A alunagem, após
4 dias de viagem de Amstrong, Aldrin e Collins a bordo do Apolo 11, foi um dos
momentos divisores da História. A missão espacial estadunidense iniciou-se
alguns anos antes, em plena Guerra Fria, na corrida frenética entre EUA e a URSS
pela conquista do espaço.
Agora, o
momento de frenesim com que mais de meio bilião de expectadores em todo o mundo
acompanharam pela TV a admirável façanha humana representava uma conquista da
ciência e da técnica, uma consagração do génio humano e da sua capacidade de
tornar realidade a ficção científica, um ponto de não retorno, quase como uma
promessa de que, após aquele momento excecional, a humanidade jamais seria a
mesma.
A 20 de
julho de 1969, três homens fizeram História. O dia e a Apollo 11 ficaram na
memória das pessoas e dos povos. Há memória da 1.ª bandeira dos EUA na Lua, das
pegadas e da frase de Neil Amstrong: “um
pequeno passo para o Homem, um salto gigante para a Humanidade”.
***
Entretanto,
Rui Casanova, no Observador, dá conta
de alguns aspetos curiosos, de que o público não sabe. Aqui ficam alguns de
forma sintética, no seguimento do predito colunista:
As fatiotas que permitiram aos astronautas sobreviver às
temperaturas extremamente baixas e à falta de ar na Lua foram desenhadas pela Playtex,
uma marca de sutiãs, contratada pela NASA, que a pôs trabalhar sob a supervisão
da empresa aeroespacial Hamilton Standard. Na verdade, foi aquela empresa que
desenhou o primeiro fato, que foi rejeitado. Porém, quando, mais tarde, os
funcionários da Playtex entraram na Hamilton Standard, recuperaram o design da marca de lingerie, voltaram a
submetê-lo e o fato ganhou o contrato.
Os fatos,
que importaram em 100 mil dólares, eram constituídos por várias camadas de
fibras de plástico, borracha, várias peças de metal e tecido (cosido à mão).
No atinente a salários,
apesar de Neil Armstrong, Buzz Aldrin
e Mike Collins fazerem, na altura, o trio mais famoso do planeta (eram os
únicos que tinham saído para outro planta e voltado), o salário não condizia com a proeza e a aura de que
vinham revestidos aquando do regresso: ganhavam, como os demais astronautas do
programa Apollo, entre 17 e 20 mil dólares por ano – menos que, por exemplo, os jornalistas que estavam a cobrir a alunagem.
Nem tudo foi
acautelado pela NASA nem pela administração federal. Os três astronautas conheciam
os riscos da viagem e tinham consciência de que era elevada a possibilidade de
não voltarem à Terra. Não tendo seguro de vida, tomaram
medidas para o caso de não regressarem. Os riscos seriam partilhados entre as
famílias de Aldrin, Armstrong e Collins. E os três norte-americanos decidiram capitalizar a fama. Assim,
antes do embarque, assinaram
centenas de envelopes comemorativos da Apollo 11, com um design especial e a data prevista da
alunagem. O objetivo, se a História tivesse sido diferente, era as mulheres
venderem os envelopes e, com o dinheiro, garantirem alguma estabilidade e pagarem
a educação dos filhos.
Richard Nixon tinha um discurso preparado
para o caso de os astronautas terem morrido. “Em caso de desastre na Lua” era
o título do texto de condolências e louvor, solicitado pelo Presidente, a 18 de
julho de 1969, ao seu speechwritter, William Safire e que dizia:
“Ordenou
o destino que os homens que foram à Lua para a explorar em paz, vão ficar na
Lua a descansar em paz. Estes corajosos homens, Neil Armstrong e
Edwin Aldrin, sabem que não há esperança na sua recuperação. Mas vão saber que
há esperança na humanidade devido ao seu sacrifício.”.
Nixon
escreveu que os astronautas seriam homenageados “pelas suas mulheres, nação, mundo e Terra Mãe”. Havia indicações
explícitas para chamar um padre e contactar as viúvas antes da leitura do
discurso, pois se as coisas corressem mal, não havia hipótese de recuperação
dos astronautas, que morreriam sozinhos na Lua, de fome, falta de ar ou
suicídio. As esposas seriam informadas da situação e seriam de imediato
cortadas todas as comunicações. Mais tarde, seria feito um funeral simbólico no
mar. A mensagem, nunca lida por Nixon, está nos Arquivos Nacionais dos EUA para
ilustrar este lado não realizado da História.
A missão dos
três astronautas, que não eram propriamente amigos, partiu do Cabo Canaveral, na
Florida, às 9,32 horas de 16 de julho de 1969, e implicou que passassem 8 dias
dentro duma cápsula à deriva no Espaço e protagonizassem um dos maiores feitos
do Homem. Não obstante, era fria e distante a relação entre eles. Mike Collins
descreveu a tripulação como “amigos desconhecidos”. Naturalmente cada um queria ser o primeiro a pôr os pés no solo
lunar, o que não era pacífico. No plano inicial, a NASA estabeleceu que seria Aldrin
a pisar pela 1.ª vez na História a Lua, por ser o piloto. Mas, 4 meses antes da
descolagem, a NASA mudou o
programa e escolheu Armstrong para protagonizar o feito, nunca tendo explicado
a razão da mudança.
E a
citada frase de Armstrong “One small step for man, a giant leap for mankind” não terá sido
dita assim. Segundo alguns peritos, há uma
sílaba, aliás uma palavra, em falta. Na verdade, Armstrong terá dito: “One
small step for a man”, ou seja, “um pequeno passo para um
homem”.
Há quem diga
que o astronauta se inspirou no livro de 1937 “The Hobbit”, de J.R.R. Tolkien, em que, o autor, ao descrever o
momento em que o protagonista, Bilbo Baggins, se torna invisível e salta por
cima do vilão, diz: “Not a great leap for
a man, but a leap in the dark”.
Como, em
1969, a cobertura de eventos em direto não era comum nem garantida – mas
realizou-se a cobertura da alunagem – para animar aquelas horas intermináveis
de transmissão, foi escolhida a banda inglesa dos Pink Floyd, formada apenas 4
anos antes, que fez um jam sessionem direto para a BBC a acompanhar
a chegada à Lua. O resultado foi a
canção “Moonhead”, que não foi lançada oficialmente. Sobre o
evento, disse David Gilmour, o guitarrista dos Pink Floyd:
“Estávamos num estúdio de televisão da BBC a improvisar temas durante a
alunagem. Era uma transmissão ao vivo e estava um painel de cientistas de um
lado do estúdio e nós do outro. Eu tinha 23 anos. Foi fantástico pensar que
estávamos a fazer uma música, enquanto os astronautas estavam a pisar a Lua.
Não me parece possível que isso acontecesse na BBC hoje em dia.” .
A bandeira utilizada pelos EUA
para reclamar a Lua custou 5,5 dólares. A
esta quantia é de somar a referente aos tubos de metal usados para erguer a
bandeira de nylon, que aparenta estar
ao vento (que não existe na Lua). Os
engenheiros da NASA encomendaram uma bandeira por um catálogo do Governo, três
meses antes do início da missão, juntamente com os preditos tubos. Mas há quem
diga que foi efetivamente comprada por
uma secretária da NASA num armazém da Sears, em Houston, como há quem diga que
fora costurada pela portuguesa Maria Isilda, numa fábrica
americana. Porém, não há só uma, mas 6 bandeiras
norte-americanas na Lua, que terão perdido a cor, graças aos raios UV,
sendo provável que sejam hoje apenas panos brancos. No entanto, estão de pé,
com exceção da bandeira da Apollo 11 – a que pode ter sido comprada numa loja –
que já terá caído, segundo o que pôde ser visto por imagens recentes dum
satélite.
Esteve
prestes a acontecer que a primeira bandeira a fixar na Lua fosse a das Nações Unidas. Os dirigentes da NASA
discutiram a questão e chegaram a interrogar-se se a bandeira dos EUA seria a
mais adequada por temerem que tal símbolo representasse a reclamação da posse
da Lua para os Estados Unidos, o que acabou por acontecer. Mas o feito foi de
americanos.
Assim que
chegaram à Terra após a amaragem, Buzz, Neil e Michael foram obrigados a
completar um período de isolamento. Afinal, acabavam de completar uma
viagem ao Espaço e ninguém sabia o que ia acontecer. O objetivo foi proteger a
Terra de possíveis “germes lunares”. Os três ficaram instalados numa “unidade
de quarentena móvel”. Primeiro, estiveram a bordo do navio USS Hornet e, depois,
passaram para a base Pearl Harbor, no Hawai. Nixon chegou a visitar os
“isolados” e a foto do Presidente dos EUA a observar os três colados à janela tornou-se
icónica. Collins diria mais tarde que esta medida foi “uma farsa”, já que, se
estivessem contagiados, os micróbios ter-se-iam fixado na Terra assim que
abriram a cápsula à chegada.
JoAnn Morgan foi uma das primeiras engenheiras de sempre a trabalhar na NASA. E fez história tal como
os três homens referidos. Tinha 28 anos em 1969 e era a única mulher na sala de
comandos da missão. Tinha a seu cargo 21 canais de comunicação, bem como a
função de garantir a segurança e bom funcionamento de todos os sistemas de
monitorização do Saturn 5, o foguete que levou a Apollo para o Espaço. Disse
recentemente à BBC a este respeito:
“Foi
uma experiência fantástica. Os homens conheciam-me e confiavam em mim. E o facto
de ter estado presente no lançamento fez-me sentir bastante integrada e isso
fez, literalmente, a minha carreira na NASA.”.
A engenheira,
que tem o sonho de um dia ir ao Espaço e que, se por lá ficar, não há problema,
revelou que foi vítima de alguns episódios de sexismo, desde comentários nos
elevadores a chamadas obscenas, mas afirma que sempre se sentiu bem-vinda na
agência e parte da equipa.
Os doze astronautas que já foram à
Lua estão de acordo: há ali um
odor estranho. Buzz Aldrin foi o primeiro a testemunhá-lo. Mas, devido aos
fatos e aos capacetes, só foi detetado quando regressou à nave e removeu a
roupa. É que o cheiro é tão forte que se impregna nos tecidos, como material
pegajoso. É cheiro a cinzas e a pólvora. E Aldrin explicou:
“Cheira
a carvão queimado, a cinzas numa chaminé… principalmente quando se lhes deita
água em cima”.
E Charlie
Duke, piloto da Apollo XVI, disse:
“A Lua tem um odor realmente forte. O cheiro é igual a pólvora.”.
As amostras
do solo trazidas para a Terra perderam o cheiro e não puderam ser testadas. O
engenheiro da Estação Espacial Internacional, Donald Petit, explica o facto com
a exposição à humidade e com o processo de oxidação que extrai odores do
terreno lunar.
Uma boa alimentação era essencial em tantas horas de viagem. E a comida
que os astronautas levaram na nave foi variada, mas muito pouco… espacial. A
ementa incluiu bacon, bifes, bolachas, pêssegos, sumo de ananás e café. Mas antes de
tudo isso, houve uma “refeição” mais especial. Aldrin é extremamente religioso
e quis celebrar a ocasião de forma simbólica e de acordo com a sua crença. Para
tal, comungou em plena Lua e tomou uma hóstia como representação do corpo de
Cristo. Esta é vista como a primeira refeição da História na Lua.
A nível dos vestígios da Terra
deixados na Lua, é de referir que não foi apenas a bandeira americana nem as pegadas que
Armstrong e Aldrin deixaram na Lua. Ficaram lá, na verdade, mais de 100
objetos. Alguns foram deixados para poupar peso na viagem de regresso; outros
foram levados de propósito com a intenção de ficarem para sempre no nosso
satélite natural. No segundo caso, incluem-se medalhas comemorativas e que
homenageiam astronautas que morreram na época e uma placa com mensagens de paz
assinada por 96 países. Mas esta placa quase que vinha de volta para a Terra.
Neil e Buzz estavam já a subir o escadote para voltarem para a nave quando se
aperceberam do esquecimento. E
lançaram do escadote a placa. Mas a história dos vestígios não se
reveste só de ouro e glória. Os
astronautas também deixaram na Lua sacos de fezes, 2 coletores de urina, 1 saco
de vómito, embalagens de refeições e ainda partes do rover. E, como “lembrança”, trouxeram 380 quilos de
pedaços da Lua.
Quanto ao bigode de Collins,
foram vistas as imagens do
astronauta a fazer a barba no Espaço. No momento da partida, não tinha barba; mas,
no regresso, tinha bigode. Para conspiracionistas é a prova de que o Homem
nunca foi à Lua, tendo tudo ficado reduzido a uma encenação, pois,
interrogam-se se Collins fazia a barba, como é que houve tempo para o bigode crescer.
São
históricas as fotografias do Homem em solo lunar e, para muitos, uma das
provas de que lá estiveram os astronautas. Mas desde a bandeira que não
devia ter movimento à ausência de estrelas no horizonte, são muitas as teorias
e questões levantadas ao longo dos anos com base na análise das fotos. E há uma
que a NASA admitiu ter sido editada. Trata-se da AS11-40-5903. A fotografia foi feita por
Armstrong e mostra Aldrin na Lua. A foto tornou-se simbólica, pois no visor do
capacete de Aldrin é possível ver o reflexo de Armstrong, da nave espacial e da
Terra. A
NASA alterou o enquadramento, colocando Aldrin mais ao centro da imagem, tornou
o céu mais escuro e omitiu a antena do fato de Buzz Aldrin e um suporte do
módulo lunar da parte inferior. Mas afirma que essa foi a única imagem a sofrer
alterações e que o fez para tornar a foto mais “bonita” para a comunicação
social.
***
Entretanto, no cinquentenário da missão da Apollo
11, replicada por outras expedições posteriores, quando os EUA e outros países
têm vastos programas de comemorações científicas e de efeméride, dizem querer
retomar os programas de navegação interplanetária e a chegada a outros
planetas, entre os quais se conta o badalado Marte, sabe-se que o chileno Jenaro Gajardo Vera comprara a Lua por 42 pesos, pelo que Nixon houve
por bem pedir-lhe permissão para a alunagem. O advogado do chileno
consentiu, devido à cortesia do Presidente dos EUA.
Com efeito,
em 1954, Gajardo Vera foi ao notário e registou a Lua em seu nome. Achou que
estava a fazer “um ato poético” que lhe daria direito a “uma possível
intervenção” na seleção dos futuros selenitas, pois queria criar um mundo mais
pacífico. E, antes de morrer, deixou em testamento a Lua ao seu povo. Hoje a
Lua, com a sua permissão, pertence a uma centena de países que assinaram um
acordo pelo qual nenhum, individualmente, tomaria posse do satélite.
O lado negro da vida dos astronautas pós-Apollo
11 é marcado por alcoolismo,
depressão, três casamentos falhados e lutas legais com os filhos. Aldrin
divorciou-se de Joan Archer, em 1974. O 2.º casamento durou três anos e o 3.º
durou de 1988 até 2012. Processou dois dos três filhos e uma empresária, que
terão tentado controlar os bens da sua empresa e fundação de caridade.
Para
Armstrong (falecido a 25 de agosto de 2012), o
silêncio é a reposta. “É um homem muito
solitário”, disse Janet, a esposa, de quem se divorciou em 1994, “apagando
uma luz que nem a Lua conseguiria iluminar”.
***
Há 50 anos, São Paulo VI abençoou o “grande
empreendimento espacial”. “Glória a Deus
no alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade! Honra a vós homens,
artífices do grande empreendimento espacial”. Foi esta a mensagem que o
Papa enviou aos astronautas norte-americanos, depois de assistir ao evento pela
televisão.
Segundo o Vatican
News, a 20 de julho de 1969, Paulo VI assistiu à chegada dos astronautas à
Lua no Observatório do Vaticano,
onde ouviu os profissionais da NASA a anunciar ao mundo inteiro “The Eagle has landed” (“A águia
aterrou”). E, horas antes de a expedição ter
alunado, convidava “a meditar sobre esse extraordinário e admirável evento”, a “meditar
sobre o cosmos” e sobre um novo mundo, “misterioso, no imenso quadro dos
inúmeros séculos e dos espaços sem limites”. Nesse domingo, desafiando os
peregrinos e turistas presentes na Praça de São Pedro, para recitação do Angelus, a pensar no “engenho
prodigioso” do homem e na sua “coragem temerária”, afirmou:
“Faremos bem meditar sobre o homem, sobre
seu engenho prodigioso, sobre sua coragem temerária, sobre seu progresso
fantástico. Dominado pelo cosmos como um ponto impercetível, o homem domina-o
com o pensamento. E quem é o homem? Quem somos nós, capazes de tanto? Faremos
bem meditar sobre o progresso.”.
Paulo VI questionou se a eficiência e o progresso
científico se transformam em “vantagem” para a pessoa humana, tendo por
fundamento a liberdade do “coração do homem”. E advertia:
“É preciso absolutamente que o coração do
homem se torne mais livre, melhor, mais religioso, quanto maior e perigosa é a
potência das máquinas, das armas, dos instrumentos que o homem coloca à sua própria
disposição”.
E, face ao festejo que os homens faziam do triunfo da
investigação sobre o cosmos, referia um “dia histórico para a humanidade” e que
o verdadeiro progresso é a fraternidade e a paz.
Uma semana antes de se concretizar a Missão Apolo 11,
o Papa afirmava que “o homem é mais misterioso do que a Lua”. Assim, a 13 de
julho, também aquando da recitação do Angelus,
na Praça de São Pedro, Paulo VI referiu-se ao pensamento que estava na mente de
todos, nessa semana: a expedição dos astronautas americanos. Para o Papa, estava
em causa um “pensamento que vai além da descrição desse facto singularíssimo e
maravilhoso”. A este respeito, afirmou:
“O homem, esta criatura de Deus, ainda mais
do que misteriosa que a Lua, no centro deste empreendimento, revela-se!
Mostra-se gigante. Mostra-se divino, não em si mesmo, mas no seu princípio e no
seu destino. Honra ao homem, honra à sua dignidade, ao seu espírito, à sua vida.”.
Naquele
domingo de 20 de julho de 1969, no Angelus, horas antes daquele primeiro passo
no solo lunar, o Papa falou da missão espacial, como já havia feito no domingo
precedente (13 de julho) convidando
“a meditar sobre esse extraordinário e admirável evento, a meditar sobre o
cosmos, que se nos abre diante de seu rosto mudo, misterioso, no imenso quadro
dos inúmeros séculos e dos espaços sem limites”. Mas, na empolgação e
entusiasmo daquele dia, “verdadeiro triunfo dos meios produzidos pelo homem,
para o domínio do cosmos”, exortava a não esquecer os dramas que a atormentavam
a humanidade e, que passado meio século, são de grandíssima atualidade. E, apelando
à consciência crítica da humanidade, apontava as três guerras de então, no Vietname,
na África e no Oriente Médio, acrescentando uma quarta com milhares de vítimas
entre El Salvador e Honduras, sem deixar de evidenciar a fome de populações inteiras.
Passado meio
século, a humanidade vive hoje o que o Papa Francisco chama de uma espécie terceira
guerra mundial em fragmentos: são conflitos ao redor do mundo que começam a equivaler
a uma terceira guerra mundial, que ocorre aos poucos por meio de crimes,
massacres e destruição. Nestes 50 anos, a ciência deu passos gigantescos, em
praticamente todos os campos do conhecimento, mas o flagelo da fome continua a humilhar
a humanidade, pois enquanto houver – mesmo que seja um só ser humano, mas os
famintos são muitíssimos – alguém a padecer de fome, necessidade e miséria,
toda a humanidade estará humilhada na sua dignidade. Enquanto milhões de seres
humanos estiverem à margem do progresso, excluídos dos benefícios do
desenvolvimento, e persistirem as desigualdades e a injustiças sociais, a paz
permanecerá uma quimera, um bem inalcançável. E a paz (dizia o Papa
Montini) é o verdadeiro progresso da
humanidade ou, como refere a encíclica Populorum Progressio, de 1967, é o fruto do
desenvolvimento integral de todas as pessoas.
2019.07.20 – Louro de Carvalho
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