Decorreu, em Fátima, de 7 a 10 de novembro, a 190.ª Assembleia Plenária da
Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), com a presença do Núncio Apostólico e dos presidentes da CIRP (Conferência
dos Institutos Religiosos de Portugal) e da CNISP
(Conferência
Nacional dos Institutos Seculares de Portugal).
O Presidente, na abertura e referida a dimensão sinodal da CEP, insistiu na
urgência da divulgação dos documentos sobre “ideologia do género” e “eutanásia”,
totalmente atuais, não se reduzindo ao campo religioso, e salientou a
celebração próxima do Centenário das Aparições em Fátima, com a presença do
Papa, e o pronunciamento dos Bispos em Carta Pastoral.
O Cardeal Lluís Martínez Sistach, arcebispo emérito de Barcelona, ajudou a
CEP a refletir sobre a receção e aplicação da exortação
apostólica Amoris laetitia (AL) na sua matriz e conteúdos, em especial no atinente ao
capítulo VIII, “acompanhar, discernir e
integrar a fragilidade”, e as suas incidências na pastoral, designadamente:
na atitude de misericórdia para com as famílias; no acompanhamento e
discernimento para maior integração na comunidade; no discernimento espiritual,
com a ajuda dum sacerdote, sobretudo em relação aos divorciados recasados; nas circunstâncias
atenuantes; e nos critérios pastorais comuns.
A CEP refletiu sobre as sugestões provindas das instâncias diocesanas em
relação ao primeiro esboço do documento “Catequese: a alegria do encontro com Jesus
Cristo”, que lhes tinha sido proposto
em auscultação ao longo de um ano – contributos a ter em conta na elaboração do
documento final, cuja apreciação está prevista para a próxima assembleia e que procurará
corresponder à passagem do modelo escolar ao modelo catecumenal.
Foi aprovada a “Carta Pastoral sobre o Centenário das
Aparições de Nossa Senhora em Fátima”,
a divulgar oportunamente e que visa “reavivar a permanente atualidade da
mensagem de Fátima para a revitalização da fé e do compromisso evangelizador”, salientando
a mensagem “como dom e bênção fecunda para a Igreja e para o mundo, convite à
conversão e anúncio profético da misericórdia e da paz”.
A CEP aprovou duas Notas Pastorais sobre
Congregações religiosas missionárias em jubileu em 2017: 400 anos de fundação e
300 anos de presença dos Vicentinos (Congregação da Missão) em Portugal; 150 anos de presença em Portugal dos Espiritanos
(Missionários
do Espírito Santo).
Foi ouvida a nova Reitora da UCP, Professora Doutora Isabel Capeloa Gil,
acompanhada de toda a Equipa Reitoral, que apresentou
a situação atual da UCP, referindo as linhas e iniciativas estratégicas nas
áreas do ensino, da investigação, da inovação e da internacionalização, bem
como a celebração dos 50 anos da Universidade Católica em 2017.
Foi apreciada a proposta de Estatutos do Pontifício Colégio Português em
Roma, em ordem à sua aprovação pela Congregação para o Clero, e aprovadas as Linhas de Formação Integral do referido
colégio.
***
O Plenário acolheu as informações,
comunicações e programações dos vários organismos da CEP,
designadamente:
- Os pontos principais do XII Encontro de Bispos dos Países Lusófonos e do
Encontro dos Bispos orientais católicos da Europa, da parte do Presidente da
CEP;
- As temáticas da Assembleia Plenária que decorreu no Mónaco sob o tema “Evangelizar a Europa” e a aprovação de
mensagem sobre os cristãos perseguidos, da parte do Delegado no CCEE (Conselho das
Conferências Episcopais da Europa);
- A temática abordada recentemente em Bruxelas, na respetiva Assembleia
sobre a pobreza e a exclusão social na Europa” (199 milhões de pessoas, quase um 1/4
da população europeia, estão em situação de pobreza), por parte do Delegado
na COMECE (Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia);
- A referência às atividades nos diversos departamentos da Educação
Cristã e Doutrina da Fé nas
dioceses, em particular, à crescente presença do portal EDUCRIS
[www.educris.com] nas redes sociais, por parte do Presidente da respetiva
comissão episcopal;
- Os relatórios dos organismos da Comissão
Episcopal da Pastoral Social e
Mobilidade Humana,
presentados pelo seu Presidente, que destacou a forte presença das
instituições da Igreja na Plataforma de Apoio aos Refugiados, bem como a
realização de encontros nacionais sobre a
encíclica Laudato si’ no Ano da
Misericórdia e o sistema fiscal e
justiça social, tendo os Bispos agendado para a próxima assembleia uma
reflexão mais ampla sobre a Pastoral Penitenciária;
- Os relatórios dos movimentos laicais, apresentados pelo Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, que salientou
os desafios da Pastoral Juvenil, no seguimento da Jornada Mundial da Juventude
em Cracóvia e da escolha do tema “os
jovens, a fé e o discernimento vocacional” para o próximo Sínodo dos Bispos
e referiu as iniciativas da Pastoral Familiar, do Corpo Nacional de Escutas e
da realização do III Encontro de Leigos em Évora.
- A participação no recente Congresso Internacional de Pastoral Vocacional
em Roma, da parte do Presidente da Comissão
Episcopal das Vocações e
Ministérios, bem como no habitual Encontro Nacional dos Formadores
dos Seminários de Portugal;
- A incidência das várias atividades na cultura portuguesa por parte da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações
Sociais, realçada pelo seu Presidente, tendo o Padre Américo
Aguiar, Diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, levado a
Assembleia a uma reflexão sobre uma Pastoral Nacional das Comunicações Sociais,
envolvendo as Dioceses, os Institutos de Vida de Consagrada, a Agência Ecclesia e a Rádio Renascença;
- O elenco de atividades e publicações de apoio à formação litúrgica e o
caminho percorrido em ordem à 3.ª edição do Missal Romano em língua portuguesa,
por parte do Presidente da Comissão
Episcopal da Liturgia e
Espiritualidade, que também comunicou a realização, nos dias 24 a 28
de julho de 2017, do 43.º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, sobre “A Virgem Maria na liturgia”, no contexto do centenário
das aparições em Fátima;
- As várias realizações e projetos no âmbito das Missões, da Nova
Evangelização, do Ecumenismo e do Diálogo Inter-Religioso, por parte do Presidente
da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, que, depois de partilhar as
conclusões do recente Encontro de Coordenadores Diocesanos de Pastoral sobre a
construção de uma comunidade evangelizadora ou “em saída”, questionou a Assembleia sobre possíveis propostas
pastorais comuns;
- O destaque, por parte do Delegado para a Relação entre Bispos e
Vida Consagrada, de alguns
pontos do discurso do Papa aos participantes no recente Encontro Internacional
para Vigários Episcopais e Delegados para a Vida Consagrada, nomeadamente a vida
consagrada na Igreja particular, a ereção de novos institutos, as relações
recíprocas entre Pastores e consagrados, tendo, em seguida, os presidentes da CIRP e da CNISP apresentado alguns pontos das suas atividades, com destaque
para as respetivas assembleias gerais.
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A CEP refletiu sobre a Semana dos Seminários, em curso,
sob o tema “Movidos pela Misericórdia”,
tendo os Bispos saudado os seminaristas e as equipas formadoras e pedido a
oração e o apoio do povo de Deus para tão importante setor eclesial.
O Plenário congratulou-se com o tricentenário da criação
do Patriarcado de Lisboa, pela bula In supremo apostolatus solio do
Papa Clemente XI (7 de novembro de 1716), desejando bons frutos para o Sínodo Diocesano, em curso, sob o tema “o sonho missionário de chegar a todos”.
A Assembleia aprovou o Orçamento do
Secretariado Geral da CEP para 2017 e
procedeu a nomeações para o próximo
triénio, designadamente: Padre Luís Gonzaga Marinho Teixeira da Silva (da
Arquidiocese de Braga), para
Assistente Nacional do CNE (Corpo Nacional de Escutas); Padre Querubim José Pereira da Silva (da Diocese
de Aveiro), para Assistente Nacional da ACR (Ação
Católica Rural) e propôs o
nome do Padre António Manuel Baptista Lopes (da Congregação do Verbo Divino), para ser nomeado pela Congregação para a
Evangelização dos Povos como Diretor Nacional das Obras Missionárias
Pontifícias.
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Sobre os 4 séculos de evangelização e 3 de
presença em Portugal da Congregação da Missão, a CEP sublinha os desafios do carisma
vicentino para o nosso tempo, que se estriba nas
duas principais qualidades do Filho de Deus – união com o Pai e caridade para com os homens – e cuja
atualização, como “imperativo de programas pastorais”, “passa hoje pelo
compromisso com os mais pobres, que de todos os cristãos exige ações concretas
que, em espírito de missão e de serviço à Igreja, se hão de traduzir em obras
mais do que em palavras”.
Sendo certo que “as instituições estão chamadas a ser
a expressão encarnada do carisma” fundacional, também elas, que “vivem
mergulhadas na história de sociedades em acelerada transformação”, devem “escutar
os sinais dos tempos e discernir, nas situações difíceis e tão frequentemente
desumanas, o que ao apelo dos pobres tem a dizer com obras de misericórdia o
carisma vicentino”. Neste processo de escuta e discernimento – diz a CEP –, “a
visão profética de aggiornamento de
São João XXIII continua de plena atualidade”. Por isso, há que “abrir
horizontes, reavivar o espírito missionário e estar disponível para ir mais
longe”, como coisa própria “de homens chamados por Deus a continuar a obra
salvífica de seu Filho”.
Assim, a CEP exorta os herdeiros do carisma de São Vicente
de Paulo “a sentirem o compromisso com todas as situações que degradam a
dignidade do homem”, já que o carisma vicentino caminha ao encontro da mensagem
de amor misericordioso, “que deve colocar o mundo dos pobres no centro de
atenção de todos os cristãos e homens de boa vontade”.
***
Acerca do sesquicentenário
da presença espiritana no país, os Bispos salientam a atualidade da missão e a
inserção destes missionários na Igreja local colaborando na sua dinâmica e
lançando iniciativas próprias para a concretização do seu carisma missionário. Depois, enquanto Instituto Missionário Ad Gentes, “não se limitam a enviar missionários para
fora, mas acolhem nas suas comunidades missionários doutros países, mostrando a
universalidade da Igreja e como a partilha e a diversidade são uma riqueza para
as Igrejas locais”.
Sendo a vida destes missionários “uma história de
missão e comunhão”, são eles agora convidados a, de olhos postos no futuro, “alargar
horizontes” e “pôr o coração a bater ao ritmo das preocupações missionárias da
Igreja”. E a celebração sesquicentenária constitui uma boa ocasião para responderem
ao convite de Francisco para o Ano da Vida Consagrada (2015-2016): “fazer a memória agradecida do passado, viver o
presente com paixão e construir o futuro com esperança, um futuro enraizado no
martírio, isto, é, no testemunho do Evangelho, que está nas suas origens”. Foi
nesse sentido – diz a CEP – que “escolheram para lema deste jubileu as palavras
de São Paulo, Alegres na Esperança” (Rm 12,12). Por isso, os Bispos continuam a “contar com a sua
entrega, o seu dinamismo, o seu estilo de vida simples e comprometido, o
testemunho da vida comunitária e fraterna, a sua criatividade na evangelização”.
Contam assim com o seu valioso contributo para concretizar o que propuseram na
Carta Pastoral “Como Eu vos fiz, fazei-os vós também”,
de 2010: “que a nossa Igreja em Portugal tenha um rosto missionário, em
comunidades abertas, fraternas e sempre a caminho, em missão de coração a
coração, seguindo os passos do Bom Pastor”.
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Constituiu esta assembleia plenária da CEP uma ocasião
propícia – e a que deram cumprimento – para os Bispos mostrarem que, gratos por
todas as iniciativas suscitadas e desenvolvidas no país, estão atentos às
diversas realidades que atingem o homem todo: a religião, a catequese, a
missão, a família, a sociedade e os diversos setores da população – em Portugal
e no mundo.
2016.11.12 – Louro de Carvalho
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