E, em 2018, a
patologista mais influente do mundo é…é… Fátima Carneiro, Professora Catedrática da
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e diretora do
serviço de Anatomia Patologia do Centro Hospitalar São João. E foi
“com surpresa” e “enquanto estava a trabalhar e a ver o email” que a investigadora
e recebeu a reconfortante notícia.
Com efeito, depois de o português Manuel Sobrinho Simões ter sido eleito,
em 2015, o patologista mais influente do mundo, ficando assim – e também este
ano – com um lugar na lista dos mais influentes patologistas elaborada pela
revista científica The Pathologist, este ano o título veio
novamente para Portugal na pessoa de Fátima
Carneiro, diretora do serviço de Anatomia Patológica do Centro Hospitalar São
João (CHSJ), que foi eleita a
patologista mais influente do mundo.
A distinção
foi atribuída à investigadora e professora portuguesa pela predita revista
científica The Pathologist que,
ao longo de dois meses, inquiriu patologistas dos quatro cantos do mundo sobre
quem consideravam merecedor do título.
O
reconhecimento do universo eleitoral, que destaca as reais capacidades de
Fátima Carneiro,
eleita enquanto patologista e professora universitária, valeram à
médica portuguesa e professora catedrática da Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto (FMUP), o
primeiro lugar na lista de 100 posições elaborada pela revista britânica.
O comunicado
da FMUP referente ao caso sublinha que, “entre
os colegas de profissão, Fátima Carneiro é destacada não só enquanto uma perita
na sua área de especialidade, mas, também, pelas suas capacidades de liderança”.
E a eleita adiantou ao jornal Público
que “trazer a patologia portuguesa
até um fórum com visibilidade mundial é muito bom”, mas frisou ver-se “apenas como uma pessoa que gosta muito de
trabalhar”, considerando que “mais do
que uma distinção pessoal, a conquista deste prémio é um reconhecimento pelo
trabalho desenvolvido na Anatomia Patológica, uma especialidade médica a que,
por passar despercebida, não é atribuído o valor devido, mas que é essencial
para o exercício da Medicina com as suas exigências atuais”.
Numa área que
diz estar “um pouco abandonada”, mas que “é
essencial para o exercício da Medicina com as suas exigências atuais”, a
investigadora reforça a importância de uma aposta crescente na patologia. A este
respeito, declarou ao Observador:
“É
precis[a] uma aposta muito maior e é preciso consolidar o que existe, para
criar estruturas que possam dar apoio permanente, para continuar a formar
patologistas com qualidade e de uma forma integrada, para que possam exercer as
suas funções, que são de uma imensa responsabilidade”.
Sobre o seu
percurso, o comunicado referido acima destaca, de acordo com o Público, além do envolvimento no ensino
e na atividade de diagnóstico, “um
especial orgulho em ter conseguido atingir a senioridade na sua área de investigação,
o cancro gástrico” e em todas as parcerias de investigação e ensino
que estabeleceu “ao longo da carreira em
quatro continentes”.
Na carreira
de investigação, releva, tal como em Sobrinho Simões, o seu percurso enquanto
investigadora do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade
do Porto (Ipatimup), agora
integrado no I3S (Instituto de Investigação e Inovação em Saúde).
Ao longo da
sua carreira umbilicalmente ligada ao Ipatimup, a investigadora e professora dirigiu
vários projetos internacionais, foi presidente da Sociedade Europeia de
Patologia (2011-2013) e, em
Portugal, coordenou a Rede Nacional de Bancos de Tumores (2008) e preside à Academia Nacional de Medicina
Portuguesa.
Sobre o facto
de, em 2015, o título de patologista mais influente do mundo ter sido atribuído
ao médico português Sobrinho Simões, professor catedrático da FMUP, fundador do
Ipatimup e patologista no CHSJ – pelo que integra também este ano o top 100
desta edição da revista científica The Pathologist, Fátima
Carneiro faz a devida vénia ao seu colega e antecessor e confessa com realista
humildade:
“Este é naturalmente um prémio importante
para mim. Mas só existe porque existem instituições, existem projetos, existem
visões de pessoas que muito antes de mim souberam desenhar, sonhar e
concretizar. Tive a sorte de crescer aqui. Nada acontece por acaso.”.
***
São
portugueses, médicos, investigadores na área do cancro e catedráticos da FMUP. E,
doravante, passam a ter outra semelhança no currículo: serem considerados o patologista mais influente do mundo pela revista
científica “The Pathologist”.
Depois de
Manuel Sobrinho Simões em 2015 (e
que este ano também está presente na lista), é a vez de Fátima Carneiro. A também diretora do
serviço de Anatomia Patológica do Centro Hospitalar São João foi escolhida
pelos colegas de profissão inquiridos pela revista britânica, numa lista que
contempla 100 nomes.
No que à
academia e à investigação diz respeito, a docente da FMUP é autora de mais de
250 artigos científicos e contribuiu para o desenvolvimento de vários capítulos
de livros de especialidade.
Fátima
Carneiro nasceu em Angola, em 1954, e licenciou-se em Medicina pela FMUP em
1978. Tal como Sobrinho Simões, destacou-se como investigadora no Ipatimup,
hoje integrado no i3S. Ao longo da sua carreira, a investigadora dirigiu vários
projetos nacionais e internacionais e presidiu a várias instituições.
A distinção,
atribuída pela revista científica “The Pathologist” pelas suas capacidades
enquanto patologista e professora universitária, colocou-a no primeiro lugar na
lista das 100 posições.
Apesar de ser a primeira vez que chegou ao primeiro lugar, esta não é uma
estreia da investigadora na lista. Em 2015 já tinha feito parte dos 100 mais
influentes, num ano em que foi o médico português Manuel Sobrinho Simões,
também ele docente da FMUP, fundador do Ipatimup, e patologista no CHSJ, o
profissional considerado o patologista mais influente a nível mundial.
Para Fátima Carneiro, apesar de esta ser uma distinção “que é de orgulho para quem o recebe”, o
mais importante é que se trata de “um
reconhecimento de uma visão de uma realidade particular, criada num determinado
ambiente de trabalho e de um conjunto de pessoas que se apaixonaram por esta
forma de estar na patologia”.
***
No meio de
tudo isto, o que nós temos é uma sadia competição entre patologistas dos quatro
cantos do mundo. E o facto de Portugal ficar à frente de candidatos excelentes,
como a dos Estados Unidos ou do Reino Unido, é um reconhecimento importante
para o país e para o trabalho de investigação científica que por cá se
desenvolve em prol da vida humana. Pena é que a investigação científica seja o
parente pobre do investimento português e a promoção da vida humana em condições
de dignidade, tantas vezes passada para último plano pelos decisores políticos,
tenha de ceder o passo à ganância económica e ao capitalismo financeiro sem
rosto.
2018.09.21 – Louro de Carvalho
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