Como
consta de documento do Santuário de Fátima, com o logótipo do centenário das
Aparições de Fátima (1917-2017), foi estabelecido, com a inerente indulgência
plenária, “a fim de dignamente celebrar o 100.º aniversário das Aparições de
Fátima”, por mandato do Papa Francisco, um Ano Jubilar, de 27 de novembro de 2016
até 26 de novembro de 2017.
Segundo Dom
António Marto, Bispo de Leiria-Fátima este ano jubilar coroa 6 anos de comemorações
do centenário e convoca-nos a todos, como Igreja, à vivência este tempo
favorável (Kairós, no grego bíblico) com três objetivos: “ação de graças, experiência de
misericórdia e de compromisso com a paz. Na verdade, em finais de 2010,
acolhendo o explícito desafio do Papa Bento XVI, o Santuário iniciou um
itinerário celebrativo do centenário das Aparições de 7 anos. Chega-se agora,
ao 7.º ciclo, que corresponde ao auge da celebração do Centenário, o Ano
Jubilar, que hoje, dia 27 de novembro, foi solenemente inaugurado.
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A preceder a
solene inauguração do Ano Jubilar de Fátima, realizou-se a 26, no Salão do Bom Pastor, no Centro
Pastoral de Paulo VI, em Fátima, a Jornada de
Abertura do Ano jubilar e do Ano Pastoral da diocese de Leiria-Fátima, em que o
conferencista convidado foi Dom António Couto, Bispo de Lamego, que proferiu uma
conferência em torno do título “O Senhor
fez maravilhas: Maria na história da Salvação”, no quadro do tema do Ano
Jubilar, “O Meu Imaculado Coração será o
teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”.
O bispo-conferente
precisou que “para quem tem olhos para ver, Fátima entrega a este mundo
insensato e violento uma mão cheia de luz e de bom senso”. Sublinhou mesmo “a
luz nova e mansa” que a Senhora deixou aos pastorinhos e que se reveste
hoje duma enorme atualidade já que “em Fátima encontramos Maria, as crianças,
as ovelhas mansas, a oração, a conversão, as contas do rosário, os segredos
profundos da guerra e da paz”.
Para revelar
a contemporaneidade da mensagem deixada pela Senhora do Rosário, o prelado lamecense
estabeleceu um paralelo entre o mundo de 1917 e o mundo de hoje. Com efeito, à
semelhança do que sucedeu há cem anos, “nunca se abriram tantas valas comuns nem
se produziu tanto sofrimento” fazendo ressurgir Deus “com uma violência
inaudita”. E referiu:
“Não deixa de ser paradoxal que o Deus que a razão iluminada aniquilou
tenha ressurgido desta forma tão violenta porque é em nome de Deus que se têm
produzido as maiores crueldades e as decisões mais insensatas desde os trágicos
acontecimentos de 11 de setembro de 2001”.
O prelado
lembrou que, tal como há cem anos, de Fátima “continua a elevar-se um grito,
que desvenda a história escura e o coração empedernido e esclerosado dos homens
e deixa entrever um novo sol no meio dos grãos de chuva que ao mesmo tempo
turvam e lavam o olhar”. “É uma Luz nova e mansa, vinda de Deus e a única que
pode alimentar a nossa luz reflexa” pois “o caminho da humanidade não é a
autorreferencialidade, mas sim a luz que vem de Deus”.
Na verdade, “em
Fátima encontramos Jesus, o filho de Maria, verbo de Deus abreviado neste pão
novo” que se afigura como a salvação para a “humanidade ferida e faminta”.
De facto, “Fátima pode ser o lugar de encontro e recitação à volta de Maria e
deste pão”.
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Também o reitor do Santuário de Fátima, Padre Carlos
Cabecinhas participou nesta jornada, salientando que o Ano Jubilar é “um ano de graça e de compromisso”. O reitor convida todos os peregrinos que, durante este período, visitarem
o Santuário ao “compromisso com Deus e com os irmãos, acolhendo os desafios da
mensagem de Fátima e do exemplo de vida dos pastorinhos”. Acentuou que aqueles
e aquelas que ali “participarem em alguma celebração ou rezarem, poderão
receber a Indulgência de Deus, expressão da Sua misericórdia para connosco”. E sublinhou
que, por se tratar de um ano particularmente festivo, “serão as celebrações a
marcar o ritmo da vivência deste jubileu do primeiro Centenário das Aparições”.
O Padre Cabecinhas disse também que, “ao
celebrarmos o grande acontecimento de Fátima, damos graças a Deus por todas as
bênçãos que Ele derrama sobre nós em Fátima, através da mensagem transmitida
neste lugar e dos seus protagonistas.
Explicou que, para assinalar e destacar
o caráter festivo do Ano Jubilar, o Santuário propõe alguns sinais e gestos aos
peregrinos nomeadamente: o Pórtico
Jubilar, inspirado no arco festivo que, em 1917, assinalou o lugar das
aparições e sob o qual foram fotografados os pastorinhos Francisco, Jacinta e
Lúcia; o Itinerário Jubilar do Peregrino,
com uma proposta orante a todos os peregrinos que se deslocam ao Santuário
neste ano; e a Oração Jubilar de
Consagração, de entrega a Maria para, com ela, nos consagrarmos a Deus.
Referiu
o sentido do tema escolhido para este ano pastoral, “O Meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá
até Deus”, que tem como ponto de partida a aparição de outubro de 1017. Depois,
salientando que a devoção ao Coração Imaculado de Maria é “alma da mensagem de
Fátima” e o elemento que une as suas diversas dimensões, afirmou que, “partindo
desta frase inspiradora [a
do tema do ano], somos
convidados, ao longo deste ano pastoral, a refletir sobre o lugar de Maria na
história da salvação, a reconhecer que “o Senhor fez maravilhas” em Maria
e através dela, a deixarmo-nos conduzir por ela até Deus e a darmos graças a
Deus pelo dom das aparições de Nossa Senhora em Fátima”.
***
Por sua vez, Dom António Marto, o Bispo
diocesano, que encerrou a jornada, sustenta que estes “convites e interpelações
de Deus” neste Ano Jubilar significam “um maior compromisso com Deus, mas
também com os irmãos respondendo aos apelos feitos por Nossa Senhora à
conversão”. Porém, segundo o prelado, isso só se alcança “através de uma
mudança de vida” que tenha por base “a justiça e a paz, tal como a Senhora
pediu”.
E, evocando o
tema do ano, salientou que ele “sintetiza toda a mensagem de Fátima” pois “só
o coração é capaz de falar ao coração” e o de Nossa Senhora “é um coração
cheio de ternura que canta e conta as maravilhas do Senhor”.
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O Ano Jubilar foi solenemente inaugurado
este domingo, início do Advento, com a passagem pelo Pórtico Jubilar e com a
celebração da eucaristia dominical na Basílica da Santíssima Trindade. Presidiu
o Bispo de Leiria-Fátima, que encara o Ano Jubilar “Hora de despertar”.
O prelado relembra que “o tempo do Advento é bem mais que a simples espera
e preparação do dia do Natal”, porque o Natal “não se reduz à recordação
romântica de um acontecimento longínquo do passado como é o nascimento do
menino Jesus”. “O Advento” – disse Dom António Marto – “introduz-nos no coração
do mistério cristão: a vinda de Deus à nossa vida, o mistério grande e
fascinante de Deus connosco! É tempo de alegria porque Deus vem ao nosso
encontro”. E afirmou aos peregrinos que a palavra de ordem do 1.º domingo do
Advento é “vigiai, despertai do sono, para não deixar afogar a vida na banalidade
dos dias como nos tempos de Noé”. Assim avisou:
“Também hoje
podemos viver adormecidos, distraídos, anestesiados pelo ‘ramram’ do dia a dia:
comemos, bebemos, trabalhamos, casamos, fazemos a nossa vida de família e a
nossa atenção reduz-se a este horizonte estreito. Ficam de fora, na penumbra ou
excluídas, outras realidades tão importantes e belas: a fé em Deus, o amor de
Deus em nós, a vida espiritual, os valores morais. É hora de despertar!”.
O prelado, recordando que “foi esta advertência que Nossa Senhora fez
ecoar aqui em Fátima, com uma urgência impressionante, para a humanidade que
esquecera Deus, que vivia de costas voltadas para Ele e caminhava para a catástrofe
da guerra e da destruição”, assegurou que “também hoje nos chama a uma
vigilância interior, a despertar da indiferença, a voltarmo-nos para Deus, a
abrir o nosso coração ao seu amor e a descobrir os sinais da sua vinda ao nosso
mundo. Com Deus ou sem Ele a nossa vida e a vida do mundo serão diferentes!”.
E, considerando
que a “outra palavra de ordem do Advento é ‘caminhemos à luz do Senhor’, porque
à sua luz todos os povos podem caminhar para o Reino da justiça e da paz”,
disse:
“Este caminho
nunca está concluído. Há sempre necessidade de recomeçar, de se erguer de novo,
de reencontrar e reavivar o sentido da meta, de renovar sempre o horizonte
comum para o qual caminhamos, de transformar os instrumentos de guerra e de
morte em instrumentos de progresso, de paz e de vida. É o horizonte da
esperança que nos chama a fazer um bom caminho”.
O Bispo diocesano
entende que o Advento “restitui-nos este horizonte da esperança que não
desilude porque Deus é fiel” e, em Fátima, a Senhora trouxe “esta esperança
firme de paz”, sendo “impressionante o seu apelo à oração e ao empenho pela paz
e pela defesa da dignidade dos oprimidos e dos inocentes, vítimas de guerras e
genocídios sem precedentes na história”.
Por consequência, “a terceira indicação do advento é um apelo a mudar de
atitude de vida e a revestir-se das armas da luz, como que a um rearmamento
espiritual e moral das consciências para viver a paz de Deus, a paz do coração,
a paz com os outros”. E assegura o Bispo:
“Foi este
apelo à conversão que Nossa Senhora fez em Fátima quando pedia penitência. O
milagre mais importante de Fátima não é propriamente a dança do sol, mas antes
a conversão do coração e da vida de tanta gente, que aqui acontece sem dar nas
vistas, e que podemos chamar também a ‘dança da conversão’ ao ritmo da música
de Deus que ressoa no Magnificat da
Virgem e enche de alegria”.
O prelado
deixou o desafio de vivência do ano Jubilar com “alegria e a esperança”, como “tempo
favorável de ação de graças pelo dom da visita e da mensagem da Senhora e pelas
graças recebidas”, “de experiência da ternura e da misericórdia de Deus, de
devoção terna ao Imaculado Coração de Maria, de conversão e de compromisso com
Deus e a favor dos outros e da paz no mundo, a exemplo dos pastorinhos”. E concluiu,
dizendo:
“A passagem
pelo Pórtico do Jubileu seja o sinal exterior de que entramos em peregrinação
interior e queremos deixar-nos guiar pela Virgem Santa que é mãe e sabe como
conduzir-nos até Deus. Deixemo-nos, pois, guiar por Ela neste tempo de
perturbação e de esperança!”.
A celebração terminou
com a bênção papal concedida pelo bispo da diocese de Leiria-Fátima, por mandato
do Papa, cujo documento estabelece, para além do Pai-Nosso, o Credo e as orações em Fátima (ou perante uma venerável imagem da
Virgem de Fátima e, para doentes uma simples imagem sua):
“Para obter a
indulgência plenária, os fiéis, verdadeiramente penitentes e animados de
caridade, devem cumprir ritualmente as seguintes condições: confissão
sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre”.
***
A Oração Jubilar de Consagração
pode ver-se em:
Frutuoso Ano Jubilar!
2016.11.27 – Louro de Carvalho
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