É uma
das poderosas afirmações do Padre Carlos Manuel Pedrosa Cabecinhas, Reitor do
Santuário de Fátima, no seminário de formação que decorreu no Santuário da Santa Casa de Loreto, em Itália,
que decorreu entre os dias 1 e 3 de outubro.
Foi a XV Coordenação Nacional da Obra Romana de
Peregrinações (ORP),
obra que reúne todos os anos as pessoas que colaboram com esta instituição
promotora de peregrinações. E o tema do encontro deste ano foi a “A experiência do ORP ao serviço da realidade
eclesial”, com enfoque especial nas temáticas juvenis, justamente em cima
do início dos trabalhos da XV Assembleia Geral
Ordinária do Sínodo dos Bispos a decorrer no Vaticano, de 3 a 28 de
outubro, em torno do tema “Os jovens, a fé e o
discernimento vocacional”.
Fez a
abertura do evento da ORP Dom Remo Chiavarini, Delegado Administrador da ORP.
Em seguida, o Bispo auxiliar da Diocese de Roma, Dom Paolo Selvadagi, conduziu
a reflexão sobre “A experiência da
peregrinação na vida dos jovens”.
Seguiu-se,
no final da intervenção de Dom Paolo Selvadagi, uma mesa redonda coordenada por
Don Gionatan De Marco (coordenador do Escritório para a Pastoral
do Tempo Livre, Turismo e Desporto da Conferência Episcopal Italiana). Entre os convidados, figuraram
o Padre Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima,
já referido, o Padre Andrè Cabes, Reitor do Santuário de Lourdes, Frei Francesco Patton, custódio da Terra Santa, e o padre Rifat Bader, pároco do
Sagrado Coração de Jesus em Naour, na Jordânia.
A tarde
do primeiro dia continuou com Dom Fabio Dal Cin, Arcebispo de Loreto, que
abordou o tema “Eis a serva do Senhor (Lc 1,38)
Carisma e peculiaridade do Santuário da Santa Casa de Loreto”. A seguir, o Bispo Dom Pierbattista
Pizzabala, Administrador Apostólico do Patriarcado Latino de Jerusalém, falou sobre
a experiência da peregrinação na Terra Santa sob o título “No caminho depois dos passos e nos lugares de Jesus, jovens na Terra
Santa”. E o primeiro dia terminou com uma solene celebração da Eucaristia,
presidida pelo Cardeal Angelo De Donatis, Vigário do Papa para a Diocese de
Roma.
No dia 2
de outubro, o encontro teve como objetivo aprofundar alguns aspectos técnicos atinentes
aos sacerdotes do Centro Pastoral da Obra Romana de Peregrinação. E, às 18 horas,
os participantes recitaram o Santo Rosário sob a orientação do Padre Franco
Carollo, Reitor do Santuário da Santa Casa de Loreto.
As
atividades foram encerradas no dia 3, com algumas reflexões sugeridas pelo Bispo
Dom Chiavarini. E, como parte integrante do evento, foi apresentado o catálogo
de peregrinações 2019, em versão dedicada às paróquias, dioceses e realidades
eclesiais.
A este
respeito, Dom Chiavarini declarou:
“Os jovens e as famílias, que serão objeto de programas específicos,
estarão mais presentes em nossas viagens, um sinal de que a questão do sagrado
e, em particular, a busca pelo sentido da própria vida continua a ser um
estágio inevitável do crescimento pessoal”.
É de
referir que a Obra Romana das
Peregrinações (em italiano, Opera Romana Pellegrinaggi) é também conhecida como a “Agência de Viagens do Vaticano”. Nasceu
há 84 anos, em 1934, com uma missão que vai para lá da oferta de peregrinações.
A sua finalidade é dar assistência a todos aqueles que iniciam um caminho de
encontro com Deus através dos lugares santos existentes na Itália e noutros
países, mesmo além das fronteiras dos países europeus, encontrando na
peregrinação um instrumento e um lugar privilegiado para a evangelização e para
a catequese.
***
Da
intervenção do Reitor do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima na aludida
mesa redonda em que participou, destaca-se o que disse sobre o encontro de
jovens com Maria, enquanto “Mãe” e enquanto “Mestra”.
Tendo
começado por afirmar que “os jovens estão
no centro da vida”, a propósito da XV Assembleia Ordinária do Sínodo dos
Bispos, que começou esta semana e remete para uma reflexão sobre o lugar dos
jovens na Igreja, o Padre Cabecinhas, evocou a próxima Jornada Mundial da Juventude,
em janeiro de 2019, em que estará presente a imagem peregrina da Virgem de
Fátima, com “milhares de jovens de todo o mundo, chamando-os a celebrar a sua
fé com alegria e a testemunhá-la com alegria. Destes dois eventos disse que “são
eventos eclesiais importantes que justificam o facto de tratarmos de jovens e,
no nosso caso, de jovens e peregrinações”.
Depois,
enfatizou que “os santuários de hoje são
lugares privilegiados da nova evangelização: para a transmissão da fé, a partir
das fortes experiências de fé que se tornam possíveis neles e a partir da
mensagem específica”. E deu como exemplo Fátima, que “poderá falar
eficazmente aos jovens de hoje”, isto porque se trata de “uma mensagem que não
se afasta do que é secundário na vida de fé, mas concentra a sua atenção
naquilo que é fundamental na fé cristã; uma mensagem que extrai a sua
relevância da mensagem do Evangelho, a alimenta e conduz a ela; uma mensagem
capaz de levar a uma forte experiência de Deus através de Maria”.
Na verdade,
segundo o Reitor do Santuário, em Fátima “Maria
apresenta-se como Mãe e Professora mostrando o seu Coração Imaculado como
‘refúgio’ e ‘caminho’ materno que conduz a Deus”. Ora, deste modo, o
coração materno, que é abrigo “nas dificuldades e dramas da vida”, é refúgio
“para os jovens, nas suas dificuldades e dúvidas, em suas inseguranças e medos,
mas é um refúgio que reforça os sonhos e um apoio que ajuda a assumir a
responsabilidade pela própria vida e pela direção em que alguém caminha”.
E, acentuando
que os jovens são uma presença habitual em Fátima, considerou:
“Se é verdade que muitos jovens se afastam de uma vida inserida na
comunidade paroquial, não é menos verdade que não pararam de procurar um
caminho espiritual que os estimule, fortes experiências de encontro com Deus
que os possam motivar e guiar. Como lugar de forte experiência de Deus, o
Santuário oferece a todos os que peregrinam a possibilidade de realizar essa
experiência através de Maria.”.
Por
conseguinte, é de frisar que “os jovens não perderam o interesse pela fé”, mas
“expressam muitas vezes uma insatisfação com as formas com as quais, nas nossas
comunidades, vivemos e manifestamos essa fé”, sendo por isso “que pode
acontecer que a experiência de um lugar diferente, como o Santuário, os
atraia”. Disse-o o Padre Carlos Cabecinhas, reiterando a responsabilidade do
Santuário em “criar as condições para uma
forte experiência de fé e encontro com Deus que possa então voltar a ligar os
jovens às suas comunidades de origem”.
O sacerdote
referiu as iniciativas que o Santuário de Fátima promove para jovens, como é o Projeto Sete ou a Casa do Jovem, e querem tornar cada participante “protagonista exortando-o a fazer o seu
caminho de fé guiado por Maria”.
Com efeito, segundo o Reitor, “os jovens
de hoje são marcados pela indiferença em consequência de uma autorreferencialidade
que marca o seu modo de vida”, mas, pela mão dos Pastorinhos de Fátima, cada
jovem tem a possibilidade de aprender a “solidariedade
em bondade e compaixão”, vindo a contrariar e a ultrapassar o silêncio e a
solidão que paradoxalmente envolve o jovem, apesar do movimento frenético da
abundância da informação. Neste sentido, o Reitor anotou que “hoje, os jovens muitas vezes vivem em profundo isolamento e solidão,
apesar de muita tecnologia e redes sociais, que dão a ilusão de estarem em
relação e terem muitos amigos”. Porém, considerou que os jovens, com Jacinta, Francisco
e Lúcia, “aprendem a apoiar-se mutuamente”.
***
O Padre Carlos Cabecinhas aproveitou a viagem para estar
presente nas celebrações do 60.º aniversário do Santuário de Nossa Senhora de
Fátima, em Talsano, também em Itália.
Com efeito,
no passado dia 4 de outubro, o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em
Talsano- Itália, celebrou o 60.º aniversário da Consagração da Paróquia (1958), que foi elevada a santuário, a 16 de julho de 1959,
pelo Cardeal Luciano Francesco Roberti.
As
celebrações tiveram como tema “Maria e
Francisco estão aqui entre nós”, iniciaram-se na tarde do dia 2 e
estenderam-se até ao dia 4. O Reitor do Santuário de Fátima, no decurso duma
celebração, entronizou uma réplica da Imagem de Nossa Senhora de Fátima
presente na Capelinha das Aparições. E, na reflexão que orientou, sublinhou que
o conteúdo das aparições angélicas ocorridas em 1916 afirma “o primado de Deus,
Santíssima Trindade, na nossa vida”.
Considerando
a índole dos tempos atuais, frisou que “vivemos, hoje, tempos exigentes em que
já não enfrentamos oposição militante, mas indiferença”. E explicou que isto
sucede porque “nas nossas sociedades,
vive-se cada vez mais como se Deus não existisse, sem contar com Ele e com a
Sua vontade para configurar a vida e definir as escolhas e opções”.
Sublinhando o
“primado de Deus” e “o lugar central que deve ocupar na nossa vida”, garantiu que
é para esses valores que nos chama a atenção a mensagem de Fátima, pois “toda a
Mensagem de Fátima e a sua espiritualidade partem da Santíssima Trindade e a
Ela conduzem”. Frisando que “não há ali discursos teológicos sobre Deus,
Santíssima Trindade”, mas que “há antes um conhecimento existencial, capaz de
transformar a vida”, esclareceu que é neste horizonte trinitário “que a mensagem de Fátima, logo desde as
aparições do Anjo, sublinha a centralidade da Eucaristia na nossa vivência
cristã e daqui nasce a exortação à adoração, à atitude reparadora, à oração
insistente e sem desânimo”.
Depois,
referiu que “a oração é outra dimensão fundamental da mensagem de Fátima”, e
lembrou os Pastorinhos como “modelo de santidade”, declarando:
“Nos
Santos Francisco e Jacinta contemplamos uma vida simples, mas vivida com
heroicidade; uma vida de crianças daquelas idades, mas completamente centrada
em Deus”.
Para o
Reitor, é possível encontrar “ a atitude de escuta atenta dos apelos de Deus”.
E justifica:
“Os
Pastorinhos acolheram de imediato e sem reservas os pedidos de Deus que lhes
chegaram pela mão do Anjo e de Nossa Senhora. O exemplo das suas vidas
desafia-nos a também nós escutarmos atentamente a voz de Deus, que nos fala na
Sua Palavra.”.
O exemplo do
Pastorinhos permite encontrar “o exemplo
da atitude de atenção aos outros e às suas necessidades” e “mostra-nos que não há verdadeiro amor a Deus
que não passe necessariamente pelo amor aos irmãos”.
E o Padre Cabecinhas
concluiu dizendo que celebrar o aniversário do Santuário de Talsano “é desafio renovado a acolher a mensagem de
Fátima e a imitar os Santos Pastorinhos”.
***
É bom que os
santuários evangelizem e levem os homens a centrar-se em Deus e nos irmãos.
2018.10.06 – Louro de Carvalho
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