sábado, 20 de outubro de 2018

“Pela Paz, todos não somos demais”


Decorreu hoje, dia 20 de outubro, entre as 9,30 e as 16,45 horas, no Pavilhão Paz e  Amizade, em Loures, o encontro ‘Pela Paz, todos não somos demais’, iniciativa do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) com diversificadas organizações sociais, designadamente movimentos antifascistas, católicos e de municípios, de acordo com os valores consagrados na Constituição da República Portuguesa (CRP) e na Carta das Nações Unidas – na certeza de que a causa da Paz sairá mais enriquecida e reforçada em resultado da reflexão conjunta e do amplo contributo de todos.
Na verdade, o CPPC, consciente de que “é imperioso encontrar as respostas mais adequadas para enfrentar as sérias ameaças à Paz que, no momento presente, pairam sobre a Humanidade”, tomou a iniciativa de promover um Encontro pela Paz, conjuntamente com diversificadas organizações sociais que, na prática quotidiana, tomam clara e inequívoca posição pública contra a guerra e manifestam sincera determinação em defender os valores da Paz.
Segundo a agência Ecclesia, estas organizações na sua prática quotidiana, tomam “clara e inequívoca posição pública contra a guerra e manifestam sincera determinação em defender os valores da paz, conscientes de que é imperioso encontrar as respostas mais adequadas para enfrentar as sérias ameaças à paz que, no momento presente, pairam sobre a humanidade”.
O encontro, que se constituiu em momento de discutir e debater o reforço da luta pela paz, trabalhou em plenário com três sessões: Paz e Desarmamento; Cultura e educação para a paz; e Solidariedade e cooperação.
Para lá das intervenções e do debate, o encontro integrou, em conformidade com o programa, momentos musicais e culturais e pavilhões das organizações promotoras e de entidades locais. Houve autocarros a partir do Porto, Seixal, Almada e Coimbra e um vaivém entre a estação do Senhor Roubado e o Pavilhão Paz e Amizade.
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Este encontro surgiu da convergência criada na respetiva Comissão Promotora encabeçada pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e constituída, além da Câmara Municipal de Loures, por: CGTP-IN (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional); CPCCRD (Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto); Fenprof (Federação Nacional de Professores); JOC (Juventude Operária Católica); MTC/LOC (Movimento de Trabalhadores Cristãos/Liga Operária Católica); MMP (Movimento de Municípios pela Paz); MDM (Movimento Democrático de Mulheres); MPPM (Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente); Pastoral Operária; e URAP (União de Resistentes Antifascistas Portugueses).
A estas 12 entidades promotoras associaram-se, entretanto, 33 organizações e movimentos, nomeadamente a Cáritas Portuguesa, a Voz do Operário, o Movimento Erradicar a Pobreza, a Associação Conquistas da Revolução, a Associação de Amizade Portugal-Cuba, a Associação Portuguesa de Deficientes, a Associação Portuguesa de Juristas Democratas e, entre outros, autarquias como as câmaras municipais do Porto, de Soure e do Seixal.
É ainda de indicar a designação dos atuais 20 componentes do MMP (Movimento dos Municípios pela Paz): Almada, Alcochete, Barreiro, Évora, Grândola, Lagoa, Loulé, Loures, Moita, Montemor-o-Novo, Oliveira de Azeméis, Ourém, Palmela, Peniche, Seixal, Silves, Sines, Soure, Viana do Alentejo e Vila Real de Santo António. 
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A respeito do encontro, Ilda Figueiredo, presidente do CPPC, revelou ao AbrilAbril”, quando já estavam inscritos cerca de 400 participantes, de Norte a Sul do país:
O objetivo que tínhamos para este encontro, de alargar a mobilização das pessoas e das organizações em defesa da paz, está a avançar. Consideramos que este é um passo no caminho do reforço do movimento da paz em Portugal, tendo em conta os objetivos que a Constituição da República Portuguesa (CRP) defende no seu artigo sétimo.”.
A dirigente reconhece que a iniciativa tem “muito valor” pelo caminho que se está a fazer nesta convergência de esforços e de vontades na defesa da paz, face às “preocupantes evoluções” da situação internacional, como o reforço do militarismo, destacando como áreas de trabalho a luta pela assinatura e ratificação do Tratado de Proibição de Armas Nucleares e a dissolução de blocos político-militares, tal como consagram a CRP e a Carta das Nações Unidas.
Recorde-se que o Tratado de Proibição de Armas Nucleares foi aprovado por 122 países numa conferência das Nações Unidas, em 7 de Julho de 2017. Porém, nenhum dos países detentores de armas nucleares participou nessa conferência. E apenas um membro da NATO, a Holanda, votou contra o texto final. 
Também do ponto de vista da presidente do CPPC, a participação de movimentos católicos é “importante” e reveladora de como a “preocupação das pessoas com a defesa da paz envolve organizações muito diversas e está a contribuir para alargar o movimento pela paz”.
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Por seu turno, Deolinda Machado, dirigente do MTC/LOC na diocese de Lisboa e membro da presidência do CPPC, reconhece que há cerca de 20 anos que não se realizavam iniciativas coorganizadas pela CPPP e por movimentos católicos. Mas que, lutando pelo objetivo da paz, “fazia todo o sentido haver uma organização conjunta, e foi isso que veio a acontecer”.
A também dirigente sindical da CGTP-IN adianta:
Os populismos que vemos surgir no plano internacional requerem uma militância ativa e permanente, capaz de ir à raiz do problema, designadamente às políticas que primeiro foram desenvolvidas para que estes populismos pudessem ver a luz do dia e encontrar eco nas populações menos esclarecidas e com grandes dificuldades”.
Como foi referido, o encontro organizou-se em torno de três temas centrais: “Paz e desarmamento”, “Cultura e Educação para a Paz” e “Solidariedade e Cooperação”. Sobre o primeiro, que dominou o período da manhã, Deolinda Machado sustentou que a paz é a melhor arma que podemos utilizar. E, evidenciando que são indissociáveis as questões da paz e da justiça social, declarou:
Uma cultura de paz dar-nos-á um mundo muito mais seguro. E essa é que é a verdadeira arma do povo. É a liberdade, é a soberania, ter emprego, ter um salário devidamente atribuído, ter habitação. […]. No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, percebemos que não há paz nem justiça, que não há justiça sem políticas que façam com que as pessoas tenham verdadeira liberdade de ação e de intervenção, porque lhes falta o que é básico numa sociedade: a habitação, o pão, a saúde, a educação... como diz a canção”.
(https://www.abrilabril.pt/nacional/um-encontro-que-e-ja-um-marco-na-luta-pela-paz)
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Bernardino Soares, presidente da Câmara Municipal de Loures, salientou o lado significativo da iniciativa a decorrer no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, por se tratar dum espaço “emblemático” cuja designação não é casual. Com efeito, segundo indicou, “quando foi construído, há mais de 30 anos, incorporou esses valores da paz no trabalho do município”.
Sobre a participação e envolvimento no encontro, mas também no Movimento dos Municípios pela Paz, Bernardino Soares sustentou:
Não podemos estar indiferentes ao que se passa já com maior intensidade nalguns países, nem pensar que o nosso país está salvaguardado dos problemas que afetam a paz no mundo, dos conflitos e ingerências que são uma marca possante na política internacional”. […]. Também nos parece que os municípios podem e devem ter um papel importante na promoção da cultura da paz e da soberania. O fomento dessa cultura, a informação, a presença do tema da paz nas populações e nas escolas é uma tarefa que os municípios têm que tomar em mãos também.”.
O Município de Loures, para além deste encontro, que Bernardino classifica como “um ponto muito alto” do trabalho que tem vindo a desenvolver há já vários anos em cooperação com CPPC e outras entidades, tem vindo a “apoiar a realização de várias exposições relativamente a vários temas relacionados com a temática da paz como a II Guerra Mundial e a Primeira Grande Guerra e os seus efeitos”. E Bernardino refere:
Tem havido várias exposições e iniciativas à volta desta temática e também sessões em escolas e noutros locais, em que se tem trabalhado para promover a cultura da paz, para divulgar estes valores e para alertar os mais jovens, e os menos jovens também, que a paz não está garantida e que deve continuar a ser um objetivo de todos”.
E, referindo o lema do encontro “Pela Paz, todos não somos demais”, conclui:
Enquanto município queremos fazer parte desse movimento que luta pela paz e alerta para a necessidade de a  preservarmos”.
O propósito é corroborado por Joaquim Santos, presidente da Câmara Municipal do Seixal e do MMP. Criada há dois anos, a plataforma reúne atualmente 20 autarquias numa lógica de trabalho dedicada a consciencializar a população para a importância da paz, da cooperação e solidariedade entre os povos. E frisa Joaquim Santos:
O movimento pretende afirmar este pressuposto de que sem paz não haverá possibilidade de construir concelhos, territórios, cidades, com todas as condições para as pessoas serem felizes e viverem a sua vida”.
Não obstante o trabalho intermunicipal que o movimento prevê, o autarca releva o que tem sido realizado pelo seu município, designadamente sobre a Venezuela, e revela que em novembro o tema será a Palestina, estando previsto um colóquio e uma exposição.
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Segundo a CGTP-IN, a luta pela paz é indissociável da luta dos trabalhadores por melhores condições de vida e de trabalho, pois só em paz é possível o desenvolvimento de um país e a criação de emprego com direitos que permita o desenvolvimento social.
Para esta organização sindical, o Encontro pela Paz tem como objetivo geral “contribuir para a promoção da mobilização e intervenção em defesa da Paz e pela rejeição do militarismo, da corrida aos armamentos, e da guerra, tendo presente os princípios constantes na Constituição da República Portuguesa e na Carta das Nações Unidas”. E, duma penada, refere os seguintes itens:
Quanto a “Paz e Desarmamento”, rejeição do militarismo, da corrida aos armamentos e da guerra; encerramento das bases militares estrangeiras; abolição das armas nucleares e outras armas de destruição massiva; dissolução de blocos político-militares como previsto na CRP; defesa da Paz; desanuviamento das relações internacionais; desarmamento universal, simultâneo e controlado; respeito dos princípios da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional.
No atinente a “Cultura e Educação Para a Paz”, defesa da Paz; educação para a paz e uma cultura da paz; importância do envolvimento de escolas, professores, juventude, autarquias locais, movimento associativo, artistas, sindicatos, jornalistas, mulheres.
Relativamente a “Solidariedade e Cooperação”, solidariedade com os povos vítimas da ingerência e agressão externas, incluindo o colonialismo; solidariedade com os migrantes e refugiados. (Cf http://www.cgtp.pt/cgtp-in/areas-de-accao/internacional/solidariedade-e-paz/12295-encontro-pela-paz-todos-nao-somos-demais-20-outubro).
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Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9)!
2018.10.20 – Louro de Carvalho

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