Decorreu hoje, dia 20 de outubro, entre as 9,30 e as
16,45 horas, no Pavilhão Paz e
Amizade, em Loures, o encontro ‘Pela
Paz, todos não somos demais’, iniciativa do Conselho Português para a
Paz e Cooperação (CPPC) com
diversificadas organizações sociais, designadamente movimentos antifascistas,
católicos e de municípios, de acordo com os valores consagrados na
Constituição da República Portuguesa (CRP) e na
Carta das Nações Unidas – na certeza
de que a causa da Paz sairá mais enriquecida e reforçada em
resultado da reflexão conjunta e do amplo contributo de todos.
Na verdade, o
CPPC, consciente de que “é imperioso encontrar as respostas mais adequadas para
enfrentar as sérias ameaças à Paz que, no momento presente, pairam sobre a
Humanidade”, tomou a iniciativa de promover um Encontro pela Paz, conjuntamente
com diversificadas organizações sociais que, na prática quotidiana, tomam clara
e inequívoca posição pública contra a guerra e manifestam sincera determinação
em defender os valores da Paz.
Segundo a agência Ecclesia,
estas organizações na sua prática quotidiana, tomam “clara e inequívoca posição pública contra a guerra e manifestam sincera
determinação em defender os valores da paz, conscientes de que é imperioso
encontrar as respostas mais adequadas para enfrentar as sérias ameaças à paz
que, no momento presente, pairam sobre a humanidade”.
O encontro,
que se constituiu em momento de discutir e debater o reforço da luta pela paz,
trabalhou em plenário com três sessões: Paz
e Desarmamento; Cultura e educação
para a paz; e Solidariedade e
cooperação.
Para lá das intervenções e do debate, o encontro integrou,
em conformidade com o programa, momentos musicais e culturais e
pavilhões das organizações promotoras e de entidades locais. Houve
autocarros a partir do Porto, Seixal, Almada e Coimbra e um vaivém entre a
estação do Senhor Roubado e o Pavilhão Paz e Amizade.
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Este encontro surgiu da convergência criada na
respetiva Comissão Promotora encabeçada pelo Conselho Português para a Paz e
Cooperação (CPPC) e constituída, além da Câmara
Municipal de Loures, por: CGTP-IN (Confederação Geral dos Trabalhadores
Portugueses – Intersindical Nacional); CPCCRD (Confederação
Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto); Fenprof (Federação Nacional de Professores); JOC (Juventude Operária Católica); MTC/LOC (Movimento de Trabalhadores Cristãos/Liga
Operária Católica); MMP
(Movimento de
Municípios pela Paz); MDM (Movimento
Democrático de Mulheres); MPPM
(Movimento
pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente); Pastoral Operária; e URAP (União de
Resistentes Antifascistas Portugueses).
A estas 12 entidades promotoras associaram-se,
entretanto, 33 organizações e movimentos, nomeadamente a Cáritas Portuguesa, a Voz do
Operário, o Movimento Erradicar a
Pobreza, a Associação Conquistas da
Revolução, a Associação de Amizade Portugal-Cuba,
a Associação Portuguesa de Deficientes,
a Associação Portuguesa de Juristas
Democratas e, entre outros, autarquias como as câmaras municipais do Porto,
de Soure e do Seixal.
É ainda de indicar a designação dos atuais 20 componentes
do MMP (Movimento
dos Municípios pela Paz): Almada,
Alcochete, Barreiro, Évora, Grândola, Lagoa, Loulé, Loures, Moita,
Montemor-o-Novo, Oliveira de Azeméis, Ourém, Palmela, Peniche, Seixal, Silves,
Sines, Soure, Viana do Alentejo e Vila Real de Santo António.
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A respeito do encontro, Ilda Figueiredo, presidente do
CPPC, revelou ao “AbrilAbril”, quando já estavam
inscritos cerca de 400 participantes, de Norte a Sul do país:
“O objetivo que tínhamos para este encontro,
de alargar a mobilização das pessoas e das organizações em defesa da paz, está
a avançar. Consideramos que este é um passo no caminho do reforço do
movimento da paz em Portugal, tendo em conta os objetivos que a Constituição
da República Portuguesa (CRP) defende no seu artigo sétimo.”.
A dirigente reconhece que a iniciativa tem “muito
valor” pelo caminho que se está a fazer nesta convergência de esforços e de
vontades na defesa da paz, face às “preocupantes evoluções” da situação
internacional, como o reforço do militarismo, destacando como áreas de trabalho
a luta pela assinatura e ratificação do Tratado
de Proibição de Armas Nucleares e a dissolução de blocos
político-militares, tal como consagram a CRP e a Carta das Nações Unidas.
Recorde-se que o Tratado de Proibição
de Armas Nucleares foi aprovado por 122 países numa conferência das Nações
Unidas, em 7 de Julho de 2017. Porém, nenhum dos países detentores de armas
nucleares participou nessa conferência. E apenas um membro da NATO, a Holanda,
votou contra o texto final.
Também do ponto de vista da presidente do CPPC, a
participação de movimentos católicos é “importante” e reveladora de como a “preocupação das pessoas com a defesa da paz
envolve organizações muito diversas e está a contribuir para alargar o
movimento pela paz”.
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Por seu turno, Deolinda Machado, dirigente do MTC/LOC
na diocese de Lisboa e membro da presidência do CPPC, reconhece que há cerca de
20 anos que não se realizavam iniciativas coorganizadas pela CPPP e por
movimentos católicos. Mas que, lutando pelo objetivo da paz, “fazia todo o sentido haver uma organização
conjunta, e foi isso que veio a acontecer”.
A também dirigente sindical da CGTP-IN adianta:
“Os populismos que vemos surgir no plano internacional
requerem uma militância ativa e permanente, capaz de ir à raiz do problema,
designadamente às políticas que primeiro foram desenvolvidas para que estes
populismos pudessem ver a luz do dia e encontrar eco nas populações menos
esclarecidas e com grandes dificuldades”.
Como foi referido, o encontro organizou-se em torno de
três temas centrais: “Paz e desarmamento”,
“Cultura e Educação para a Paz” e “Solidariedade e Cooperação”. Sobre
o primeiro, que dominou o período da manhã, Deolinda Machado sustentou que
a paz é a melhor arma que podemos utilizar. E, evidenciando que são
indissociáveis as questões da paz e da justiça social, declarou:
“Uma cultura de paz dar-nos-á um mundo muito
mais seguro. E essa é que é a verdadeira arma do povo. É a liberdade, é a
soberania, ter emprego, ter um salário devidamente atribuído, ter habitação.
[…]. No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, percebemos que não
há paz nem justiça, que não há justiça sem políticas que façam com que as pessoas
tenham verdadeira liberdade de ação e de intervenção, porque lhes falta o que é
básico numa sociedade: a habitação, o pão, a saúde, a educação... como diz a
canção”.
(https://www.abrilabril.pt/nacional/um-encontro-que-e-ja-um-marco-na-luta-pela-paz)
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Bernardino Soares, presidente da Câmara Municipal de
Loures, salientou o lado significativo da iniciativa a decorrer no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, por
se tratar dum espaço “emblemático” cuja designação não é casual. Com efeito,
segundo indicou, “quando foi construído,
há mais de 30 anos, incorporou esses valores da paz no trabalho do município”.
Sobre a participação e envolvimento no encontro, mas
também no Movimento dos Municípios pela
Paz, Bernardino Soares sustentou:
“Não podemos estar indiferentes ao que se
passa já com maior intensidade nalguns países, nem pensar que o nosso país está
salvaguardado dos problemas que afetam a paz no mundo, dos conflitos e
ingerências que são uma marca possante na política internacional”. […]. Também nos parece que os municípios podem e
devem ter um papel importante na promoção da cultura da paz e da soberania. O
fomento dessa cultura, a informação, a presença do tema da paz nas populações e
nas escolas é uma tarefa que os municípios têm que tomar em mãos também.”.
O Município de Loures, para além deste encontro, que
Bernardino classifica como “um ponto muito alto” do trabalho que tem vindo a
desenvolver há já vários anos em cooperação com CPPC e outras entidades, tem
vindo a “apoiar a realização de várias
exposições relativamente a vários temas relacionados com a temática da paz como
a II Guerra Mundial e a Primeira Grande Guerra e os seus efeitos”. E
Bernardino refere:
“Tem havido várias exposições e iniciativas
à volta desta temática e também sessões em escolas e noutros locais, em que se
tem trabalhado para promover a cultura da paz, para divulgar estes valores e
para alertar os mais jovens, e os menos jovens também, que a paz não está
garantida e que deve continuar a ser um objetivo de todos”.
E, referindo o lema do encontro “Pela Paz, todos não somos demais”, conclui:
“Enquanto município queremos fazer parte
desse movimento que luta pela paz e alerta para a necessidade de a
preservarmos”.
O propósito é corroborado por Joaquim Santos,
presidente da Câmara Municipal do Seixal e do MMP. Criada há dois anos, a
plataforma reúne atualmente 20 autarquias numa lógica de trabalho dedicada a
consciencializar a população para a importância da paz, da cooperação e
solidariedade entre os povos. E frisa Joaquim Santos:
“O movimento pretende afirmar este
pressuposto de que sem paz não haverá possibilidade de construir concelhos,
territórios, cidades, com todas as condições para as pessoas serem felizes e
viverem a sua vida”.
Não obstante o trabalho intermunicipal que
o movimento prevê, o autarca releva o que tem sido realizado pelo seu
município, designadamente sobre a Venezuela, e revela que em novembro o tema
será a Palestina, estando previsto um colóquio e uma exposição.
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Segundo a
CGTP-IN, a luta pela paz é indissociável da luta dos trabalhadores por melhores
condições de vida e de trabalho, pois só em paz é possível o desenvolvimento de
um país e a criação de emprego com direitos que permita o desenvolvimento
social.
Para esta
organização sindical, o Encontro pela Paz
tem como objetivo geral “contribuir para a promoção da mobilização e
intervenção em defesa da Paz e pela rejeição do militarismo, da corrida aos
armamentos, e da guerra, tendo presente os princípios constantes na
Constituição da República Portuguesa e na Carta das Nações Unidas”. E, duma
penada, refere os seguintes itens:
Quanto a “Paz e Desarmamento”, rejeição do
militarismo, da corrida aos armamentos e da guerra; encerramento das bases
militares estrangeiras; abolição das armas nucleares e outras armas de
destruição massiva; dissolução de blocos político-militares como previsto na
CRP; defesa da Paz; desanuviamento das relações internacionais; desarmamento
universal, simultâneo e controlado; respeito dos princípios da Carta das Nações
Unidas e do Direito Internacional.
No atinente a
“Cultura e Educação Para a Paz”, defesa
da Paz; educação para a paz e uma cultura da paz; importância do envolvimento
de escolas, professores, juventude, autarquias locais, movimento associativo,
artistas, sindicatos, jornalistas, mulheres.
Relativamente
a “Solidariedade e Cooperação”, solidariedade
com os povos vítimas da ingerência e agressão externas, incluindo o
colonialismo; solidariedade com os migrantes e refugiados. (Cf http://www.cgtp.pt/cgtp-in/areas-de-accao/internacional/solidariedade-e-paz/12295-encontro-pela-paz-todos-nao-somos-demais-20-outubro).
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Bem-aventurados
os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9)!
2018.10.20 – Louro de Carvalho
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