Soube
da ordenação presbiteral do reverendo Padre Luís Rafael a 2 de julho na
catedral de Lamego e teci adrede um comentário gizado do lado riqueza para a
Igreja diocesana e para a paróquia ade Vila da Ponte, donde o neossacerdote é
natural.
Também
obviamente soube da sua celebração da Missa no Santuário de Nossa Senhora das
Necessidades no dia seguinte ao da ordenação, bem como da sua Missa Nova, no
passado dia 30 de julho, ou como diz Monsenhor Armando Ribeiro, dando voz a outros,
“a ‘Missa Solene’ de um novo
Sacerdote, aquela que celebram na sua terra natal, congregando à volta de um novo
Sacerdote a comunidade que o viu nascer, crescer e viver no seu seio” (VL, 1 de
agosto).
Por motivos
de vida pessoal, não pude comparecer na Vila da Ponte como acontece algumas
vezes, mas, nem por isso me senti afastado destas ações de tamanha importância
para o novo sacerdote, familiares e amigos (contando-me, sem prosápia no rol
destes últimos), bem como
para todos os que tiveram a honra e a felicidade de trabalhar naquela que é
chamada a Pérola do Távora e todos aqueles que sentem a estimulante a cafeína dum
catolicismo que pode mexer com as pessoas, as famílias e as comunidades.
Por isso, em
dia da memória litúrgica de São João Maria Vianney, o Santo Cura d’ Ars,
endereço, aqui do meu cantinho de São João de Ver, os meus parabéns ao Padre
Luís Rafael Teles Azevedo e à comunidade de Vila da Ponte, sem esquecer os seus
familiares, vizinhos, conterrâneos, confrades no sacerdócio e amigos.
É natural
que me sinta pequeno demais para também ajudar a celebrar este acontecimento,
mas também esta é a minha obrigação e mesmo algo do meu gosto.
Assim, é de
saudar todo o brilho litúrgico e afetivo que rodeou a celebração da Santa Missa
na igreja paroquial, tendo o cortejo litúrgico partido da Capela de Nosso
Senhor dos Passos e sentindo a brisa suave da tarde do dia de domingo ao passar
pela ponte sobre o Távora, segundo o que deixavam perceber as imagens e sons da
internet. É de saudar a apresentação de ofertas atinentes à amizade (flores) ao múnus sacerdotal (estola), ao sacrifício e banquete eucarístico (pão e vinho) e a simbologia da freguesia (o escudo da
freguesia) rendida ao mistério da ordenação de
um sacerdote, filho da terra. É de saudar as palavras de acolhimento do pároco,
o Padre André Pereira, e toda a unção religiosa posta na cerimónia do beija-mão
sacerdotal. E é de saudar alegria e convivência popular na Praça Central da
freguesia.
***
Mas
há outros aspetos a salientar. A Missa Solene do novo sacerdote com o povo de
que é oriundo não surgiu ali como fruto de qualquer paraquedismo, mesmo que espiritual.
Ao que me foi dado saber, houve ali uma campanha intensa de preparação da
comunidade sobretudo através dos JSF (Jovens Sem Fronteiras), um movimento ligado à
Congregação dos Missionários do Espírito Santo, a cuja dinamização o
neossacerdote tem emprestado muitas das suas energias, e que ali esteve em
missão de 21 a 31 de julho.
A
celebração da Missa em jeito devocional no Santuário de Nossa Senhora das
Necessidades recorda-me o carinho e devoção que os vilapontenses sempre têm
nutrido pela Senhora que, na igreja matriz, é venerada como padroeira sob a
invocação de Nossa Senhora do Amial e, no alto do Monte da Borralheira, é venerada
sob a invocação de Nossa senhora das Necessidades. Não é por capricho que muda
de nome ao subir a montanha, mas dá-me a impressão de que, em termos humanos,
do topo da montanha a Senhora vê melhor as necessidades, os eventuais erros e
as virtudes do seu povo – necessidades que é preciso colmatar, erros que são de
emendar e virtudes que são de incrementar e consolidar.
Por
outro lado, esta nobre atitude do Padre Luís Rafael faz-me lembrar que marcos
da vida sacerdotal do Padre Henrique Paulo da Fonseca, que também ali, no
Santuário de Nossa Senhora das Necessidades, celebrou no dia seguinte ao da sua
ordenação sacerdotal e, pelo menos, até alguns anos, enquanto podia, ali vinha
celebrar no dia 16 de agosto de cada ano, como ali celebrara as suas bodas de prata
sacerdotais.
Também
me lembro – até porque a vida e feita de sucessões – de que esta ordenação sacerdotal,
resultando duma vocação pessoal em prol da glória de Deus e serviço à Igreja, é
também um dom para a comunidade de fé que vive em Vila da Ponte e que rejubila
com este evento de Missa Nova e de eminente disponibilidade sacerdotal de
serviço à Igreja. E não posso esquecer, em termos de comunicação dos santos,
como hão de estar contentes familiares do neossacerdote que já partiram, de que
devo destacar o Senhor Carlos Azevedo, que, para lá da simpatia de que
desfrutava da terra, era lembrado pela sua solidariedade incluindo a de doador benévolo
de sangue. Não esqueço pessoas como a Leonor do Nascimento (apelidada
de Pérola) pela
dedicação à Igreja e aos sacerdotes e que promoveu o aparecimento das túnicas
que os meninos envergavam para ajudar à missa, como bem lembrou o Padre Luís
Rafael no testemunho que forneceu através da Voz de Lamego (VL). E devo evocar o facto de se
ter reatado a linha dos sacerdotes naturais de Vila da Ponte, interrompida com
o falecimento do cónego Mário Augusto de Almeida há 31 anos (a
30 de janeiro de 1986).
E,
dado que, segundo os programa das festas de Nossa Senhora das Necessidades, no próximo
dia 15 de agosto, será o padre Luís Rafael a presidir à celebração da Missa
Solene e a proferir o respetivo sermão, recordo com nostalgia o último sermão
pregado pelo sacerdote filho da terra, há 33 anos, a 15 de agosto de 1983, o
cónego José Cardoso de Almeida, que faleceu a 30 de janeiro do ano seguinte (há
33 anos).
Aqui
faço um parêntesis para sublinhar com gosto o ter sabido que foi o próprio Padre
Luís Rafael que proferiu a homilia da sua Missa Nova, o que já vem sendo usual,
mas que demonstra o à vontade no serviço à Palavra.
E,
já que o sacerdote integrará a equipa paroquial de Almacave, aliás onde fez o seu
estágio pastoral, não posso esquecer, também no âmbito da comunicação dos santos,
que o antigo senhor Reitor de Almacave – Cónego e, depois, Monsenhor Afonso
Augusto Ferreira – foi antes pároco da Vila de Ponte, o que bem significa como
estes mundos de Cristo se cruzam e as funções se alternam.
***
Razão tem, pois, Monsenhor Armando Ribeiro quando
na sua crónica proclama: “Vila da Ponte
rezou, cantou e celebrou”. O caso não era para menos!
***
Finalmente,
devo salientar que o reverendíssimo Padre comentou o sonho de Salomão que
desafiado por Deus a pedir o que quisesse, rogou a Deus que lhe desse “um coração inteligente, para saber distinguir o bem do mal” (cf 1Rs 3,5.7-12) e governar aquele povo tão numeroso; e a parábola que assemelha o Reino dos Céus ao
tesouro escondido num campo, que o homem que o
encontrou tornou a escondê-lo e ficou tão contente que foi pressuroso vender
tudo quanto possuía e comprou
aquele campo, e à pérola de enorme valor que levou o negociante que a
encontrou a ir vender tudo quanto possuía e
comprou essa pérola (cf Mt
13,44-46). Então, compete-nos a todos rezar e colaborar em Igreja para que todos
aqueles que detêm responsabilidades na comunidade tenham sempre uma verdadeira postura
atitudinal e comportamental de serviço audaz e prudente e o seu objetivo seja
sempre o benefício de toda a comunidade, a realização do bem comum. Por outro
lado, esperamos que os sacerdotes nos ensinem a ter o Reino de Deus como a
primeira das nossas prioridades, como o objetivo
mais importante e como o valor fundamental, que não se adquire só enquanto tesouro
mas também enquanto campo de cultivo. Depois, como este Reino pretende a
comunhão de vida, tem de ter um dinamismo de serviço à comunidade na singeleza
de vida fraterna e na humildade e força da verdade. É efetivamente o reino que
já começou, mas ainda não plenamente realizado – o espaço privilegiado da liberdade,
da paz, da esperança, da justiça, da serenidade, da alegria e da harmonia,
gizado não pelos métodos humanos, mas pelos da paciência, tolerância e liberalidade
de Deus, com enormes consequências no devir humano, económico e social e no crescimento
espiritual de todos os filhos do Pai comum.
***
Mais um homem de Deus disponível
para a missão nos seus contínuos desafios e aumentadas exigências, ornado com “o
grau mais sublime da generosidade de quem diariamente se decide a seguir o
Senhor para sempre e a servir por inteiro todo o Povo de Deus”, como as “sentinelas
da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele
que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que
brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no
amor” (Papa Francisco,
Homilia, Fátima, 2017.05.13; e Bispo do Porto, decreto de nomeações, 2017.08.02)!
2017.08.04 – Louro de Carvalho
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