sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Santuário Fátima de encerra Ano Jubilar do Centenário das Aparições

No próximo dia 26 de novembro, em que se assinala a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, o Santuário de Fátima promove a jornada de encerramento do Ano Jubilar do Centenário das Aparições. O programa terá início às 10 horas com a recitação do Rosário na Capelinha das Aparições, a que se seguirá a Celebração Eucarística na Basílica da Santíssima Trindade pelas 11 horas. No final da Celebração Eucarística, haverá procissão até à Capelinha onde será feita a consagração a Nossa Senhora. E, pelas 17,30 horas, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário acolherá a celebração da hora litúrgica de Vésperas.
As celebrações serão presididas por Dom António Marto, bispo da diocese de Leiria-Fátima, mas, desta vez, na qualidade de Delegado Pontifício, por indicação do Papa Francisco.
O Papa concedeu ao Santuário um Ano Jubilar, no contexto dos 100 anos das Aparições, com indulgência plenária, entre o dia 27 de novembro de 2016 e 26 de novembro de 2017.
A indulgência é definida no Código de Direito Canónico (cf cân. 992) e no Catecismo da Igreja Católica (n. 1471) como “a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em determinadas condições pela ação da Igreja”.
A Penitenciaria Apostólica, que decretou que o Ano Jubilar do Centenário encerrasse a 26 de novembro, especificou a concessão da indulgência plenária. Concedeu a todos os bispos, presbíteros e diáconos, religiosos e religiosas, bem como a todos os fiéis leigos presentes, que participassem nas celebrações como verdadeiros penitentes a Bênção Papal, com a correspondente indulgência plenária nas habituais condições. Os peregrinos que, por outras circunstâncias, não pudessem estar presentes mas acompanhassem através dos meios de comunicação social, podiam obter também a indulgência plenária segundo as normas canónicas.  Mais: a indulgência plenária do jubileu foi concedida neste período a quem visitasse em oração o Recinto da Cova da Iria, pela veneração duma imagem de Nossa Senhora de Fátima ou aos idosos ou doentes que se unissem “espiritualmente às celebrações jubilares”.
A indulgência plenária foi assim concedida “aos fiéis que visitam em peregrinação o Santuário de Fátima e aí participam devotamente em alguma celebração ou oração em honra da Virgem Maria, rezam a oração do Pai-Nosso, recitam o símbolo da fé (Credo) e invocam Nossa Senhora de Fátima”. O documento da Penitenciaria Apostólica indicava que poderiam receber essa indulgência “fiéis piedosos que visitarem com devoção uma imagem de Nossa Senhora de Fátima exposta solenemente à veneração pública em qualquer templo, oratório ou local adequado, nos dias do aniversário das aparições (dia 13 de cada mês, desde maio a outubro de 2017), e aí participarem devotamente nalguma celebração ou oração em honra da Virgem Maria, rezarem a oração do Pai-Nosso, recitarem o símbolo da fé (Credo) e invocarem Nossa Senhora de Fátima”. E as pessoas impedidas de se deslocarem por “idade, doença ou outra causa grave” puderam receber essa indulgência “frente a uma pequena imagem de Nossa Senhora de Fátima” unindo-se “espiritualmente às celebrações jubilares” nos dias das aparições.
O Ano Jubilar do Centenário das Aparições de Nossa Senhora foi solenemente inaugurado a 27 de novembro de 2016, com a passagem pelo Pórtico Jubilar e com a celebração da Eucaristia dominical na Basílica da Santíssima Trindade, por ser um ano de especial graça.
Dizia o reitor do Santuário de Fátima por ocasião da jornada de abertura:
O Ano Jubilar é um ano de compromisso com Deus e com os irmãos, acolhendo os desafios da mensagem de Fátima e o exemplo de vida dos pastorinhos”.
E explicava o sentido das celebrações centenárias:
Ao celebrarmos o grande acontecimento de Fátima, damos graças a Deus por todas as bênçãos que Ele derrama sobre nós em Fátima, através da mensagem transmitida neste lugar e dos seus protagonistas”.
No passado dia 13 de outubro, o bispo da diocese de Leiria-Fátima encerrou as celebrações do Centenário, numa sessão em que esteve presente o Presidente da Republica e que decorreu na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Afirmou Dom António Marto na altura:
Hoje, estamos aqui a viver um momento histórico e único para Fátima, para a Igreja, para Portugal e para todos os peregrinos de Fátima, o encerramento solene do Centenário das Aparições”.
O prelado falou num “itinerário de festa”, para públicos variados, e num momento de ação de graças pelo facto de Fátima “se ter espalhado pelo mundo inteiro deixando um rasto de luz e de esperança”. Estima-se que participaram nas celebrações centenárias cerca de 50 milhões de peregrinos e terão passado mais de 70 milhões de pessoas pelo Santuário ao longo dos últimos sete anos.
Mas a partir do dia 2 de dezembro, começa um novo ciclo, agora de três anos, que pretende dar continuidade a esta dinâmica.
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Para iniciar este ciclo pós-centenário, o Santuário de Fátima inaugura o novo ano pastoral no dia 2 de dezembro, com uma jornada de abertura que se realizará no salão do Bom Pastor, no centro Pastoral de Paulo VI, entre as 15 e as 17 horas.

A jornada de abertura do novo Ano Pastoral contará com as participações do Padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima, no início, e a intervenção do bispo da diocese de Leiria-Fátima, Dom António Marto, no final. Durante a sessão haverá, ainda, três momentos a registar: a apresentação do tema do ano, pelo professor da Universidade Católica José Rui Teixeira, seguindo-se um apontamento musical pela Schola Cantorum Pastorinhos de Fátima, sob a direção da maestrina Paula Pereira e, finalmente a apresentação do n.º 8 da Revista Cultural Fátima XXI, pelo Diretor do Serviço de Estudos e Difusão, Marco Daniel Duarte.
Este tempo, que agora se abre, foi olhado pelo Santuário de Fátima no horizonte de um triénio e o itinerário delineado, propõe-se, precisamente, prolongar e aprofundar o Centenário das Aparições e promover a consolidação dos dinamismos criados, propiciadores de tão bons frutos, sob a égide do reconhecimento do dom recebido e do compromisso pelo seu acolhimento.
Concluído o Centenário, num itinerário de sete anos, e o Ano Jubilar no ano centenário, o Santuário quis abrir agora um novo Ciclo de três anos, intitulado genericamente como “Tempo de Graça e misericórdia”, que sugere para cada ano um tema específico.
O primeiro, no qual agora entramos, apela à vivência entorno do tema “Tempo de graça e misericórdia: dar graças pelo dom de Fátima”, sublinhando a consciência do dom recebido, iniciativa gratuita e amorosa de Deus. O segundo, 2018-2019, percorrer-se-á à luz de “Tempo de graça e misericórdia: dar graças por peregrinar em Igreja”, evocando a dimensão eclesial deste dom à Igreja e à humanidade, para a Igreja e para o mundo. Finalmente, o ano de 2019-2020, entonado pela vocação à santidade, dom e tarefa, será designado por “Tempo de graça e misericórdia: dar graças por viver em Deus”.
Quer dizer, mantém-se a ideia de fundo para os três anos tendo cada um uma ideia subliminar.
Com este percurso, o Santuário deseja fazer memória dos momentos de graça que pautam a centenária história do acontecimento de Fátima, procurando avivar a consciência do dom que este acontecimento é para a contemporaneidade.
Ao triénio associam-se  também determinados acontecimentos que, mesmo se assinalados nas datas próprias, oferecem o contexto transversal aos três anos pastorais: a restauração da Diocese de Leiria, ocorrida em 17 de janeiro de 1918; a morte de Francisco Marto, em 4 de abril de 1919; a edificação da Capelinha das Aparições, nos meses primaveris de 1919; a morte de Jacinta Marto, em 20 de fevereiro de 1920; a construção da escultura de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, neste mesmo ano; e, ainda em 1920, o início do labor pastoral de Dom José Alves Correia da Silva como bispo de Leiria.
A Jornada de Abertura do Novo Ano Pastoral terá transmissão em direto na página do Santuário de Fátima em www.fatima.pt, transmissões on line.
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A importância espiritual e eclesial de Fátima pode perceber-se pelo que disse o Reitor do Santuário no passado dia 19 de novembro. Segundo o que Padre Carlos Cabecinhas disse aos peregrinos, “é com a nossa voz que Jesus Cristo faz chegar a Sua voz e solidariedade”.
Questionando os peregrinos sobre o que fazem aos “talentos que Deus dá”, o reitor disse que Francisco e Jacinta Marto tiveram vontade de fazer render o talento de Deus”. E porfiou:
 “Todos somos testemunhas de Jesus Cristo, é com a nossa voz que Jesus Cristo faz chegar a Sua voz e solidariedade; Temos de ter a dignidade de fazer render este tesouro e tomar consciência desta enorme responsabilidade”.
Alertando para a “vinda do Senhor”, para a qual estaremos “vigilantes e sem medo”, desafiou:
Como preparamos a vinda do Senhor? Com confiança ou medo? Com compromisso ou apatia? Jesus, antes da ascensão ao Céu, entregou-nos os Seus talentos, a sua palavra, o Evangelho, o seu amor, os valores evangélicos. O que estamos a fazer a estes bens? Fazemos frutificar na nossa vida a Sua palavra e os Seus ensinamentos? Deixamos que a indiferença e o medo tomem conta de nós?”.
E, lembrando que “o apelo à conversão” na Mensagem de Fátima tem “sentido de vigilância, desafio a vencer o comodismo e a rotina”, destacou:
A mensagem de Fátima exorta-nos a não nos acomodarmos na vivência da nossa fé, a não cruzarmos os braços e a sermos criativos”.
O reitor apresentou como exemplo Francisco e Jacinta Marto que “receberam exortações e pedidos, acolheram esse dom e fizeram-no frutificar”. “Os pastorinhos não se acomodaram, não enterraram o talento. Foram criativos na procura do bem e na vontade de Deus”.
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O impacto de Fátima e das suas celebrações na Igreja e no Mundo pode avaliar-se pelas publicações que lhe dão relevo. Como exemplo entre tantas, apresenta-se a ‘Communio’, Revista Internacional Católica que dedica o seu mais recente número ao Centenário das Aparições em Fátima, para refletir sobre o seu “significado, alcance e atualidade” dos acontecimentos de 1917.
Os responsáveis por aquela publicação internacional explicitam que ela “não podia deixar de se associar à celebração” e reflexão dos 100 anos das aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria. O Bispo de Leiria-Fátima, Dom António Marto, escreve um artigo sobre atualidade e mensagem em ‘Fátima hoje’ onde enumera caraterísticas que interpelam a Igreja e o mundo. O Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom Manuel Clemente assina o estudo de Teologia Histórica sobre ‘Fátima no contexto do catolicismo contemporâneo’. O número tem também dois artigos do então diretor da revista, Padre Henrique de Noronha Galvão, que faleceu no passado dia 24 de outubro: ‘Para uma teologia de Fátima. Cem anos depois’ analisa as “grandes linhas do apelo à fé”; ‘O Rosário Revisitado’ propõe uma “nova maneira de distribuir e meditar os mistérios de Jesus Cristo. Dom Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé), escreve sobre o contexto histórico, nacional e internacional em ‘as condições históricas das visões de Fátima e a afirmação da religiosidade popular (1917-1942)’.
Os media geradores de santuários. Amplificação de Fátima pela comunicação social?’ é o artigo do sacerdote e jornalista António Rego, enquanto o jornalista Paulo Rocha, diretor da agência Ecclesia, apresenta o santuário da Cova da Iria como ‘um lugar para quem tem saudades de Deus’. Em ‘Depoimentos’ são apresentados 4 textos que são testemunhos a partir de diferentes experiências: o servita Francisco Noronha de Andrade; a professora universitária jubilada Maria Manuela de Carvalho; o economista José Miguel Moser; e a encenadora Matilde Trocato.
A Revista Internacional Católica ‘Communio’, na seção final ‘Perspectivas’, publica um artigo do padre e teólogo Réal Tremblay que apresenta natividade de Jesus através da música sacra de Sebastian Bach, mais concretamente a “Cantata BWV40” que “foi escrita para o segundo dia depois do Natal”.
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Fátima é um parceiro com quem a sociedade civil e o poder político tem de conversar. Assim, o reitor do Santuário de Fátima disse, na abertura do Congresso Internacional de Turismo Religioso e Peregrinação, que a Cova da Iria é o “mais significativo destino de turismo religioso português”. Com efeito, como referiu, “a celebração do Centenário consolidou a internacionalização de Fátima, afirmando Fátima a nível internacional como o mais significativo destino de turismo religioso português”.
Para o Padre Carlos Cabecinhas, a realização deste Congresso apresenta-se como “especialmente feliz”, por ser uma ocasião de reflexão sobre o “potencial dos lugares sagrados”. O sacerdote, frisando o interesse em se promover uma reflexão sobre as potencialidades da peregrinação e do turismo religioso, assinalou:
A variedade de proveniências de peregrinos que, em cada ano, acorrem a Fátima, comprova que este é, de facto, um Santuário mundialmente conhecido. E se isto era claro no passado, no Centenário tem aparecido com especial evidência, com o aumento significativo de peregrinos vindos de todos os continentes”.
E, dando a mão a esta iniciativa da sociedade civil e do poder político, o reitor formulou o voto:
Que este Congresso se proponha refletir sobre as potencialidades da peregrinação e do turismo religioso como meios de desenvolvimento de um turismo sustentável e como meio de aproximação entre os povos, assume especial relevo neste lugar”.
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É assim Fátima que não é um facto criado pela Igreja e que esta não impôs, mas que se impôs à Igreja e que tem uma missão relevante no mundo. Na verdade, se há meio milénio os navegadores e missionários portugueses iam pelo mundo ao encontro de culturas levando o Evangelho, hoje, do mundo inteiro vêm a Fátima os crentes haurir a força espiritual para enfrentar as agruras da vida de trabalho, sofrimento, iniciativas, confissão da fé e martírio. Em Fátima, pela oração, penitência e conversão, mergulhadas no Evangelho da alegria, o crente sente a ternura da Mãe e segue a rota do Ressuscitado, de quem urge dar testemunho na vida que se quer profecia em prol do Reino e do homem, criado à imagem e semelhança de Deus.
Bem-vindo, pois, o ciclo de 3 anos,Tempo de Graça e misericórdia”, herdeiro do Ano Jubilar!

2017.11.24 – Louro de Carvalho

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