No próximo
dia 26 de novembro, em que se assinala a Solenidade de Nosso Senhor Jesus
Cristo Rei do Universo, o Santuário de Fátima promove a jornada de encerramento
do Ano Jubilar do Centenário das Aparições. O programa terá início às 10 horas com
a recitação do Rosário na Capelinha das Aparições, a que se seguirá a
Celebração Eucarística na Basílica da Santíssima Trindade pelas 11 horas. No
final da Celebração Eucarística, haverá procissão até à Capelinha onde será
feita a consagração a Nossa Senhora. E, pelas 17,30 horas, a Basílica de Nossa
Senhora do Rosário acolherá a celebração da hora litúrgica de Vésperas.
As celebrações
serão presididas por Dom António Marto, bispo da diocese de Leiria-Fátima, mas,
desta vez, na qualidade de Delegado Pontifício, por indicação do Papa
Francisco.
O Papa
concedeu ao Santuário um Ano Jubilar, no contexto dos 100 anos das Aparições,
com indulgência plenária, entre o dia 27 de novembro de 2016 e 26 de novembro
de 2017.
A indulgência
é definida no Código de Direito Canónico (cf cân. 992) e no Catecismo da Igreja Católica (n. 1471)
como “a remissão, perante Deus, da pena
temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel
devidamente disposto obtém em determinadas condições pela ação da Igreja”.
A
Penitenciaria Apostólica, que decretou que o Ano Jubilar do Centenário
encerrasse a 26 de novembro, especificou a concessão da indulgência plenária. Concedeu
a todos os bispos, presbíteros e diáconos, religiosos e religiosas, bem como a
todos os fiéis leigos presentes, que participassem nas celebrações como
verdadeiros penitentes a Bênção Papal,
com a correspondente indulgência plenária nas habituais condições. Os
peregrinos que, por outras circunstâncias, não pudessem estar presentes mas
acompanhassem através dos meios de comunicação social, podiam obter também a
indulgência plenária segundo as normas canónicas. Mais: a
indulgência plenária do jubileu foi concedida neste período a quem visitasse em
oração o Recinto da Cova da Iria, pela veneração duma imagem de Nossa Senhora
de Fátima ou aos idosos ou doentes que se unissem “espiritualmente às celebrações jubilares”.
A indulgência
plenária foi assim concedida “aos fiéis que visitam em peregrinação o Santuário
de Fátima e aí participam devotamente em alguma celebração ou oração em honra
da Virgem Maria, rezam a oração do Pai-Nosso, recitam o símbolo da fé (Credo) e invocam Nossa Senhora de Fátima”. O documento da
Penitenciaria Apostólica indicava que poderiam receber essa indulgência “fiéis piedosos que visitarem com devoção uma
imagem de Nossa Senhora de Fátima exposta solenemente à veneração pública em
qualquer templo, oratório ou local adequado, nos dias do aniversário das
aparições (dia 13 de
cada mês, desde maio a outubro de 2017), e aí participarem
devotamente nalguma celebração ou oração em honra da Virgem Maria, rezarem a
oração do Pai-Nosso, recitarem o símbolo da fé (Credo) e invocarem Nossa Senhora de Fátima”. E as pessoas impedidas de se deslocarem por “idade, doença ou outra causa grave” puderam receber essa indulgência “frente a uma pequena imagem de Nossa Senhora
de Fátima” unindo-se “espiritualmente
às celebrações jubilares” nos dias das aparições.
O Ano Jubilar
do Centenário das Aparições de Nossa Senhora foi solenemente inaugurado a 27 de
novembro de 2016, com a passagem pelo Pórtico Jubilar e com a celebração da Eucaristia
dominical na Basílica da Santíssima Trindade, por ser um ano de especial graça.
Dizia o
reitor do Santuário de Fátima por ocasião da jornada de abertura:
“O
Ano Jubilar é um ano de compromisso com Deus e com os irmãos, acolhendo os
desafios da mensagem de Fátima e o exemplo de vida dos pastorinhos”.
E explicava o
sentido das celebrações centenárias:
“Ao
celebrarmos o grande acontecimento de Fátima, damos graças a Deus por todas as
bênçãos que Ele derrama sobre nós em Fátima, através da mensagem transmitida
neste lugar e dos seus protagonistas”.
No passado
dia 13 de outubro, o bispo da diocese de Leiria-Fátima encerrou as celebrações
do Centenário, numa sessão em que esteve presente o Presidente da Republica e
que decorreu na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Afirmou Dom
António Marto na altura:
“Hoje,
estamos aqui a viver um momento histórico e único para Fátima, para a Igreja,
para Portugal e para todos os peregrinos de Fátima, o encerramento solene do
Centenário das Aparições”.
O prelado falou
num “itinerário de festa”, para
públicos variados, e num momento de ação de graças pelo facto de Fátima “se ter espalhado pelo mundo inteiro deixando
um rasto de luz e de esperança”. Estima-se que participaram nas celebrações
centenárias cerca de 50 milhões de peregrinos e terão passado mais de 70
milhões de pessoas pelo Santuário ao longo dos últimos sete anos.
Mas a partir
do dia 2 de dezembro, começa um novo ciclo, agora de três anos, que pretende
dar continuidade a esta dinâmica.
***
Para iniciar este ciclo pós-centenário, o Santuário de Fátima inaugura o novo ano pastoral
no dia 2 de dezembro, com uma jornada de abertura que se realizará no salão do
Bom Pastor, no centro Pastoral de Paulo VI, entre as 15 e as 17 horas.
A jornada de
abertura do novo Ano Pastoral contará com as participações do Padre Carlos
Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima, no início, e a intervenção do bispo
da diocese de Leiria-Fátima, Dom António Marto, no final. Durante a sessão
haverá, ainda, três momentos a registar: a apresentação do tema do ano, pelo
professor da Universidade Católica José Rui Teixeira, seguindo-se um
apontamento musical pela Schola Cantorum
Pastorinhos de Fátima, sob a direção da maestrina Paula Pereira e, finalmente a
apresentação do n.º 8 da Revista Cultural
Fátima XXI, pelo Diretor do Serviço de Estudos e Difusão, Marco Daniel
Duarte.
Este tempo,
que agora se abre, foi olhado pelo Santuário de Fátima no horizonte de um
triénio e o itinerário delineado, propõe-se, precisamente, prolongar e
aprofundar o Centenário das Aparições e promover a consolidação dos dinamismos
criados, propiciadores de tão bons frutos, sob a égide do reconhecimento do dom
recebido e do compromisso pelo seu acolhimento.
Concluído o
Centenário, num itinerário de sete anos, e o Ano Jubilar no ano centenário, o
Santuário quis abrir agora um novo Ciclo de três anos, intitulado genericamente
como “Tempo de Graça e misericórdia”, que sugere para cada ano um
tema específico.
O primeiro,
no qual agora entramos, apela à vivência entorno do tema “Tempo de graça e misericórdia: dar graças pelo dom de Fátima”,
sublinhando a consciência do dom recebido, iniciativa gratuita e amorosa de
Deus. O segundo, 2018-2019, percorrer-se-á à luz de “Tempo de graça e misericórdia: dar graças por peregrinar em Igreja”,
evocando a dimensão eclesial deste dom à Igreja e à humanidade, para a Igreja e
para o mundo. Finalmente, o ano de 2019-2020, entonado pela vocação à
santidade, dom e tarefa, será designado por “Tempo de graça e misericórdia: dar graças por viver em Deus”.
Quer dizer,
mantém-se a ideia de fundo para os três anos tendo cada um uma ideia
subliminar.
Com este
percurso, o Santuário deseja fazer memória dos momentos de graça que pautam a
centenária história do acontecimento de Fátima, procurando avivar a consciência
do dom que este acontecimento é para a contemporaneidade.
Ao triénio
associam-se também determinados acontecimentos que, mesmo se assinalados
nas datas próprias, oferecem o contexto transversal aos três anos pastorais: a restauração da Diocese de Leiria,
ocorrida em 17 de janeiro de 1918; a morte
de Francisco Marto, em 4 de abril de 1919; a edificação da Capelinha das Aparições, nos meses primaveris de
1919; a morte de Jacinta Marto, em 20
de fevereiro de 1920; a construção da
escultura de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, neste mesmo ano; e, ainda
em 1920, o início do labor pastoral de
Dom José Alves Correia da Silva como bispo de Leiria.
A Jornada de
Abertura do Novo Ano Pastoral terá transmissão em direto na página do Santuário
de Fátima em www.fatima.pt, transmissões on line.
***
A importância espiritual e eclesial de Fátima
pode perceber-se pelo que disse o Reitor do Santuário no passado dia 19 de
novembro. Segundo o que Padre Carlos Cabecinhas disse aos peregrinos, “é com a nossa voz que Jesus Cristo faz chegar a Sua voz e solidariedade”.
Questionando os peregrinos sobre o que fazem aos “talentos que Deus dá”, o
reitor disse que Francisco e
Jacinta Marto tiveram “vontade de fazer render o talento de Deus”.
E porfiou:
“Todos
somos testemunhas de Jesus Cristo, é com a nossa voz que Jesus Cristo faz
chegar a Sua voz e solidariedade; Temos de ter a dignidade de fazer render este
tesouro e tomar consciência desta enorme responsabilidade”.
Alertando para a “vinda do Senhor”, para a qual estaremos “vigilantes e sem
medo”, desafiou:
“Como preparamos a vinda do Senhor? Com
confiança ou medo? Com compromisso ou apatia? Jesus, antes da ascensão ao Céu,
entregou-nos os Seus talentos, a sua palavra, o Evangelho, o seu amor, os
valores evangélicos. O que estamos a fazer a estes bens? Fazemos frutificar na
nossa vida a Sua palavra e os Seus ensinamentos? Deixamos que a indiferença e o
medo tomem conta de nós?”.
E, lembrando que “o apelo à conversão” na Mensagem de Fátima tem “sentido
de vigilância, desafio a vencer o comodismo e a rotina”, destacou:
“A mensagem de Fátima exorta-nos a não nos
acomodarmos na vivência da nossa fé, a não cruzarmos os braços e a sermos
criativos”.
O reitor apresentou como exemplo Francisco e Jacinta Marto que “receberam exortações e pedidos, acolheram
esse dom e fizeram-no frutificar”. “Os
pastorinhos não se acomodaram, não enterraram o talento. Foram criativos na
procura do bem e na vontade de Deus”.
***
O impacto de Fátima e das suas celebrações na Igreja e no Mundo pode
avaliar-se pelas publicações que lhe dão relevo. Como exemplo entre tantas,
apresenta-se a ‘Communio’, Revista
Internacional Católica que dedica o seu mais recente número ao Centenário das
Aparições em Fátima, para refletir sobre o seu “significado, alcance e
atualidade” dos acontecimentos de 1917.
Os responsáveis por aquela publicação internacional explicitam que ela
“não podia deixar de se associar à
celebração” e reflexão dos 100 anos das aparições de Nossa Senhora na Cova
da Iria. O Bispo de Leiria-Fátima, Dom António Marto, escreve um artigo sobre
atualidade e mensagem em ‘Fátima hoje’
onde enumera caraterísticas que interpelam a Igreja e o mundo. O Cardeal Patriarca
de Lisboa, Dom Manuel Clemente assina o estudo de Teologia Histórica sobre ‘Fátima no contexto do catolicismo
contemporâneo’. O número tem também dois artigos do então diretor da
revista, Padre Henrique de Noronha Galvão, que faleceu no passado dia 24 de
outubro: ‘Para uma teologia de Fátima.
Cem anos depois’ analisa as “grandes linhas do apelo à fé”; ‘O Rosário Revisitado’ propõe uma “nova
maneira de distribuir e meditar os mistérios de Jesus Cristo. Dom Carlos
Azevedo, delegado do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé), escreve sobre o contexto histórico, nacional e
internacional em ‘as condições históricas
das visões de Fátima e a afirmação da religiosidade popular (1917-1942)’.
‘Os media geradores de santuários.
Amplificação de Fátima pela comunicação social?’ é o artigo do sacerdote e
jornalista António Rego, enquanto o jornalista Paulo Rocha, diretor da agência Ecclesia, apresenta o santuário da Cova
da Iria como ‘um lugar para quem tem
saudades de Deus’. Em ‘Depoimentos’
são apresentados 4 textos que são testemunhos a partir de diferentes
experiências: o servita Francisco Noronha de Andrade; a professora
universitária jubilada Maria Manuela de Carvalho; o economista José Miguel
Moser; e a encenadora Matilde Trocato.
A Revista Internacional Católica ‘Communio’,
na seção final ‘Perspectivas’,
publica um artigo do padre e teólogo Réal Tremblay que apresenta natividade de
Jesus através da música sacra de Sebastian Bach, mais concretamente a “Cantata BWV40” que “foi escrita para o
segundo dia depois do Natal”.
***
Fátima é um parceiro com quem a sociedade civil e o poder político tem de
conversar. Assim, o reitor do Santuário de Fátima disse, na abertura do Congresso Internacional de Turismo Religioso
e Peregrinação, que a Cova da Iria é o “mais significativo destino de turismo
religioso português”. Com efeito, como referiu, “a celebração do Centenário
consolidou a internacionalização de Fátima, afirmando Fátima a nível
internacional como o mais significativo destino de turismo religioso português”.
Para o Padre Carlos Cabecinhas, a realização deste Congresso apresenta-se
como “especialmente feliz”, por ser uma ocasião de reflexão sobre o “potencial
dos lugares sagrados”. O sacerdote, frisando o interesse em se promover uma
reflexão sobre as potencialidades da peregrinação e do turismo religioso,
assinalou:
“A variedade de proveniências de peregrinos
que, em cada ano, acorrem a Fátima, comprova que este é, de facto, um Santuário
mundialmente conhecido. E se isto era claro no passado, no Centenário tem
aparecido com especial evidência, com o aumento significativo de peregrinos vindos
de todos os continentes”.
E, dando a mão a esta iniciativa da sociedade civil e do poder político, o
reitor formulou o voto:
“Que este Congresso se proponha refletir
sobre as potencialidades da peregrinação e do turismo religioso como meios de desenvolvimento
de um turismo sustentável e como meio de aproximação entre os povos, assume
especial relevo neste lugar”.
***
É assim Fátima que não é um facto criado pela Igreja e que esta não impôs,
mas que se impôs à Igreja e que tem uma missão relevante no mundo. Na verdade,
se há meio milénio os navegadores e missionários portugueses iam pelo mundo ao
encontro de culturas levando o Evangelho, hoje, do mundo inteiro vêm a Fátima os
crentes haurir a força espiritual para enfrentar as agruras da vida de trabalho,
sofrimento, iniciativas, confissão da fé e martírio. Em Fátima, pela oração,
penitência e conversão, mergulhadas no Evangelho da alegria, o crente sente a
ternura da Mãe e segue a rota do Ressuscitado, de quem urge dar testemunho na
vida que se quer profecia em prol do Reino e do homem, criado à imagem e
semelhança de Deus.
Bem-vindo, pois, o ciclo de 3 anos,
“Tempo
de Graça e misericórdia”, herdeiro do Ano Jubilar!
2017.11.24 –
Louro de Carvalho
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