De
acordo com as secções culturais ou de artes de vários órgãos de comunicação
social, a trama dos amores de Dom Pedro I, de Portugal, e da dama galega Dona
Inês de Castro vão chegar ao cinema através filme “Pedro e Inês”, de António Ferreira, o homónimo daquele que produziu
uma das poucas e boas tragédias clássicas em literatura portuguesa, sendo
atores protagonistas Diogo Amaral, no papel de Pedro, e Joana de Verona, no de
Inês.
O filme irá fazer desfilar o amor trágico do Infante e
de Inês por três épocas diferentes, ou seja, a história amorosa passará
pela época medieval, pela atualidade e pelo futuro, idealizando que as pessoas
regressem ao campo vindas da cidade.
Nas diversas fases do filme, os protagonistas que se
apaixonarão perdidamente têm de ultrapassar todos os obstáculos ao amor que
vivem, enfrentando tabus próprios de cada época. Com efeito, em todos os
tempos, o amor pode ser subvalorizado ou mesmo sonegado devido a interesses
ditos superiores: Estado, profissão, negócios, questões familiares, riquezas,
etc.
Além dos atores referidos, o filme conta também com a
participação de Vera Kolodzig, a Teresa da telenovela Jardins Proibidos, que irá interpretar Constança, a esposa de
Pedro, João Lagarto e Custódia Gallego que serão os pais do Infante (Afonso IV e Beatriz), e ainda Cristóvão Campos, como
Estêvão, o fiel escudeiro, e Miguel Borges, que interpreta Pero Coelho, um
dos carrascos da morta. Todos os atores interpretam, ao longo das três
épocas, a mesma personagem.
As filmagens, que vão começar no dia 20 de
junho, decorrerão na cidade onde nasceu o romance, Coimbra, mais
especificamente na Sé Velha e na Quinta das Lágrimas. Também Lousã,
Cantanhede e o Castelo de Montemor-o-Velho são palcos do filme adaptado da obra
“A Trança de Inês”, da romancista
Rosa Lobato Faria, que ainda leu a primeira versão do guião. Apesar de falecida
em 2010, o filme começou a ser pensado há 10 anos numa produção em regime de
parceria com a França e o Brasil e estava prevista a estreia para 2018.
As narrativas entrelaçam-se através da voz de Pedro, que, por
viajar de carro com o cadáver de Inês num carro, ficou internado num hospital
psiquiátrico e aí recorda três vidas como se fossem uma só.
Diogo Amaral, o intérprete de Pedro, segundo o que referiu ao
JN, assume como um privilégio o poder desempenhar o papel duma personagem
histórica que protagoniza “o maior romance da História de Portugal” e avança a
opinião de que esta história é melhor que a de Romeu e Julieta.
***
O tema galgou os séculos e ultrapassou as fronteiras da lusa
pátria. Muitos lhe reservaram lugar, anónimos, poetas, dramaturgos, críticos e
historiadores, além de músicos, pintores e escultores. Muito se misturou, no
caso, a história, a lenda e a literatura. Muitas lágrimas se derramaram, muito
se cantou, muito se representou.
As obras portuguesas sobre a Castro invadem vários setores da
produção textual: a poesia, o teatro, a paródia, a narrativa histórica e
ficcional e a crítica literária.
A listagem que segue pretende ser uma amostra não
exaustiva mas que mostra que estes amores – Pedro e Inês – mobilizaram e
mobilizam muita gente e muitas instituições. Assim,
Presença poética
em obras de outrem:
– A ferida
inesgotável, João Rasteiro, in Tripolv.org.
– A linda Inês de manto, In Obra Breve, Barcas Novas, de Fiama H. P. Brandão, 1967.
– À
morte de Inês de Castro, de Manuel Maria
Barbosa du Bocage, soneto a Ulina e cantata
– Chove! Dedicado
a Inês por José Gomes Ferreira, in As
Tormentas.
–
El episódio de Inês de Castro en hos
Lusíadas de Luís de Camões. Granada: Universidade de Granada, 1980, pag. 345 –
369.
–
Episódio da Castro, in Os Lusíadas,
Luís de Camões, Canto III, est. 118-137
– Inês de Castro,
in Crónica d’ El Rei Dom Pedro, de
Fernão Lopes, capítulos 29-31 e 44
– Inês de castro, in Poemas Ibéricos, de Miguel Torga, Antologia Poética, 1981
– Inês
morreu, Ruy Belo, in Tripolv.org
–
Paixão, morte e glória de Inês de Castro,
conferência de Ludovina Frias Matos
–
Pedro e Inês, in A Margem da Alegria,
de Ruy Belo, 1973 (fragmento
final), in Obra Poética, vol. 2, Ed.
Presença
–
Soneto de Inês, 1999, in Poemas de Ary
dos Santos,
– Trovas que
Garcia de Resende fez à morte de Dona Inês de Castro, in Cancioneiro Geral, de Garcia Resende
Filmes
– A casa de Lava, Pedro Costa, 1994
– Amor de Perdição, Manoel de Oliveira, 1978
– Inês de Castro, Leitão de Barros, 1945
– Inês de Portugal, José Carlos de Oliveira, 1997
– Inês de Castro, Grandela, 2002
– O Delfim, Fernando Lopes, 2000
– Sem Sombra de Pecado, José Fonseca e Costa, 1982
– Verdes Anos, Paulo Rocha, 1963
Óperas e outras composições musicais
–
Inês de Castro – Ópera – Scena ed
aria de Carl Maria Friedrich Ernst von Weber
–
Inês de Portugal – Ópera de Julien
Duchesne
– Cari Giorni – Ines de Castro (Giuseppe Persiani)
– Niccolo Zingarelli – Ines de Castro – Quartetto
– Pedro Syrah – “Inês de Castro”
Obras diversas
– Aguiar, João. Inês de Portugal. Porto: Ed.
ASA, 2002.
–
Almeida, Manuel Pereira Peixoto de, Inês de Castro na Ópera e na coreographia
italianas. Lisboa: Typographia Castro Irmão, 1908.
–
Araújo, Joaquim de, Bibliografia Inesiana.
Pisa: Tipografia de F. Mariotti, 1897.
– Bessa-Luís, Agustina. Adivinhas de Pedro e Inês. Lisboa: Ed.
Guimarães Editores, 2006.
– Franco, António Cândido. A Rainha Morta e o Rei Saudade: O Amor de Pedro e Inês de Castro. Lisboa: Ed. Ésquilo, 2003.
– Franco, Cândido. Memória de Inês de Castro.
– Xavier, Francisco Cândido e Ramacciotti, Caio. Mensagens de Inês de Castro. Edição Digital, 2010.
– Franco, António Cândido. A Rainha Morta e o Rei Saudade: O Amor de Pedro e Inês de Castro. Lisboa: Ed. Ésquilo, 2003.
– Franco, Cândido. Memória de Inês de Castro.
– Xavier, Francisco Cândido e Ramacciotti, Caio. Mensagens de Inês de Castro. Edição Digital, 2010.
–
Bismut, Roger. Inês de Castro e Victor
Hugo. 1986.
– Brandão, Fiama Pais. Noites de
Inês-Constança. Ed. Assírio & Alvim, 2005.
–
Cerda, Mexia de la, Dona Inês de Castro.
– Cláudio, Mário. “Dom Pedro I e Inês de Castro”. In Triunfo do Amor Português. Lisboa: Ed.
Dom Quixote, 2004.
– Cláudio, Mário. Nero e
Nina (conto infantil inspirado por uma visita aos túmulos reais de
D. Pedro e D. Inês). Lisboa. Ed. Clube do Auro, 2012.
–
Cornil, Suzanne. Inês de Castro.
Contribuition à l'étude du dévelopement litteraire du theme dans les
littératures romanes. Bruxelles: Palais des Acádemies, 1952.
–
Dantas, Júlio, A Castro. Lisboa: Ed.
Portugal-Brasil Sociedade Editora, 1920
–
Domingues, Mário. Inês de Portugal na
Vida de D. Pedro. Lisboa: Ed. Prefácio, 2002.
– Faria, Rosa
Lobato de, A Trança de Inês, romance sobre a intemporalidade da
paixão. Porto: Ed. ASA, 2001.
–
Ferreira, António. A Castro (1598). Mem Martins: Ed. Europa-América, 1991.
–
Fonseca, Faustino. Inês de Castro.
Porto: Ed. Fronteira do Caos, 2013.
– Fonseca, Gondin da, Inês de Castro (Teatro). Vera
Cruz (Brasil): Ed. São José, s/d.
– Franco, Cândido. O amor pode
vencer a morte...Inês de Castro.
–
Fréches, Claude Henri. Le personnage d’
Inês de Castro chez ferreira, Velez de Guevara et Martherlant .
– Genlis, Stéphanie, Ines de Castro: novela tomada de la historia de Portugal, escrita em
Francês por la Condesa Stéphanie Félicité Ducrest de Saint Aubin Genlis y traducida
al Castellano por Don Salvador Isquierdo – Madrid, 1832.
–
Gil, Artur Pedro. O Julgamento de Inês de
Castro. Ed. Ministério dos Livros, 2008.
– Girão, Guilherme Manuel de Souza. Na Descendência de D. Pedro e D. Inês de Castro - Souza Girão e Valle.
Ed. Autor, 2005.
–
Gomes Júnior, João Baptista. A Nova
Castro Tragédia, (Poesias dos melhores autores
relativos à história de D. Ignez de Castro).
– Granja, Ana.
Sem Ti, Inês. Ed, Caderno, s/d.
–
Guevara, Luís Velez. Mas pesa El-rey que
la sangue..., Madrid: 1857-1858
– Hierro, María Pilar
del. Inês de Castro. Lisboa: Ed. Presença, 2003.
– Hugo,
Victor. Inês de Castro. Lisboa: Guimarães & C.ia Editores, L.da, 1969.
–
Janeira, Armando Martins. Linda Inês ou o Grande Desvairo (Tragédia:
1957). Lisboa: Ed.
Pássaro de Fogo, 2005.
– Lucas, Diogo; e Lopes, Filipe. Inês
de Portugal.
–
Magalhães, Ana e Alçada, Isabel. Uma
Aventura na Quinta das Lágrimas. Alfragide: Ed. Caminho, 1999.
–
Martins, Rocha. Linda Ignês. Lisboa: Ed.
INAPA, 2006.
– Megiani,
Ana Paula Torres; e Almeida,
Jorge Pereira de Sampaio. Inês de Castro, a época e a memória.
– Montherlant, Henry de, La Reine Morte (1942). Ed. Gallimard, 1972.
–
Morais, José Ângelo. Eccos que o clarim
da fama dá: Pustilhão de Apollo. Lisboa: 1761 – 1762.
– Nunes, Mário. Colo de garça, Formosa Inês de Castro.
–
Pierce, Frank. Camões and Inês de Castro. Separata da revista Ocidente, novembro
de 1972.
– Pinto, Margarida Rebelo. Minha Querida Inês. Ed. Clube do Autor, 2011.
–
Pinto, Sérgio Augusto da Silva. O
casamento válido de D. Inês de Castro. Porto: 1961.
–
Quita, Domingos Reis. A Castro
(Ficções). Coimbra: França Amado.
–
Roig, Adrien. Echanges littéraires entre
le Portugal et la France sur le théme d' Inês de Castro.
–
Roig, Adrien. L´Inês de Camões.
–
Rosa, Luís. O Amor Infinito de Pedro e
Inês. Lisboa: Ed. Presença, 2009.
– Silva,
Ângelo da, A história de Inês de Castro. Porto: Letras das Coisas, 2005.
– Sinoué, Gilbert. A Rainha Morta. Algés: Ed. Difel, 2008.
– Sousa, Maria Leonor Machado de, Dona Inês e D. Sebastião na literatura
inglesa. Lisboa: Ed. Veja, 1980.
– Sousa, Maria Leonor Machado de, Inês de Castro na Literatura Portuguesa.
Lisboa: Instituto de Cultura e
Língua Portuguesa, 1984.
– Sousa, Maria Leonor
Machado de, Inês de castro, um tema
português na Europa. Lisboa: ACD Editores, 2005.
– Sousa, Maria Leonor
Machado de, Pedro e Inês, um tema sempre.
– Tomás, Aníbal Fernandes. Ignez de Castro. Iconographia História Litteratura. Lisboa:
Typograghia Castro Irmão, 1880.
– Vasconcelos, António. Lenda e
História de Inês de Castro. Ed.
Editalma, 2010.
–
Vaz, Fernando Henriques. Portugal:
apontamentos de História. Inês de Castro. Lisboa: s/n, 1978.
– Veiga, Seomara da, Inês de Castro – a Estalagem dos Assombros. Lisboa: Ed.
Presença, 2007.
– Vieira,
Afonso Lopes. Inês de Castro na poesia e na lenda:
conferência realizada no claustro do Mosteiro de Alcobaça, seguida do soneto
dos túmulos.
Alcobaça: s/n, 1913.
– Vieira,
Cristina, et al. Inês, Pedro, Amor, Paixão. Poesia
Vadia. Lisboa: Ed. Apenas Livros Lda, 2005.
***
Longe de ser completa, a listagem constitui uma microrradiografia
da produção sobre a temática atinente aos dois míticos amantes históricos,
donde se pode deduzir a multiplicidade de autores, muitos dos quais anónimos,
de composições, de origens literárias.
Inês e Pedro são figuras que marcam o imaginário popular em
toda a História de Portugal a partir do século XIV. Bem fazem as escolas que promovem
através da literatura a catarse da sua população escolar, bem como o farão os
agentes culturais contribuindo com a sua parte.
2017.06.05 – Louro de Carvalho
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