Num dos
balanços feitos do Centenário das Aparições de Fátima, fizeram-se contas. Assim,
de acordo com a Lusa, o Público e o Jornal de Leiria, de 2 de novembro pp, bem como o website do Santuário, as comemorações do
Centenário tiveram um custo de cerca de dois milhões e cem mil euros durante os
sete anos de preparação e desenvolvimento das iniciativas.
O Padre
Vítor Coutinho, vice-reitor do Santuário de Fátima, revelou que os gastos diretamente
relacionados com a celebração do Centenário em projetos e iniciativas foram de mais
de 1,5 milhões de euros e as despesas com a visita papal cifraram-se em 560 mil
euros. Desta vez, como a visita não era de Estado, o Santuário arcou com as
despesas inerentes à visita, com exceção das que envolveram as forças e logística
da segurança do Papa no território nacional.
Segundo
o vice-reitor, as opções tomadas tiveram em conta alguns critérios,
nomeadamente:
“Enriquecer
o conjunto de propostas habituais do Santuário, abranger a diversidade de
perfis e de interesses dos peregrinos e visitantes e criar património que
permanece como herança para as gerações futuras”.
Durante
estes sete anos, o Santuário manteve, em consonância com a sua missão, os
apoios sociais em Portugal e no estrangeiro, no valor de 5,3 milhões de euros,
e à Igreja em Portugal, a quem foi atribuído 4,9 milhões de euros – num total
de 10,2 milhões de euros. Nestes custos “não se incluem algumas obras
realizadas”, como o novo Altar do Santuário e o restauro da Basílica de Nossa
Senhora do Rosário, como precisou o Padre Carlos Cabecinhas, reitor do
Santuário, recusando a divulgação total dos números, enquanto “uma série de
questões de caráter tributário”, nos termos da Concordata de 2004, “não estiverem
devidamente esclarecidas” – aliás justificação para a não divulgação pública
das contas gerais dos Santuário, que têm sido apresentadas ao Conselho Nacional
do Santuário de Fátima, que funciona na dependência da Conferência Episcopal, entidade
à qual é obrigatória a prestação das contas.
Um outro
número revelado foi o número estimado de visitantes desde 2010. O Padre Vítor
Coutinho anunciou que participaram em celebrações “cerca de 50 milhões de
peregrinos”, sendo que a estimativa dos sete anos é a de que “terão passado
pelo Santuário de Fátima mais de 70 milhões de pessoas”. E explicou:
“O
Santuário contabiliza apenas as pessoas em peregrinação, sendo que muitos
milhares de pessoas vêm ao Santuário, fazem as suas devoções e não participam
em nenhuma celebração. Fizemos um cálculo, que precisa ser ajustado, mas
poderão ser 40% de pessoas que passam aqui e não vão a nenhuma celebração. Por
isso, podemos falar com alguma segurança de 70 milhões de pessoas.”.
O
reitor do Santuário, no pressuposto de que os números que habitualmente são
divulgados correspondem ao dos peregrinos que se registam nos serviços do
Santuário, adiantou que, apesar de tudo, existe “a perceção de que, neste ciclo de
sete anos, este ano de 2017 foi, sem dúvida, o ano com mais peregrinos”.
Segundo o Padre Carlos Cabecinhas, o Centenário: “
“Consolidou
a internacionalização de Fátima e vem sublinhar a dimensão mundial de Fátima,
quer como Santuário quer como mensagem com uma participação que superou as
expectativas mais otimistas”.
“A variedade de proveniências de peregrinos
que, a cada ano, acorrem a Fátima, comprova que este é, de facto um Santuário
global”, disse o responsável, aludindo, em particular, ao “aumento
significativo” de peregrinos estrangeiros e acrescentando que, agora, o “grande desafio” do Santuário é “manter a oferta cultural”, “diversificada
e de qualidade”, a que ficaram habituados os peregrinos, aliás na esteira do
que determina a Carta Apostólica em forma de Motu Proprio Sanctuarium in Ecclesia. E rematou:
“Pretendemos
mantê-la [a oferta cultural], não com
este ritmo e com intensidade deste septenário, mas manter muitos dos pontos e
dos aspetos desta oferta. Estamos precisamente na fase de programação de um
novo ciclo pastoral a prever a manutenção de uma parte significativa dessa
oferta.”.
***
O
reitor do Santuário de Fátima falou do ciclo celebrativo, construído em volta
de três palavras, “memória, gratidão e compromisso” e referiu que, nestes anos, decorreram
conferências, cursos, simpósios e congressos, concursos, exposições e
espetáculos – que mostraram a “atualidade”
da Mensagem de Fátima, traduzida em particular nas celebrações religiosas e nas
peregrinações – tendo ficado justamente em destaque a “grande peregrinação” de
12 e 13 de maio, presidida pelo Papa, com a canonização dos Santos Francisco e
Jacinta Marto.
Para o
padre Carlos Cabecinhas, para quem estes sete anos ajudaram à “redescoberta,
aprofundamento e vivência” da Mensagem de Fátima, que tem um forte “impacto” na
vida de muitas pessoas, manifestou a intenção de “manter a oferta cultural” aos
peregrinos após o Ano Jubilar em Fátima,
que se conclui a 26 de novembro, encerrando o ciclo de celebrações do
Centenário das Aparições. Assim, a partir do dia 3 de dezembro, começa um
novo ciclo de três anos, que pretende dar continuidade a esta dinâmica.
E, para o efeito, a jornada de abertura do novo ano pastoral decorrerá no dia
anterior, no Centro Pastoral Paulo VI.
O
reitor do Santuário de Fátima informou, além disto, que as consequências dos
sismos na região central da Itália levaram a um “adiamento” da exposição
prevista para 2018 na Praça de São Pedro, Vaticano.
***
E, mostrando que
a vida do Santuário de Fátima continua na sua pujança, grupos provenientes de Portugal, Alemanha, Espanha,
Itália, França, Irlanda e Estados Unidos encheram por completo, no passado dia
5 de novembro, a Basílica da Santíssima Trindade que acolheu a missa
dominical das 11 horas, pois, durante o inverno, as missas que tinham lugar no
Altar do Recinto de Oração passam habitualmente para esta grande Basílica, tal
como não se faz a procissão do Santíssimo Sacramento aos domingos no Recinto e
se cantam as vésperas às 17,30 horas na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de
Fátima.
Na sua homilia,
o reitor do
Santuário desafiou os milhares de peregrinos a serem coerentes, humildes e
atentos aos irmãos.
Alertando para
as “tentações que nos seduzem” e o “risco que todos corremos” de nos dizermos
cristãos e as nossas ações e atitudes demonstrarem o contrário ao denunciarem
“a nossa falta de coerência”, o Padre Cabecinhas sublinhou que o Evangelho
proclamado este domingo desafia os cristãos a três atitudes: “coerência, serviço e humildade”.
Lembrando
que a palavra do Evangelho convoca “à
coerência, ao espírito de serviço por amor ao próximo e à humildade”, o
responsável pelo Santuário interpelou os peregrinos:
“É verdade que nos dizemos cristãos mas,
porém, até que ponto as nossas atitudes e ações mostram que somos realmente
cristãos ou, pelo contrário, nos desmentem mostrando a nossa falta de
coerência”?
Assegurando que
“precisamos de acolher a palavra de Deus trazendo-a para a vida, dando
coerência à fé que professamos e à vida que levamos”, o sacerdote lembrou “um
defeito” que acompanha todas as pessoas e que reside na motivação com que
fazemos as coisas, que “não pode ser outra senão o amor a Jesus e ao próximo”:
“Não devemos fazer as coisas para sermos
vistos” nem para “merecermos o louvor e o reconhecimento dos outros, pois o que
está verdadeiramente em causa é servir; o resto é engano e equívoco”.
E lamentou:
“Quantas vezes estragamos as nossas ações
por causa de uma motivação errada”!
O Padre Cabecinhas
enunciou ainda um terceiro desafio colocado a todos os cristãos pelo Evangelho
deste XXXI domingo do Tempo Comum e que passa pela “humildade”, deixando de
parte a ideia de querer ser sempre o primeiro, para receber privilégios e
honras. Com efeito, “a humildade conduz ao serviço”. E, invocando os Pastorinhos
como exemplos vivos da coerência, da humildade e do serviço a Deus e ao próximo,
disse:
“Foram coerentes com a fé; foram fiéis aos
apelos do Anjo e de Nossa Senhora e, na sua vida, procuraram sempre esta
coerência”.
***
Face à eloquente
grandeza da espiritualidade fatimita, o Cardeal Pietro
Parolin, Secretário de Estado do
Vaticano, agradeceu, a 6 de novembro a recetividade que lhe foi prestada e
afirmou que Fátima se tornou para ele “numa meta espiritual”
pessoal e que a “beleza”, a “simplicidade”
do lugar e o “fervor” dos peregrinos são propiciadores de um verdadeiro encontro
com Deus e com o próximo. A este respeito, escreveu
o responsável pela diplomacia da Santa Sé numa carta dirigida ao Santuário de
Fátima, na qual agradece a atenção que lhe foi dispensada durante a celebração
do Centenário:
“Fátima
tornou-se para mim uma meta
espiritual, onde a simplicidade e a
beleza dos lugares, o silêncio e o fervor dos peregrinos ajudam a
encontramo-nos connosco, para encontrar Deus e o próximo, sob o olhar materno e
cheio de ternura da Virgem Maria”.
É de recordar
que o Cardeal se deslocou a Fátima em duas ocasiões no contexto do Centenário: outubro
de 2016, altura em que presidiu à última grande Peregrinação Internacional
antes do ano do Centenário; e maio de 2017, acompanhando o Papa Francisco,
sendo que, a 12 de maio, presidiu à Missa da Vigília, sublinhando que a
mensagem de Fátima “é a mensagem central do Cristianismo, é o anúncio de que Jesus
ressuscitou e de que é o Senhor da história”.
Na ocasião
afirmou que Fátima pede “perseverança
na consagração ao Imaculado Coração de Maria” para alcançar a paz, na
certeza de que a oração “nunca é inútil”. E disse:
“Neste
Centenário das Aparições, agradecidos pelo dom que o acontecimento, a mensagem
e o Santuário de Fátima têm sido ao longo deste século, unimos a nossa voz à da
Virgem Santa: ‘A minha alma glorifica ao
Senhor, (…) porque pôs os olhos na humildade da sua serva. (…) A sua misericórdia estende-se de geração em
geração’ (Lc 1, 46-50).”.
Já em outubro
de 2016, quando presidiu à Peregrinação Internacional de outubro, afirmava:
“Sinto-me
feliz por estar aqui, peregrino com todos vós, neste lugar onde se encontram o
coração da Virgem Mãe e o coração da Igreja”.
***
Mostrando a vitalidade do Santuário e da mensagem no exterior
– depois de uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima ter percorrido,
durante 2 meses, as 12 dioceses da Coreia do Sul (dedicada a Nossa Senhora em 1841, quando a Santíssima Virgem
Maria da Imaculada Conceição se tornou padroeira do país), quando os
fiéis pediram pela paz na península coreana – a Imagem n.º 1 da Virgem Peregrina
de Fátima viaja até ao Santuário italiano de San Giovanni Rotondo. Esta deslocação
excecional prende-se com a ligação existente entre o Padre Pio de Pieltrecina e
Fátima e ocorrerá no momento da peregrinação de 15 a 27 de novembro no
Santuário italiano de San Giovanni Rotondo, onde se encontram os restos mortais
daquele sacerdote, que tinha forte ligação a Fátima.
A peregrinação mariana contará com a
participação de eminentes figuras da igreja local, com destaque para o Cardeal
Fernando Filoni, Prefeito para a Congregação para a Evangelização dos Povos,
que presidirá à Eucaristia dominical, no dia 19 de novembro pelas 10 horas, na
igreja de São Pio de Pietrelcina, construída em 2004 e onde se encontram os
restos mortais do Padre Pio.
Durante a peregrinação, além da Eucaristia,
será meditado o Rosário e será feita a consagração do Santuário ao Coração
Imaculado de Maria, nomeadamente no dia 17 de novembro, dia da festa de Santa
Elisabetta D'Ungheria, patrona da Ordem Franciscana Secular.
No dia 26 será translada uma relíquia
do corpo do padre Pio, até à igreja de Santa Maria das Graças, e a Missa será
presidida por Monsenhor Rino Fisichella, Presidente do Conselho Pontifício para
a Nova Evangelização.
Recorde-se que, aos 72 anos, o padre
Pio foi vítima de uma pleurisia que o obrigou a ficar imobilizado na cama
durante vários meses, sem grande esperança de recuperação. Por coincidência,
uma imagem da Virgem Peregrina de Fátima teve de fazer escala técnica em San
Giovani Rotondo e, ao vê-la da janela do quarto, acenou pedindo-lhe a sua
intercessão para a melhoria do estado de saúde, o que acabou por suceder. Era
agosto do ano de 1959 e o Padre Pio só viria a falecer em 1968, no seu quarto
conventual, com o terço entre os dedos repetindo o nome de Jesus e de Maria.
Foi beatificado no dia 2 de maio de 1999 pelo Papa João Paulo II e canonizado
no dia 16 de junho de 2002.
Atualmente, na cidade onde passou
grande parte de sua vida, San Giovanni Rotondo, ergue-se um Santuário mariano,
visitado anualmente por centenas de milhares de peregrinos de todo o mundo. O
antigo convento capuchinho, de 1540, onde viveu o santo, a igreja de Santa
Maria das Graças e o moderno santuário dedicado ao místico santo Pio formam um
complexo onde se vive uma forte piedade popular, assumindo-se como o segundo
maior santuário de Itália.
A Imagem n.º 1 da Virgem Peregrina do
Rosário de Fátima, feita segundo indicações da Irmã Lúcia, foi oferecida pelo
bispo de Leiria e coroada solenemente pelo arcebispo de Évora, em 13 de maio de
1947. A partir dessa data, a Imagem percorreu, por diversas vezes, o mundo
inteiro, levando consigo uma mensagem de paz e amor.
A génese deste percurso remete para o
ano de 1945, após o fim da II Guerra Mundial, quando um pároco de Berlim propôs
que uma imagem da Senhora de Fátima percorresse todas as capitais e cidades
episcopais da Europa até à fronteira da Rússia. A ideia foi retomada em abril
de 1946, por um representante do Luxemburgo no Conselho Internacional da
Juventude Católica Feminina e, no ano seguinte, no dia da coroação, teve início
a primeira viagem. Depois de mais de meio século de peregrinação, em que ela visitou
64 países dos vários continentes, alguns deles por diversas vezes, a Reitoria
do Santuário de Fátima entendeu que não deveria sair mais, a não ser por alguma
circunstância extraordinária.
Em maio de 2000, foi colocada na
exposição Fátima Luz e Paz, onde foi venerada
por dezenas de milhar de visitantes. Passados três anos, mais precisamente a 8
de dezembro de 2003, Solenidade da Imaculada Conceição, a Imagem foi
entronizada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, tendo sido
colocada numa coluna junto do altar-mor. E voltou a sair, a 12 de maio de 2014,
para visita às comunidades religiosas contemplativas existentes em Portugal,
que decorreu até 2 de fevereiro de 2015, e, depois, a todas as dioceses
portuguesas, de 13 de maio de 2015 a 13 de maio de 2016.
Acresce referir que Imagens Peregrinas
da Virgem de Fátima, em ano centenário, visitaram vários países e regiões em dificuldade
e/ou em grande devoção – como Venezuela, Brasil,
França, Holanda, Angola, República Tcheca, Luxemburgo, em um total de 14
destinos.
2017.11.10 – Louro de Carvalho
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