domingo, 28 de julho de 2019

Governo dá a conhecer História de Portugal através do turismo militar


Começa no próximo dia 29 de Julho uma série de 6 programas de TV dedicados ao Turismo Militar (sendo o primeiro transmitido em direto da “Rainha da Fronteira) em resultado de parceria firmada em protocolo entre a RTP, através do Presidente do Conselho de Administração da Rádio e Televisão de Portugal, e o Ministério da Defesa Nacional, através do Diretor-Geral dos Recursos da Defesa Nacional.
Elvas, a mais importante praça-forte da fronteira portuguesa e a mais fortificada da Europa, vai ser a anfitriã desta série que se prolonga até final de agosto. Nesta cidade, encontra-se o maior conjunto de fortificações abaluartadas do mundo e as suas muralhas, que, em conjunto com o centro histórico da cidade são, desde 2012, Património Mundial da Humanidade.
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Como pode ler-se na página web do PS, o Governo propõe-se dinamizar o património da defesa através do projeto ‘Turismo Militar’, que reúne um conjunto de roteiros e rotas para dar a conhecer a História de Portugal através da História Militar.
A marca ‘Turismo Militar’ foi dada a conhecer no dia 26, em cerimónia que decorreu no Palácio Foz, em Lisboa.
De acordo com a informação constante nos vídeos divulgados na altura, o programa inclui “253 castelos, mais de 300 fortes, fortalezas e fortins, 100 faróis e farolins, mais de 70 castros e povoados fortificados, 40 casas-torre”, além de redutos, museus, atalaias ou muralhas.
No ‘site’ criado para o efeito (www.turismomilitar.gov.pt), os cidadãos acedem a informação sobre os diversos locais e consultam os roteiros ou circuitos sugeridos que incluem este património.
O Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, salientou que a “História Militar é uma outra forma de falar da História de Portugal”, pois, ao longo dos séculos, “foram tantos e tantos os momentos” em que a História “foi moldada pela experiência militar”. E vincou:
Essa experiência militar deixou marcas muitíssimo visíveis por todo o território nacional, e o património militar, que é valiosíssimo e riquíssimo, é, através deste projeto, um património que vai ser mais conhecido dos portugueses, é um património que vai permitir aos portugueses conhecer melhor Portugal”.
Gomes Cravinho especificou que o projeto permite dar a conhecer as fortificações espalhadas pelo país, museus e pequenos castros, no fundo, a “experiência militar que construiu Portugal”. E, na sua ótica, permitirá uma dinamização do interior do país, através da atração de turistas.
Notando que a História Militar passa muitíssimo, por exemplo, pela zona raiana e pela Estrada Nacional 2”, considerou o governante que “o nosso país deve imenso à sua História Militar, e a sua História Militar não é, de todo, só Lisboa, Porto, as grandes cidades”. E sustentou:
Levar o turismo, seja o turismo nacional, seja o turismo internacional, um pouco para o interior, desde logo é um favor grande que fazemos aos turistas porque passam a conhecer uma parte menos conhecida de Portugal, mas muitíssimo rica, e é também o contributo que se dá ao desenvolvimento do interior, à promoção da economia do interior”.
Isto, como apontou Gomes Cravinho, porque, “a partir de algo que já existe, que é o património militar, cria-se novo valor, cria-se valor para a economia local”. Este projeto, que este ano é servido por seis programas na RTP, pelo “Roteiro dos Museus Militares” e pelo “Passaporte EN2”, será desenvolvido “ao longo de vários anos, construindo-se, sobretudo, com as autarquias” e com o Turismo de Portugal, por exemplo, na criação de novas rotas.
Questionado sobre o investimento aplicado neste projeto, Cravinho indicou que se trata de “coordenar muitas entidades que estão dispersas e que já dão contributos muito importantes para a valorização do património, mas que não estão ligados entre si”. E observou:
Ao tecer os elos entre as diferentes entidades, ao criar um ‘site’ onde tudo possa ser visto em conjunto, ao criar rotas que permitam uma visão mais sistemática de diferentes aspetos da nossa realidade, o que nós estamos a fazer é simplesmente aproveitar algo que já existe e que não está suficientemente valorizado”.
Presente na cerimónia, o presidente do Conselho de Administração da televisão e rádio públicas frisou que o objetivo passa por ter “uma RTP aberta”, colaborativa, que esteja no terreno e que esteja “muito presente no país”, pois, como sublinhou, notando que os conteúdos produzidos serão didáticos e pretendem fazer a divulgação do património e das diversas regiões do país, assim a RTP cumpre o seu papel.
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Sem esquecer o papel da ATMP (Associação de Turismo Militar Português) - que tem como missão o desenvolvimento do turismo militar em Portugal, a promoção, divulgação e preservação do património histórico e militar português, a promoção e a realização de eventos no âmbito do turismo militar, bem como o desenvolvimento de uma Rede Nacional de Roteiros de História Militar, integrando e estruturando a oferta turística do património militar nacional –, aos conteúdos turísticos que Portugal já oferece, o Ministério da Defesa Nacional, através da DGRDN (Direção-Geral dos Recursos da Defesa Nacional) propõe-se acrescentar outras propostas através do incentivo ao desenvolvimento do Turismo Militar.
Quanto maior conhecimento existir sobre o Património e História Militar – móvel ou imóvel, tangível ou intangível –, mais facilmente se mobilizarão públicos nacionais e internacionais. O seu conhecimento incentivará o estudo como e enquanto base sustentável para a constituição de rotas e roteiros, percursos e circuitos, formatando itinerários que valorizem e integrem a história e cultura de cariz militar, articulando-o de forma coerente com potencial turístico, valorizando a instituição militar na génese da História de Portugal. E será, outrossim, oportunidade para estabelecer parcerias de intercâmbio com outras entidades públicas ou privadas, contribuindo para assegurar uma maior cientificidade aos nossos projetos, na certeza de que esta união de esforços é essencial para o estabelecimento de critérios de certificação das atividades e iniciativas que integrarão a rede oficial de Turismo Militar.
Não faltam motivos para esta rede, que se imporá com o tempo. Neste sentido, além do ‘site’ próprio e das publicações que têm sido feitas e da que virão à luz do dia, a DGRDN criou a Marca Turismo Militar.  Ainda a procissão vai no adro… Sairá dele?
A logomarca do Turismo Militar baseia-se na Esfera Armilar, instrumento de astronomia aplicado na navegação que, no decurso dos Descobrimentos, foi de relevância para Portugal e pode ser entendido como um forte símbolo da tecnologia náutica dos portugueses que, durante séculos, foram pioneiros na descoberta de novos territórios. Desenvolvido ao longo do tempo, através da observação do movimento dos astros em torno da Terra (???), este instrumento, constituído por um conjunto de armilas (anéis, braceletes ou argolas) articuladas que se movem separadamente e acrescido por uma banda diagonal que indica o movimento do sol nos 365 dias no ano, forma uma representação de um cosmos reduzido. Tornou-se um dos símbolos do “Pela Graça de Deus, Manuel I, Rei de Portugal e dos Algarves, d’Aquém e d’Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.”, tornando-se, desde o século XV, num elemento importante no brasão de armas português, que se associa a Portugal com facilidade. A Esfera, além de simbolizar Portugal e o seu passado, transmite dinamismo no presente a mirar o futuro, globalidade, abrangência, modernidade, tecnologia, história e envolvimento – tudo o que o Turismo Militar se propõe tratar.
Turismo Militar” e “TM Portugal” são marcas mistas registadas da DGRDN junto do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, respetivamente com os n.os de processo 615193 e 615194.
O uso do selo da marca “TM Portugal”, atribuído pela DGRDN ao abrigo do respetivo Regulamento, confere cientificidade e credibilidade ao utilizador, assegurando a uniformização na qualidade dos produtos e serviços prestados. A utilização não autorizada destas marcas é proibida e, como tal, constitui ilícito contraordenacional. Com efeito, a DGRDN é titular do direito de propriedade e de uso exclusivo e, por conseguinte, tem o direito de impedir terceiros de usarem, sem o seu consentimento, no exercício de atividades económicas, qualquer sinal igual, ou semelhante, em produtos ou serviços idênticos afins daqueles para os quais a marca foi registada, e que, em consequência da semelhança entre os sinais e da afinidade dos produtos ou serviços, possa causar um risco de confusão, ou associação, no espírito do consumidor.
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Entre os roteiros e rotas já definidos, contam-se o “Roteiro dos Museus e coleções Militares”, aRota da EN 2”, o “Passaporte da Rota EN2”, o “Roteiro dos Castelos da Bandeira Nacional” (Raia) e o “Roteiro dos Castelos da Bandeira Nacional” (Algarve).
No âmbito Roteiro dos Museus e coleções Militares”, dão-se a conhecer os Museus Militares e Núcleos Museológicos de Portugal, espaços emblemáticos que bem preservam a nossa história. Ao longo das suas 88 páginas, o roteiro mostra diferentes tipos de património (edificado, bélico, cultural e artístico) deixando o leitor surpreso pela abrangente panóplia de temas e acervos preciosos visitáveis em todo o país. Aí temos: o Museu Militar de Bragança, o Museu Militar do Porto, o Museu Militar de Elvas, o Museu do Ar (Alverca e Ovar), o Núcleo Museológico de Alverca, o Núcleo Museológico de Ovar, o Museu da Marinha (Lisboa), o Planetário Calouste Gulbenkian, o Museu Militar de Lisboa, a Casa dos Gessos (Lisboa), os Núcleos Museológicos n.º 1 e n.º 2 das Ex-Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento (Lisboa), o Núcleo Museológico do Porto, o Aquário Vasco da Gama (Oeiras), a Fragata Dom Fernando II e Glória (Almada), o Museu do Fuzileiro (Vale do Zebro), o Museu Marítimo Almirante Ramalho Ortigão (Faro), o Museu Militar dos Açores e o Museu Militar da Madeira.
De facto, a nossa memória e identidade comuns, igualmente preservadas no Património material e imaterial da Defesa Nacional, encontram nos museus e nos núcleos museológicos uma forma de perpetuar a presença e soberania de Portugal desde as suas origens. Ficam em realce, neste aspeto, os seguintes locais: Barreiro/Coina, Bragança, Elvas, Faro, Lisboa, Lisboa/Odivelas, Luso, Ovar/Maceda, Ponta Delgada, Porto, Sintra, Vila Franca de Xira/ Alverca do Ribatejo.
Sobre a “Rota da EN 2”, é de salientar que foi Estrada Real nos finais do século XIX, sendo em 1884 a Estrada Distrital n.º 128  e, posteriormente, a Estrada Nacional n.º 19-1.ª, assumindo definitivamente o título de Estrada Nacional 2 em 1944. E foi inscrita no Plano Rodoviário Nacional a 11 de maio de 1945. Considerada a terceira maior do mundo e a única desta tipologia na Europa, seguida da Route 66 nos EUA e da Ruta 45, na Argentina, liga Trás-os-Montes ao Algarve passando pelas Beiras e Alentejo. Tem o seu início no Km 0 em Chaves e termina no Km 737,260 km na cidade de Faro junto ao oceano Atlântico, depois de ter serpenteado por montes e vales (de 11 distritos do País e 35 concelhos). Faz parte da história e tem muita história.
Os locais a visitar são predominantemente: Abrantes, Aljustrel, Almodôvar/Santa Clara-a-Nova e Gomes Aires, Avis, Castro Daire, Castro Daire/Parada de Ester, Castro Verde/Ourique, Chaves, Chaves/Águas Frias, Chaves/Santo Estêvão, Chaves/Cimo de Vila da Castanheira, Chaves/Curralha, Chaves/Santo António de Monforte/Águas Frias, Faro, Góis, Lamego, Lamego/Lazarim, Lousã, Mealhada, Montemor-O-Novo, Mora/Brotas, Penacova, Santa Comba Dão, São Brás de Alportel, Sardoal, Sertã, Tondela, Viana do Alentejo, Viana do Alentejo/ Alcáçovas, Vila de Rei, Vila Marim/Quintela, Vila Pouca de Aguiar/Telões, Vila Real, Viseu.
Quanto ao “Passaporte da Rota EN2”, deve dizer-se que responde à importância e abrangência territorial da EN 2, disponibilizando diferentes paisagens, monumentos, espaços e sítios, o passaporte é editado pela Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2, com quem a DGRDN tem protocolo de cooperação na área do Turismo Militar materializado, na Rota da Estrada N2. O “Passaporte EN2” encontra-se à venda nos postos de turismo e câmaras municipais dos 35 concelhos aderentes ou através do endereço eletrónico geral@rotan2.pt.
No quadro do Roteiro dos Castelos da Bandeira Nacional, é conveniente dar uma nótula histórica para nos contextualizarmos.
Portugal é o estado mais antigo da Europa, remontando a sua História ao século XII, quando em 1139 Dom Afonso Henriques, rompendo com a soberania de Leão e Castela, declarou a independência do Condado Portucalense, reconhecida mais tarde por Afonso VII, seu primo, a 5 de outubro de 1143, subscrevendo o tratado de Zamora, e pelo Papa Alexandre III, a 23 de Maio de 1179, pela Bula Manifestis probatum, de 23 de maio de 1179.
Foi no reinado de Dom Dinis, em 1297, que a assinatura do Tratado de Alcanices, entre Portugal, Leão e Castela, veio, finalmente, firmar as fronteiras portuguesas. Foi assim que os castelos de fronteira se tornaram os símbolos emblemáticos da independência nacional, delineando os limites extremos do interior do país.
São várias as teorias explicativas e romanceadas para a origem dos castelos dourados representados no escudo e na Bandeira. Se por um lado existe uma teoria que os identifica como os castelos referentes às sete praças raianas consagradas pelos portugueses no referido Tratado de Alcanices – Roteiro dos Castelos da Bandeira Nacional (Raia) – uma outra, remete para as vitórias, durante o reinado de D. Afonso III durante a conquista do Algarve integrando-as na coroa de Portugal, então denominado Reino de Portugal e do Algarve. Seguindo ambas tradições, sem qualquer fundamento científico e de forma a abranger dois pontos diferentes do território continental Nacional, são apresentados dois circuitos da Bandeira de Portugal.
O “Roteiro dos Castelos da Bandeira Nacional” (Raia) inclui: Almeida, Almeida/Castelo Bom, Almeida/Castelo Mendo, Figueira de Castelo Rodrigo, Sabugal, Sabugal/Alfaiates, Sabugal/Vilar Maior, Vila Nova de Foz Coa/Castelo Melhor
O “Roteiro dos Castelos da Bandeira Nacional” (Algarve) inclui: Albufeira/Paderne, Castro Marim, Estômbar/Lagoa, Faro, Lagoa/Porches, Loulé, Loulé/Salir, Vila do Bispo/Sagres, Vila Real de Santo António/ Cacela-Velha.
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Mais roteiros, rotas, circuitos, percursos e quartéis virão. E a História Militar de Portugal não se estudará apenas nas universidades e institutos politécnicos, mas também nas estradas, monumentos e equipamentos. Não será estudada somente por académicos e escolares, mas também por anónimos e conhecidos, fardados de turistas, viandantes, peregrinos e curiosos.  
Este arroubo turístico convencerá os governos da conveniência de umas forças armadas fortes, modernas, bem equipadas e em quem se possa confiar a defesa militar e o apoio humanitário?
Precisa-se de investimento e politicas amigas do país e dos portugueses!
2019.07.28 – Louro de Carvalho 

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