segunda-feira, 12 de junho de 2017

IV Congresso Internacional “Santuários” CULTURA, ARTE, ROMARIAS, PEREGRINAÇÕES, PAISAGENS, PESSOAS

Vai realizar-se, de 13 a 17 de junho, o IV Congresso Internacional Santuários na região do Douro, com referência aos centros urbanos de Régua, Vila Real, Lamego e Meda. Com efeito, o Museu do Douro, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Universidade de Lisboa (UL) são algumas das instituições envolvidas na organização, que tem o apoio das câmaras municipais dos municípios envolvidos e das entidades que gerem os espaços das sessões e visitas.
O “Congresso Internacional Santuários”, que já vai na 4.ª edição, constitui-se em encontro cuja caraterística principal consiste, segundo o site da UTAD, em “estimular e promover a troca de ideias por parte de estudiosos e interessados nos mais diferentes campos do saber”. A ideia de realizar esta modalidade de congressos “nasceu da vontade e da preocupação científica dum grupo de investigadores, pertencentes a diversas universidades europeias e brasileiras, de criar uma nova plataforma de diálogo entre as ciências sociais, humanas, exatas, as artes e as diversas expressões do Sagrado ao longo do tempo e nas mais diversas localizações geográficas”.
Não se trata assim, apesar do apoio do SNPC (Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura), cujo site faz eco desta iniciativa, de um congresso de santuários na estrita aceção cristã, muito menos na linha de pensamento da Carta Apostólica Sanctuarium in Ecclesia, de 11 de fevereiro de 2017 – o que não quer dizer que alguns santuários abordados neste género de congressos não estejam vocacionados a cumprir o desiderato plasmado no mencionado documento pontifício. Porém, estas jornadas fazem a bordagem mais nas vertentes históricas, culturais, artísticas, sociais e económicas – incluindo manifestações religiosas pré-cristãs. Na verdade, como se dizia a propósito do anúncio da 1.ª edição do Congresso, em 2014, “um santuário constitui-se como um ‘concentrado espacial’ da cultura e da religião, um sítio de ligação privilegiada e imediata com o sagrado, sendo muitas as possibilidades de análise de determinado santuário”.
O objetivo destes congressos é, pois, o estudo dos santuários desde a pré-história até à contemporaneidade, passando pelo mundo romano. Uma das temáticas dos congressos é o uso continuado dos locais de oração, bem como as mudanças que sofreram ao longo dos séculos.
São aceites contributos nos campos da antropologia, da arqueologia e da história das religiões, ligados à escolha do local sagrado, da arquitetura e demais artes plásticas, dança, economia, geologia, história, história das religiões, medicina, música, museologia, paisagem, património material e imaterial, religião, turismo e afins, do uso das imagens sacras e da sua disseminação ao longo dos caminhos de peregrinação. A peregrinação, outra das redes que une muitos locais religiosos na Europa e fora dela, é investigada e apresentada pelos oradores participantes.
E, para promover o progresso do seu conhecimento e chamar a atenção para os santuários há espaço para a abordagem das antigas e das novas peregrinações, bem como o turismo religioso contemporâneo, tendo como foco o itinerário cultural do Conselho da Europa.
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O “I Congresso Internacional Santuários” realizou-se, nos dias 12 a 14 de setembro de 2014, no Auditório do Fórum Cultural Transfronteiriço, no Alandroal, vila do Alentejo, em cujo território se situa o santuário ao deus Endovélico, um dos maiores santuários da época romana (séculos I d.C. — V d.C.), na Península Ibérica.
O “II Congresso Internacional Santuários” decorreu no dia 18 de dezembro de 2015 (só um dia), no Grande Auditório da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.
O “III Congresso Internacional Santuários” realizou-se da 9 a 13 de julho, em Itália, na Valcamonica, o Vale dos Símbolos – um dos raros locais no mundo onde é narrada ao longo dos tempos uma longa história de profunda espiritualidade, estando incluída nos seus tesouros uma rica coleção de arte rupestre, que induziu o seu reconhecimento como Património Mundial pela UNESCO. À dominação romana sucedeu uma complexa sequência de eventos que acompanharam a conversão ao cristianismo nos Alpes. O seu legado inclui inúmeros vestígios de igrejas, capelas, santuários e locais de culto.
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Nesta quarta edição, o Congresso vai continuar a tradição criada pelos investigadores que lhe deram origem, sendo, portanto, como já foi referido, aceites contributos nos campos da antropologia, arqueologia, arquitetura, artes plásticas, dança, economia, geologia, história, história das religiões, medicina, música, museologia, paisagem, património material e imaterial, religião, turismo e afins. Uma sessão especial será dedicada aos “Itinerários Culturais do Conselho da Europa” com especial referência para aqueles que estão ligados ao sagrado.
Assim, foram selecionados como exemplos de temáticas a ser abordadas os seguintes: “Santuários e rituais, da Pré-história aos nossos dias”;Arte e iconografia: presença, modelos e vias de difusão”; “Arquitetura, arte, devoção”; “Locais sagrados, peregrinações, romarias e festas”; “Paisagens e ambientes naturais”; e “Pessoas e manifestações do sagrado”.
As comunicações selecionadas serão publicadas em 2 volumes na Revista “/Santuários/” (n.os 7 e 8, 2017) que será editada pelo CIEBAUL / CETRAD-UTAD (cf sites da UTAD e do SNPC).
O congresso vai ter lugar no Museu do Douro (Régua), no Teatrino (Vila Real) e na Casa da Cultura da Meda.
Além das cinco sessões de trabalho, o programa inclui visitas guiadas, a par de uma conferência sobre os “Itinerários Culturais do Conselho da Europa” com referência especial aos ligados ao sagrado.
As visitas vão incluir: o Museu do Douro, o Miradouro de São Leonardo da Galafura, Santuários de Panoias, UTAD-Jardim Botânico Museu de Geologia, Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, Museu de Lamego, Museu Diocesano de Lamego, Sé de Lamego, Comboio Régua-Pocinho, Marialva, Longroiva (Castelo e Termas). Visitas pré e pós-congresso: Museus de Vila Real; Sabrosa (Espaço Miguel Torga, Castro de Sabrosa). Vale do Coa, Museu e sítio de arte rupestre do Coa.
As visitas pré-congresso foram: Vila Real, a 11 de junho, e Sabrosa, a 12; as visitas pós-congresso serão: Vila Nova de Foz Coa, a 18 de junho, e Sabrosa, a 19 de junho.
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O programa prevê, no 1.º dia, com atividades na Régua, o início dos trabalhos no Museu do Douro, na Régua, com a abertura da secretaria e entrega da documentação, a que se seguirá a sessão de abertura e a apresentação do Congresso.
Depois, realizar-se-á a 1.ª sessão de trabalho com uma interrupção para café. E, depois do almoço, que decorrerá em regime livre, terá lugar a 2.ª sessão de trabalho, após a qual, uma pausa para café precederá a visita guiada ao Museu do Douro.
O dia terminará com “Segredos do Néctar Sagrado” – prova de vinhos do Douro no Teatrino com a coordenação de António Pirra – e jantar em regime livre, podendo os congressistas aproveitar o ensejo para contemplar a beleza da paisagem duriense no fim do dia.
O 2.º dia, que prevê atividades na Régua e em Vila Real, começará também na Régua, no Museu do Douro, com a 3.ª sessão de trabalho, que sofrerá uma interrupção para café. E, depois do almoço, em regime livre, será a partida para Vila Real, durante cujo percurso se efetuará a visita ao Miradouro de São Leonardo da Galafura evocado num belo poema de Miguel Torga. Seguir-se-á a visita ao Santuário Rupestre de Panoias, em Valdenogueira, Vila Real, guiada por Mila Simões de Abreu.
Na UTAD, decorrerá a visita ao Museu de Geologia “Fernando Real” e a visita ao Jardim Botânico da UTAD, guiada por António Crespi e Isabel Cabral.
E este 2.º dia terminará com o churrasco de convívio organizado pela Rupestris, na UTAD.
O 3.º dia, que prevê atividades na Régua e em Lamego, iniciar-se-á na Régua, no Museu do Douro, com a 4.ª sessão de trabalho, que terá uma interrupção para café.
Depois do almoço, em regime livre, será a partida para Lamego para a visita ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, a visita guiada ao Museu de Lamego e visita guiada à Sé de Lamego e ao Museu Diocesano do Lamego.
O dia terminará com um lanche ajantarado (oferta) e regresso à Régua.
O 4.º dia decorrerá com atividades na Régua e na Meda. Começará com concentração na Estação de Comboios de Peso da Régua e subsequente partida, em comboio, com destino à estação de Pocinho, em Vila Nova de Foz Coa, e dali, em autocarro, para Meda. Durante este percurso, far-se-á a visita a Longroiva.
Na Meda, haverá um ato de boas-vindas, a que se seguirá a 5.ª sessão de trabalho, com pausa para café.
Depois, será o momento da palestra de honra, a cargo de Roberta Alberotanza, Ex-Presidente do Comité Cultura do Conselho de Europa e especialista do Ministero dei beni e dele attività culturali e del turismo, Itália sob o título “Caminhos Europeus da Cultura”. Seguir-se-á o debate geral e a sessão final, findando o dia com lanche ajantarado (oferta) e convívio cultural.
O 5.º (e último) dia decorrerá no concelho da Meda e constará de: visita à vila medieval de Marialva, pausa para café, visita a Longroiva (castelo e termas), almoço (em regime livre) na Meda, assembleia da “Alter Ibi”, colóquio «‘Santuários’ projetos futuros» e encerramento. (cf site da CM Meda).
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Por esta iniciativa, liderada por investigadores da UTAD e da UL, se vê quão importante se afigura o estudo dum património que, até há relativamente pouco tempo, interessava a curiosos, a alguns especialistas e ficava longe do interesse popular, a não ser que estivesse de algum modo afeto ao culto cristão. Por outro lado, estes testemunhos (antigos ou coevos) podem constituir excelente ferramenta para a descoberta da história evolutiva das mentalidades, dos usos e da tendência a religiosa do homem, que não se confina aos limites o tempo e do espaço: quer, antes, projetar-se no espaço, no tempo, no futuro, na memória, no transcendente. E nem sempre consegue libertar-se do ensimesmamento crónico ou da má tentação de explorar o próximo.
2017.06.12 – Louro de Carvalho

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