Foram anunciados hoje,
dia 5 de outubro, em Oslo, na Noruega, os vencedores do Prémio Nobel da
Paz 2018. São eles o médico ginecologista congolês Denis Mukwege, que tratou com a sua
equipa cerca de 30 mil vítimas de violência sexual na República Democrática do
Congo (RDC), na África, e Nadia Murad, sobrevivente da escravidão sexual imposta pelo autoproclamado
Estado Islâmico (EI) no Iraque – que merecem o
galardão pelos seus esforços para acabar com
o uso da violência sexual como arma de guerra nos conflitos armados.
“Cada um à sua maneira tem ajudado a dar uma
maior visibilidade à violência sexual em momentos de guerra, para que os
abusadores possam ser responsabilizados pelas suas ações” – pode ler-se
no anúncio oficial do Comité Nobel.
***
Os contemplados
Mukwege, de 63 anos, passou grande parte da vida
adulta a ajudar as vítimas de violência sexual na RDC e a lutar pelos seus
direitos. Ele e a sua equipa trataram cerca de 30 mil vítimas desses ataques
desenvolvendo grande experiência no tratamento de lesões sexuais graves. Conhecido como “doutor milagre”, é um
crítico feroz do abuso sexual de mulheres (em grupo, a partir da II Guerra
Mundial) durante guerras e descreveu o
estupro como uma “arma de destruição em
massa”. É um dos
maiores especialistas mundiais na reparação e tratamento de danos físicos provocados
por violação; e, no seu Hospital Panzi, em Bukavu, trata mulheres que foram
violadas por milícias na guerra civil do Congo. E, durante os 12 anos de guerra
tratou mais de 21.000 mulheres, algumas mais do que uma vez, chegando a fazer
mais de 10 cirurgias por dia. Mais
de 50 mil mulheres vítimas de violência sexual foram ali tratadas desde 1999.
Mukwege também já foi galardoado com os prémios Olof Palme (2008), Sakharov (2014)
e veio a Portugal receber o Prémio Calouste Gulbenkian em 2015.
***
Por seu turno, Nadia Murad, de 25 anos, tornou-se uma
ativista dos direitos humanos yazidis após sobreviver a três meses de escravidão sexual imposta por integrantes do EI
no Iraque. Tendo escapado dos terroristas, em 2014, liderou uma campanha para
impedir o tráfico de seres humanos e libertar o grupo étnico-religioso yazidis,
composto por cerca de 400 mil pessoas e cujas crenças misturam componentes de
várias religiões antigas do Médio Oriente.
Estima-se que 3 mil meninas e mulheres yazidis foram
vítimas de estupro e outros abusos por parte dos extremistas no Iraque. A
violência sexual foi sistemática e fazia parte duma estratégia militar empregada
pelos terroristas contra minorias religiosas.
Nadia Murad é, desde setembro de 2016, a primeira Embaixadora
da Boa Vontade das Nações Unidas para a Dignidade
dos Sobreviventes de Tráfico Humano.
Murad, então com 21 anos, foi sequestrada pelo grupo
terrorista EI do Iraque e do Levante em agosto de 2014 e mantida como escrava
sexual na cidade de Mossul. Fugiu em novembro daquele ano, conseguindo chegar a
um campo de refugiados no norte do Iraque, e, em seguida, a Estugarda, na
Alemanha. Desde então tem sido porta-voz da causa yazidi, tal como a sua amiga
Lamia Haji Bashar, com a qual venceu, em conjunto, o Prémio Sakharov do
Parlamento Europeu em 2016.
Elas fazem parte das 3000 jovens e
mulheres yazidis vítimas de violação e de outros abusos por parte do Estado
Islâmico no Iraque, estimando-se
serem mais de 300 yazidis os desaparecidos.
A respeito da atribuição do
Nobel da Paz 2018, Berit
Reiss-Andersen, presidente do comité norueguês do Nobel, disse que esta edição pretende
enviar a mensagem de que “as mulheres,
que constituem a metade da população, são usadas como armas de guerra e
precisam de proteção; e que os responsáveis devem ser responsabilizados e
processados por suas ações”.
A respeito de Denis Mukwege, Berit Reiss-Andersen refere:
“É o símbolo
mais importante e unificador, tanto nacional como internacionalmente, da luta
para acabar com a violência sexual na guerra e nos conflitos armados. O seu
princípio básico é o de que a justiça é um assunto de todos. Homens e mulheres, oficiais e soldados,
autoridades locais, nacionais e internacionais, todos partilham a
responsabilidade de denunciar e combater esse tipo de crime de guerra. A
importância dos esforços duradouros, dedicados e abnegados do Dr. Mukwege nesse
campo não pode ser exagerada. Condenou repetidamente a impunidade por violações
em massa e criticou o governo congolês e de outros países por não fazerem o
suficiente para impedir o uso da violência sexual contra as mulheres como
estratégia e arma de guerra.”.
E, em relação a Nadia Murad, lembra:
“Em agosto de 2014, o Estado Islâmico lançou
um ataque brutal e sistemático contra as aldeias do distrito de Sinjar, com o
objetivo de exterminar a população yazidi. Na aldeia de Nadia
Murad, várias centenas de pessoas foram massacradas. As mulheres mais jovens,
incluindo crianças menores de idade, foram raptadas e mantidas como escravas
sexuais. Enquanto cativa do EI, Nadia Murad foi repetidamente submetida a
violações e outros abusos. Os seus agressores ameaçaram executá-la se ela não
se convertesse à sua versão odiosa e inumana do islão.”.
O Comité de
Oslo destacou como Nadia “recusou-se a
aceitar os códigos sociais que exigem às mulheres que fiquem em silêncio e
envergonhadas pelos abusos a que foram sujeitas”, elogiando a sua “invulgar
coragem” ao contar a sua história e falar em nome de outras vítimas.
O comité recebeu neste ano a nomeação de 216
indivíduos e 115 organizações. Somente algumas dezenas deles são conhecidas,
pois o comité mantém a lista em segredo há 50 anos.
No ano
passado, o prémio para a Campanha
Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, em inglês), pelo trabalho para a eliminação de
armamento nuclear no mundo.
Na atribuição
do prémio este ano, o Comité justificou-se com o assinalar de dez anos da
assinatura da Resolução 1820 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que
considerou pela primeira vez o uso da violência sexual como arma de guerra um
crime de guerra.
A cerimónia
de entrega do prémio está agendada para 10 de dezembro em Oslo.
***
O Prémio
Nobel da Paz
Os prémios
Nobel nasceram da vontade do sueco Alfred Nobel (1833-1896), químico, engenheiro, inventor, industrial, filantropo e inventor
da dinamite, em doar a sua imensa fortuna para o reconhecimento de
personalidades que prestassem relevantes serviços à humanidade.
O Prémio Nobel da Paz é o único Nobel anunciado em Oslo. Cabe ao Comité
Norueguês do Nobel, constituído por cinco elementos, tomar a decisão. A seleção
é feita em 1.ª instância após receberem nomeações por parte de antigos Prémios
Nobel da Paz, deputados, ministros, chefes de Estado e professores
universitários de todo o mundo. Após a primeira triagem, o Comité (que pode
acrescentar nomes) recebe relatórios sobre as pessoas e instituições por
parte dum grupo de conselheiros. A escolha final é tomada em outubro e o Comité
tenta escolher por unanimidade.
Nalguns casos, as decisões do Comité Norueguês do Nobel criaram
controvérsia. Foram, por exemplo, os casos da distinção conferida ao
norte-americano Henry Kissinger e ao vietnamita Le Duc Tho, em 1973, por terem
negociado um armistício na guerra do Vietname; o da laureação, em 1994, de Yasser
Arafat, Shimon Peres e Yitzhak Rabin pelos esforços em alcançar a paz no Médio Oriente;
o da distinção, em 2009, de Barack Obama quando o então presidente
norte-americano estava no início do seu primeiro mandato presidencial; ou, em
retrospetiva, pela não retirada do prémio à líder birmanesa Aung San Suu Kyi,
tendo em conta a perseguição ao povo rohingya.
Nas 98 vezes que foi atribuído, o Nobel da Paz distinguiu 104 pessoas e
27 organizações. O Alto Comissariado das
Nações Unidas para os Refugiados foi distinguido duas vezes, em 1954 e
1981. Mas o recordista é o Comité Internacional da Cruz Vermelha, tendo
recebido o Prémio três vezes (1917, 1944 e 1963).
Ao longo da história, o Prémio Nobel da Paz foi atribuído a
personalidades como Martin Luther King, Nelson Mandela, Mikhail Gorbachev,
Madre Teresa de Calcutá ou Willy Brandt.
Na lista dos
prémios Nobel da Paz constam apenas 16 mulheres, incluindo
a mais jovem laureada de sempre, a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, que
tinha 17 anos quando recebeu a distinção em 2014.
O prémio tem
atualmente um valor monetário de 9 milhões de coroas suecas (cerca de 1 milhão de dólares ou 873
mil euros) e foi
atribuído pela primeira vez em 1901. Desde então, foram atribuídos 98 prémios
Nobel da Paz num total de 131 laureados (104 indivíduos e 27 organizações). Não foi atribuído em 19 ocasiões,
nomeadamente durante o período da I e da II Guerra Mundial. E a última vez que o Comité Norueguês do Nobel
deixou o papel em branco foi em 1972.
***
Bruxelas felicita “trabalho nobre” de
vencedores do Prémio Nobel da Paz
A Comissão Europeia felicitou hoje, dia 5 de outubro,
os vencedores do Prémio Nobel da Paz, o médico congolês Denis Mukewe e a
ativista yazidi de direitos humanos Nadia Murad, pelo “trabalho verdadeiramente nobre” contra a violência sexual como arma
de guerra.
A este respeito, a porta-voz do executivo comunitário Natasha Bertaud
declarou:
“Damos as mais sinceras felicitações aos
vencedores do Prémio Nobel da Paz, Denis Mukewe e Nadia Murad, pelo seu
trabalho verdadeiramente nobre de luta contra o uso da violência sexual como
uma arma de guerra”.
E lembrou que os dois vencedores do Nobel foram já
galardoados, pelo Parlamento Europeu, com o prémio Sakharov para a Liberdade de
Pensamento (sobretudo na
defesa dos direitos humanos), Nadia Murad em 2016 e Denis Mukewe em 2014.
***
Testemunho dos laureados
Em 2014, na cerimónia de entrega do Prémio Sakharov, Mukwege, falando
no Parlamento Europeu sobre como, na RDC, mas também em muitos outros locais, “o
corpo da mulher é transformado num verdadeiro campo de batalha”, dizia
que, em cada mulher violada via a sua mulher, em cada mãe violada via a sua mãe
e em cada criança violada via os próprios filhos. Por isso não podia calar a
sua voz. E perguntava:
“Como é que conseguimos dormir tranquilos
quando nos entregam uma bebé de seis meses com a vagina destruída pela penetração
brutal de um adulto, por objetos ou produtos químicos?”.
Vincando que “gostaria de não ter de falar mais destes crimes
horrorosos” de que são vítimas as suas “contemporâneas”, questionava como podia
calar a sua voz quando sabemos que estes crimes contra a humanidade são planeados
por razões económicas.
Depois, acentuando que a RDC é “um
dos países mais ricos do planeta”, referia que “a maioria dos seus habitantes vive (e vive) numa pobreza extrema”. Com efeito, na RDC
encontram-se cerca de 80% das reservas mundiais de tântalo, um mineral raro
usado no fabrico de componentes de telemóvel, mas a sua exploração serve para
alimentar o conflito. E sustentou que “as
atrocidades surgem como algo de banal” e “o povo congolês tem sede de
justiça”. E, apelando à revitalização do acordo de paz de Adis Abeba,
assinado em 2013 entre o governo da República Democrática do Congo e o grupo
rebelde M23, referiu que não haveria “paz e desenvolvimento social e económico
sem respeito pelos direitos humanos”. E, apelando ao fim da violação como “arma
de guerra”, disse aos eurodeputados:
“Com este prémio, o Parlamento Europeu
resolveu dar maior visibilidade à mulher congolesa. Reconheceu o seu
sofrimento, mas também a coragem que encarnam. […] Este prémio não terá contudo
qualquer significado para as vítimas de violência sexual se vós não vos juntardes
a nós na nossa procura por paz, justiça e democracia.”.
No final, nas tribunas, os congoleses que assistiram à cerimónia
despediram-se do médico com um cântico “Deus
escolheu-te. Trabalha por ele com o teu coração, o teu espírito.”.
***
Quando, no verão de 2014, os combatentes do EI cercaram a sua aldeia,
no Norte do Iraque, Nadia tinha 21 anos. Após um cerco de duas semanas, o EI
reuniu os habitantes de Kocho na escola primária. As mulheres foram separadas
dos homens, que foram levados em carrinhas e assassinados; e as jovens foram
vendidas como escravas. Nadia teve vários proprietários. Foi violada e
espancada. Quando se fartavam dela, vendiam‑na, ofereciam‑na a outro ou
entregavam‑na para entretenimento dos guardas. Durante vários meses de
cativeiro, foi serva doméstica, mercadoria em feira de escravos de Mossul,
brinquedo sexual nos postos fronteiriços, para combatentes de passagem. Quando
conseguiu a fuga, com a ajuda duma família muçulmana, descobriu o assassinato dos
pais, familiares e amigos. Decidiu contar a história, denunciando o genocídio
planeado e perpetrado pelo EI sobre os yazidis. Foi nomeada pela ONU
embaixadora da Boa Vontade para a Dignidade
dos Sobreviventes de Tráfico de Seres Humanos, escreveu o livro “Eu Serei a Última”, editado em Portugal
pela Objectiva. A “Notícias Magazine” conseguiu uma
entrevista com a ativista em Berlim, onde vive, de que se anotam as informações
mais pertinentes.
Quando o EI chegou a Mossul, os cerca de dois milhões de habitantes da cidade
podiam ter deixado o território do EI, mas a maioria decidiu ficar continuando com
a vida normal de todos os dias. Porém, muitos cristãos e xiitas abandonaram essas
áreas. Para os sunitas teria sido muito mais fácil, mas eles optaram por não o
fazer.
As pessoas viam as mulheres yazidis serem
levadas em camiões, amontoadas como animais e a gritar por socorro, mas não
faziam nada, pois “mesmo aqueles que não estavam a combater, nem
participaram nas violações de mulheres, tiravam proveito da situação, porque
saquearam as propriedades dos yazidis e dos cristãos” ou “simplesmente não
quiseram ter problemas”. Ora, segundo a ativista, quem assiste a um crime e não
denuncia, nem ajuda a vítima, é cúmplice do crime. E, as pessoas poderiam ter
agido, ter‑se revoltado ou ter abandonado a cidade.
A maior parte dos que ajudaram raparigas yazidis
a escapar não o fizeram desinteressadamente, mas para receber as recompensas
pagas pelas famílias delas (chegaram a ser de 10 mil dólares por cada uma). E “a desculpa da coligação internacional para não ter bombardeado mais cedo
as posições do EI foi de que havia demasiados civis na cidade”. De facto, “se
tivessem saído, quando podiam, a libertação teria acontecido mais cedo”. Por
outro lado, os civis poderiam ter ajudado as raparigas yazidis a fugir e, mesmo
hoje, podiam testemunhar em tribunal contra vizinhos que tiveram como escravas mulheres
ou crianças, mas não o fazem.
Quanto à situação de muitas crianças, diz Nadia Murad:
“As crianças foram submetidas a lavagens ao cérebro. Ainda hoje há
muitas em Mossul, a viver com as famílias que as compraram há três anos. Esses
meninos não sabem quem são os seus verdadeiros pais e também não apareceu ninguém, em Mossul ou outras
zonas que estiveram sob o controlo do EI, a dizer que essas crianças não lhe
pertencem e que deveriam ser devolvidas às famílias de origem.”.
E, segundo Murad, outras crianças, como
aconteceu com Malik, seu sobrinho, foram transformadas em combatentes e não
querem voltar. Malik, capturado com 11 anos, quando o EI chegou à
aldeia, foi levado para um campo de treino e ficou completamente dominado
mentalmente pelos que lhe assassinaram a maior parte da família e do seu
próprio povo, dizendo que é muçulmano e que pretende continuar a combater pelo
EI.
Segundo as leis do próprio EI, as mulheres ‘infiéis’
podem ser raptadas e escravizadas, mas são separadas dos filhos pequenos, dado
que “deverão ter percebido que elas tentariam ensinar os filhos a manterem a
sua identidade”, pelo que “acharam melhor leva‑los, para os submeterem a
lavagens ao cérebro”.
Quando os combatentes do EI chegaram à aldeia
de Kocho, não atacaram logo. Mantiveram um cerco de duas semanas, enquanto
executavam massacres noutros lugares, porque “estavam ocupados
tentando apanhar os que tinham fugido para a montanha e roubando as propriedades
das pessoas noutras regiões, porque sabiam que os habitantes da aldeia estavam
cercados e dali não podiam fugir”. Voltariam então mais tarde para
tratar deles.
Tudo isto mostra que os crimes cometidos contra
os yazidis não foram só resultado de abusos generalizados dos combatentes, mas de
genocídio planeado superiormente. De facto, o genocídio foi planeado, não ocorreu
por acaso, porque aquilo que fizeram aos yazidis não o fizeram a mais ninguém:
não o fizeram a muçulmanos, nem a curdos muçulmanos nem a cristãos. “Quando mandavam parar as pessoas perguntavam
se eram yazidis. Se sim, matavam os homens e raptavam as mulheres. Aos outros
deixavam‑nos ir.”.
Nenhuma sobrevivente contou ter sido ajudada
por uma mulher. Pelo contrário, acusam‑nas de serem ainda mais brutais do que
os maridos. Todos os elementos do EI, desde os líderes aos guardas, se comportavam
do mesmo modo. Abusavam das mulheres sem culpa, como se fosse uma coisa
natural. E as mulheres, esposas e
filhas desses elementos do EI aceitaram as raparigas que foram levadas
para as suas casas como escravas. Os crimes foram cometidos à sua frente ou
foram mesmo da sua responsabilidade. Estas mulheres poderiam ter abandonado os
maridos, que eram criminosos. Mas quase sempre ficaram com eles.
Os captores diziam a Nadia que não valia a pena tentar fugir, porque a
sua comunidade nunca a aceitaria de volta. Era a tática usada principalmente
com as mulheres mais jovens, para as intimidarem. Mas houve 6500 mulheres
escravizadas pelo EI. Depois de libertadas, foram respeitadas pela comunidade e
aceites pelos maridos, pois os líderes da comunidade perceberam que elas são
vítimas, não culpadas.
E Nadia refere sobre se aquilo que se passou teve consequências,
nomeadamente quanto a diferente visão da mulher ou a formação de um movimento
libertador da mulher:
“Os yazidis são muito conservadores quanto
ao papel das mulheres, mas nisso não somos diferentes do resto do país. A nossa
situação no Iraque já é muito difícil, com a hostilidade e violência entre os
vários grupos étnicos e religiosos. Criarmos um movimento para dar mais
direitos às mulheres colocar‑nos‑ia numa posição ainda mais desfavorável. Só
serviria para trazer mais problemas à região.”.
***
Oxalá que a atribuição do Prémio Nobel da Paz
2018 constitua um sobressalto humanitário, porque esta situação de pecado clama
aos Céus!
2018.10.05 – Louro de Carvalho
Sem comentários:
Enviar um comentário