Sob o lema “abraça o futuro”, com início a 31 de julho e
termo a 6 de agosto, está a decorrer o 23.º ACANAC – Acampamento Nacional de
Escuteiros – no Monte Trigo, em Idanha-a-Nova.
Os jovens são, nestes dias, desafiados a lutar contra os
males que assolam o Planeta Terra. Vão aprender os segredos da natureza que se
identificam com os quatro elementos básicos: Terra, Fogo, Água e Ar. Com
efeito, através do
lema do ACANAC, pretende-se “ativar” as crianças, jovens e adultos do movimento
“para a defesa da casa comum”, e tendo no horizonte o “objetivo final” do
escutismo que é “deixar o mundo um pouco melhor” do que encontraram.
Em regra, estes acampamentos acontecem de 4 em 4 anos, desde
1926, ano em que se realizou a primeira
edição do ACANAC com a duração de 9 dias em Aljubarrota.
Há 4 anos no Monte de Trigo, em Idanha-a-Nova, estiveram
17.000 escuteiros e cerca de 1.000 adultos voluntários. Neste ano, realiza-se o
maior ACANAC de sempre com
“mais de 21 mil escuteiros”.
O ACANAC 2017
mobiliza escuteiros de Portugal e de mais 8 países, como Israel, Luxemburgo,
Suécia, Reino Unido, Irlanda, França, Espanha e São Tomé e Príncipe, num total
de 27 grupos estrangeiros, entre os cerca de 22 mil participantes, sendo que
3800 são adultos voluntários (sendo 185 estrangeiros).
No Monte
Trigo, para onde começaram a rumar no dia 30 de julho mais de 400 autocarros,
estão instaladas, para o efeito, quatro mil tendas, dois supermercados, dois
restaurantes e uma arena com capacidade para receber 25 mil pessoas. Ao longo
da semana, são realizados 300 workshops,
além de outras atividades, havendo, por exemplo, 320 canoas e cinco mil coletes
salva-vidas disponíveis para os participantes poderem usufruir da barragem.
Este ACANAC,
que se iniciou a 31 de julho com a presença do Presidente da República, é
marcado também pela visita do cardeal patriarca de Lisboa, Dom Manuel Clemente,
que diz visitar aquilo que designa por “Igreja acampada”, relembrando assim os
seus tempos de escuteiro e, provavelmente, o dinamismo sugerido pelo Papa
Francisco para a imagem atual de Igreja; pela presença do Secretário de Estado
da Educação, João Costa, e do Secretário de estado da Juventude e Desporto, João
Paulo Rebelo; e, sobretudo, pela presença de destaque da imagem Peregrina de
Nossa Senhora de Fátima, sendo esta uma insigne estreia num acampamento
nacional de escuteiros.
Segundo o Santuário de Fátima, “para transportar a imagem, os
escuteiros construíram um andor de troncos de madeira entrelaçados com cordas”.
O andor entrou na celebração inaugural do acampamento enquanto eram proclamados
pequenos excertos da Mensagem de Fátima. A Virgem Peregrina, a segunda imagem
do Santuário, fez-se acompanhar pelo padre José Nuno Silva, um dos capelães do
Santuário e responsável pela Pastoral Jovem do Santuário de Fátima. E o CNE
informou que o Santuário ofereceu uma imagem que vai ficar em permanência na Capela
do ACANAC e que vai ser dedicada em cerimónia própria.
O chefe do acampamento nacional, Manuel Augusto, referindo-se
aos participantes, deseja que este evento escutista tenha “a mesma importância
no seu crescimento pessoal” que tiveram os acampamentos nacionais em que
participou na idade deles porque “são sempre momentos significativos de
aprendizagem”. E salientou:
“Até se
calcula que quem participa em atividades desta dimensão permanece mais tempo no
escutismo, ajuda a crescer. Os jovens ficam com ideia que salta o muro
paroquial em que o escutismo se desenvolve.”.
Em declarações à agência Ecclesia,
realçou que, numa atividade daquela dimensão, quando “olham para o lado”, têm
consciência de que há bastantes mais amigos, companheiros, irmãos escutas que
“participam e estão juntos neste ideal”.
***
Os escuteiros começaram a chegar no dia 30 e a abertura oficial
de campo realizou-se no dia 31, pelas 21,30 horas, com a presença
do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, e a imagem
n.º 2 da Virgem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima.
Manuel Augusto referiu não haver propriamente “um programa do
ACANAC”, pois, o escutismo em termos de proposta educativa é dividido pelas
idades. Há “uma linha transversal que é: ‘abraça
ao futuro’, proteger a casa comum, sustentabilidade, com boa utilização de
recursos e cada secção utiliza essa linha para desenvolver próprio programa”.
***
Como era de
esperar, após uma longa caminhada e vários banhos de multidão, selfies, abraços e beijos, o Presidente
da República manifestou a sua satisfação pela massa jovem que povoa esta semana
o Monte Trigo, em Idanha-a-Nova, no 23.º Acampamento Nacional de Escuteiros.
Marcelo
Rebelo de Sousa afirmou sair desta visita “de
alma cheia”, por ver que estes jovens “têm
todos os motivos para abraçar o futuro”, fazendo jus ao lema do
acampamento.
O Chefe de
Estado, recebido em euforia pelos milhares de jovens que ali estão,
sublinhou:
“Este é um acampamento de esperança, o
maior acampamento jamais realizado em Portugal, traduzindo a força do movimento
do escutismo católico português, que nasceu em 1923, que resistiu à ditadura,
que tem um dinamismo forte”.
Por isso,
quis marcar presença neste evento para “agradecer
a esperança, a solidariedade e o sentido coletivo”, revelando também que o
ACANAC “não era visitado por um Chefe de
Estado há mais de 40 anos”, sendo ele “o
primeiro a fazê-lo em democracia”.
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À margem do ACANAC, Marcelo Rebelo de Sousa explicou
aos jornalistas que o Governo definiu uma posição em relação à Venezuela,
coincidente com a posição da UE, “que está muito preocupada, nomeadamente, com
os acontecimentos de domingo, apresentando os pêsames aos familiares das
vítimas”. E recordou que o Governo emitiu um comunicado, em que mostra a sua
preocupação e que conclui dizendo:
“O passo dado ontem acabou por não
facilitar o caminho que tem de ser de concórdia, um caminho de acordo, de
entendimento e com um calendário eleitoral claro”.
E o Presidente deixou uma mensagem que tem sido também
a do governo português, “que é de acompanhamento, solidariedade, apoio e
compreensão”.
Questionado sobre a reunião do dia 1 de agosto com os
familiares das vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, Marcelo Rebelo de
Sousa disse que vai “ouvir atentamente”, concluindo:
“Sei que já tiveram uma reunião com
membros do Governo. Vou ouvir atentamente aquilo de que são portadores e depois
terei oportunidade de articular com o Governo.”.
***
O Secretário de Estado da Educação, que visitou o acampamento
nacional do CNE (Corpo
Nacional de Escutas) em
representação do Primeiro-Ministro, afirmou que os jovens que passam pelo CNE “adquirem”
e “desenvolvem” competências que são “fundamentais para o seu futuro” como
cidadãos. Em declarações à agência Ecclesia,
confessou que “é interessante ver que algumas empresas, quando recrutam,
favorecem os que passaram pelo escutismo”. E acrescentou que esse fator de
seleção é um “sinal de reconhecimento” da sociedade daquilo que o escutismo faz
aos seus membros.
O Secretário de Estado da Educação observou que o escutismo
é, como se costuma dizer, “uma escola de vida” e frisou que “cidadania, viverem
em sociedade, preocupação com o outro que hoje são cada vez mais reconhecidas
como fundamentais para os indivíduos”.
Sobre o tema do encontro, referiu que, na educação, um dos
“principais desígnios” é preparar os jovens para a “sustentabilidade futura do
planeta”, salientando a atualidade, a relevância e a urgência do tema.
Contextualizando que a sociedade está num momento em que, por
vezes, “as fronteiras se esbatem” entre a educação formal e não formal, João
Costa, assegurou que “estes dois mundos” cada vez mais se comunicam – afirmação
que produziu perante o Secretário de Estado da Juventude e Desporto, também
presente.
No desenvolvimento do encontro, destaca-se a tertúlia, prevista
para as 21,30 horas do dia 3 de agosto, entre o Secretário de Estado da
Educação, João Costa, e o Presidente do Comité Mundial do Movimento Escutista,
o português João Armando Gonçalves.
O penúltimo dia de acampamento nacional, dia 5 de agosto, é o
Dia de Eucaristia com quatro celebrações, uma por cada secção, celebrando-se às
22 horas a festa de encerramento.
Em comunicado, o CNE, frisa serem “várias as atividades
e jogos” ao longo de sete dias de ACANAC que vão permitir aos
escuteiros “cimentar a sua formação” e vivenciar o grande objetivo do encontro,
como “raides, atividades náuticas, desportos diversos, atividades
socioeducativas, ações de serviço com a comunidade local, intercâmbio e
cooperação internacional e educação para a Paz.”
A agência Ecclesia comprometeu-se
a acompanhar o quotidiano do campo com reportagens dos participantes, através
das suas contas nas redes sociais Instagram
e Facebook, com o marcador (hashtag)
#livingACANAC.
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Com esta atenção pública do Governo da República e com a
proteção sobrenatural da Mãe de Deus simbolizada na imagem da Virgem peregrina
de Fátima, agora “também acampada”, talvez este evento sirva de rampa de lançamento
para a vivência juvenil da mística da Encíclica Laudato Si’ e para uma frutuosa preparação para o próximo Sínodo
dos Jovens. Sim, se Deus escreve direito por linhas tortas, também escreve direito
por linhas direitas.
“Os
pobres gritam e, juntamente com eles, também a terra: o compromisso a ouvir
pode ser uma ocasião concreta de encontro com o Senhor e com a Igreja, bem como
de descoberta da própria vocação. Como ensina o Papa Francisco, as ações
comunitárias mediante as quais cuidamos da casa comum e da qualidade de vida
dos pobres, ‘quando exprimem um amor que se doa, podem transformar-se em experiências
espirituais intensas’ (Laudato
Si’, 232) e, portanto, também em oportunidades de caminho e de
discernimento vocacional.” (Sínodo dos Bispos, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional – Documento Preparatório, III, 3)
2017.08.02
– Louro de Carvalho
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