Na tarde
dum determinado dia, encontrava-se o pároco da freguesia num café e uns
cavalheiros, entre o sério e o brejeiro, desferiram: “Sabe? Passámos ali no
Jambeto e encontrámos uma dura discussão entre a Senhora do Amial e a Senhora
das Neves, cada uma a reclamar os seus direitos”. Obviamente, os homens estavam
a brincar a ver se apanhavam o padre surpreendido: bem sabiam que Nossa Senhora
é só uma.
Mas,
queiramos ou não, a confusão mantém-se na mente de muitas pessoas. O n.º de
outubro do corrente ano do boletim oficial do Santuário de Fátima, “Voz da Fátima” refere, num pequeno
artigo, que “há ainda muita gente que por falta de boa catequese diz e pensa
que há várias Nossas Senhoras”,
abonando a sua convicção de que, segundo Lúcia, na aparição de outubro aparecem
três: Nossa Senhora do Rosário, com manto azul (depois de ter
aparecido de branco, como nas aparições anteriores), agora com São José e o Menino
Jesus; Nossa Senhora das Dores; e Nossa Senhora do Carmo.
***
Do
que reza a “Voz da Fátima” e também o Evangelho
O predito
boletim, assegurando que “há várias invocações”, títulos, imagens diferentes,
afirma o que a doutrina católica consigna: é “sempre e só uma Virgem Maria, uma
Nossa Senhora”. E discrimina:
“Em outubro a Senhora do Rosário é a mesma invocada como Senhora do
Carmo e a mesma invocada como Senhora das Dores. Três invocações diferentes,
com matizes da vida e da maneira de a Senhora viver e amar, de se relacionar
connosco, mas sempre a mesma Senhora, Mãe de Jesus e nossa mãe”.
***
Depois,
faz uma asserção poderosa ao referir que “o Evangelho coloca diante de nós
várias invocações da Senhora, mas sempre a mesma”, segundo os mistérios –
asserção que passo a parafrasear: o episódio da anunciação do Anjo dá-nos a
Senhora da Anunciação, que acolhe o apelo divino e aceita o convite do Céu; a
saudação do Anjo como Cheia de Graça ostenta a Senhora da Conceição, a
confirmar Gn 3.15; a visita de Maria a Isabel oferece-nos a Senhora da
Visitação – E porque não a Senhora do
Magnificat, do Louvor, da Misericórdia, dos Pobres ou dos Humildes? –; a saudação
de Isabel a Maria, que acreditou em tudo quanto lhe foi dito da parte do
Senhor, exibe a Senhora da Fé; o Natal de Jesus em Belém proporciona a Senhora
de Belém, a Senhora do Natal, do Presépio, do Parto, do Bom Despacho, do Menino
ou da Maternidade Divina (de Jesus e, por Ele, de Deus), pois a Virgem deu à luz o
Salvador no estábulo da gruta e o colocou sobre o presépio; a apresentação do
Menino no Templo, a oferecê-lo ao Senhor e a pagar o tributo de resgate dos
pobres, dá-nos a Senhora do Templo, do Oferecimento ou da Pobreza; a fuga para
o Egito obtém-nos a Senhora do Egito, dos Perseguidos, dos Refugiados, dos
Exilados ou dos Migrantes; a vivência em Nazaré, deixa-nos surpreender a
Senhora de Nazaré, onde foi nutrícia e educadora de Jesus Menino; a perda do
Menino no Templo, dá-nos a Senhora da Aflição, das Angústias, da Procura ou da
Solicitude; o encontro de Jesus a discutir com os Doutores proporciona-nos a
Senhora do Encontro, do Achamento ou da Conformidade; a postura de Maria ao ver
e ouvir os pastores no presépio a adorar e a dizer maravilhas do Menino ou
Simeão a falar ou a resposta de Jesus no Templo apresenta-nos a Senhora do
Silêncio ou do Coração; as bodas do casamento em Caná da Galileia mimam-nos com
a Senhora de Caná, do Casamento, da Divina Vontade, da Atenção, da Solicitude,
da Intercessão, do Recado ou dos Servos, pois alcança o primeiro milagre de
Jesus; a Última Ceia presenteia-nos com a Senhora da Eucaristia, do Santíssimo
Sacramento, da Comunhão, da Mesa ou do Mistério da Fé; a via-sacra dá-nos a
Senhora do Encontro; o Calvário, cumprindo a profecia de Simeão, faz-nos
encontrar a Senhora do Calvário, das Dores, da Paixão, do Perdão ou de ao Pé da
Cruz, pois “com ânimo materno, junto à
Cruz, além das outras dores da sua vida, ofereceu a Vítima e ofereceu-Se com
Ela, num projeto de salvação e de redenção”; a entrega do discípulo amado a
Maria por parte de Jesus dá-nos a Senhora do Discipulado, da Maternidade
Espiritual, da Maternidade Universal, do Testamento Divino ou da Boa Morte; a
descida de Cristo da Cruz para o regaço de Maria faz-nos contemplar a Senhora
da Piedade, da Desolação, da Consolação, do Pranto ou da Compunção; a sepultura
de Jesus dá-nos a perceção da Senhora da Saudade ou da Soledade; a Ressurreição
de Jesus faz-nos alegrar com a Senhora da Alegria, da Paz, do Triunfo, da
Ressurreição, da Glória ou da Vitória, pois Mãe do Ressuscitado que partilha o
seu júbilo e o seu triunfo; a permanência de Maria em oração com os discípulos
no Cenáculo faz-nos rezar com a Senhora do Cenáculo, da Oração, doa Apóstolos, da
Expectativa do Espírito Santo ou da Esperança; a irrupção do Espírito Santo
sobre Maria e os Apóstolos sob ruído e a forma de línguas de fogo mostra-nos a
Senhora do Pentecostes, a Senhora da Igreja, pois, tendo rezado com os Apóstolos
e esperado com eles a vinda do Prometido do Pai, “acolhe o nascimento da Igreja
pela ação do Espírito Santo”, o Consolador e a alma da Igreja – Ele que tudo
nos ensinará e para tudo nos fortificará.
Mais:
Carregando Cristo em seu seio, é a Senhora da Expectação, a Senhora do Advento,
a Senhora da Palavra, a Senhora do Verbo. Sabendo que amamentou Jesus enquanto
foi necessário, temos a Senhora do Leite ou do Alimento. Como educou o Filho no
respeito e na liberdade, tudo fazendo para que nada lhe faltasse, é a Senhora
da Educação ou da Autonomia; e, como partilhou todas as responsabilidades
vivenciais, mormente as nutrícias e educativas com José em prol do bem do
Menino, é a Senhora da Família ou da Companhia.
***
E a “Voz da Fátima” continua escrutinar,
agora pelo lado da Liturgia:
“Na liturgia invocamos a Natividade da Senhora [E eu justifico: porque,
antecipando a alegria messiânica do nascimento de Jesus, o nascimento de Maria
é motivo de Festa, louvor e prece]; a sua Conceição Imaculada [com fundamento
bíblico, como se afirmou acima, e com base no dogma], o seu Santíssimo Nome de
Maria [com toda a justeza], a sua Apresentação no Templo [segundo uma antiga
tradição], a sua humildade de Senhora Serva que reza o Magnificat, a sua humildade profunda que a faz ser a humilde Serva
[com base na resposta da Anunciação e no texto do Magnificat], a sua Assunção ao Céu, a sua Realeza coroada Rainha do
Céu e da Terra [com fundamento no Apocalipse e no dogma]. E em todas estas
invocações, dons e graças, encontramos matizes da sua oração, da sua pobreza,
da sua fé, da sua humildade, dos seus sofrimentos. Sempre a mesma Senhora,
Maria de Nazaré. Aquela jovem que disse o seu “sim” ao Arcanjo, a que, elevada
ao Céu, é Rainha gloriosa.”.
E a
liturgia do Advento, na oitava antes do Natal, porque as antífonas de Vésperas
se iniciam com a interjeição latina O,
dão-nos a Senhora da Expectação ou do Ó, que alguns dizem ser a expressão da
virgindade perpétua de Maria: o Filho de Deus, por divina graça, entrou em seu
ventre e dele saiu como o Sol pela vidraça.
Também
ao longo dos séculos, tanto o crente povo de Deus como a Mãe Igreja, bem como a
ação de teólogos, místicos e outros santos foram atribuindo títulos diversos a
Maria com base em lugares onde apareceu em pessoa (em
aparição, visão ou arroubo místico)
ou em imagem ou onde, por sua intercessão, Deus concedeu alguma graça ou fez
qualquer prodígio. Também muitos títulos provêm das necessidades das pessoas,
dos perigos, das dificuldades, das alegrias, de objetos, de fenómenos ou das
mais diversas circunstâncias. Assim, as diversas aparições da Senhora deram-lhe
títulos diferentes. Daí a Senhora de Lourdes, onde disse que é a “Imaculada
Conceição; a Senhora de Fátima, onde disse que é a Senhora do Rosário; a Senhora
Aparecida, a Senhora Mãe da África, a Senhora do Rosário, a Senhora Filha de
Deus Pai, a Senhora Mãe de Deus Filho, a Senhora Esposa de Deus Espírito.
Só em
Fátima – diz o referido boletim – “podemos fazer desabrochar uma série de
nomes: Senhora das Mensagens, Senhora da Azinheira, Senhora mais brilhante que
o Sol, Senhora dos Pastorinhos, Senhora do Coração Imaculado, etc. Senhora,
Rainha e Mãe de Portugal, Rainha Universal, Senhora da Terra de Santa Maria”.
E ainda:
“Consoante os países, as culturas, a tradição, as diversas devoções,
encontramos muitíssimas invocações da Virgem Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe da
Humanidade. E a Bíblia convida-nos a olhá-La como a mulher que calcou a cabeça
da serpente, que venceu o dragão, que aparece no Apocalipse coroada de doze
estrelas.”.
Mas é “sempre
a mesma Senhora e Mãe; sempre o mesmo Coração de Maria Virgem; sempre a
intercessora e medianeira; sempre a Mãe de Jesus e nossa”, a testemunha dos
dramas da humanidade e a profetiza da vontade de Deus junto dos homens.
***
Nossa
Senhora dá-nos a resposta e ela é muito especial
Na Igreja,
veneramos Maria com amor filial. Ela é muito importante para nós porque nos
mostra Jesus e, além disso, é o atalho do caminho que Deus escolheu para fazer
chegar a nós a pessoa de Jesus e, em última análise o Pai, de quem é filha, e o
Espírito Santo, de quem é esposa.
Maria leva-nos
a Jesus não só no mistério da Encarnação e da Redenção, mas também nas suas
aparições e/ou manifestações. E porque aparece Ela cada vez com uma forma diferente?
Dizem os
estudiosos que, em geral, cada intervenção de Maria, no Evangelho ou no mais
simples ou complexo da História da Salvação, tem a ver com uma realidade
histórica precisa ou necessidade particular do povo de Deus – facto que evidencia
a ação maternal de Nossa Senhora, que levou muito a sério o mandato de Jesus na
cruz, o de nos acolher como filhos.
A Virgem
adota os traços étnicos (mesmo os de coloração) da população dos lugares em que aparece. E cada advocação mariana permite-nos
contemplar, através de rostos diferentes (tantos quanto os necessários, como
diz o Papa Francisco), a
grandeza e a índole serviçal (mas longe de ser servil) de Maria, grandeza percetível em qualquer época, lugar e cultura.
Não importa
o nome que Maria recebe, mas a devoção e o amor inquebrantáveis à nossa Mãe
Celestial. Com efeito, todas as imagens marianas, fruto das aparições no e à
volta do mundo, apresentam uma infinidade de diferenças entre si, que vão da
vestimenta até aos traços faciais, passando pelo idioma (que
obviamente não precisa de estudar nem de aprender), para gerar mais confiança nos destinatários das suas aparições e
tornando a sua mensagem inteligível, sobretudo às crianças. Mas também há
semelhanças, pois Maria manifesta-se de diferentes maneiras para ganhar a
simpatia e aprovação dos nativos de cada povo, já que não quer nem pode ser uma
estranha. Em todos os casos, Ela adapta-se à mentalidade, à cultura e à
psicologia do vidente e do povo, bem como às suas necessidades pessoais e
coletivas.
Racionalmente,
sabemos que Maria era uma mulher judia e pobre, uma mulher comum –
aparentemente como as outras mulheres. Não era negra nem branca à europeia, nem
tinha traços chineses ou indígenas. Os seus traços provavelmente eram muito
semelhantes aos das mulheres judias ou palestinas que vivem hoje no Oriente
Médio, salvas a marcas evolutivas delas. Porém, por desígnio divino, Maria mostrou-se
e mostra-se às diferentes culturas por amor à humanidade para reforçar a
fidelidade ao seu divino filho e a solicitude dele por nós; por isso,
conhecemos Virgens asiáticas, africanas, europeias, indígenas, americanas, etc.
A lógica das
aparições marianas não é difícil de entender. Se Deus envia um anjo para
transmitir uma mensagem a Maria, também pode enviar Maria para transmitir-nos
uma mensagem, se Ela, mais que um anjo, é a cheia de graça e nunca regateou
servir o Senhor e obedecer-Lhe! Porém, mais importante que o rosto que Maria
assume, é a mensagem que nos traz em suas aparições.
Com esses vários
rostos de Nossa Senhora podemos aprender a ser criativos e sensíveis diante das
diferenças étnicas e culturais e, sobretudo, aprendemos que o essencial não é
que Maria tenha vivido no Oriente Médio ou que a cor da sua pele tenha sido a
das mulheres dessa região, mas que Ela foi e é uma de nós – e este “nós” sem
nacionalidade específica, mas carregado de profunda humanidade pelas angústias
e dores, alegrias e júbilos.
***
Tudo o que se ensina sobre Maria vem na Bíblia?
Tudo,
tudo, não, pelo menos encarando literalmente os textos. Porém, a base bíblica para orar a, com e por
intermédio de Maria e os ensinamentos católicos sobre Ela têm fundamento na
Bíblica, como se viu pela paráfrase à Voz
da Fátima.
A
Virgem Maria é a mãe de Jesus Cristo. Contrariamente ao que alguns aduzem, a
Igreja Católica não ensina e nunca ensinou que Maria é Deus ou Deusa. Isso
seria uma gritante heresia contra o monoteísmo. Por mais que se cante que Maria
é a obra mais sublime que saiu das mãos
de Deus, não deixa de ser uma criatura, mas é a maior de todos os seres
humanos já criados por Deus. Esta é a evidência bíblica para os ensinamentos sobre
Maria, pelo que é tão necessário compreender o seu papel e importância. Mas, para
entender a Bíblia e o que ela ensina sobre Maria (mãe de Jesus Cristo), devem-se compreender, além dos
textos em si, as tipologias ou tipos bíblicos. Type, do grego, significa um verdadeiro acontecimento, pessoa
ou instituição no Antigo Testamento, que prenuncia ou prefigura algo do Novo
Testamento.
Por
exemplo: na Bíblia, Adão, o primeiro homem, era um tipo de Jesus Cristo, mas Jesus
Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, ao passo que Adão era apenas um
homem, o primeiro homem, ou melhor, o símbolo da humanidade. No entanto, Adão
era um tipo daquele que estava para vir, Jesus Cristo, como explicita São
Paulo:
“Desde Adão até Moisés reinou a morte, mesmo sobre
aqueles que não tinham pecado por uma transgressão idêntica à de Adão, que é
figura daquele que havia de vir”
(Rm 5,14).
O modo
como Adão foi um tipo de Jesus está melhor resumido na passagem seguinte:
“Portanto,
como pela falta de um só veio a condenação para todos os homens, assim também
pela obra de justiça de um só veio para todos os homens a justificação que dá a
vida. De facto, tal como pela desobediência de um só homem todos se tornaram
pecadores, assim também pela obediência de um só todos se hão de tornar justos.” (Rm 5,18-19).
De
facto, real ou tipicamente, Adão mergulhou o mundo no pecado e Cristo veio para
redimir o mundo do pecado de Adão. Adão pecou pela sua desobediência, querendo
conhecer a árvore da ciência do bem e do mal; Cristo resgatou o mundo pela sua
obediência e sacrifício na árvore da Cruz. É por isso que a Bíblia diz que
Cristo é o novo, o segundo ou o último Adão. Ele veio para desfazer o que Adão
fez. Tornou-se a cabeça da raça nova e redimida para quem viver sobrenaturalmente
é viver em Cristo, enquanto Adão, o primeiro homem, era o chefe da humanidade,
que caiu em pecado. A Bíblia ensina que Jesus Cristo é o segundo e último Adão:
“E
assim está escrito: o primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente; o último
Adão foi feito em espírito vivificante” (1Cor 15,45).
Existem
muitos tipos bíblicos. Mas considere-se que todos esses eventos, pessoas e
coisas eram reais, eram pessoas e coisas que também prefiguram algo que viria
mais tarde. Eis alguns exemplos: a travessia do Mar Vermelho (Ex 14) é a prefiguração do batismo (cf1Cor 10,1-2); a Arca de Noé e o Dilúvio
prefiguravam os salvos pelo batismo da Igreja (cf 1Pe 3,19,21); o cordeiro que foi sacrificado na Páscoa judaica (vd Ex 12) prefigura Cristo, o Cordeiro de Deus que tira os
pecados do mundo (Jo 1,29) e imolado como nossa Páscoa (cf 1Cor 5,7); o Antigo Testamento era “sombra”
ou figura do Novo Testamento (cf Heb 8,8-9);
Jonas, que esteve três dias e três noites no ventre da baleia, prefigurava a
ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos depois de três dias (cf Mt 12,40).
Poderiam
dar-se muitos outros exemplos de tipos bíblicos para se reconhecer como é
importante entender que a realização de um tipo (chamado de “protótipo”“) é maior do que o tipo. Assim, Cristo é infinitamente
maior que Adão, o Novo Testamento é maior que o Antigo, a Ressurreição de
Cristo é maior do que as agruras de Jonas, etc. Tendo isto em conta, devemos
considerar os tipos de Maria, a mãe de Jesus. Existem muitos tipos de Maria.
Além de outras evidências bíblicas, esses tipos são provas bíblicas inegáveis
para os ensinamentos católicos sobre Maria. Na verdade, como Cristo é o novo Adão, Maria é a nova Eva.
Como
já foi referido, Adão era um tipo de Jesus Cristo. Havia uma mulher distinta,
que estava envolvida com Adão, o primeiro homem, à queda do mundo em pecado.
Essa mulher foi Eva, a primeira mulher. Foi a transgressão de Adão que fez o
pecado original. E Eva era instrumental e intimamente conexa com os
acontecimentos que levaram ao pecado original. A mulher (Eva) pecou e foi a ocasião para Adão ao pecado. A seguinte
passagem do Génesis é emblemática:
“A serpente era o mais
astuto de todos os animais do campo que o Senhor Deus fizera. E disse à mulher:
É verdade que Deus disse: ‘não comereis de toda árvore do jardim’? E disse a
mulher à serpente: ‘Podemos comer do fruto das árvores do jardim, mas do fruto
da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: Vós não comereis dele, nem
deveis tocá-lo, para que não morrais. E a serpente disse à mulher: ‘Vós não
morrereis. Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, se abrirão os vossos
olhos e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal. E, quando a mulher viu que
a árvore era boa para se comer e que era agradável aos olhos e árvore desejável
para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido,
e ele comeu.” (Gn
3,1-6).
Assim
como Eva estava intimamente envolvida nos acontecimentos que antecederam o
pecado original, há a mulher intimamente envolvida nos acontecimentos que
antecederam a Redenção. É Maria, a mãe de Jesus Cristo. Ela é a nova Eva. Há inúmeros paralelos claros na Bíblia entre Eva e
Maria, que mostram que Maria é a nova Eva, como Cristo é o novo Adão.
EVA
comunicou-se, creu e obedeceu a um anjo caído, a Serpente, o diabo, acreditando
nas suas palavras mentirosas (E a serpente disse à mulher: Vós não morrereis … ela tomou do seu fruto,
e comeu … - Gn 3,4-6);
MARIA comunicou-se, acreditou e obedeceu a um anjo bom, Gabriel:
“… O
anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia … a uma virgem … e o
nome da virgem era Maria. E o anjo se entrar, disse-lhe: Ave, cheia de graça, o
Senhor é contigo: bendita és tu entre as mulheres … E o anjo disse-lhe: Não
temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus. Eis que tu conceberás no teu
ventre e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus … E disse Maria: Eis
aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo
afastou-se dela.” (Lc 1,26-38).
Eva
pecou e levou o marido ao pecado, mergulhando o mundo em morte. Já na Anunciação, Maria foi
abordada por Gabriel, um anjo bom. E, crendo na mensagem de salvação, que vinha
da parte do Senhor, foi bendita entre as mulheres, cheia de graça e trouxe ao
mundo o Salvador. Maria obedeceu a Deus. Pela sua obediência, consentiu na
conceção de Jesus Cristo em seu ventre e permitiu que Ele viesse redimir o
mundo do pecado de Adão, cooperando na obra da encarnação e, consequentemente,
na obra redentora. E Ela não é a Vida, muito menos a autora da Vida, mas
trouxe-nos o Autor da Vida; não é o caminho, mas aponta-nos o caminho; não é a
Verdade, mas serve a Verdade e apresenta-nos a Verdade, que é Cristo, o fruto
do seu ventre.
Mesmo
na Igreja muito antiga, esses paralelos bíblicos foram reconhecidos como pontos
de identificação de Maria como a nova Eva, tal como Cristo é o novo Adão.
Ireneu de Lião era um padre apostólico famoso a partir do século II. Contrasta
a primeira Eva com a segunda Eva (Maria).
Na obra “Contra as Heresias” (Adversus haereses), Livro III, cap. 22, 185 AD,
diz-nos:
“De
acordo com este projeto, a Virgem Maria mostra-se obediente, exclamando: ‘Eis
aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra’ (Lc 1,38). Mas
Eva foi desobediente, porque não obedeceu quando ainda era virgem… E assim
também foi que o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de
Maria. O que a virgem Eva atou rápido por causa da incredulidade, a virgem
Maria desatou por meio da fé, fazendo a nossa libertação.”.
Eva
era a mãe de todos os viventes (“E deu Adão a sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos os
viventes” - Gn 3,20);
Maria, mãe de Jesus, é a mãe de todos os viventes e mesmo da própria vida.
Eva
foi chamada de mãe de todos os viventes, pois todos os que tinham nascido hauriram
dela a vida. Maria é também a mãe de todos os viventes, mas de uma forma maior.
Maria é a mãe de Jesus Cristo, que é a própria Vida e no qual toda a vida é
para ser encontrada:
“Nele
[Jesus] estava a vida. E a vida era a luz dos homens (Jo 1,4); Maria, da qual
nasceu Jesus, que se chama Cristo (Mt 1,16); Disse-lhes Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida: ninguém
vem ao Pai, senão por mim.” (Jo 14,6).
Jesus
é a Vida. Maria é, portanto, literalmente a mãe da própria vida. O paralelo com
Eva, a mãe de todos os viventes, é claro. A diferença é que Maria é a mãe de
uma vida que é infinitamente maior do que a existência humana. Os e as que
vivem e morrem no seu Filho têm acesso à vida eterna em Deus e tornam-se novas
criaturas: “Portanto, se alguém está em
Cristo, é uma nova criatura” (2Cor 5,17) O “cumprimento”, Maria como
mãe de todos os viventes, é, pois, novamente maior do que o “tipo”, Eva como mãe de todos os viventes.
Eva foi
criada SEM QUALQUER pecado; a nova Eva, Maria, teve também de ser criada SEM
QUALQUER pecado – mais uma vez procede a lógica de que o tipo não pode ser
maior ou melhor que aquele ou aquela a quem prefigura. Assim, Maria
é Imaculada.
Maria
é a nova Eva. E a questão que se coloca é: Em
que estado de alma foi criada Eva? Eva foi criada (vd Gn 2), inocente, livre de todo o pecado: estavam nus, mas
não tinham vergonha (Gn
2,25). A criação inteira
foi perfeita até à queda da humanidade. Adão e Eva foram ambos criados num
estado de justiça original. Não perderam esse estado de perfeição original em
que eram livres de todo o pecado, até à transgressão original (vd Gn 3). Ora, se Deus criou a primeira Eva sem qualquer
pecado, certamente poderia criar a segunda e maior Eva, a Virgem Maria, sem
qualquer pecado. E foi isso exatamente o que Ele fez. Ele tinha de o fazer por
uma questão de proporção e justiça, porque Maria seria o primeiro membro da humanidade
redimida, a Imagem e Mãe da Igreja, o novo Povo de Deus, a Mãe dos crentes, a
Mãe dos homens. Jesus redimiu Maria de
um modo excelente.
***
A Virgem Maria, além da
Bíblia, é invocada conforme a fé e a devoção do povo
A devoção cultual a Nossa Senhora manifesta-se na Igreja Católica
sob os mais diversos títulos. É quase incontável o número de títulos atribuídos
a Maria. Em cada país, é invocada das mais diversas formas, com nomes
diferentes, conforme a fé e a devoção do povo. Em muitos países, houve
aparições da Senhora e, a partir destas, surgiram muitos outros títulos
marianos. Para completar a lista, há também os títulos que derivam dos dogmas
relativos à Virgem Maria.
A grande maioria dos títulos atribuídos a Maria tem sua
origem na devoção popular. Na maioria das vezes, a devoção surge a partir duma
imagem. A veneração de ícones de Maria remonta à era apostólica. Alguns ícones
são mesmo atribuídos a São Lucas, considerado o pintor de Nossa Senhora. De entre
eles, alguns são muito conhecidos, como “Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro”, a “Theotokos
de Vladimir” e “Nossa Senhora de
Czenstochowa”. Em cada um desses ícones ressalta uma particularidade da
Virgem, que nos ajuda a conhecer melhor sua presença materna na Igreja e em
nossa vida. Mas as imagens não se adoram (só servem para chegarmos à realidade que representam). E a Virgem tem a veneração
especial de hiperdulia, nunca de adoração.
Para ilustrar como nasce a devoção popular, exemplifica-se
com o seguinte: a devoção a Nossa Senhora Desatadora dos Nós. A devoção surgiu,
em 1700, na cidade de Ausburgo, Alemanha. Um artista desconhecido pintou uma
imagem da Virgem, inspirado na célebre frase de Santo Irineu de Lião: “O nó da desobediência de Eva foi desatado
pela obediência de Maria; e aquilo que a virgem Eva atou, com a sua
incredulidade, desatou-o a Virgem Maria com a sua fé”. O quadro foi exposto
para veneração na igreja de Saint Peter am Perlach, em Ausburgo, onde permanece.
Nessa igreja, começou a devoção a Nossa Senhora Desatadora dos Nós, que se
espalhou pelo mundo todo, por causa de devoção popular.
Muitos títulos nasceram, como foi dito, de aparições ou
manifestações da Virgem. Alguns deles são muito conhecidos, outros menos, mas,
de qualquer forma, exprimem a fé e a devoção dos fiéis a Nossa Senhora, que se lhes
manifestou de modo peculiar. Como exemplos, são recordar dois títulos muito
caros à devoção popular: Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora Aparecida. Em
1917, ocorreram as aparições de Nossa Senhora, em Fátima, Portugal, a três
pastorinhos: Lúcia, Francisco e Jacinta. A partir das aparições, espalhou-se
pelo mundo inteiro a devoção a Nossa Senhora do Rosário de Fátima, e
fortaleceram-se as devoções a Nossa Senhora do Carmo e ao Imaculado Coração de
Maria. Em 1717, três pescadores encontraram uma pequena imagem da Senhora da
Conceição nas suas redes; primeiro, o corpo, depois a cabeça. Depois, seguiu-se
a pesca milagrosa, de belos e grandes peixes, após horas a fio sem terem
pescado nada. Os simples pescadores viram naquele facto uma ação sobrenatural.
A partir de então, passaram a venerar a pequena imagem. A devoção daqueles
pescadores rapidamente se espalhou, e cada vez mais pessoas passavam a visitar
aquela pequena imagem, chamada carinhosamente de Nossa Senhora Aparecida.
***
Os títulos
dogmáticos da Virgem Maria
Os títulos de Nossa Senhora com origem em dogmas marianos
definidos pelo Magistério da Igreja são os menos numerosos. São apenas quatro.
Contudo, não são menos relevantes. Ao invés, são particularmente importantes
para a fé. Foram proclamados justamente para firmar as bases da nossa fé. O
primeiro é o da maternidade divina, proclamado solenemente pelo III Concílio
Ecuménico, realizado em Éfeso, em 431, no qual a Virgem Maria é proclamada de Mãe
de Deus. Num momento em que muitos hereges negavam a divindade de Jesus, era preciso
que a Igreja confirmasse a doutrina de que Maria é verdadeiramente Mãe do Verbo
de Deus encarnado, da segunda pessoa da Santíssima Trindade, e não apenas da
humanidade de Jesus Cristo. O segundo é o da Virgindade Perpétua de Maria, que
afirma a sua virgindade antes, durante e depois do parto – doutrina que já era
dogma de fé, mas que foi reafirmada solenemente no Concílio de Trento, no ano
de 1555. Porém, tais ensinamentos já faziam parte da doutrina dos Padres da
Igreja, como São Justino, o Mártir, e Orígenes. O terceiro é o dogma da
Imaculada Conceição de Maria, que define como fé da Igreja Católica a conceção
de Nossa Senhora sem a mancha do pecado original – dogma definido pelo Beato
Papa Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus,
a 8 de dezembro de 1854. E o quarto é o dogma da Assunção de Maria, que
significa que devemos crer com fé católica que a Virgem Maria, ao fim de sua
vida terrena, foi elevada em corpo e alma à glória dos Céus – doutrina definida
pelo Papa Pio XII, por meio da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, a 1
de novembro de 1950.
***
A importância de
invocar a Virgem Maria
Vimos que os títulos marianos têm origens diferentes. Têm
origem na devoção popular, na Bíblia, nas aparições e manifestações da Virgem e
nos dogmas marianos, mas sempre com fundamento explícito ou típico nas
Escrituras. Mas todos os títulos têm algo em comum. Todos dizem respeito a uma
pessoa, que é a Santíssima Virgem Maria, a Mãe de nosso Senhor Jesus Cristo.
Desde os primórdios da Igreja, a devoção a Virgem Maria, sob os seus diversos
títulos, ajuda-nos a perseverar e a crescer na fé, a robustecer a esperança e a
progredir na caridade.
***
Nossa Senhora em Prefácios da Oração Eucarística da Missa
No quadro da “lex orandi, lex credendi”, deu-me na
telha de dar volta aos Prefácios da Missa e digo que fiquei surpreendido pela
abundância de referências a Maria, sempre integradas no Mistério de Cristo e da
Igreja. Assim:
- No Prefácio do Advento II, que aponta a dupla expectativa de Cristo, diz-se de Jesus:
“Foi Ele que os Profetas anunciaram, a
Virgem Mãe esperou com inefável amor, João Baptista proclamou estar para
vir e mostrou já presente no meio dos homens”.
- O Prefácio do Advento II/A fala de Maria como Nova Eva. E apresenta como motivo de louvor ao Pai:
“Nós Vos louvamos, nós Vos bendizemos, nós
Vos glorificamos pelo admirável mistério da Virgem Mãe: Do antigo
adversário veio a ruína, do seio virginal da Filha de Sião germinou Aquele
que nos alimenta com o pão dos Anjos e brotou para todo o género humano a salvação
e a paz. A graça que em Eva nos foi tirada, foi-nos restituída em Maria. Nela,
Mãe de todos os homens, a humanidade, resgatada do pecado e da morte, recebe o
dom da vida nova: onde abundou a culpa, superabundou a misericórdia por Cristo,
nosso Salvador.”:
- Também o Prefácio dos domingos do Tempo Comum II, sob o título “O Mistério da Salvação”, faz menção explícita
a Maria:
“…Cristo,
nosso Senhor. Compadecido dos errados caminhos dos homens, dignou-Se nascer
da Virgem Maria…”.
- E o Prefácio dos domingos do Tempo Comum IV, sob o título “A História da Salvação”, faz semelhante referência
explícita a Maria:
“…Cristo, nosso Senhor. Nascendo da Virgem Maria, Ele renovou a
antiga condição humana…”.
- O Prefácio dos domingos do Tempo Comum VI (um
prefácio adequado à Oração Eucarística II),
sob o título “O mistério da salvação em Cristo”, diz como motivo de louvor:
“Ele [Cristo,
nosso Senhor] é a vossa palavra, por quem tudo criastes. Enviado por Vós como
Salvador e Redentor, fez-Se homem pelo poder do Espírito Santo e nasceu da
Virgem Maria…”.
- O Prefácio de Nossa Senhora I, sob o signo de “A maternidade
divina de Maria”, proclama:
“Pelo poder
do Espírito Santo Ela [a Virgem Maria] concebeu o vosso Filho
Unigénito e, sem perder a glória da sua virgindade, deu ao mundo a luz
eterna, Jesus Cristo, nosso Senhor”.
- No Prefácio de Nossa Senhora II, assegurando que “A Igreja louva o
Senhor com as palavras de Maria”, inspirando-se
no seu cântico de louvor (o Magnificat), clamamos a Deus Pai:
“Vós fizestes
maravilhas a favor de todos os povos e manifestastes de geração em geração a
vossa misericórdia, quando olhastes para a humildade da vossa serva e por
ela nos destes o Salvador do mundo, Jesus Cristo, nosso Senhor”.
- No Prefácio de Nossa Senhora III, exalta-se “Maria, imagem e mãe
da Igreja” e faz-se a súmula da
história de Maria:
“Recebendo o
vosso Verbo em seu coração imaculado, Ela mereceu concebê-Lo em seu seio
virginal e, dando à luz o Criador do universo, preparou o nascimento da Igreja.
Junto à cruz, aceitou o testamento da caridade divina e recebeu todos os homens
como seus filhos, pela morte de Cristo gerados para a vida eterna. Enquanto
esperava, com os Apóstolos, a vinda do Espírito Santo, associando-se às preces
dos discípulos, tornou-se modelo admirável da Igreja em oração. Elevada à
glória do céu, assiste com amor materno a Igreja ainda peregrina sobre a terra,
protegendo misericordiosamente os seus passos a caminho da pátria celeste,
enquanto espera a vinda gloriosa do Senhor.”.
- O Prefácio de Nossa Senhora IV apresenta-nos “Maria, sinal de
consolação e de esperança” e louvamos
o Senhor, porque:
“Humilde
serva, acolheu a vossa Palavra e guardou-a no seu coração;
admiravelmente unida ao mistério da redenção, perseverou com os Apóstolos em
oração, esperando a vinda do Espírito Santo; agora resplandece no caminho da
nossa vida como sinal de consolação e de firme esperança”.
- O Prefácio de Nossa Senhora V celebra “Maria, imagem da nova
humanidade” e nele se diz ao nosso
Deus:
“Vós
revelastes na plenitude dos tempos o mistério escondido desde os tempos
antigos, para que se renove para o mundo inteiro a vida e a esperança. Em
Cristo, novo Adão, e em Maria, nova Eva, manifestastes finalmente a
vossa Igreja, primícias da humanidade redimida. Por este dom admirável, toda a
criação, pelo poder do Espírito Santo, volta de novo ao caminho original para a
Páscoa eterna.”.
- O Prefácio da Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria,
que proclama “O Mistério de Maria e da
Igreja, faz-nos cantar:
“Vós a preservastes de toda a mancha
do pecado original, para que, enriquecida com a plenitude da vossa graça, fosse
a digna Mãe do vosso Filho. Nela, destes início à Santa Igreja, esposa de Cristo, sem mancha e sem ruga, resplandecente de beleza
e santidade. Dela, Virgem puríssima, devia nascer o vosso Filho, Cordeiro inocente que tira o pecado do
mundo. Vós a destinastes, acima de todas criaturas, a fim de ser, para o vosso Povo, advogada da graça e modelo de santidade.”.
- O Prefácio
da Anunciação do Senhor, que proclama “O
Mistério da Encarnação, canta:
“Pela Anunciação do mensageiro celeste, a Virgem
imaculada acolheu com fé a vossa Palavra e, pela ação admirável do Espírito Santo,
trouxe em vosso ventre com inefável amor o Primogénito da nova humanidade,
que vinha cumprir as promessas feitas a Israel e revelar-Se ao mundo como a esperança
de todos os povos”.
- E o Prefácio
da Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria, que exalta “A Glória da Assunção de Maria”,
“Hoje a Virgem Mãe de Deus foi elevada à glória do Céu. Ela
é a aurora e a imagem da Igreja triunfante, ela é sinal de
consolação e esperança para o vosso povo peregrino. Vós
não quisestes que sofresse a corrupção do túmulo Aquela que gerou e
deu à luz o Autor da vida, vosso Filho feito homem.”.
***
E as Orações Eucarísticas
mencionam Maria em comemoração, intercessão ou como companhia parusíaca. Porém,
a Oração Eucarística IV refere, a lembrar
os Símbolos dos Apóstolos (nasceu da Virgem Maria) e o Niceno-Constantinoplitano (e
encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria):
“De
tal modo amastes o mundo, Pai santo, que
chegada a plenitude dos tempos, nos
enviastes como Salvador o vosso Filho Unigénito:
feito homem pelo poder do Espírito Santo e
nascido da Virgem Maria, viveu a nossa
condição humana, em tudo igual a nós,
excepto no pecado”.
***
São as
solenidades, as festas ou as memórias da Virgem Maria, bem como a sua
conceição, natividade, maternidade e assunção o pretexto para o louvor, bênção,
ação de graças e adoração ao Pai Celeste por Cristo, nosso Senhor; e não um fim
em si. Maria não absorve o louvor e a oração, mas é escada ascendente e
descendente. E quem desce e sobe é o Filho, são os filhos.
2017.11.06 – Louro de Carvalho
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