sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Fátima Carneiro eleita a patologista mais influente do mundo


E, em 2018, a patologista mais influente do mundo é…é… Fátima CarneiroProfessora Catedrática da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e diretora do serviço de Anatomia Patologia do Centro Hospitalar São João. E foi “com surpresa” e “enquanto estava a trabalhar e a ver o email” que a investigadora e recebeu a reconfortante notícia. 
Com efeito, depois de o português Manuel Sobrinho Simões ter sido eleito, em 2015, o patologista mais influente do mundo, ficando assim – e também este ano – com um lugar na lista dos mais influentes patologistas elaborada pela revista científica The Pathologist, este ano o título veio novamente para Portugal na pessoa de Fátima Carneiro, diretora do serviço de Anatomia Patológica do Centro Hospitalar São João (CHSJ), que foi eleita a patologista mais influente do mundo.
A distinção foi atribuída à investigadora e professora portuguesa pela predita revista científica The Pathologist que, ao longo de dois meses, inquiriu patologistas dos quatro cantos do mundo sobre quem consideravam merecedor do título.
O reconhecimento do universo eleitoral, que destaca as reais capacidades de Fátima Carneiro, eleita enquanto patologista e professora universitária, valeram à médica portuguesa e professora catedrática da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), o primeiro lugar na lista de 100 posições elaborada pela revista britânica.
O comunicado da FMUP referente ao caso sublinha que, “entre os colegas de profissão, Fátima Carneiro é destacada não só enquanto uma perita na sua área de especialidade, mas, também, pelas suas capacidades de liderança”. E a eleita adiantou ao jornal Público que  “trazer a patologia portuguesa até um fórum com visibilidade mundial é muito bom”, mas frisou ver-se “apenas como uma pessoa que gosta muito de trabalhar”, considerando que “mais do que uma distinção pessoal, a conquista deste prémio é um reconhecimento pelo trabalho desenvolvido na Anatomia Patológica, uma especialidade médica a que, por passar despercebida, não é atribuído o valor devido, mas que é essencial para o exercício da Medicina com as suas exigências atuais”.
Numa área que diz estar “um pouco abandonada”, mas que “é essencial para o exercício da Medicina com as suas exigências atuais”, a investigadora reforça a importância de uma aposta crescente na patologia. A este respeito, declarou ao Observador:
É precis[a] uma aposta muito maior e é preciso consolidar o que existe, para criar estruturas que possam dar apoio permanente, para continuar a formar patologistas com qualidade e de uma forma integrada, para que possam exercer as suas funções, que são de uma imensa responsabilidade”.
Sobre o seu percurso, o comunicado referido acima destaca, de acordo com o Público, além do envolvimento no ensino e na atividade de diagnóstico, “um especial orgulho em ter conseguido atingir a senioridade na sua área de investigação, o cancro gástrico” e em todas as parcerias de investigação e ensino que estabeleceu “ao longo da carreira em quatro continentes”.
Na carreira de investigação, releva, tal como em Sobrinho Simões, o seu percurso enquanto investigadora do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup), agora integrado no I3S (Instituto de Investigação e Inovação em Saúde).
Ao longo da sua carreira umbilicalmente ligada ao Ipatimup, a investigadora e professora dirigiu vários projetos internacionais, foi presidente da Sociedade Europeia de Patologia (2011-2013) e, em Portugal, coordenou a Rede Nacional de Bancos de Tumores (2008) e preside à Academia Nacional de Medicina Portuguesa.
Sobre o facto de, em 2015, o título de patologista mais influente do mundo ter sido atribuído ao médico português Sobrinho Simões, professor catedrático da FMUP, fundador do Ipatimup e patologista no CHSJ – pelo que integra também este ano o top 100 desta edição da revista científica The Pathologist, Fátima Carneiro faz a devida vénia ao seu colega e antecessor e confessa com realista humildade:
Este é naturalmente um prémio importante para mim. Mas só existe porque existem instituições, existem projetos, existem visões de pessoas que muito antes de mim souberam desenhar, sonhar e concretizar. Tive a sorte de crescer aqui. Nada acontece por acaso.”.
***
São portugueses, médicos, investigadores na área do cancro e catedráticos da FMUP. E, doravante, passam a ter outra semelhança no currículo: serem considerados o patologista mais influente do mundo pela revista científica “The Pathologist”.
Depois de Manuel Sobrinho Simões em 2015 (e que este ano também está presente na lista), é a vez de Fátima Carneiro. A também diretora do serviço de Anatomia Patológica do Centro Hospitalar São João foi escolhida pelos colegas de profissão inquiridos pela revista britânica, numa lista que contempla 100 nomes.
No que à academia e à investigação diz respeito, a docente da FMUP é autora de mais de 250 artigos científicos e contribuiu para o desenvolvimento de vários capítulos de livros de especialidade.
Fátima Carneiro nasceu em Angola, em 1954, e licenciou-se em Medicina pela FMUP em 1978. Tal como Sobrinho Simões, destacou-se como investigadora no Ipatimup, hoje integrado no i3S. Ao longo da sua carreira, a investigadora dirigiu vários projetos nacionais e internacionais e presidiu a várias instituições.
A distinção, atribuída pela revista científica “The Pathologist” pelas suas capacidades enquanto patologista e professora universitária, colocou-a no primeiro lugar na lista das 100 posições.
Apesar de ser a primeira vez que chegou ao primeiro lugar, esta não é uma estreia da investigadora na lista. Em 2015 já tinha feito parte dos 100 mais influentes, num ano em que foi o médico português Manuel Sobrinho Simões, também ele docente da FMUP, fundador do Ipatimup, e patologista no CHSJ, o profissional considerado o patologista mais influente a nível mundial.
Para Fátima Carneiro, apesar de esta ser uma distinção “que é de orgulho para quem o recebe”, o mais importante é que se trata de “um reconhecimento de uma visão de uma realidade particular, criada num determinado ambiente de trabalho e de um conjunto de pessoas que se apaixonaram por esta forma de estar na patologia”.
***
No meio de tudo isto, o que nós temos é uma sadia competição entre patologistas dos quatro cantos do mundo. E o facto de Portugal ficar à frente de candidatos excelentes, como a dos Estados Unidos ou do Reino Unido, é um reconhecimento importante para o país e para o trabalho de investigação científica que por cá se desenvolve em prol da vida humana. Pena é que a investigação científica seja o parente pobre do investimento português e a promoção da vida humana em condições de dignidade, tantas vezes passada para último plano pelos decisores políticos, tenha de ceder o passo à ganância económica e ao capitalismo financeiro sem rosto.
2018.09.21 – Louro de Carvalho

Sem comentários:

Enviar um comentário