quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Mário Centeno apresentou candidatura à presidência do Eurogrupo

Depois de toda a especulação em volta da matéria, o Ministro das Finanças português candidatou-se à presidência do Eurogrupo, o grupo informal dos ministros das Finanças da Zona Euro. A notícia foi confirmada hoje, dia 30, pelo gabinete do Primeiro-Ministro, António Costa. Se vencer a votação da próxima segunda-feira, dia 4 de dezembro, o Ministro das Finanças português sucederá a Jeroen Dijsselbloem. A este respeito, pode ler-se na nota enviada pelo Governo às redações:
O Governo português apresentou esta manhã a candidatura do Ministro das Finanças, Mário Centeno, à presidência do Eurogrupo. A eleição terá lugar na próxima reunião do Eurogrupo, agendada para segunda-feira, dia 4 de dezembro.”.
Os candidatos tinham até às 11 horas, hora de Lisboa, o limite temporal para entrarem na corrida. Esta quinta-feira, Mário Centeno foi dado como favorito pelo Financial Times. O jornal britânico assinalou que os líderes europeus preferem Mário Centeno ao seu principal concorrente, o italiano Padoan, devido à insegurança decorrente das eleições legislativas que se aproximam em Itália.
O Ministro português reúne já vários apoios. Segundo o Financial Times, Angela Merkel e Emmanuel Macron reuniram-se, no dia 29, com os primeiros-ministros de Portugal e de Itália, para decidirem quem deveria avançar: se Centeno, se o ministro italiano, Pier Carlo Padoan. A escolha nessa reunião restrita terá recaído no ministro português.
A imprensa italiana avança que Itália irá apoiar Centeno e também Luis de Guindos, Ministro das Finanças espanhol, já assumiu o apoio ao ministro português, apesar das diferenças partidárias – PP vs PS.
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Para lá de Mário Centeno, sabe-se que a Ministra letã das Finanças, Dana Reizniece-Ozola, também já apresentou a candidatura à presidência do Eurogrupo.
As reações não se fizeram esperar. O eurodeputado Carlos Zorrinho deixou claro no seu Twitter que Centeno é “um excelente candidato”, juntando esta frase à partilha de uma notícia.
Por seu turno, Maria Manuel Leitão Marques, Ministra da Presidência, disse: “Ficámos muito contentes com a candidatura, mas ficaremos mais contentes se ele vier a ser eleito”. Afirmando que os membros do Executivo de Costa estão “contentes” e “satisfeitos” com a candidatura de Centeno ao Eurogrupo visto que “reconhece o mérito do nosso ministro das Finanças”, a governante sublinhou que se Mário Centeno for eleito, tal função “não é incompatível com as funções atuais”. Contudo, não se apressou a fazer previsões.
Assunção Cristas diz que um português no cargo é prestigiante para Portugal, mas pode não ser efetivamente útil.
Já o jornalista e comentador Daniel Oliveira sustenta que a eventual eleição de Mário Centeno é deveras prejudicial para o país. Comparando esta candidatura com a de Durão Barroso para a presidência da Comissão Europeia em 2004, o crítico estabelece a semelhança entre este momento e aquele, sendo ambos de crise das instituições europeias. Assim, escolhe-se líder fraco para poder fazer o jogo dos grandes. Porém, a situação de agora é pior, visto que o presidente do Eurogrupo acumula com o desempenho de Ministro das Finanças de Portugal, o que não lhe dá margem de manobra para negociar com a Europa. Pode até vir a ser mais pasta que o Papa na postura internacional do Euro.  
A lista final de candidatos ao cargo de presidente do Eurogrupo só será divulgada no dia 1 de dezembro, mas crê-se que Centeno terá pelo menos a concorrência dos seus homólogos da Letónia e da Eslováquia.
Contactada pela Lusa, a assessoria de imprensa do presidente do Eurogrupo escusou-se a revelar quantos candidatos estão na corrida à sucessão de Jeroen Dijsselbloem, apontando que a lista definitiva será publicada na sexta-feira de manhã, tal como já indicara o ainda presidente do fórum de ministros das Finanças da zona euro por ocasião do lançamento das candidaturas, em meados de novembro.
O Primeiro-Ministro salientou que a candidatura portuguesa à presidência do Eurogrupo procura estabelecer consensos e “reunir todos” à volta dos desafios que a moeda única europeia enfrenta e das reformas de que precisa. Disse Costa que efetivamente “a nossa lógica é de ajudar a contribuir para o consenso, reunir todos”. Foi uma afirmação proferida perante os jornalistas, à margem da cimeira entre a União Europeia e a União Africana, que termina hoje em Abidjan, na Costa do Marfim, precisando:
A Zona Euro sofreu muitas divisões nos últimos anos, entre famílias políticas e de diferentes regiões, e precisamos de uma Europa mais unida e mais forte, e estamos numa posição privilegiada de contribuir para isso”.
E acrescentou o Primeiro-Ministro:
Nos contactos prévios que estabelecemos confirmámos que os governos das mais diversas famílias políticas e zonas geográficas da Europa reconhecem na candidatura portuguesa as condições adequadas”.
Depois, salientou:
Julgamos que reunimos um bom lote de apoios e boas condições para apresentar uma postura construtiva para fazer as reformas necessárias na zona euro, completar a união económica e monetária, e que também ajude a ultrapassar as divisões que tivemos no passado e que agora, nesta fase de mudança e construção do futuro da Europa, possamos também dar esse contributo”.
Questionado sobre o grau de probabilidade da vitória de Mário Centeno na votação do próximo dia 4 de dezembro, António Costa gracejou dizendo que “prognósticos só se fazem depois da votação”, mas mostrou “confiança nesta candidatura” e a “certeza de que é boa para o conjunto da Europa e da zona euro”.
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Como se disse, Mário Centeno é o favorito para se tornar presidente do Eurogrupo, segundo escreve hoje o Financial Times. O Ministro das Finanças português é favorecido pelos líderes europeus, segundo diplomatas que falaram ao jornal, já que o seu principal concorrente à esquerda, o italiano Pier Carlo Padoan, pode estar de saída nas eleições que se avizinham em 2018 em Itália.
Na cimeira europeia na Costa do Marfim, escreve o Financial Times, os líderes europeus reuniram-se para debater os seus favoritos para o Eurogrupo, já que,  de acordo com os termos definidos pelas autoridades europeias, o prazo para a submissão de candidaturas terminou hoje às 11 horas.
Já se sabia que o Eurogrupo favoreceria um candidato de esquerda para a sua liderança, devido a um equilíbrio que, por acordo tácito, deve haver entre forças de esquerda e direita nas posições de liderança dos diferentes braços europeus.
A lista oficial dos candidatos será publicada, como foi dito, amanhã, e os ministros das Finanças dos países europeus farão uma eleição por voto secreto para escolher quem vai substituir o atual presidente, o holandês Jeroen Dijsselbloem, na próxima reunião, que decorrerá em Bruxelas, no próximo dia 4.
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A eventual escolha de Centeno é uma espécie de pescadinha com o rabo na boca. Portugal precisa de ter uma personalidade forte para negociar metas e esperas com o Eurogrupo, com a Comissão Europeia e com o BCE. O ter um português a presidir a uma instância internacional pode ser prestigiante. Ora, o prestígio não é despiciendo nas relações internacionais. Todavia, não é do prestígio que vive o país. E, se Mário Centeno desempenhar um papel a descontento de Portugal, Costa não tem como o contrariar ou o fazer mudar de rumo. O Eurogrupo não é um departamento do Governo de Portugal, nem vejo como Costa o venha a demitir do cargo de Ministro das Finanças ou que o venha a contrariar de forma eficaz.
Se posso duvidar de que a gestão portuguesa da Comissão Europeia tenha sido nefasta para Portugal, tenho de reconhecer que está por demonstrar que ela tenha sido benéfica.
Quanto a Centeno, há que esperar para ver. Primeiro, será mesmo eleito? Segundo, que fará com a eleição?
Que, sem se pôr em bicos de pés – atitude de que ninguém gosta – saiba ler bem a realidade do país e a realidade da Europa!

2017.11.30 – Louro de Carvalho 

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