Eis o tema do 12.º
Encontro Internacional das Equipas de
Nossa Senhora, a decorrer no Santuário de Fátima de 16 a 21 de julho, um encontro
mundial, com cerca de 8500 participantes (mais de 4000 casais) provenientes de 75 países. E o texto
bíblico que ilumina esta grande jornada é a parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32), de modo que, após a oração
da manhã conduzida por um casal, em cada um dos dias de 17 a 21, pelas 9 horas,
ocorre a reflexão sobre um dos versículos da parábola orientada por Dom José Tolentino
Mendonça, futuro Arcebispo de Sauva, arquivista e bibliotecário da Santa Sé.
Assim, cada um dos dias 17 a 21 decorre sob um
tema específico que emoldura as diversas atividades: 17 – Liberdade (Lc 15,12); 18 – Dissipação (Lc 15,13); 19 – Arrependimento (Lc 15,19); 20 – Misericórdia (Lc 15,20); e 21 – Festa (Lc 15,32).
Os organizadores do evento enquadram o tema nos
termos seguintes:
Quando vivemos a
experiência do Encontro no nosso meio, na nossa família e na nossa profissão de
acordo com a nossa vocação, estamos ao mesmo tempo a construir com ELE o seu
reino de Amor.
Desejamos a todos que o
Encontro de Fátima seja lugar, onde o verdadeiro Encontro aconteça ao deixarmos
que a Ação de Deus se realize em nós.
Ao chegar, o abraço do
Pai dar-nos-á a certeza de sermos ouvidos e acolhidos como filhos através do
Seu Amor.
O amor que jorrará do coração do Pai encher-nos-á de misericórdia para na nossa
condição de pecadores reconhecermos que somos carinhosamente abraçados (Lc 15,11-32)
e que a Sua misericórdia encherá os nossos corações.
Que a distância seja
derrubada pela proximidade entre um Pai e um filho, que o medo dê lugar à
coragem, que a alegria substitua a tristeza e que as nossas limitações se
transformem na força de filhos de Deus.
O Amor tudo esquece,
tudo compreende e faz de nós pessoas novas para uma vida nova.
Maria que nos abriu a
porta de Sua Casa estará sempre presente como no Princípio, quando gera e nos
oferece Jesus, e no fim, quando nos entrega o seu Filho Ressuscitado.
Procuremos imitá-la e
deixemos que a graça de Seu Filho nos transforme neste grande Encontro porque a
Reconciliação é sempre sinal de Amor.
“Deixemo-nos encorajar
pelos sinais de santidade que o senhor nos oferece através dos membros mais
humildes deste povo” (Gaudete et Exultate, 8).
Em entrevista ao Programa ECCLESIA do dia 16, na
RTP2, Dina Isabel Rosa e João Pedro Sousa, casal responsável pela comunicação do
evento, salientaram a importância de, no contexto atual, “mostrar ao mundo que
o casamento é um projeto de vida que vale a pena fazer”, pois, como salienta
Dina Rosa, se “estamos em tempos difíceis no casamento, na família, mas
felizmente ainda há muitas histórias de gente feliz”.
As atividades são diversas e repartem-se, em cada
dia, por: oração da manhã, reflexão orientada, apresentação do dia, diaporama,
conferência, testemunhos, celebração eucarística, atividades em grupo e reunião
das equipas mistas. Obviamente que têm um programa mais breve o 1.º dia (acolhimento, reunião dos equipistas
e cerimónia de abertura) e o último (oração da manhã reflexão, conferência, diaporama, reunião dos
equipistas e cerimónia de encerramento). Porém, nos dias 17, 19 e 20, respetivamente,
realizam-se: a recitação do terço na
Capelinha das Aparições e a procissão; Vigília
e Noite de Oração; e Noite de Festa.
As conferências desenvolvem os seguintes títulos:
O sentido da liberdade cristã (17), pelo Cardeal Dom Ricardo Blázquez Perez (Espanha) Presidente da Conferência Episcopal Espanhola; Fraternidade e Comunhão, pelo Cardeal
Peter Turkson, presidente do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral;
Desenvolvimento e internacionalização do
Movimento das ENS, por Constanza e Alberto Alvarado (Colômbia); O Perdão: o
grande presente do Amor, pelo Bispo Dom Georges Casmoussa (Iraque); Viver a
justiça misericordiosa de Deus, pelo Padre Jacinto Farias; Missão de Amor, amor em missão, por Tó e
José Moura Soares; A Alegria do Reencontro, por Dom Manuel Clemente, Cardeal
Patriarca de Lisboa.
Os diaporamas abordam a temática seguinte: A Escuta da Palavra de Deus; Oração Interior e Oração Conjugal; O Dever de se Sentar; A Regra de Vida e o Retiro; e Partilha.
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Fundado pelo padre Henri Caffarel, que foi
evocado em testemunhos no dia 18 e cujo processo de beatificação e canonização corre
em Roma, o projeto das Equipas de Nossa Senhora (ENS) é um projeto de espiritualidade conjugal para
“ajudar os casais a caminhar na santidade”. Está atualmente presente em 92
países dos vários continentes, integrando um total de 135 mil membros. Cada
equipa é composta por cerca de seis ou sete casais e um conselheiro espiritual,
reunindo-se uma vez por mês num encontro que inclui refeição, oração, momentos
de partilha e discussão de um tema.
De acordo com João Pedro Sousa, estão presentes em
Fátima casais dos pontos “mais incríveis que se possa imaginar” – desde “a
Síria ao Burkina Faso, passando pelo Panamá e o Paraguai”, entre outras nações
menos habituadas a acorrer ao nosso país. Não se trata de mostrar apenas “a
internacionalização do movimento”, mas de contribuir também para uma reflexão cuidada
sobre os desafios atuais das famílias. Para isso, estão presentes
“conferencistas de diferentes países”, com relevo para o convidado especial Dom
José Tolentino Mendonça, futuro arcebispo de Sauva e arquivista e bibliotecário
da Santa Sé, sem dúvida um dos sacerdotes mais
mediáticos dos últimos meses por ter sido escolhido para pregar o Retiro
quaresmal do Papa Francisco e da Cúria Romana.
Na base deste encontro internacional das ENS está,
como se disse, o tema da reconciliação enquanto “sinal do amor” que deve reger
sempre todas as famílias.
Dina Isabel Rosa diz que a principal mais-valia das ENS é dar a
oportunidade de os casais, em grupo e de forma regular, “partilharem os
momentos que foram mais importantes, mais difíceis, as alegrias, as tristezas,
as dificuldades”, e contar com “a ajuda dos outros casais”. E acrescenta:
“Há uma palavra muito importante nas ENS, que é a entreajuda, e de facto
existe muito essa entreajuda, e à medida que caminhamos no tempo ela é cada vez
mais natural e melhor entre os casais. E isso dá-nos uma grande segurança e
serenidade”.
Entre os conferencistas, para lá de casais e conselheiros
espirituais das ENS, comparecem no Encontro
o Cardeal Dom Ricardo Blázquez Perez, presidente da Conferência Episcopal de
Espanha, e o Cardeal Dom Peter Turkson, presidente do Dicastério para o Desenvolvimento
Humano Integral, bem como o Cardeal Dom Sérgio Rocha, presidente da Conferência
Nacional dos Bispos Brasileiros, Dom Manuel Clemente, Cardeal-patriarca de
Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, e o Bispo Dom Georges
Casmoussa, do Iraque.
As conferências do Encontro decorrem na Basílica
da Santíssima Trindade e os encontros por grupos na mesma Basílica, no Centro
Pastoral Paulo VI, num dos Parques e nos Valinhos.
A fechar o grande Encontro
Internacional das ENS, no sábado 21 de Julho, está o Cardeal-patriarca de
Lisboa, com a conferência “A Alegria do
Reencontro” às 9,30 horas na Basílica da Santíssima Trindade. Este é um dia
dedicado à “Festa”, visto que todos os dias têm uma palavra que emoldura as
reflexões, baseadas no capítulo do “Filho Pródigo” (3.ª
feira – Liberdade / 4.ª feira – Dissipação / 5.ª feira – Arrependimento / 6.ª
feira – Misericórdia / sábado – Festa).
Dom Manuel Clemente é o
conferencista que encerra o ciclo das conferências, celebrando também a
Eucaristia final, às 11 horas, no Recinto do Santuário de Oração – uma grande
comemoração onde será feito o envio da nova ERI, um momento solene para as ENS.
Será que o Cardeal Farrel
também achará estes cardeais, bispos e padres incompetentes e desacreditados no
trabalho com os casais?
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Também um dos rostos conhecidos ligados ao
processo de canonização dos Pastorinhos de Fátima, a Irmã Ângela Coelho, licenciada
em Medicina (ainda
exerce), que
ingressou na Aliança de Santa Maria, como religiosa, em 1995. De 2009 a 2017, foi
postuladora da causa de canonização de Francisco e Jacinta Marto e
presentemente é vice-postuladora da causa da Irmã Lúcia – a 3.ª vidente de
Fátima. Profunda conhecedora da Mensagem de Fátima, a Irmã Ângela propõe uma
reflexão sobre “Fátima, desafios 100 anos depois”. Esta palestra será realizada
todas as tardes, de 17 a 20 de Julho, sempre às 15,15 horas na Basílica da
Santíssima Trindade.
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É de relevar
uma atividade marcante do Encontro desenvolvida hoje, dia 19, em torno de “O
dever de se sentar”. Os grupos espalharam-se pela esplanada do Santuário e aos
pés de Maria fizeram o exercício de reflexão/oração e revisão de vida. É a
dinâmica proposta a todos os participantes no Encontro Internacional das
Equipas de Nossa Senhora.
O casal
Ferreirinha deu o sentido deste exercício começando por declarar à agência ECCLESIA:
“Fazemos isto uma vez por mês para dizermos ao outro o que aconteceu de
bom e menos bom”.
Casados há 42 anos, Fernanda e Maurício Ferreirinha
defendem a necessidade de dialogar em casal para “superar os momentos melhores
e piores que a vida dá” e dizem que, embora façam “isto com alguma regularidade”,
em Fátima tem outro sentido”. E explicam:
“Este é um encontro a três: o casal
e Deus no meio. É uma maneira de não nos agredirmos para dizer as coisas que
não são tão boas e o outro também tem outra maneira de escutar. […] As pessoas,
quando se casam, pensam que é tudo um mar de rosas. E às vezes não é! E é
preciso saber dar a volta nessas alturas.”.
Membro das Equipas de Nossa Senhora há 34
anos, o casal Ferreirinha refere que foram aprendendo a dialogar, a escutar o
outro e a corrigirem-se “aos poucos”.
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O Papa enviou aos participantes neste Encontro
Internacional uma mensagem, onde afirma que “a Igreja condena o pecado” e que
Jesus “não quer perder ninguém”. Assinada por Dom Giovanni Angelo Becciu,
substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, a mensagem refere:
“A Igreja condena o pecado,
porque deve dizer a verdade, mas ao mesmo tempo abraça o pecador que se
reconhece como tal, aproxima-se dele, fala-lhe da Misericórdia infinita”.
O texto, que se encontra online, foi lido pelo Arcebispo Dom Rino Passigato, núncio
apostólico da Santa Sé em Portugal, no dia 17, na abertura do Encontro na
Basílica da Santíssima Trindade.
Francisco assinala que Jesus “não quer nem Se
resigna a perder ninguém” (marido ou esposa, pais ou filhos) e a seus “olhos não há
pessoas definitivamente perdidas”, mas apenas pessoas que “devem ser
reencontradas”.
A mensagem vem no alinhamento do tema do Encontro
e das reflexões orientadas por Dom José Tolentino Mendonça à luz da parábola do
Pródigo, na qual, segundo o Papa, “não se fala só de acolhimento e de perdão,
mas também da festa pelo filho que regressa”. Por isso, o Papa exorta:
“Comovidos por tão grande benevolência, deixem o coração falar”.
Aos cerca de 8500 participantes, Francisco
realçou que os “braços abertos na cruz” provam que “ninguém é excluído do amor
do Pai e da sua misericórdia”. E garantiu:
“Se queremos encontrar o Senhor, temos de O procurar, não onde nós
pretendemos encontrá-Lo, mas onde Ele nos quer encontrar”.
Neste contexto, o Papa assinalou que o Pastor “só
pode ser encontrado, onde está a ovelha perdida” e, ao informar que vai à
procura da ovelha perdida, “Ele provoca as outras noventa e nove para que
participem na reunificação do rebanho”.
Francisco saudou “fraternalmente” e abençoou os
participantes do 12.º Encontro Internacional das Equipas de Nossa
Senhora, que termina este sábado, 21 de julho, em Fátima.
***
Que Maria de Nazaré, a Mãe do Messias, proteja as
famílias e as revigore como célula-base das sociedades e da Igreja.
2018.07.19 – Louro de Carvalho
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