A evocação litúrgica e decorativa da
canonização
Na missa dominical do passado dia 14, no Recinto de
Oração, presidida pelo Padre Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário de Fátima, e
em que participaram 27 grupos de peregrinos, fez-se memória de Paulo VI, o
primeiro Papa a visitar a Cova da Iria, e foram usadas as alfaias litúrgicas por
ele oferecidas a este Santuário mariano.
Na homilia, o presidente da celebração instou os
participantes a profunda reflexão sobre as “prioridades e sobre as opções que
daí decorrem”, isto porque a liturgia do dia exortava “a eleger Jesus Cristo
como prioridade da nossa vida”, sendo que a sabedoria reside mesmo nisto: “deixarmo-nos
guiar por Ele nas nossas opções e decisões”. Por outro lado, disse o Reitor, “a
fé, que leva ao seguimento de Jesus, implica sempre quer a coragem de renunciar
às nossas seguranças, quer a confiança n’Aquele em quem se acredita”, ao mesmo
tempo que nos indica “as prioridades, que devem guiar as nossas opções e
escolhas”, pois “qualquer escolha significa sempre e necessariamente eleger um
caminho ou uma atitude, em detrimento de outros caminhos ou atitudes”. Assim, o
Evangelho desafia o crente a escolher como prioridade “o seguimento de Jesus
Cristo, da sua vontade, do seu exemplo, como critério fundamental que guia as
nossas opções, as nossas escolhas”. E o Padre Cabecinhas vincou:
“É uma questão de prioridades, ser cristão,
ser seguidor, discípulo de Jesus Cristo, é ter como prioridade, como objetivo
mais importante, como valor fundamental, a vontade de Deus, a comunhão com Deus”.
Entretanto, deve ter-se em conta que “Jesus não é
concorrente com os nossos afetos e a vontade de Deus não se opõe ao que constitui
já a nossa vida”, nem significa “ignorar a família ou desvalorizá-la”. Mas o
presidente da celebração especificou:
“Significa viver a vida familiar a partir de
Deus; não significa não procurar os bens necessários para uma vida digna,
significa ter a vontade de Deus, transmitida por Jesus, como guia seguro também
no trabalho; não significa renunciar a procurar realização profissional. Significa
não deixar que isso se sobreponha aos valores mais importantes que devem
nortear a nossa vida e o nosso agir.”.
Sobre a Mensagem de Fátima, o Padre Cabecinhas
sublinha que se centra “na primazia de Deus nas nossas vidas, na prioridade que
Lhe demos dar e que só Ele deve ter”, tendo os Pastorinhos sido um bom exemplo
do que significa dar a prioridade a Deus.
No final da missa, os peregrinos foram ainda convidados
a rezar a oração que São Paulo VI fez em Fátima, escrita numa pagela
distribuída no início da celebração.
***
São Paulo VI (1897-1978) foi o primeiro Papa a visitar Fátima a 13 de maio de
1967, por ocasião do cinquentenário das Aparições. Na celebração litúrgica
associada à canonização e evocativa da visita papal foram utilizadas as alfaias
litúrgicas oferecidas ao Santuário pelo Papa na sua peregrinação: o Cálice (juntamente
com a Patena) e o Cibório
(ou píxide) – obras da casa Giovanni Tosi, executadas em ouro e
esmalte vermelho escuro, que apresentam (Cálice e Cibório) pé́ cónico, sobre base circular, sob a qual foi
gravado o brasão pontifício paulino. Estas alfaias integram o acervo do
Museu do Santuário, encontrando-se na exposição permanente “Fátima Luz e Paz”.
Também a estátua do Pontífice, que encerrou o Concilio
Vaticano II, da autoria de Joaquim Correia e que se encontra no alto do Recinto
de Oração, tem a partir do passado dia 14, uma ornamentação especial. O
conjunto – tocheiro e floreira – parte do princípio de desenho utilizado junto
da imagem de São João Paulo II e é igualmente conceção da
arquiteta Joana Delgado. O tocheiro destaca-se do lado direito da imagem.
A floreira é uma peça única, em pedra calcária, toda ela baixa. Enquadrando
a inscrição existente na base, a parte da floreira, cuja
ornamentação será garantida pelo Santuário, sobressai cerca de 5cm
relativamente à pedra.
***
O primeiro papa a peregrinar para o Santuário
de Fátima de que se mostrou amigo
São Paulo VI foi o primeiro Papa a fazer viagens
internacionais, entre as quais uma visita a Fátima, em Portugal, onde deixou um
acutilante e suplicante apelo à construção da Paz:
“A nossa oração, depois de se ter
dirigido ao céu, dirige-se aos homens de todo o mundo: Homens, dizemos neste
momento singular, procurai ser dignos do dom divino da paz. Homens, sede
homens. Homens, sede bons, sede cordatos, abri-vos à consideração do bem total
do mundo. Homens, sede magnânimos. Homens, procurai ver o vosso prestígio e o
vosso interesse, não como contrários ao prestígio e ao interesse dos outros,
mas como solidários com eles. Homens, não penseis em projetos de destruição e
de morte, de revolução e de violência; pensai em projetos de conforto comum e
de colaboração solidária. Homens, pensai na gravidade e na grandeza desta hora,
que pode ser decisiva para a história da geração presente e futura; e recomeçai
a aproximar-vos uns dos outros com intenções de construir um mundo novo; sim,
um mundo de homens verdadeiros, o qual é impossível de conseguir se não tem o
sol de Deus no seu horizonte. Homens, escutai, através da Nossa humilde e
trémula voz, o eco vigoroso da Palavra de Cristo: Bem-aventurados os mansos,
porque possuirão a terra, bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados
filhos de Deus.” (Da homilia de Paulo VI, na Missa, 13 de maio de 1967).
Uma primeira mostra do carinho paulino pelo Santuário
fatimita foi revelada no encerramento da 3.ª sessão do Concílio Vaticano II, com
a proclamação, por parte de Paulo VI, de Nossa Senhora como “Mãe da Igreja” e o
anúncio da oferta da Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima, com as seguintes
palavras:
“Resolvemos
enviar proximamente, por meio de uma missão especial, a Rosa de Ouro ao
Santuário de Nossa Senhora de Fátima, tão caro não só ao povo da nobre nação
portuguesa... como também conhecido e venerado pelos fiéis de todo o mundo
católico. Destarte, também nós pretendemos confiar aos cuidados da celeste Mãe
a inteira família humana...”.
Também no dia da sua partida para Fátima, publicou a
Exortação Apostólica Signum Magnum sobre o culto da Virgem Maria,
Mãe da Igreja e modelo de virtudes, com o exortação explícita a todos os
cristãos “a renovar pessoalmente a sua
própria consagração ao Coração Imaculado da Mãe da Igreja”, aspeto central
da mensagem de Fátima.
***
Dados biográficos de São Paulo VI
Como o nome de Giovanni Battista Montini nasceu em Concesio, Bréscia,
na Lombardia, e foi ordenado sacerdote ainda antes de completar 23 anos, em
1920, tendo feito doutoramentos em filosofia, direito civil e direito canónico.
Esteve ao serviço diplomático da Santa Sé e da
pastoral universitária italiana, tendo vivido a II Guerra Mundial no Vaticano,
onde se ocupou da ajuda a refugiados e a judeus. E, após o conflito, colaborou
na fundação da Associação Católica de Trabalhadores Italianos, antes de ser
nomeado Arcebispo de Milão, em 1954. São João XXIII criou-o cardeal em 1958, o
que o levou a participar nos trabalhos preparatórios do Concílio.
Eleito Papa a 21 de junho de 1963, escolheu o nome de
Paulo VI, e assumiu o timão do Concílio guiando, entre várias dificuldades, a
Igreja para o diálogo com o mundo da contemporaneidade e para a refontalização
evangélica no respeito pela genuína tradição. Entretanto, escreveu sete
encíclicas, entre as quais a ‘Ecclesiam
suam’, sobre os caminhos da Igreja, a ‘Populorum progressio’ (1967), sobre o desenvolvimento dos povos, e a ‘Humanae
vitae’ (1968), sobre a regulação da natalidade,
produziu várias exortações apostólicas, com relevo para a ‘Marialis cultus’, para a reta ordenação e desenvolvimento do culto
à bem-aventurada Virgem Maria, e a ‘Evangelii
nuntiandi’ (1978), sobre a
evangelização no mundo contemporâneo, e instituiu o Sínodo dos Bispos e o Dia
Mundial da Paz.
Falecido em Castel Gandolfo a 6 de agosto de 1978,
festa da Transfiguração do Senhor, foi beatificado a 19 de outubro de 2014 e canonizado
no passado dia 14 de outubro, tornando-se no quarto Pontífice do século XX a
ser canonizado, depois de Pio X, João XXIII e João Paulo II.
A biografia divulgada pelo Vaticano aquando da sua beatificação
referia que Paulo VI “sofreu muito por causa das crises que afetaram
repetidamente o corpo da Igreja”, durante a sua vida, tendo respondido com “uma
corajosa transmissão da fé, garantindo a solidez doutrinal num período de
mudanças ideológicas”. E “manifestou uma grande capacidade de mediação em todos
os campos, foi prudente nas decisões, tenaz na afirmação dos princípios,
compreensivo com as fraquezas humanas”.
Por seu turno, a biografia divulgada a propósito da
canonização salienta a sua ação junto dos perseguidos durante a II Guerra
Mundial, a sua proximidade para com os afastados da Igreja e os marginalizados
e a sua entrega ao “anúncio do Evangelho, testemunhando com paixão o seu amor
ao Senhor e a Igreja”.
A 7 de março de 2018 o Papa Francisco aprovou um
milagre atribuído à intercessão do Beato Paulo VI abrindo assim caminho à sua
canonização.
***
A vinda de Paulo
VI veio a Fátima levou Fátima ao mundo
O anúncio da
concessão da Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima, na conclusão da 3.ª
sessão do Concílio Vaticano II, a 21 de novembro de 1965, foi o primeiro
ato público de Paulo VI para com Fátima. Foi o Cardeal Ferdinando Cento, legado
pontifício, que fez a entrega desta “expressão de particular reconhecimento por
serviços prestados à Igreja”, a 13 de maio do ano seguinte. Contudo, a presença
do Papa na Cova da Iria viria a concretizar-se daí a dois anos: a 13 de maio de
1967, tornando-o, assim, no primeiro Papa peregrino de Fátima aonde veio rezar
pela Igreja e pela paz, pondo Fátima no centro do mundo católico.
A sua vinda a Fátima para o Cinquentenário das Aparições foi tornada
pública pela Santa Sé apenas 10 dias antes, não se prevendo que ele viesse, até
porque nomeara como seu
legado a latere o Cardeal Dom José da
Costa Nunes para presidir às solenidades da Peregrinação Aniversária. Porém, a
3 de maio de 1967, um ano após o convite do episcopado português para que o
Pontífice estivesse na Cova da Iria por ocasião da efeméride, o próprio
confirmava a sua vinda a Fátima, “para
honrar Maria Santíssima e para invocar a sua intercessão a favor da paz da
Igreja e do Mundo”.
A ocasião não
podia ser mais oportuna. Além do cinquentenário da 1.ª Aparição da Virgem, o
Papa preparava-se para publicar a Exortação Pastoral ‘Signum magnum’, já referida. Por outro lado, as relações entre o Governo
português de então e a Santa Sé passavam por um momento delicado, em parte,
devido à guerra colonial e à presença do Papa, 4 anos antes, no congresso
eucarístico na Índia, onde se situava Goa, que era o patriarcado do oriente e
uma das possessões ultramarinas então ainda reclamadas pelo executivo
português.
Em todo o caso, compareceram em Monte Real, onde o avião da
TAP aterrou, como em Fátima, (após ter sobrevoado a Cova da
Iria, cuja
multidão aclamou entusiasticamente o Papa com o acenar de lenços brancos) o Presidente da República, o
Presidente do Conselho de Ministros, outras altas individualidades civis e
militares, juntamente com o Bispo de Leiria, o Núncio Apostólico e muito povo. O Presidente da República, depois dos cumprimentos, proferiu
uma saudação de boas-vindas, que o Santo Padre agradeceu
comovidamente, evocando a vinda de peregrinos de todo o mundo a
Fátima, a Portugal, em contraponto à partida de muitos
portugueses para longínquas terras a anunciar o
Evangelho, e enunciou o seu propósito de peregrino da paz:
“É Nosso ardente
desejo render homenagem filial à excelsa Mãe de Deus, na Cova de Iria. Para lá
encaminharemos agora os Nossos passos, com espírito de oração e de penitência,
para suplicar a Nossa Senhora de Fátima que faça reinar na Igreja e no mundo o
inestimável bem da paz.”.
E, em tempo
de raridade das viagens pontifícias, a vinda de Paulo VI a Fátima – a 4.ª do
seu pontificado – encontrou, desde logo, resistência no Vaticano. O cardeal Dom
António Marto deu conta dessa oposição, no passado dia 12, na conferência de
imprensa da última Peregrinação Aniversária de 2018, ao revelar uma informação
do Cardeal Giovanni Battista Re, que na altura estava no serviço diplomático da
Santa Sé e que lhe referiu pessoalmente que Paulo VI “veio a Fátima por uma decisão total e estritamente pessoal, contra a
opinião de toda cúria romana”.
O Bispo de
Leiria-Fátima, que então era um jovem, ainda hoje recorda as palavras lapidares
que o Santo Padre deixou em Fátima na sua homilia:
“Homens,
(…) procurai ser dignos do dom divino da paz. Homens, sede homens. Homens, sede
bons, sede cordatos, abri-vos à consideração do bem total do mundo”.
***
A paz e a unidade da Igreja
A paz e a
unidade da Igreja foram os dois pontos fulcrais que trouxe Paulo VI à Cova
da Iria. Isso mesmo o espelha a edição de junho de 1967 do mensário “A Voz da Fátima”, que abria a 1.ª página
com o título “O Papa veio a Fátima”,
enunciando logo depois as “duas preocupações dominantes do Papa na sua
histórica peregrinação”: “a Igreja e a
paz”. Por outro lado, frisava:
“Fátima tornou-se,
agora, mais que nunca verdadeiro altar do mundo, para onde se voltam todos os
corações que buscam a paz e o bem”.
Após a visita
de Paulo VI, começou a fazer-se notar a visibilidade de Fátima logo no mês
seguinte, segundo o predito mensário, pelas inúmeras cartas, telegramas,
mensagens e petições que chegavam, de todo o mundo, ao Santuário, com pedidos
de estampas, livros, orações, e a felicitar pela forma brilhante como decorreu
a peregrinação de Sua Santidade.
Entrevistado
pelo jornal diocesano “A Voz do Domingo”,
meses após a visita, Dom João Pereira Venâncio, Bispo de Leiria, revelava o
entusiasmo com que o Papa viveu na vinda a Fátima, num testemunho de quem o
acompanhou muito de perto:
“O
povo português foi uma revelação para o Santo Padre. Nunca Sua Santidade,
decerto, imaginaria vir encontrar aqui tanta devoção à Virgem e ao Vigário de
Cristo, tanto entusiasmo, tanta alegria.”.
***
Eu vi a humanidade – disse o Papa a Jean Guitton
Monsenhor
Luciano Paulo Guerra, Reitor do Santuário de Fátima de 1973 a 2008, presente em
Fátima naquele dia 13 de maio de 1967, como locutor da Peregrinação, descreve:
“Recordo-me
de que foi um dia de muita chuva. Tenho uma vaga ideia de ter visto o Papa por
entre a multidão, que era imensa e cerrada. A memória mais pessoal que tenho
foi de me terem pedido para anunciar, ao microfone, que o Santo Padre estava a
mostrar a Irmã Lúcia às pessoas. Naquele período conciliar, fiquei surpreendido
com esta atitude do Papa de colocar a Irmã em relevo.”.
Sobre o
contacto que viu o Santo Padre ter com os peregrinos, sublinha que o Papa “ficou muitíssimo impressionado com a
multidão”, tal como o refere, no seu diário, o filósofo cristão Jean
Guitton, que, dias depois da visita, se encontrou pessoalmente com o Papa, e
ouviu as impressões do Pontífice sobre a peregrinação a Fátima:
“Foi
muito diferente das outras três visitas que eu fiz, totalmente diferente. Não
poderei resumir a minha impressão senão por uma única palavra: eu vi a humanidade. Sim, a humanidade, a
verdadeira, a humanidade no seu estado de simplicidade, de oração e de
penitência. Era a visão da reunião final, talvez a maior reunião de verdadeiros
crentes. Nunca tinha visto tal coisa neste mundo. Em Fátima a multidão ocupava
uma só cova, tendo a impressão que a humanidade, verdadeiramente, era uma.”.
A propósito
da Mensagem de Fátima, o Papa nada disse, provavelmente, como interpreta Monsenhor
Luciano Guerra, “numa vontade de querer
respeitar a sensibilidade cautelosa de uma parte importante da Igreja”.
***
Um marco e um novo fôlego para a vida de Igreja em
Portugal
Num momento
em que ainda eram vivamente discutidas na Igreja as Aparições, a vinda do Papa
“despertou um certo interesse e uma nova perspetiva sobre Fátima”, como refere
o Padre Manuel Antunes, também presente na Cova da Iria a 13 de maio de 1967.
Para este capelão do Santuário e coordenador do serviço de confissões nesse dia,
a presença de Paulo VI em Fátima foi um marco na vida da igreja católica
portuguesa, como recorda:
“A
vinda de Paulo VI marcou muito a vida religiosa da nossa gente e foi um novo
fôlego para a fé em Portugal. Também foi a partir daí que o mundo começou a
olhar mais para Fátima, porque esta visita foi vista, por muitos, como uma
confirmação das Aparições. Esse crescendo de interesse notou-se no aumento do
número de peregrinos, inclusivamente sacerdotes.”
E, refere
enaltecendo a qualidade papal de peregrino em detrimento de uma postura
política:
“Como
veio como peregrino, não tomou uma atitude diplomática, mas de pastor da
Igreja, desligando-se completamente da política. Quando entrou no Santuário,
foi uma explosão de alegria da multidão, ali presente para ver o primeiro Papa
em Fátima.”.
Por sua vez,
o Padre José Galamba de Oliveira, da diocese de Leiria, fez um breve relato na
edição de julho de 1967 do mensário “A
Voz da Fátima”, de que se destacam alguns dados.
O Papa e a sua comitiva saíram de Roma cedinho em avião da
TAP, que sobrevoou a Espanha, abordou a Cova da Iria e aterrou no aeródromo de
Monte Real às 9,53 horas. Calorosamente saudado em todo o
percurso e em especial junto das povoações dos arredores, o cortejo deteve-se na cidade de Leiria, onde o Presidente da Câmara
entregou ao Santo Padre as chaves da cidade, com uma bela mensagem de saudação
e pedido de bênção para todo o povo do concelho.
A entrada solene na Cova da Iria foi certamente a mais
extraordinária ovação que Paulo VI jamais recebeu. Proclamado o Evangelho na
Santa Missa, o Santo Padre proferiu em português uma pertinente homilia e, na
altura própria, deu a comunhão a uns 50 fiéis.
Terminada a Missa, benzeu a primeira pedra do novo Colégio
Português em Roma, recebeu os cumprimentos da Irmã Lúcia que apresentou à
multidão e ofereceu um belo rosário de prata à
Imagem de Nossa Senhora de Fátima. Feita uma oração especial pelos doentes e
dada a bênção em conjunto, saudou uma vez mais a multidão e retirou-se para a
Casa de Retiros Nossa Senhora do Carmo, onde tinha os seus aposentos e tomou a
refeição. Antes, veio uma vez mais à presença da multidão à antiga varanda do
albergue, onde recebeu nova aclamação.
A seguir, tiveram lugar audiências ao Presidente da
República, Presidente do Conselho, com alguns membros do Governo, episcopado
português, corpo diplomático, famílias reais presentes, leigos dirigentes de várias
obras católicas e um grupo de cristãos não católicos.
A despedida foi breve e afetuosa. Às 22 horas da noite,
chegou a Roma e disse:
“Encontrei em Portugal um povo bom e
piedoso. Foi uma experiência maravilhosa que mostrou o caminho para a
reconstrução do Mundo tal como o desejamos – de oração, humildade, concórdia e
boa vontade.”
***
O 13 de maio de 1967 foi, pois um marco para a Igreja em Portugal, para
Fátima e para a maior divulgação da Mensagem. “Peregrino humilde e confiante”, rezou pela “paz interior” da Igreja
e pela paz mundial” e levou ao mundo a Mensagem de paz que Nossa Senhora nos
deixou.
2018.10.16 –
Louro de Carvalho
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