O grande desejo para o Novo Ano, o de 2017, prestes a inaugurar-se, é de que não constitua uma espécie de
outono em que as folhas da ilusão caem fazendo aflorar a desilusão, mas antes a
primavera pujante da vida cheia da esperança que o tom verdejante da natureza promete
em flores e frutos de mais vida e cada vez mais abundante. E, em vez do rigor
invernal, há de dominar a vida dos homens a calor do verão, que faz render o
que a terra tem para dar sob a força vivificadora do sol calmoso e o refrescamento
da noite luarenta e estrelada.
Os dias bons do ano que finda são para
agradecer a Deus e àqueles e àquelas que nos vieram ajudando a adoçar a
existência de peregrinação neste mundo bastante conturbado, mas repleto de
possibilidades vitais; e os dias ruins são pretexto para aprendermos a lição da
nossa insuficiência e colocarmos a confiança em Deus que tudo pode e que tudo
sabe e nos concidadãos que partilham connosco a efemeridade deste mundo fugaz e
fazem jus connosco a esta fraternidade humana de justiça, liberdade e igualdade
basilar. É o reino da cooperação e da interdependência!
Albert Einstein recorda-nos que “não existem sonhos impossíveis para aqueles
que realmente acreditam que o poder realizador reside no interior de cada ser
humano, sempre que alguém descobre que esse poder, antes considerado impossível,
se torna realidade”. Por isso, cada um de nós tem de pôr os seus talentos a
render ao serviço de si e do próximo, não se furtando a contribuir para o bem comum.
Ora quem aceitou empreender uma caminhada
de Advento e Natal com o sonho de José e de Maria a concretizar o sonho humanamente
inimaginável de Deus, sabe que o mistério da humildade do presépio se torna
lição de vida. E esta vida canta a glória a Deus nas Alturas e preconiza a paz entre
os homens na Terra – tal como cantaram os anjos na noite do Natal do Senhor.
Porém, esta glória e esta paz, imersas na
vida de Deus e potenciadas na vida dos homens, só fazem sentido se os homens e
mulheres do Planeta se configurarem como filhos do Pai comum e praticantes da
fraternidade universal; se tiverem os sonhos de casa, terra e trabalho para
todos e cada um; se aceitarem ser mensageiros da verdade e da vida e cuidadores
de si próprios, de Deus, dos irmãos e do mundo como casa comum; e se se
dispuserem a ser livres, atuantes e responsáveis.
Por isso, em prol da filiação comum e da
fraternidade dos homens e mulheres, hauridas no mistério do Natal, 2017
apresenta o desafio do diálogo, da concertação e da paz, firmadas na ação da
não violência como estilo de vida na família, na comunidade, na profissão, no grupo
social, na política e no concerto das nações.
Para tanto, é necessária a coragem da fé
em Deus e nos homens, a alegria do amor em família, a coragem do trabalho consciente
e da remuneração justa pelo mesmo trabalho, a firme atenção da proximidade dos
que mais sofrem ou do que não têm voz nem vez.
Enfim, a vida só faz pleno sentido se for
digna, vivida, partilhada e verdadeiramente humana.
Mas para dar a verdadeira atenção ao
homem, é preciso reconhecer o lugar proeminente de Deus no mundo e na vida e
reconhecer o papel de Cristo na história dos homens!
É no mistério de Cristo, Verbo encarnado
do Pai, que se perscruta e percebe o enigma humano.
Feliz 2017!
2017.12.31 – Louro
de Carvalho
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