Notas
prévias
Depois
do que passou para a opinião pública sobre as palavras e atuações erráticas do
Ministro da Defesa Nacional a respeito da situação no Colégio Militar, dum vaivém
de informação e desinformação sobre um curso de comandos, que chegou a ponto de
se colocar a hipótese de parar com esta tropa especial, e a propósito dos ditos
e desditos atinentes ao episódio de Tancos – o que deu lugar a demissões,
solidariedades e exonerações e readmissões, com processos de inquérito, mas sem
processos disciplinares, mas com um mal-estar generalizado no seio das forças
armadas – é óbvio que o Ministro não tem condições para continuar.
Já
esquecemos, dado impacto criado pela acusação de 28 arguidos no processo da
Operação Marquês, pela entrega de dois relatórios sobre os incêndios florestais
de Pedrógão Grande e concelhos limítrofes (ao todo 11 concelhos,
com 65 vítimas mortais, lastro de destruição de animais, bens vegetais,
património natural e património edificado)
e agora pela dimensão trágica dos incêndios de 14 a 16 de outubro, que
varreram o país de norte a sul e de lés-a-lés, deixando, apesar da experiência
anterior, 41 vítimas mortais, uma dezena de feridos e um lastro de destruição
maior que o do mês de junho.
Não
sei se é verdade que Marcelo Rebelo de Sousa quer ver o Ministro pela porta de
saída, mas o certo é que o próprio governante já devia ter chegado à conclusão
de que a sua capacidade académica não dá para a gestão dos negócios políticos
da Defesa, dado que tal gestão nunca pode passar pela espontânea ou provocada
autoflagelação das instituições, designadamente a militar. Assim e porque a
nenhuma conclusão digna de crédito público se chegou, Ministro e Chefes
Militares deveriam ter atinado com a porta de saída, não nos dias quentes da
crise de defesa e segurança, mas passado o tempo em que nem os inquéritos nem
as audições na Assembleia da República (AR) permitiram tirar conclusões
inequívocas (no limite, até pode nem ter havido assalto). E não deviam esperar que
António Costa tivesse a maçada de apontar o dedo para a porta. A dignidade
humana e política implica saber sair da rota, para dar lugar a outrem, quando a
nossa condução da locomotiva que nos entregaram se revelou de todo ineficaz.
***
Os
incêndios florestais e a Ministra da Administração Interna
Semelhante
posição manifesto quanto à pasta da Administração Interna. Nunca duvidei da
competência política e da dedicação da Ministra. Mantenho-me avesso à tomada de
posição primária do pedido de demissão perante uma situação trágica, sem que
antes se investigue tudo e o detentor de cargo político tenha oportunidade de
responder ao país, designadamente através do Parlamento. Porém, agora que foi
apresentada a análise feita às causas, à evolução e aos efeitos dos incêndios – que ocorreram em Pedrógão Grande,
Castanheira de Pera, Ansião, Alvaiázere, Figueiró dos Vinhos, Arganil, Góis,
Penela, Pampilhosa da Serra, Oleiros e Sertã, entre 17 e 24 de junho de 2017
– por parte da Comissão Técnica Independente (CTI), criada no âmbito da AR, a
Ministra não tem condições para se manter no cargo.
Também
o relatório – elaborado e recentemente apresentado o Governo pelo Centro
de Estudos sobre Incêndios Florestais ADAI/LAETA, do
Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra – induz o mesmo tipo de conclusão. De nada vale
argumentar com a preferência por aguentar dedicadamente na frente do combate ao
gozo das férias que não se tiveram, como se agora fosse oportuno falar de férias
quando o país está a arder e as pessoas exaustas ou a morrer – é linguagem que
fica tão mal no governante como na oposição. E também não esperava que António
Costa viesse, no discurso ao país, definir como prioridade nesta horas
demissões políticas e técnicas. Esperava, sim, que a Ministra reconhecesse,
daqui a dias, a incapacidade de continuar a sobraçar a pasta da Administração
Interna, não por inépcia pessoal ou académica, mas por ineficácia, como os
altos responsáveis técnicos, que induziram o poder político ao relaxamento da
disponibilidade de meios, quando as previsões meteorológicas apontavam para um
outono extremamente quente e seco, dessem conta de que estavam a mais e
enveredassem pela via de saída.
Não
é admissível politicamente, mas muito menos tecnicamente que os responsáveis
giram à letra os prazos definidos nos planos de prevenção, combate e avaliação
dos fogos florestais. Tempos, prazos, fases são meramente indicativos. O que
conta é aquilo que a avaliação da conjuntura aconselha.
O
capítulo 6 “Os acidentes pessoais” do
relatório do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais está omisso, alegadamente a pedido da
Ministra, lendo-se ali unicamente a seguinte menção: “O conteúdo deste Capítulo, por motivos
relacionados com a Proteção de Dados Pessoais, será disponibilizado
oportunamente, logo que seja tornado anónimo”.
O
relatório do Centro de Estudos sobre Incêndios
Florestais
Todavia,
depois da análise tão completa como possível, são formuladas, no relatório, conclusões
sobre factos e apresentadas recomendações.
Quanto aos factos,
foi dito em síntese:
1. O território
atingido pelos incêndios possui potencial
de risco de incêndio muito elevado, pelas condições climáticas, relevo
acidentado, coberto vegetal muito denso, composto sobretudo por espécies
arbóreas, eucalipto e pinheiro – sendo que parte dele não tinha sido afetado
por grandes incêndios dispondo, assim, de carga combustível muito elevada e mal
gerida, acrescendo que 2017 se mostra como um dos mais gravosos dos últimos 30,
com as condições, já a meio de junho, muito favoráveis à propagação dos
incêndios.
2. O complexo de
incêndios iniciado a 17 de junho ficará na história dos incêndios rurais por
ter causado 65 vítimas mortais e mais de 200 feridos – um dos mais graves ocorridos no nosso País e um dos piores da Europa.
3. Houve várias ocorrências, sendo as mais
importantes as iniciadas em Escalos Fundeiros e em Regadas, no concelho de
Pedrógão Grande, e em Fonte Limpa, no de Góis, a que se associaram mais três
incêndios que consumiram uma área total de 45328ha.
4. O incêndio
mais grave foi o resultante das duas
ignições de Escalos Fundeiros e de Regadas, causadas por contactos
entre a vegetação e uma linha elétrica de média tensão que alimenta as
ditas povoações, sendo que esta linha, com a diferença de cerca de hora e meia,
terá produzido descargas e causado as ignições que originaram os dois incêndios
– situação que configura deficiente gestão de combustíveis na faixa de proteção
da linha, por parte da EDP.
5. O ataque
inicial ao foco de Escalos Fundeiros, a partir das 15 horas, reconheceu-lhe o
potencial para se vir a tornar um grande incêndio, mas o conjunto de meios disponíveis no TO (teatro de
operações) e o comandamento
não se mostraram suficientes para controlar o incêndio, que apresentou dificuldade
de supressão acima da média; e a ocorrência simultânea de outros incêndios na
região e a falta de perceção da sua importância nos vários escalões de decisão
levou à não utilização de mais recursos, nomeadamente meios aéreos pesados, no seu
combate, entre as 15 e as 18 horas, tendo a reação ao agravamento situação sido
muito tardia, apesar de o processo de triangulação de meios previsto no SGO (sistema
de gestão de operações) ter funcionado como previsto.
6. O incêndio de Regadas foi menosprezado (nem
sequer há dele registo), tendo até à junção com o incêndio de
Escalos Fundeiros, só um meio pesado de combate terrestre dedicado, quando a
área ardida já era superior a 500ha.
7. Na sua
propagação, os dois incêndios foram afetados, a partir das 18 horas, por escoamento descendente de trovoada seca
que atingiu o território, modificando a velocidade e rumo do vento, além de que
a interação dos dois incêndios promoveu uma propagação muito extensa e
extremamente rápida do incêndio a partir das 19,30 até cerca das 20,30 horas.
8. Entre as 20 e
as 21,30 horas, desenvolveu-se a tempestade
de fogo que percorreu, quase ao mesmo tempo, de modo imprevisível, uma vasta
área do território em condições que tornaram o combate direto impraticável e
perigoso; o acesso aos lugares e
povoações tornou-se difícil e, embora fosse significativo o número de
recursos, a dificuldade nas comunicações incapacitou o Comando na alocação de
meios na prestação de socorro às pessoas e proteção de bens; e a rápida
evolução da situação não permitiu ao Comando obter uma visão global da
situação.
9. Pelas
caraterísticas pouco usuais do comportamento do incêndio, falta de meios de socorro
junto das casas, falta de energia elétrica, de água e de comunicações, gerou-se
a fuga das pessoas, que procuraram locais
seguros, mas a grande escala deste fenómeno, tornou os locais seguros muito
distantes e o fogo interrompeu o trajeto
destas pessoas, colhendo várias delas de surpresa nas mais variadas
direções que tentaram para fuga.
10.
A falta de limpeza da envolvente das
estradas permitiu que muitas pessoas fossem colhidas na fuga, pelo fumo e
radiação do incêndio, pelas chamas da vegetação em redor e por árvores caídas
na estrada; e a quase totalidade das vítimas morreu ao tentar fugir de carro
pela estrada e, só num troço com 400m da EN236-1, perderam a vida 30 pessoas.
11.
Só 4 das 65 vítimas do incêndio perderam a vida dentro de casa, em situações a
investigar; todas tinham problemas de mobilidade ou de saúde; e, salvaguardando
estas situações, bem como outras de ordem psicológica ou de saúde, para a larga
maioria das vítimas e para outras pessoas que sobreviveram à exposição ao fogo
enquanto fugiam, a permanência em casa
teria sido a opção mais segura.
12.
O sistema de comunicações por rádio e
telefone teve falha geral em toda a região, por limitações inerentes aos
sistemas, como a sua pouca salvaguarda ante a exposição ao fogo, por sobrecarga
de utilizadores ou deficiente utilização de alguns dos sistemas – facto agravado
pela indisponibilidade de meios complementares devido a falta de planeamento; e
a falha do sistema de comunicações terá contribuído para a falta de coordenação
dos serviços de combate e de socorro, para a dificuldade de pedido de socorro
por parte das populações e para o agravamento das consequências do incêndio.
13.
A coordenação das operações, que incluía o socorro às vítimas e o combate ao
incêndio, foi afetada, após as 22 horas, quando se soube de grande número de mortos;
foi prejudicado o combate e o socorro aos feridos; não se fez uma operação de busca e salvamento em larga escala – em
condições muito difíceis – para ir junto dos feridos e levá-los para locais
onde pudessem ser tratados; e poderiam ter-se evitado algumas mortes e muito do
sofrimento dos feridos, se este socorro tivesse sido mais pronto e mais bem
organizado.
14.
A dimensão da tragédia evidenciou que o
sistema de emergência não está preparado para fazer face a número tão massivo
de pessoas afetadas, feridas ou mortas; a prestação de apoio psicológico e
socorro médico e hospitalar teve deficiências que importa estudar melhor; e a
situação do País na prestação de socorro a doentes queimados graves, embora
tenha melhorado grandemente nos últimos anos, é insuficiente para acidentes
desta escala.
15.
Pedrogão Grande e Castanheira de Pera não
tinham PMDFCI (planos municipais de defesa da floresta
conta incêndios) validados pelo ICNF (Instituto
de Conservação Nacional das Florestas) – facto que inibiu
estas entidades de receberem financiamento durante os últimos anos, para
promoverem ações de prevenção, com manifesto prejuízo destas, e constituiu
justificação, perante a lei, para a omissão de ações de prevenção da parte de
outras entidades e de particulares.
***
No
âmbito das recomendações, foi dito em síntese o seguinte:
1. Por melhor
governação do País, são de assegurar-se melhores condições de qualidade de vida,
sustentabilidade e segurança, nos mais diversos aspetos, às populações
residentes nos espaços rurais, que constituem o bem mais valioso e o suporte da
vida e da riqueza de uma parte importante do País; para lá da dotação de
melhores infraestruturas (algumas
existem e com boa qualidade, mas faltam outras, tal como o saneamento básico)
deveriam dotar-se estas comunidades de capacidade de resiliência ante os riscos,
em particular o de incêndio florestal, a que estão frequentemente sujeitos;
pelo diálogo, apoio e colaboração, reconhecendo as limitações das pessoas,
devem ser apoiadas medidas de organização de sistemas de autoproteção e
autodefesa e a adoção de medidas de prevenção e de socorro; e, além
disto, a falta de oportunidades de trabalho e a fraca atratividade das
atividades agrícolas têm vindo a levar ao abandono desta franja do território
que se apresenta cada vez mais envelhecido, com fortes consequências no risco
acrescido de incêndio que se tem vindo a verificar.
2. Considerando
que, na atual situação de mudança climática, os cenários de seca, tempo quente,
trovoadas secas e outros fatores agravantes dos incêndios florestais tendem a
ser cada vez mais frequentes, deve-se contar que as condições da tragédia de Pedrógão
se podem repetir, importando, por isso, preparar o País para um tal cenário
e evitar uma tragédia semelhante, que tem o potencial de ocorrer em várias outras
regiões de Portugal.
3. Não é
tolerável a negligência constituída pela ausência de planos de defesa e de
emergência, de execução de tarefas de prevenção e outras, pelo que tem de haver
maior
responsabilização das entidades e dos cidadãos encarregadas destas tarefas,
sem prejuízo da responsabilização dos incendiários, devendo agir-se perante
estes casos de negligência na gestão, atendendo a que são altamente coniventes
com as intenções dos agentes causadores dos incêndios.
4. Evitando-se
as evacuações compulsivas generalizadas, deve ter-se em conta que os
cidadãos aptos física e psicologicamente para defender as suas habitações não
deverão, em princípio, abandoná-las, mas crianças, idosos, pessoas de
mobilidade reduzida e pessoas debilitadas ou doentes devem ser retiradas do caminho
do fogo logo que possível; e, caso seja necessária uma evacuação, ela deve ser
planeada e executada com antecedência.
5. Tem de haver
grande cuidado na seleção dos quadros de Comando da estrutura da ANPC e dos
Bombeiros; sendo desejável a rotação de meios humanos, deve assegurar-se que a
experiência adquirida e as pessoas com provas dadas não deixem de ser postas ao
serviço do País numa área em que se trata de defender a vida dos cidadãos; deve,
em todos os escalões haver uma melhor qualificação dos agentes de proteção
civil, para conferir aos cidadãos a segurança e confiança de que são socorridos
por pessoas qualificadas e da máxima competência; e, porque uma resposta mais
pronta nas emergências carece de uma maior profissionalização dos Bombeiros, o
País tem de continuar a valorizar a riqueza que constitui o Voluntariado, mas
deve dotá-lo de um enquadramento de maior exigência e disciplina.
6. O ICNF,
como autoridade nacional na área das florestas, deve ter presença maior
e mais efetiva participação na gestão do problema dos incêndios florestais;
para lá da produção de leis e verificação do seu cumprimento, o ICNF deve ter
maior focagem no problema e uma presença e visibilidade maiores, através dos
seus agentes, em todo o território e nas diversas componentes da defesa da
floresta contra os incêndios; e, em concreto, propõe-se: a revisão Decreto-Lei 124/2006, de 28 de junho (com
todas as alterações feitas desde a sua publicação) nos termos que
foram propostos no Capítulo 8; a revisão da organização territorial do ICNF,
para estar em melhor consonância com a estrutura distrital e municipal de
outros agentes do sistema de DECIF (Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais);
a melhor articulação com os municípios e
outras entidades para fazer respeitar a gestão dos planos de gestão de
combustíveis, de planeamento florestal e outros, muitos dos quais foram
delegados nos Municípios, sem a devida contrapartida de uma visão geral e
qualificada, que permita assegurar o seu cumprimento no âmbito de um plano
estratégico; a melhor articulação com os
GTF (Gabinetes Técnicos Florestais),
que poderão constituir um instrumento de trabalho implantado em todo o País,
com conhecimento técnico e com poder de intervenção, para a melhor gestão da
floresta e da sua defesa; uma melhor
organização, qualificação e enquadramento das equipas de Sapadores Florestais,
que podem constituir o braço armado do setor florestal, na prevenção, que não
se compadece com um corpo de Sapadores Florestais pulverizado em múltiplas
entidades e com objetivos tão diversificados.
7. Apesar da melhoria
na componente de combate aos incêndios florestais, identificaram-se vários
pontos a melhorar, recomendando-se em concreto: uma melhor reparação dos altos quadros de comando para a coordenação em GIF
(Gestão
Integrada das florestas); a preparação
dos quadros de comando para a gestão organizada dos PCO (postos
de comando operacional) desde a sua fase de constituição, que
deve ser tão antecipada quanto possível; a utilização
das tecnologias de apoio à decisão na definição de estratégias e avaliação do
comportamento do fogo; o apoio
técnico no PCO de incêndios a partir da fase 3; a georreferenciação registada dos meios entrados no TO, na
organização do combate, na estrutura do posto de comando, na disciplina na
criação das fichas de ocorrência e, em especial, das fitas de tempo.
8. Na prestação
de socorro
médico em catástrofes como esta, há que melhorar muito a organização do
serviço de busca e salvamento, para prestar socorro e apoio sanitário, em todo
o território afetado, pelo que se recomenda a criação de um comando dedicado a
esta missão, que disponha de recursos para desobstruir estradas, entrar
em casas que estejam a arder ou em colapso, e prestar socorro médico e
capacidade de mobilização a sinistrados de vária natureza.
9. Recomenda-se
uma maior
integração de recursos técnicos e de conhecimento científico em todas
as tarefas de gestão dos incêndios florestais, desde a vigilância e
monitorização das florestas, à redução e utilização da biomassa, sistemas de
apoio à decisão no emprego de meios e no planeamento do combate.
10.
O incêndio florestal de Pedrógão Grande deve constituir um caso de estudo
multidisciplinar que o nosso País deveria propor e liderar junto de
diversas instâncias.
11.
Recomenda-se a criação dum Programa Nacional de Gestão dos Incêndios
Florestais, que envolva e congregue as entidades mais diversas da
sociedade civil e do Estado, como as que agora se voluntariaram para ajudar a
mitigar os efeitos do incêndio, sobretudo nas pessoas; que tenha um caráter
interministerial e a capacidade de mobilizar as várias entidades, incluindo a
população, com uma visão global do problema, que deverá incluir, pelo menos, as
seguintes componentes: a preparação das comunidades;
a sensibilização da população; a gestão de combustíveis; o aproveitamento de biomassa; os sistemas de autodefesa; a vigilância e controlo da floresta; a prevenção estrutural; a organização do combate; a recuperação dos ecossistemas; a recuperação das comunidades; a investigação científica; e a colaboração internacional.
***
Concluindo
Passaram
muito poucos dias sobre a entrega dos ditos relatórios e, como diz Marcelo, mal
houve tempo para os ler e muito menos para decidir. Porém, se no atinente à
Defesa Nacional nem relatórios oficiais houve, aqui já se conhece em demasia o
que falhou. Se as propostas vão no sentido da criação duma agência unificadora
dos diversos agentes e áreas com competências convergentes, com comando único
na dependência da Presidência do Conselho de Ministros ou, pelo menos, da
criação de um programa nacional de incidência interministerial, a lei orgânica
do MAI será alterada e a Ministra podia aproveitar para sair, quer porque não
lhe caberá coordenar tal área ou tutelar tal comando, quer porque se tornou
difícil aceitar suas ordens, solicitações pedidos ou sugestões, pois a tragédia
de junho, repetiu-se com dimensões semelhantes agora. E, se os relatórios não
tiveram tempo de ensinar, poderia ter-se aprendido com os factos.
Mantendo-se
a diversificação e intensidade das recomendações – agora com maioria de razão –
também o Ministro da Agricultura e o do Ambiente deveriam seguir o caminho de Azeredo
Lopes e de Constança, porque as responsabilidades políticas também os atingem
aqui. É esta a remodelação governativa que se impõe, respondendo ao sentimento
generalizado denunciado pelo Presidente da República. E este podia deixar que o
Governo tirasse conclusões no próximo dia 21, até porque António Costa já disse
ser necessário remodelar toda a Proteção Civil e foi prometida ao Governo uma
moção de censura parlamentar da parte do CDS, que o PSD estaria para votar a
favor. Penso escusada – sabe a oportunismo e populismo cobertos pela gestão de
afetos – a lembrança de que incumbe ao Parlamento decidir pela manutenção ou pela
demissão do Governo (já o sabíamos).
Se os governos (federais, estaduais ou regionais)
fossem demitidos pelas catástrofes – terramotos, furacões, incêndios, terrorismo,
etc., estaria o mundo bem frito. Ou quer Marcelo fazer vingar a todo o custo a
ideia de novo ciclo político a partir das autárquicas?
Se
Costa não baquear, Marcelo que nunca chefiou governo, tem de dar mais corda aos
sapatos!
2017.10.17 – Louro de Carvalho
Sem comentários:
Enviar um comentário