. Nasceu em 1702. Irmão do Marquês de Pombal, foi
monsenhor da Patriarcal de Lisboa. Clemente XIV criou-o Cardeal a 29 de janeiro
de 1770, mas faleceu antes de a notícia ter chegado a Lisboa.
20. João Cosme
da Cunha (Cardeal da Cunha). Nasceu em
Lisboa, em 1715. Formou-se em leis, e, em 1738, tomou o hábito de Santa Cruz.
Enquanto Cónego da Ordem, como o nome de Frei João de Nossa Senhora das Portas,
durante o terramoto de 1755 percorreu as ruas descalço, de corda ao pescoço e
com um crucifixo alçado, passando pelos escombros anunciando penitência a vivos
e sufrágio por mortos. Inspetor da reedificação de Lisboa. Assumiu o arcebispado
de Évora em 1760. A instâncias do Marquês de Pombal, Clemente XIV criou-o Cardeal em 1770.
21. José Manuel
da Câmara. Nasceu em Lisboa a 25 de dezembro de 1686. Bento XIV criou-o
Cardeal em 10 de abril de 1747. A 10 de março de 1754 foi eleito Patriarca de
Lisboa. Foi o Cardeal Patriarca que viveu o terramoto de 1755. Retirou-se agastado
com a perseguição que o Marquês de Pombal movera contra os Jesuítas.
22. Francisco
Saldanha. Nasceu em Lisboa, em 1723. Estudou na Universidade de Coimbra.
Bento XIV criou-o Cardeal em 1756; e, a 25 de julho de 1758, foi eleito
Patriarca de Lisboa.
23. Fernando de
Sousa e Silva. Nasceu em 1712. Em dezembro de 1776, foi eleito Patriarca de
Lisboa e foi sagrado em 30 de maio de 1779, sendo, em seguida, criado Cardeal
por Pio VI.
24. Miguel de
Noronha e Silva Abranches. Foi principal diácono da Igreja Patriarcal. Foi
criado Cardeal em 16 de maio de 1803.
25. Pedro de
Figueiredo da Cunha e Melo. Nasceu em Tavira em 1770. Foi Arcebispo de
Braga (1840) e elevado a Cardeal Presbítero em 1850.
26. José
Francisco Miguel António de Mendonça. Nasceu em Lisboa a 2 de outubro de
1725. Licenciou-se em cânones, foi nomeado cónego, monsenhor e principal
primário da igreja patriarcal. Sucedeu a Dom Francisco de Lemos como reformador
reitor da Universidade de Coimbra. Patriarca de Lisboa em 1786, foi criado
Cardeal por Pio VI, em 1788.
27. Carlos da
Cunha e Menezes. Nasceu a 9 de abril de 1759. Foi principal presbítero da
Patriarcal e foi eleito Patriarca a 4 de julho de 1818 e elevado ao cardinalato
em 1819. Foi conselheiro de Estado e membro da regência do reino durante a
ausência de João VI, até 15 de setembro de 1820.
28. Frei
Patrício da Silva. Nasceu em 1756. Foi Bispo de Castelo Branco (1818) e Arcebispo de Évora (1819). Leão XII fê-lo Cardeal em 1824. Tomou posse como Patriarca de Lisboa em
1826.
29. Frei
Francisco de São Luís. Nasceu em 1766. Foi Bispo de Coimbra, em 1822, e
Patriarca de Lisboa, em 1840. Conduziu todo o processo de reatamento das
relações diplomáticas entre Portugal e a Santa Sé. Aceitou ser Patriarca de
Lisboa por insistência de Dona Maria II. Foi Criado Cardeal-Presbítero por
Gregório XVI, em 1843.
30. Guilherme
Henriques de Carvalho. Nasceu em 1793. Foi Bispo de Leiria, em 1843, e
Patriarca de Lisboa, em 1845. Foi vice-presidente da Câmara dos Pares e
participou em Roma na definição dogmática da Imaculada Conceição, sendo-lhe
conferidas várias distinções, entre outras, a de o Papa Pio IX lhe impor o
chapéu cardinalício depois de feito Cardeal por Gregório XVI, em 1846. Obteve
para os Cónegos de Lisboa vários privilégios, entre outros, o de usarem batinas
e murças de cor purpúrea e, para os dignitários do Cabido, o de poderem usar
mitra.
31. Manuel Bento
Rodrigues. Nasceu em 1800. Nomeado Arcebispo de Mitilene (1845), foi Bispo de Coimbra (1851) e Patriarca de Lisboa (1858). Foi feito Cardeal-Presbítero em 1858.
32. Inácio do
Nascimento Morais Cardoso. Nasceu em 1811. Nomeado Bispo do Algarve em 1863
e, depois, Patriarca de Lisboa, em 1871, recebeu a dignidade de
Cardeal-Presbítero em 1873. O barrete cardinalício ser-lhe-ia imposto em Lisboa
pelo Rei Dom Luís I.
33. Américo
Ferreira dos Santos Silva. Nasceu em Massarelos. Foi Cónego da Sé
Patriarcal em 1858, desembargador e juiz da relação patriarcal. Em 1867, foi
vogal da comissão encarregada de propor a nova circunscrição paroquial do
continente e ilhas. Nomeado Bispo do Porto, em 1871, foi elevado ao Cardinalato
por Leão XIII, a 12 de maio de 1879.
34. José Sebastião
Neto. Nasceu em 1841. Foi Bispo de Angola e Congo (1879) e foi escolhido para Patriarca de Lisboa a 6 de
abril de 1883. Elevado ao cardinalato em 1884, presidiu ao casamento do Rei Dom
Carlos e Dona Amélia, na Igreja de São Domingos (22 de maio de 1886).
35. António
Mendes Belo. Nasceu em S. Pedro de Gouveia, em 1842. Governador do bispado
de Pinhel (1874) e do de Aveiro (1881), foi nomeado Arcebispo de Mitilene, em 1883. Assumiu
a diocese do Algarve, em 1884, e o patriarcado de Lisboa, em 1907. Foi indicado
para Cardeal in pectore no
Consistório de 27 de novembro de 1911, por Pio X. Expulso de Lisboa devido às
convulsões políticas, ficou exilado em Gouveia durante dois anos. Participou no
Conclave em que foi eleito Bento XV, em 1914, tendo recebido das mãos deste o
barrete cardinalício.
36. Manuel
Gonçalves Cerejeira. Nasceu em Lousado em 1888. Nomeado Arcebispo de
Mitilene em 1928, foi eleito Patriarca de Lisboa a 18 de novembro de 1929. No
dia 16 do mês seguinte foi elevado a Cardeal da Ordem dos Presbíteros, com o
título dos Santos Marcelino e Pedro. Era o mais novo dos purpurados, tendo
recebido o barrete das mãos de Pio XI, com o Cardeal Pacelli, mais tarde Papa
Pio XII. Querendo apaziguar as relações com o Estado, devido às convulsões
surgidas com a revolução republicana de 1910, tudo fez para que, em 1940, o
Governo assinasse a Concordata com a Santa Sé. Outro marco fundamental na ação
deste Patriarca foi a criação da Universidade Católica Portuguesa.
37. Teodósio
Clemente de Gouveia. Nasceu na Madeira em 1889. Foi Bispo titular de Leuce
e Prelado de Moçambique (1936), e em
1941, Arcebispo de Lourenço Marques. Foi elevado a Cardeal-Presbítero por Pio
XII, a 18 de fevereiro de 1946.
38. José da
Costa Nunes. Nasceu na Ilha do Pico (Açores) a 15 de março de 1880. Foi Bispo de Macau (1920) e nomeado Arcebispo de Goa e Damão, com o título de Patriarca das Índias
Orientais, a 11 de março de 1940. Em 16 de dezembro de 1953, renunciou ao
governo da diocese, mantendo o título de Patriarca e ficando como Arcebispo
titular de Odesso, E passou a integrar a Cúria Romana como vice-camerlengo da
Santa Sé. A 16 de março de 1962, foi elevado à dignidade cardinalícia por João
XXIII.
39. António
Ribeiro. Nasceu em São Clemente (Celorico de Basto) a 21 de maio de 1928. Foi nomeado Bispo titular de
Tigilava e Auxiliar do Arcebispo de Braga a 8 de julho de 1967. A 13 de maio de
1971 foi nomeado 15.º Patriarca de Lisboa. Paulo VI elevou-o à dignidade
cardinalícia com o título de Santo António in
Urbe, a 5 de março de 1973. Foi o Patriarca da transição entre a ditadura e
a democracia em Portugal. A sua coragem pastoral e a lucidez política foram
importantes para definir o espaço da Igreja no novo contexto social.
40. Humberto de
Medeiros. Nasceu nos Arrifes, ilha de São Miguel (Açores), a 6 de outubro de 1915. Foi Bispo de Browsville, no
Texas (1966), Arcebispo de Boston (1970) e criado Cardeal por Paulo VI a 5 de março de 1973.
41. José Saraiva
Martins. Nasceu em Gagos de Jarmelo, Guarda, a 6 de janeiro de 1932. Cursou
teologia em Roma, tendo-se licenciado na Universidade Gregoriana. Depois de
vários anos de docência nos seminários maiores da Província Claretiana,
doutorou-se em Roma na Universidade de São Tomás de Aquino. Em 1970, foi
nomeado professor de teologia na Pontifícia Universidade Urbaniana. Nomeado
Reitor da mesma, desempenhou este cargo de 1977 a 1983, e desde 1986 até ser
nomeado Arcebispo e secretário da Congregação da Educação Cristã, a 26 de maio
de 1988. Em 1998, passou a Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos. Foi
criado Cardeal a 21 de fevereiro de 2001.
42. José da Cruz
Policarpo. Nasceu em Alvorninha, concelho das Caldas da Rainha, no dia 26
de fevereiro de 1936. O 16.º patriarca de Lisboa assumiu esta missão a 24 de março
de 1998, após a morte de Dom António Ribeiro, de quem era Bispo coadjutor desde
março de 1997. Padre
desde 15 de agosto de 1961, foi ordenado Bispo auxiliar de Lisboa em 1978. Criado
cardeal por João Paulo II em 2001, participou em dois Conclaves: abril de 2005,
que elegeu Bento XVI; e março de 2013, que escolheu o Papa Francisco. Faleceu
a 12 de março de 2014.
43. Manuel
Monteiro de Castro. Nasceu em Santa Eufémia de Prazins, Guimarães, a 29 de
março de 1938. Ordenado presbítero em 1961, partiu para Roma, onde ficou até
1967. Cursou Direito Canónico, formou-se na Academia Diplomática e, em 1967,
foi nomeado para a Nunciatura Apostólica do Panamá, onde exerce funções até
1969, seguindo-se outras missões diplomáticas. Em 1985, foi ordenado bispo e
enviado como Núncio e Delegado Apostólico para as Caraíbas. No início dos anos
90 foi enviado para a África do Sul onde iniciou relações diplomáticas. Mudou-se
para Madrid onde se estabeleceu até 2009, ano em que Bento XVI o nomeou para a
Congregação dos Bispos. Foi feito Cardeal em 2012 e nomeado como secretário do
Colégio Cardinalício com o lugar de Penitenciário-Mor da Penitenciaria
Apostólica.
44. Manuel José Macário
do Nascimento Clemente, Patriarca de Lisboa. Nascido a 16 de julho de 1948,
foi criado cardeal por Francisco a 14 de fevereiro de 2015. A biografia divulgada
pelo Vaticano sublinhava a “presença ativa” do cardeal-patriarca na ação da
Igreja Católica nas duas maiores cidades portuguesas, assinalando o seu
trabalho na História Religiosa e a colaboração com vários meios de comunicação
social, e que, “pelo seu compromisso cívico em defesa do diálogo e da
tolerância e contra a exclusão social, recebeu distinções e reconhecimentos”,
entre os quais o Prémio Pessoa de 2009 e a grã-cruz da Ordem de Cristo (2010).
45. António Augusto
dos Santos Marto. Foi criado cardeal por Francisco a 28 de junho de 2018 (uma carícia
de Nossa Senhora – disse o Papa). Nasceu a
5 de maio de 1947, em Tronco, Concelho de Chaves, Diocese de Vila Real. A 10 de
novembro de 2000 João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Braga; passou pela
Diocese de Viseu; e foi escolhido por Bento XVI, em 2006, para Bispo de
Leiria-Fátima.
***
Cerejeira
(nos
seus últimos tempos),
António Ribeiro, Cruz Policarpo, Manuel Clemente, António Marto e Tolentino
Mendonça, são o rosto cimeiro português duma Igreja em renovação por força do
Concílio Vaticano II, das sucessivas assembleias sinodais, do adicionamento ao
estudo da Teologia. Sendo de ressaltar os trabalhos de teses académicas de
Policarpo – “Teologia das religiões não
cristãs” (licenciatura) e “Sinais dos Tempos. Génese histórica e
interpretação teológica” (doutoramento) –, é de vincar que Tolentino mostra como a poesia e a
cultura podem emprestar à obra da evangelização um novo fôlego humanista, um
pouco da esteira de Francisco de Assis e na de Gianfranco Ravasi.
2019.09.02
– Louro de Carvalho
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