sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Este ano de 2017 foi o ano que trouxe mais pessoas à Cova da Iria

Num dos balanços feitos do Centenário das Aparições de Fátima, fizeram-se contas. Assim, de acordo com a Lusa, o Público e o Jornal de Leiria, de 2 de novembro pp, bem como o website do Santuário, as comemorações do Centenário tiveram um custo de cerca de dois milhões e cem mil euros durante os sete anos de preparação e desenvolvimento das iniciativas.
O Padre Vítor Coutinho, vice-reitor do Santuário de Fátima, revelou que os gastos diretamente relacionados com a celebração do Centenário em projetos e iniciativas foram de mais de 1,5 milhões de euros e as despesas com a visita papal cifraram-se em 560 mil euros. Desta vez, como a visita não era de Estado, o Santuário arcou com as despesas inerentes à visita, com exceção das que envolveram as forças e logística da segurança do Papa no território nacional.
Segundo o vice-reitor, as opções tomadas tiveram em conta alguns critérios, nomeadamente:
Enriquecer o conjunto de propostas habituais do Santuário, abranger a diversidade de perfis e de interesses dos peregrinos e visitantes e criar património que permanece como herança para as gerações futuras”.
Durante estes sete anos, o Santuário manteve, em consonância com a sua missão, os apoios sociais em Portugal e no estrangeiro, no valor de 5,3 milhões de euros, e à Igreja em Portugal, a quem foi atribuído 4,9 milhões de euros – num total de 10,2 milhões de euros. Nestes custos “não se incluem algumas obras realizadas”, como o novo Altar do Santuário e o restauro da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, como precisou o Padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário, recusando a divulgação total dos números, enquanto “uma série de questões de caráter tributário”, nos termos da Concordata de 2004, “não estiverem devidamente esclarecidas” – aliás justificação para a não divulgação pública das contas gerais dos Santuário, que têm sido apresentadas ao Conselho Nacional do Santuário de Fátima, que funciona na dependência da Conferência Episcopal, entidade à qual é obrigatória a prestação das contas.
Um outro número revelado foi o número estimado de visitantes desde 2010. O Padre Vítor Coutinho anunciou que participaram em celebrações “cerca de 50 milhões de peregrinos”, sendo que a estimativa dos sete anos é a de que “terão passado pelo Santuário de Fátima mais de 70 milhões de pessoas”. E explicou:
O Santuário contabiliza apenas as pessoas em peregrinação, sendo que muitos milhares de pessoas vêm ao Santuário, fazem as suas devoções e não participam em nenhuma celebração. Fizemos um cálculo, que precisa ser ajustado, mas poderão ser 40% de pessoas que passam aqui e não vão a nenhuma celebração. Por isso, podemos falar com alguma segurança de 70 milhões de pessoas.”.
O reitor do Santuário, no pressuposto de que os números que habitualmente são divulgados correspondem ao dos peregrinos que se registam nos serviços do Santuário, adiantou que, apesar de tudo, existe “a perceção de que, neste ciclo de sete anos, este ano de 2017 foi, sem dúvida, o ano com mais peregrinos”. Segundo o Padre Carlos Cabecinhas, o Centenário: “
Consolidou a internacionalização de Fátima e vem sublinhar a dimensão mundial de Fátima, quer como Santuário quer como mensagem com uma participação que superou as expectativas mais otimistas”.
A variedade de proveniências de peregrinos que, a cada ano, acorrem a Fátima, comprova que este é, de facto um Santuário global”, disse o responsável, aludindo, em particular, ao “aumento significativo” de peregrinos estrangeiros e acrescentando que, agora, o “grande desafio” do Santuário é “manter a oferta cultural”, “diversificada e de qualidade”, a que ficaram habituados os peregrinos, aliás na esteira do que determina a Carta Apostólica em forma de Motu Proprio Sanctuarium in Ecclesia. E rematou:
Pretendemos mantê-la [a oferta cultural], não com este ritmo e com intensidade deste septenário, mas manter muitos dos pontos e dos aspetos desta oferta. Estamos precisamente na fase de programação de um novo ciclo pastoral a prever a manutenção de uma parte significativa dessa oferta.”.
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O reitor do Santuário de Fátima falou do ciclo celebrativo, construído em volta de três palavras, “memória, gratidão e compromisso” e referiu que, nestes anos, decorreram conferências, cursos, simpósios e congressos, concursos, exposições e espetáculos – que mostraram a “atualidade” da Mensagem de Fátima, traduzida em particular nas celebrações religiosas e nas peregrinações – tendo ficado justamente em destaque a “grande peregrinação” de 12 e 13 de maio, presidida pelo Papa, com a canonização dos Santos Francisco e Jacinta Marto.
Para o padre Carlos Cabecinhas, para quem estes sete anos ajudaram à “redescoberta, aprofundamento e vivência” da Mensagem de Fátima, que tem um forte “impacto” na vida de muitas pessoas, manifestou a intenção de “manter a oferta cultural” aos peregrinos após o Ano Jubilar em Fátima, que se conclui a 26 de novembro, encerrando o ciclo de celebrações do Centenário das Aparições. Assim, a partir do dia 3 de dezembro, começa um novo ciclo de três anos, que pretende dar continuidade a esta dinâmica. E, para o efeito, a jornada de abertura do novo ano pastoral decorrerá no dia anterior, no Centro Pastoral Paulo VI.
O reitor do Santuário de Fátima informou, além disto, que as consequências dos sismos na região central da Itália levaram a um “adiamento” da exposição prevista para 2018 na Praça de São Pedro, Vaticano.
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E, mostrando que a vida do Santuário de Fátima continua na sua pujança, grupos provenientes de Portugal, Alemanha, Espanha, Itália, França, Irlanda e Estados Unidos encheram por completo, no passado dia 5 de novembro, a Basílica da Santíssima Trindade que  acolheu a missa dominical das 11 horas, pois, durante o inverno, as missas que tinham lugar no Altar do Recinto de Oração passam habitualmente para esta grande Basílica, tal como não se faz a procissão do Santíssimo Sacramento aos domingos no Recinto e se cantam as vésperas às 17,30 horas na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
Na sua homilia, o reitor do Santuário desafiou os milhares de peregrinos a serem coerentes, humildes e atentos aos irmãos.
Alertando para as “tentações que nos seduzem” e o “risco que todos corremos” de nos dizermos cristãos e as nossas ações e atitudes demonstrarem o contrário ao denunciarem “a nossa falta de coerência”, o Padre Cabecinhas sublinhou que o Evangelho proclamado este domingo desafia os cristãos a três atitudes: “coerência, serviço e humildade”.
Lembrando que a palavra do Evangelho convoca “à coerência, ao espírito de serviço por amor ao próximo e à humildade”, o responsável pelo Santuário interpelou os peregrinos:
É verdade que nos dizemos cristãos mas, porém, até que ponto as nossas atitudes e ações mostram que somos realmente cristãos ou, pelo contrário, nos desmentem mostrando a nossa falta de coerência”?
Assegurando que “precisamos de acolher a palavra de Deus trazendo-a para a vida, dando coerência à fé que professamos e à vida que levamos”, o sacerdote lembrou “um defeito” que acompanha todas as pessoas e que reside na motivação com que fazemos as coisas, que “não pode ser outra senão o amor a Jesus e ao próximo”:
Não devemos fazer as coisas para sermos vistos” nem para “merecermos o louvor e o reconhecimento dos outros, pois o que está verdadeiramente em causa é servir; o resto é engano e equívoco”.
E lamentou:
Quantas vezes estragamos as nossas ações por causa de uma motivação errada”!
O Padre Cabecinhas enunciou ainda um terceiro desafio colocado a todos os cristãos pelo Evangelho deste XXXI domingo do Tempo Comum e que passa pela “humildade”, deixando de parte a ideia de querer ser sempre o primeiro, para receber privilégios e honras. Com efeito, “a humildade conduz ao serviço”. E, invocando os Pastorinhos como exemplos vivos da coerência, da humildade e do serviço a Deus e ao próximo, disse:
Foram coerentes com a fé; foram fiéis aos apelos do Anjo e de Nossa Senhora e, na sua vida, procuraram sempre esta coerência”.
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Face à eloquente grandeza da espiritualidade fatimita, o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, agradeceu, a 6 de novembro a recetividade que lhe foi prestada e afirmou que Fátima se tornou para elenuma meta espiritual” pessoal e que a “beleza”, a “simplicidade” do lugar e o “fervor” dos peregrinos são propiciadores de um verdadeiro encontro com Deus e com o próximo. A este respeito, escreveu o responsável pela diplomacia da Santa Sé numa carta dirigida ao Santuário de Fátima, na qual agradece a atenção que lhe foi dispensada durante a celebração do Centenário:
Fátima tornou-se para mim uma meta espiritual, onde a simplicidade e a beleza dos lugares, o silêncio e o fervor dos peregrinos ajudam a encontramo-nos connosco, para encontrar Deus e o próximo, sob o olhar materno e cheio de ternura da Virgem Maria”.
É de recordar que o Cardeal se deslocou a Fátima em duas ocasiões no contexto do Centenário: outubro de 2016, altura em que presidiu à última grande Peregrinação Internacional antes do ano do Centenário; e maio de 2017, acompanhando o Papa Francisco, sendo que, a 12 de maio, presidiu à Missa da Vigília, sublinhando que a mensagem de Fátima “é a mensagem central do Cristianismo, é o anúncio de que Jesus ressuscitou e de que é o Senhor da história”.
Na ocasião afirmou que  Fátima pede “perseverança na consagração ao Imaculado Coração de Maria” para alcançar a paz, na certeza de que a oração “nunca é inútil”. E disse:
Neste Centenário das Aparições, agradecidos pelo dom que o acontecimento, a mensagem e o Santuário de Fátima têm sido ao longo deste século, unimos a nossa voz à da Virgem Santa: ‘A minha alma glorifica ao Senhor, (…) porque pôs os olhos na humildade da sua serva. (…) A sua misericórdia estende-se de geração em geração’ (Lc 1, 46-50).”.
Já em outubro de 2016, quando presidiu à Peregrinação Internacional de outubro, afirmava:
Sinto-me feliz por estar aqui, peregrino com todos vós, neste lugar onde se encontram o coração da Virgem Mãe e o coração da Igreja”.
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Mostrando a vitalidade do Santuário e da mensagem no exterior – depois de uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima ter percorrido, durante 2 meses, as 12 dioceses da Coreia do Sul (dedicada a Nossa Senhora em 1841, quando a Santíssima Virgem Maria da Imaculada Conceição se tornou padroeira do país), quando os fiéis pediram pela paz na península coreana – a Imagem n.º 1 da Virgem Peregrina de Fátima viaja até ao Santuário italiano de San Giovanni Rotondo. Esta deslocação excecional prende-se com a ligação existente entre o Padre Pio de Pieltrecina e Fátima e ocorrerá no momento da peregrinação de 15 a 27 de novembro no Santuário italiano de San Giovanni Rotondo, onde se encontram os restos mortais daquele sacerdote, que tinha forte ligação a Fátima.
A peregrinação mariana contará com a participação de eminentes figuras da igreja local, com destaque para o Cardeal Fernando Filoni, Prefeito para a Congregação para a Evangelização dos Povos, que presidirá à Eucaristia dominical, no dia 19 de novembro pelas 10 horas, na igreja de São Pio de Pietrelcina, construída em 2004 e onde se encontram os restos mortais do Padre Pio.
Durante a peregrinação, além da Eucaristia, será meditado o Rosário e será feita a consagração do Santuário ao Coração Imaculado de Maria, nomeadamente no dia 17 de novembro, dia da festa de Santa Elisabetta  D'Ungheria, patrona da Ordem Franciscana Secular.
No dia 26 será translada uma relíquia do corpo do padre Pio, até à igreja de Santa Maria das Graças, e a Missa será presidida por Monsenhor Rino Fisichella, Presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização.
Recorde-se que, aos 72 anos, o padre Pio foi vítima de uma pleurisia que o obrigou a ficar imobilizado na cama durante vários meses, sem grande esperança de recuperação. Por coincidência, uma imagem da Virgem Peregrina de Fátima teve de fazer escala técnica em San Giovani Rotondo e,  ao vê-la da janela do quarto, acenou pedindo-lhe a sua intercessão para a melhoria do estado de saúde, o que acabou por suceder. Era agosto do ano de 1959 e o Padre Pio só viria a falecer em 1968, no seu quarto conventual, com o terço entre os dedos repetindo o nome de Jesus e de Maria. Foi beatificado no dia 2 de maio de 1999 pelo Papa João Paulo II e canonizado no dia 16 de junho de 2002.
Atualmente, na cidade onde passou grande parte de sua vida, San Giovanni Rotondo, ergue-se um Santuário mariano, visitado anualmente por centenas de milhares de peregrinos de todo o mundo. O antigo convento capuchinho, de 1540, onde viveu o santo, a igreja de Santa Maria das Graças e o moderno santuário dedicado ao místico santo Pio formam um complexo onde se vive uma forte piedade popular, assumindo-se como o segundo maior santuário de Itália.
A Imagem n.º 1 da Virgem Peregrina do Rosário de Fátima, feita segundo indicações da Irmã Lúcia, foi oferecida pelo bispo de Leiria e coroada solenemente pelo arcebispo de Évora, em 13 de maio de 1947. A partir dessa data, a Imagem percorreu, por diversas vezes, o mundo inteiro, levando consigo uma mensagem de paz e amor.
A génese deste percurso remete para o ano de 1945, após o fim da II Guerra Mundial, quando um pároco de Berlim propôs que uma imagem da Senhora de Fátima percorresse todas as capitais e cidades episcopais da Europa até à fronteira da Rússia. A ideia foi retomada em abril de 1946, por um representante do Luxemburgo no Conselho Internacional da Juventude Católica Feminina e, no ano seguinte, no dia da coroação, teve início a primeira viagem. Depois de mais de meio século de peregrinação, em que ela visitou 64 países dos vários continentes, alguns deles por diversas vezes, a Reitoria do Santuário de Fátima entendeu que não deveria sair mais, a não ser por alguma circunstância extraordinária.
Em maio de 2000, foi colocada na exposição Fátima Luz e Paz, onde foi venerada por dezenas de milhar de visitantes. Passados três anos, mais precisamente a 8 de dezembro de 2003, Solenidade da Imaculada Conceição, a Imagem foi entronizada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, tendo sido colocada numa coluna junto do altar-mor. E voltou a sair, a 12 de maio de 2014, para visita às comunidades religiosas contemplativas existentes em Portugal, que decorreu até 2 de fevereiro de 2015, e, depois, a todas as dioceses portuguesas, de 13 de maio de 2015 a 13 de maio de 2016.
Acresce referir que Imagens Peregrinas da Virgem de Fátima, em ano centenário, visitaram vários países e regiões em dificuldade e/ou em grande devoção – como Venezuela, Brasil, França, Holanda, Angola, República Tcheca, Luxemburgo, em um total de 14 destinos.

2017.11.10 – Louro de Carvalho

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