Começa no
próximo dia 29 de Julho uma série de 6 programas de TV dedicados ao Turismo
Militar (sendo o
primeiro transmitido em direto da “Rainha da Fronteira) em resultado de parceria firmada em protocolo entre
a RTP, através do Presidente do Conselho de Administração da Rádio e Televisão de Portugal, e o Ministério
da Defesa Nacional, através do Diretor-Geral dos Recursos da Defesa Nacional.
Elvas, a
mais importante praça-forte da fronteira portuguesa e a mais fortificada da
Europa, vai ser a anfitriã desta série que se prolonga até final de agosto. Nesta cidade, encontra-se o maior conjunto de fortificações abaluartadas do
mundo e as suas muralhas, que, em conjunto com o centro histórico da cidade
são, desde 2012, Património Mundial da Humanidade.
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Como
pode ler-se na página web do PS, o
Governo propõe-se dinamizar o património da defesa através do projeto
‘Turismo Militar’, que reúne um conjunto
de roteiros e rotas para dar a conhecer a História de Portugal através da
História Militar.
A marca
‘Turismo Militar’ foi dada a conhecer no dia 26, em cerimónia que decorreu no
Palácio Foz, em Lisboa.
De acordo com
a informação constante nos vídeos divulgados na altura, o programa inclui “253
castelos, mais de 300 fortes, fortalezas e fortins, 100 faróis e farolins, mais
de 70 castros e povoados fortificados, 40 casas-torre”, além de redutos,
museus, atalaias ou muralhas.
No ‘site’ criado para o efeito (www.turismomilitar.gov.pt), os cidadãos acedem a informação
sobre os diversos locais e consultam os roteiros ou circuitos sugeridos que
incluem este património.
O Ministro da
Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, salientou que a “História Militar é uma outra forma de falar da História de Portugal”,
pois, ao longo dos séculos, “foram tantos e tantos os momentos” em que a
História “foi moldada pela experiência militar”. E vincou:
“Essa
experiência militar deixou marcas muitíssimo visíveis por todo o território
nacional, e o património militar, que é valiosíssimo e riquíssimo, é, através
deste projeto, um património que vai ser mais conhecido dos portugueses, é um
património que vai permitir aos portugueses conhecer melhor Portugal”.
Gomes
Cravinho especificou que o projeto permite dar a conhecer as fortificações
espalhadas pelo país, museus e pequenos castros, no fundo, a “experiência
militar que construiu Portugal”. E, na sua ótica, permitirá uma dinamização do
interior do país, através da atração de turistas.
Notando que a
História Militar passa muitíssimo, por exemplo, pela zona raiana e pela Estrada
Nacional 2”, considerou o governante que “o nosso país deve imenso à sua
História Militar, e a sua História Militar não é, de todo, só Lisboa, Porto, as
grandes cidades”. E sustentou:
“Levar
o turismo, seja o turismo nacional, seja o turismo internacional, um pouco para
o interior, desde logo é um favor grande que fazemos aos turistas porque passam
a conhecer uma parte menos conhecida de Portugal, mas muitíssimo rica, e é
também o contributo que se dá ao desenvolvimento do interior, à promoção da
economia do interior”.
Isto, como apontou
Gomes Cravinho, porque, “a partir de algo que já existe, que é o património
militar, cria-se novo valor, cria-se valor para a economia local”. Este projeto,
que este ano é servido por seis programas na RTP, pelo “Roteiro dos Museus Militares” e pelo “Passaporte EN2”, será desenvolvido “ao longo de vários anos,
construindo-se, sobretudo, com as autarquias” e com o Turismo de Portugal, por
exemplo, na criação de novas rotas.
Questionado
sobre o investimento aplicado neste projeto, Cravinho indicou que se trata de
“coordenar muitas entidades que estão dispersas e que já dão contributos muito
importantes para a valorização do património, mas que não estão ligados entre
si”. E observou:
“Ao
tecer os elos entre as diferentes entidades, ao criar um ‘site’ onde tudo possa ser visto em conjunto, ao criar rotas que
permitam uma visão mais sistemática de diferentes aspetos da nossa realidade, o
que nós estamos a fazer é simplesmente aproveitar algo que já existe e que não
está suficientemente valorizado”.
Presente na
cerimónia, o presidente do Conselho de Administração da televisão e rádio
públicas frisou que o objetivo passa por ter “uma RTP aberta”, colaborativa,
que esteja no terreno e que esteja “muito presente no país”, pois, como
sublinhou, notando que os conteúdos produzidos serão didáticos e pretendem
fazer a divulgação do património e das diversas regiões do país, assim a RTP
cumpre o seu papel.
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Sem esquecer o papel da ATMP (Associação de Turismo
Militar Português)
- que tem como missão o desenvolvimento do
turismo militar em Portugal, a promoção, divulgação e preservação do património
histórico e militar português, a promoção e a realização de eventos no âmbito
do turismo militar, bem como o desenvolvimento de uma Rede Nacional de
Roteiros de História Militar, integrando e estruturando a oferta turística do
património militar nacional –, aos conteúdos turísticos que Portugal já
oferece, o Ministério da Defesa Nacional, através da DGRDN (Direção-Geral dos Recursos da Defesa
Nacional) propõe-se
acrescentar outras propostas através do incentivo ao desenvolvimento do Turismo
Militar.
Quanto maior conhecimento existir
sobre o Património e História Militar – móvel ou imóvel, tangível ou intangível
–, mais facilmente se mobilizarão públicos nacionais e internacionais. O seu
conhecimento incentivará o estudo como e enquanto base sustentável para a
constituição de rotas e roteiros, percursos e circuitos, formatando itinerários
que valorizem e integrem a história e cultura de cariz militar, articulando-o
de forma coerente com potencial turístico, valorizando a instituição militar na
génese da História de Portugal. E será, outrossim, oportunidade para
estabelecer parcerias de intercâmbio com outras entidades públicas ou privadas,
contribuindo para assegurar uma maior cientificidade aos nossos projetos, na
certeza de que esta união de esforços é essencial para o estabelecimento de
critérios de certificação das atividades e iniciativas que integrarão a rede
oficial de Turismo Militar.
Não faltam
motivos para esta rede, que se imporá com o tempo. Neste sentido, além do ‘site’ próprio e das publicações que têm
sido feitas e da que virão à luz do dia, a DGRDN criou a Marca Turismo Militar. Ainda a procissão vai no adro… Sairá dele?
A logomarca do Turismo Militar
baseia-se na Esfera Armilar, instrumento de astronomia aplicado na navegação
que, no decurso dos Descobrimentos, foi de relevância para Portugal e pode ser
entendido como um forte símbolo da tecnologia náutica dos portugueses que,
durante séculos, foram pioneiros na descoberta de novos territórios. Desenvolvido
ao longo do tempo, através da observação do movimento dos astros em torno da
Terra (???), este instrumento, constituído por
um conjunto de armilas (anéis,
braceletes ou argolas)
articuladas que se movem separadamente e acrescido por uma banda diagonal que
indica o movimento do sol nos 365 dias no ano, forma uma representação de um
cosmos reduzido. Tornou-se um dos símbolos do “Pela
Graça de Deus, Manuel I, Rei de Portugal e dos Algarves, d’Aquém e d’Além-Mar
em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia,
Arábia, Pérsia e Índia, etc.”, tornando-se, desde o século XV, num
elemento importante no brasão de armas português, que se associa a Portugal com
facilidade. A Esfera, além de simbolizar Portugal e o seu passado, transmite
dinamismo no presente a mirar o futuro, globalidade, abrangência, modernidade,
tecnologia, história e envolvimento – tudo o que o Turismo Militar se propõe
tratar.
“Turismo
Militar” e “TM Portugal” são
marcas mistas registadas da DGRDN junto do Instituto Nacional da Propriedade
Industrial, respetivamente com os n.os de processo 615193 e 615194.
O uso do selo da marca “TM Portugal”,
atribuído pela DGRDN ao abrigo do respetivo Regulamento, confere cientificidade
e credibilidade ao utilizador, assegurando a uniformização na qualidade dos
produtos e serviços prestados. A utilização não autorizada destas marcas é
proibida e, como tal, constitui ilícito contraordenacional. Com efeito, a DGRDN
é titular do direito de propriedade e de uso exclusivo e, por conseguinte, tem
o direito de impedir terceiros de usarem, sem o seu consentimento, no exercício
de atividades económicas, qualquer sinal igual, ou semelhante, em produtos ou
serviços idênticos afins daqueles para os quais a marca foi registada, e que,
em consequência da semelhança entre os sinais e da afinidade dos produtos ou
serviços, possa causar um risco de confusão, ou associação, no espírito do
consumidor.
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Entre os
roteiros e rotas já definidos, contam-se o “Roteiro dos Museus e coleções
Militares”,
a “Rota da EN 2”, o “Passaporte da
Rota EN2”, o “Roteiro dos Castelos da Bandeira Nacional” (Raia) e o “Roteiro dos Castelos da Bandeira Nacional”
(Algarve).
No âmbito “Roteiro dos
Museus e coleções Militares”, dão-se a conhecer os Museus Militares e Núcleos
Museológicos de Portugal, espaços emblemáticos que bem preservam a nossa
história. Ao longo das suas 88 páginas, o roteiro mostra diferentes tipos de
património (edificado, bélico,
cultural e artístico) deixando o leitor surpreso pela abrangente
panóplia de temas e acervos preciosos visitáveis em todo o país. Aí temos: o
Museu Militar de Bragança, o Museu Militar do Porto, o Museu Militar de Elvas,
o Museu do Ar (Alverca e Ovar), o Núcleo
Museológico de Alverca, o Núcleo Museológico de Ovar, o Museu da Marinha (Lisboa), o Planetário Calouste Gulbenkian, o Museu
Militar de Lisboa, a Casa dos Gessos (Lisboa), os Núcleos Museológicos n.º 1 e n.º 2 das
Ex-Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento (Lisboa), o Núcleo Museológico do Porto, o Aquário Vasco
da Gama (Oeiras), a Fragata Dom Fernando II e Glória (Almada), o Museu do Fuzileiro (Vale do Zebro), o Museu Marítimo
Almirante Ramalho Ortigão (Faro), o Museu
Militar dos Açores e o Museu Militar da Madeira.
De facto, a
nossa memória e identidade comuns, igualmente preservadas no
Património material e imaterial da Defesa Nacional, encontram nos museus e
nos núcleos museológicos uma forma de perpetuar a presença e soberania de
Portugal desde as suas origens. Ficam em realce, neste aspeto, os
seguintes locais: Barreiro/Coina,
Bragança, Elvas, Faro, Lisboa, Lisboa/Odivelas, Luso, Ovar/Maceda, Ponta
Delgada, Porto, Sintra, Vila Franca de Xira/ Alverca do Ribatejo.
Sobre a “Rota
da EN 2”, é de salientar que foi Estrada
Real nos finais do século XIX, sendo em 1884 a Estrada Distrital n.º
128 e, posteriormente, a Estrada Nacional n.º 19-1.ª, assumindo
definitivamente o título de Estrada Nacional 2 em 1944. E foi inscrita no Plano Rodoviário Nacional a 11 de maio de 1945. Considerada a terceira maior do
mundo e a única desta tipologia na Europa, seguida da Route 66 nos EUA e da
Ruta 45, na Argentina, liga Trás-os-Montes ao Algarve passando pelas
Beiras e Alentejo. Tem o seu início no Km 0 em Chaves e termina no Km 737,260 km
na cidade de Faro junto ao oceano Atlântico, depois de ter serpenteado por
montes e vales (de 11 distritos do País e 35 concelhos). Faz parte da história e tem
muita história.
Os locais a
visitar são predominantemente: Abrantes, Aljustrel, Almodôvar/Santa
Clara-a-Nova e Gomes Aires, Avis, Castro Daire, Castro Daire/Parada de Ester,
Castro Verde/Ourique, Chaves, Chaves/Águas Frias, Chaves/Santo Estêvão,
Chaves/Cimo de Vila da Castanheira, Chaves/Curralha, Chaves/Santo António de
Monforte/Águas Frias, Faro, Góis, Lamego, Lamego/Lazarim, Lousã, Mealhada,
Montemor-O-Novo, Mora/Brotas, Penacova, Santa Comba Dão, São Brás de Alportel,
Sardoal, Sertã, Tondela, Viana do Alentejo, Viana do Alentejo/ Alcáçovas, Vila
de Rei, Vila Marim/Quintela, Vila Pouca de Aguiar/Telões, Vila Real, Viseu.
Quanto ao “Passaporte
da Rota EN2”, deve dizer-se que responde à importância e abrangência
territorial da EN 2, disponibilizando diferentes paisagens, monumentos,
espaços e sítios, o passaporte é editado pela Associação de Municípios da Rota
da Estrada Nacional 2, com quem a DGRDN tem protocolo de cooperação na área do
Turismo Militar materializado, na Rota da Estrada N2. O “Passaporte EN2” encontra-se à venda nos postos de turismo e câmaras
municipais dos 35 concelhos aderentes ou através do endereço eletrónico geral@rotan2.pt.
No quadro do Roteiro dos Castelos da Bandeira Nacional, é conveniente dar
uma nótula histórica para nos contextualizarmos.
Portugal é o
estado mais antigo da Europa, remontando a sua História ao século XII, quando
em 1139 Dom Afonso Henriques, rompendo com a soberania de Leão e Castela,
declarou a independência do Condado Portucalense, reconhecida mais tarde por
Afonso VII, seu primo, a 5 de outubro de 1143, subscrevendo o tratado de Zamora,
e pelo Papa Alexandre III, a 23 de Maio de 1179, pela Bula Manifestis probatum, de 23 de maio de
1179.
Foi no
reinado de Dom Dinis, em 1297, que a assinatura do Tratado de Alcanices, entre
Portugal, Leão e Castela, veio, finalmente, firmar as fronteiras portuguesas.
Foi assim que os castelos de fronteira se tornaram os símbolos emblemáticos da
independência nacional, delineando os limites extremos do interior do país.
São várias
as teorias explicativas e romanceadas para a origem dos castelos dourados
representados no escudo e na Bandeira. Se por um lado existe uma teoria que os
identifica como os castelos referentes às sete praças raianas consagradas pelos
portugueses no referido Tratado de Alcanices – Roteiro dos Castelos da Bandeira
Nacional (Raia) – uma outra, remete para as
vitórias, durante o reinado de D. Afonso III durante a conquista do
Algarve integrando-as na coroa de Portugal, então denominado Reino de Portugal e do Algarve. Seguindo
ambas tradições, sem qualquer fundamento científico e de forma a abranger dois
pontos diferentes do território continental Nacional, são apresentados dois
circuitos da Bandeira de Portugal.
O “Roteiro
dos Castelos da Bandeira Nacional” (Raia) inclui: Almeida, Almeida/Castelo Bom, Almeida/Castelo Mendo, Figueira
de Castelo Rodrigo, Sabugal, Sabugal/Alfaiates, Sabugal/Vilar Maior, Vila Nova
de Foz Coa/Castelo Melhor
O “Roteiro
dos Castelos da Bandeira Nacional” (Algarve) inclui: Albufeira/Paderne,
Castro Marim, Estômbar/Lagoa, Faro, Lagoa/Porches, Loulé, Loulé/Salir, Vila do
Bispo/Sagres, Vila Real de Santo António/ Cacela-Velha.
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Mais roteiros, rotas, circuitos, percursos e quartéis virão. E a História
Militar de Portugal não se estudará apenas nas universidades e institutos
politécnicos, mas também nas estradas, monumentos e equipamentos. Não será
estudada somente por académicos e escolares, mas também por anónimos e
conhecidos, fardados de turistas, viandantes, peregrinos e curiosos.
Este
arroubo turístico convencerá os governos da conveniência de umas forças armadas
fortes, modernas, bem equipadas e em quem se possa confiar a defesa militar e o
apoio humanitário?
Precisa-se
de investimento e politicas amigas do país e dos portugueses!
2019.07.28 –
Louro de Carvalho
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