Portugal,
mais concretamente a cidade de Lisboa, é o anfitrião da IV Conferência
Ministerial da UNECE (Comissão
Económica da Região Europa das Nações Unidas) sobre o envelhecimento, que decorre nos dias 21 e 22 de
setembro, no Centro de Congressos de Lisboa.
Em torno do tema “Uma sociedade sustentável para
todas as idades: realizando o potencial de uma vida mais longa” (“A
Sustainable society for all ages: Realizing the potential of living longer”), o evento é coordenado pelo MTSSS
(Ministério
do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social) e conta com a presença de mais
de 400 participantes, incluindo membros do Governo de 36 países, altos
responsáveis de 56 Estados-membros da UNECE, bem como outras entidades
relevantes, designadamente da ONU (Organização das Nações
Unidas), da CE (Comissão
Europeia), da OCDE (Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) e da OIT (Organização
Internacional do Trabalho).
Marcarão ainda presença, como observadores, representantes de cinco países da CPLP
(Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa)
e também e dos países com comunidades
portuguesas de grande expressão, como: China, Japão, Índia, África do Sul, Canadá e Rússia.
Portugal é o
3.º país que recebe esta conferência, em que será feita a avaliação
da Declaração de Madrid sobre o
Envelhecimento (2002), num processo que acontece a cada
cinco anos.
A realização desta Conferência é muito importante para Portugal, em
particular, para o trabalho que o Governo quer desenvolver no âmbito do
envelhecimento da população, um dos mais relevantes desafios da atualidade.
Desta IV Conferência
sairá a Declaração de Lisboa, que
definirá as linhas orientadoras de atuação dos Estados-membros
da UNECE para os próximos cinco anos.
Para Vieira
da Silva, Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social,
“Portugal poderá dar um contributo significativo para o compromisso político
nesta matéria”, que vai sair da conferência internacional, dado que “o
envelhecimento da população é uma questão que toca todas as dimensões da
intervenção pública”.
O Ministro
ressalvou, ainda, o facto de este evento se revestir de uma “extrema
importância do ponto de vista científico, social e político”.
Vieira da
Silva, em declarações à agência Lusa,
apontou que Portugal é um país envelhecido, com “algumas experiências positivas de
mobilização” dos cidadãos mais velhos, razão pela qual poderá dar uma
contribuição “significativa”. Diz o Ministro do Trabalho, Solidariedade e
Segurança Social:
“Julgo que teremos o nosso contributo
a dar até porque em Portugal esse é um tema mais destacado do que noutros
países que têm estruturas demográficas diferentes da nossa”.
Nesse
sentido, como se disse, sustentou que o envelhecimento é uma questão que “toca
todas as dimensões da intervenção pública”, desde os sistemas de proteção
social adequados, passando por um mercado de trabalho aberto aos que têm competências
adquiridas. E acrescentou:
“Depois penso que há uma terceira, que
é aquela que tem a ver com a abertura do espaço para a própria participação dos
cidadãos com mais idade na construção destas respostas, ou seja, a sua
capacidade de organização, construírem instâncias e instituições vocacionadas
para promoverem a participação cívica, social e económica dos seniores”.
São áreas que
o Ministro Vieira da Silva entende constituírem igualmente os desafios atuais
em Portugal, aos quais acrescenta a questão da saúde, inequivocamente “fundamental
para o processo de um envelhecimento ativo”. Segundo o governante, estes serão
os temas prioritários a incluir na Declaração de Lisboa, um documento que já
está a ser negociado, uma vez que são 56 países que “têm de se pôr de acordo
para que saia um texto de consenso”.
O Ministro
defendeu que a realidade das sociedades atuais é a de conseguir aproveitar o
potencial do facto de se conseguir viver mais tempo, tendo em conta que as
pessoas com mais idade mantêm uma forte capacidade de contribuição para a
sociedade a vários níveis.
***
O facto de a
Conferência decorrer em Lisboa resulta do convite feito pela UNECE a Portugal
para organizar a conferência neste ano, encerrando o terceiro ciclo da revisão
da Estratégia Regional para a Implementação (RIS), que decorre do Plano de Ação
de Madrid sobre o Envelhecimento (MIPPA), aprovado em 2002 e que resultou da I
Conferência da UNECE.
Os primeiros
dois ciclos de revisão e avaliação de implementação do MIPPA aconteceram em
2007 em León, na Espanha, e em 2012 em Viena, na Áustria.
Antes do
arranque da conferência, mas no seu âmbito, o dia 20 fica marcado por dois
eventos: um de 150 organizações não-governamentais (ONG) dos Estados-membros da UNECE; e outro de 80 investigadores.
Estes dois encontros contribuirão para a discussão ministerial, através de duas
declarações – que serão apresentadas aos ministros no fórum – abrindo-se assim
o tema aos contributos da sociedade civil, que, pelos visto, não se faz rogada
para refletir e cooperar.
As principais
metas do evento são: promover o envelhecimento ativo e digno; combater o
idadismo; e aproveitar o potencial da pessoa idosa. Neste sentido, Vieira da
Silva, entende que se deve “aproveitar o potencial do facto de se conseguir
viver mais tempo, uma vez que as pessoas com mais idade mantêm uma forte
capacidade de contribuição para a sociedade, a vários níveis”.
***
Como
exemplo da assunção da relevância da Conferência por entidades não governamentais,
é de registar o encontro preparatório que a SCML (Santa
Casa da Misericórdia de Lisboa)
organizou para o dia 28 de junho no Centro de Congressos de Lisboa, evento que
denominou de “Jornadas Preparatórias da
Conferência da UNECE” sob o tema “Uma
sociedade para todas as idades – Realizar o potencial da longevidade”.
Os
organizadores diziam que, nos dias 20, 21 e 22 de setembro de 2017, se
realizaria em Lisboa a Conferência Ministerial da UNECE (Comissão Económica das Nações Unidas
para a Europa) sobre o
Envelhecimento 2017, com a presença de mais de 60 países para avaliar a Declaração de Madrid sobre o Envelhecimento
(2002). Trata-se de um processo que ocorre a cada cinco anos, tendo as últimas
reuniões de avaliação decorrido em León e Viena.
Salientavam tratar-se
de “um momento único e absolutamente excecional, que permite perceber os
avanços, os sucessos, os insucessos e sobretudo os caminhos novos que a
realidade obriga a trilhar”. Referiam que, “para Portugal é de igual modo uma
oportunidade para acolher um fórum de enorme dimensão pelo que representa de
emblemático na discussão e aprofundamento das políticas dirigidas à longevidade
e ao envelhecimento da sociedade”. E já contavam que, em paralelo, se
realizaria a “Conferência das ONG que, em todo o mundo e em particular na
Europa, se dedicam em permanência à mobilização e ao reforço da participação de
pessoas de todas as idades nas respetivas sociedades”, garantindo que a SCML
assumia, “em cooperação com instituições internacionais, a responsabilidade
pela organização da mesma”. Este evento de 28 de junho organizou-se em 3 painéis,
cada um com um tema específico: reconhecimento
do Potencial das Pessoas de Idade Avançada; incentivar a vida profissional e a capacidade de trabalhar; e assegurar o Envelhecimento com Dignidade.
Sentem que,
na verdade, “Portugal detém um dinamismo ímpar no que se refere à organização
cívica de caráter social”, sendo “milhares as instituições que dia a dia, num
esforço imenso de vontade e convicção, levam a cabo a gestão de respostas
sociais”.
Diz a SCML
que “é essa riqueza que importa convocar para o debate, para a reflexão sobre o
que se tem feito e o que se tem pela frente como desafios geracionais e
civilizacionais”. E, nesse sentido, as “Jornadas Preparatórias da Conferência
da UNECE”, visando discutir “Uma
sociedade para todas as idades – Realizar o potencial da longevidade”,
pretendem ser um contributo para a Conferência Ministerial e das ONG de
Setembro de 2017.
Por isso, a SCML
afirmava contar com a presença dos participantes convidados para que assim se
manifestasse “uma demonstração inequívoca da vitalidade e modernidade do
pensamento e das práticas das instituições portuguesas”. (cfhttps://www.ump.pt/files/files/Jornadas_01_A4.pdf)
***
Também Catarina
Furtado diz, na sua página do Facebook, que aceitou o convite para participar na
IV Conferência Ministerial da UNECE, onde estará como Embaixadora de Boa Vontade do UNFPA e para, no dia 21, moderar o
debate sobre o tema “Uma sociedade sustentável para todas as idades, realizando
o potencial de cada pessoa e vivendo mais anos”.
No painel de
discussão estarão representados 6 países: Moldávia, com Stela Grigoras,
Ministra da Saúde, Trabalho e Segurança Social; Albânia, com Merita Xhafaj,
Diretora-Geral das Políticas Sociais; Bielorrússia, com Darya Tsaryk, Abrigo
para sobreviventes de Violência Doméstica “Radzislava”; Bósnia e Herzegovina,
com Sejdefa Basic-Catic, Parceria no domínio da Saúde Pública; Geórgia, com Nino
Odisharia, Chefe do Departamento de Segurança Social, Ministro do Trabalho,
Saúde e Assuntos Sociais; e Sérvia, com Natasa Todorovic, Cruz Vermelha Sérvia.
No fim, para concluir o debate,
virá a reflexão em torno da pergunta: “Como
estão os países do leste Europeu e Ásia Central depois do MIPAA (Plano de Ação de Madrid sobre o Envelhecimento)?” por parte de Alanna Armitage (Diretora Regional para a Europa do
Leste e Ásia Central do UNFPA).
Sem esquecer
o potencial de mudança e realização de cada pessoa – diz – precisamos de
diálogo intergeracional que tenha em conta os direitos humanos fundamentais. E
este é, segundo Catarina Furtado, um debate que tem como objetivo agitar
consciências, responsabilizar e sensibilizar a sociedade civil e responsáveis de
políticas, num país, como o nosso, com mais de dois milhões de pessoas idosas,
numa Europa envelhecida, num mundo com mais de 7 mil milhões de pessoas e onde
muitas não veem reconhecidos os seus direitos.
(cf https://www.facebook.com/catarinafurtado.oficial/).
***
Será uma conferência promissora, que esperamos venha a constituir um fórum de
reflexão com utilidade para o bem-estar das pessoas e as motive a um
envelhecimento sem sobressaltos, traumas ou desilusões, mas a encarar esta fase
com naturalidade e a continuar a dar um contributo peculiar para a causa da
humanidade em presença, trabalho (dentro do possível), intervenção e simpatia.
2017.09.20 – Louro de Carvalho
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