Passou ontem, dia 20 de
agosto (embora a sua memória
litúrgica se celebre a 21), o 101.º aniversário do falecimento do
Papa São Pio X, cujo Sumo Pontificado decorreu entre os anos 1903 e 1914 e cujo
testamento se inicia por uma enunciação lapidar: “Nasci
pobre, vivi pobre e desejo morrer pobre”. Foi o primeiro Papa a ser canonizado desde Pio V (1566-72). Era um camponês, o primeiro desde Sisto V,
mais de três séculos antes, que chegou ao Sumo Pontificado.
Penso dever fazer-lhe referência, uma vez
que ficou célebre sobretudo pelo aspeto mais conservador e tradicionalista que
pela vertente mais renovadora ao nível da mente e da ação. Recorde-se o seguinte episódio, ocorrido no tempo do seu múnus
episcopal em Mântua, que revela a grande liberdade interior do futuro Pio X, o
257.º Papa:
Um dia, passeando pela cidade com o reitor
do seminário, passaram na frente do cemitério hebraico. Sarto perguntou ao seu interlocutor se rezaria o De
profundis por aqueles mortos. O reitor respondeu que não. Então, o
bispo de Mântua tirou o chapéu e recitou o salmo por inteiro, dizendo ao jovem
sacerdote: “Veja, agora nós fizemos a nossa parte. Deus fará a parte dele. Pois
nunca ninguém disse que a teologia do Senhor é como a que os padres jesuítas
ensinam na Universidade Gregoriana”.
Dizem os cronistas que ficara muito
amargurado quando previu os efeitos da Primeira Guerra Mundial e que sentira a
impotência de nada poder fazer para que ela não acontecesse.
Pio X não foi apenas um teólogo. Foi um
pastor dedicado e, sobretudo, extremamente devoto, que sentia satisfação em
definir-se como “um simples pároco do
campo” (paroquiou durante 8 anos). Possuindo o dom da
cura, ainda em vida intercedeu junto de Deus em vários milagres. Consta dos
relatos que as pessoas doentes que tinham contacto com ele se curavam.
Discorrendo sobre tal facto, ele mesmo explicava como sendo “o poder das chaves
de são Pedro” (vd Mt 16,18-19). Com efeito, também
Pedro operava prodígios (vd At 3,1ss; 9,31-43), bem como os outros
apóstolos (vd Mc 16,20; At 5,12-16). Quando alguém o
chamava de “padre santo”, ele sorria corrigindo, “Não se diz santo, mas Sarto”, aludindo ao sobrenome de família.
Alguns
dados biográficos
Giuseppe
Melchiorre Sarto (era este o seu nome de
batismo), oriundo de família humilde e numerosa, mas de vida
percorrida na estrada de Cristo, nasceu numa pequena aldeia de Riese, na diocese de Treviso, no norte da Itália, no dia 2 de
junho de 1835, tendo ocorrido, portanto, no passado mês de junho o seu 180.º
aniversário natalício.
Desde cedo, o menino Giuseppe, que, desde criança, manifestou a clara vontade de ser
padre, demonstrava ser muito inteligente e, por via disso, os pais fizeram todo
o esforço ao seu alcance para que ele estudasse. Todos os dias, durante quatro
anos, o menino caminhava descalço por quilómetros a fio, levando no bolso
apenas um pedaço de pão para o almoço.
Quando o pai Giovanni Sarto, carteiro, faleceu, Margarita Sanson, sua mãe, uma corajosa e piedosa camponesa
costureira, não permitiu que ele abandonasse o caminho escolhido para a auxiliar
no sustento da casa. Permaneceu no seminário e, aos 23 anos, o mérito nos
estudos foi coroado com a ordenação sacerdotal, em 1858. Foi célere a sua ascensão
dentro da Igreja. Começou por ser vice-vigário numa pequena aldeia; passou,
depois, a vigário de uma importante paróquia; foi nomeado cónego da catedral de
Treviso; foi eleito e sagrado bispo
da diocese de Mântua (a 10 de novembro de
1884);
foi eleito patriarca de Veneza e feito cardeal da Igreja Católica (em 1896) pelo Papa Leão XIII. E, após a morte do
Papa respeitado e reverenciado por todo o mundo, a 20 de julho 1903, foi eleito
seu sucessor, com o nome de Pio X, a 4 de agosto daquele ano, com 55 dos 60 votos possíveis no conclave.
Curiosidades do conclave (divergências entre os eleitores; resistência humilde do eleito)
No predito
conclave, os cardeais estavam a inclinar-se para a escolha do cardeal Mariano Rampolla del Tindaro (filho
de Ignazio Rampolla, conde de Tindaro), Secretário de Estado da Santa Sé (1887-1903)
durante o pontificado de Leão XIII. Entretanto, foi comunicado o veto (ius exclusivae) do
imperador austro-húngaro Francisco José I à sua elegibilidade como Papa.
Leão XIII, o Papa da encíclica
Rerum Novarum (sobre a questão social), morreu aos
93 anos, tendo reinado sumptuosamente por um quarto de século e deixando
herança doutrinal e política nada fácil. Muitos cardeais queriam uma guinada “pastoral”:
um papa que não fosse “político” nem “diplomata”. Não obstante, o candidato
mais visado era um purpurado que encarnava a linha da continuidade direta do
papa defunto, o nobre e piedoso siciliano Rampolla
del Tindaro, já referido. Porém, a sua ascensão, apoiada pela maior parte
dos cardeais franceses, não era desejada pela Áustria, pela sua política de
apoio às aspirações eslavas que fermentavam nos Balcãs. Visando impedir a
eleição de Rampolla, o imperador da
Áustria decidiu usufruir do antigo direito de veto alegadamente concedido às
grandes monarquias católicas, aliás nunca aceite pelos Pontífices. Segundo
alguns, a iniciativa do veto, que, pelo menos chegou ao conhecimento do bispo
de Cracóvia (um dos predecessores de Karol Wojtyla), Jan Puzyna de Kozielsko, teria partido
do próprio cardeal Puzyna, que a
apoiara junto do já ancião e relutante Francisco José. Informados do voto de
exclusão, os eleitores austro-húngaros apostaram nos cardeais Serafino Vannutelli e Girolamo Maria Gotti, este último
carmelita e prefeito da Propaganda Fide
(atual Congregação da
Evangelização dos Povos). Alguns cardeais – entre eles, o
arcebispo de Milão, Andrea Carlo Ferrari
– preferiam candidatura de perfil claramente pastoral, que viam no patriarca de
Veneza, Sarto, o homem ideal. Porém,
o seu nome, não aparecia nas previsões. Entretanto, os jornais, antes do início
do conclave, davam a candidatura de Rampolla
por arruinada.
Na manhã de 1 de agosto, começaram os escrutínios entre os 62 cardeais
eleitores, dois por dia, um de manhã e um à tarde. Para a eleição, era precisa
a maioria de dois terços, ou seja, 42 votos. No 1.º escrutínio, Rampolla obtém 24 votos, Gotti, 12, Sarto, 5, Vannutelli, 4. No
2.º, Rampolla sobe para 29 e Sarto para 10, enquanto Gotti vai a 16. O conclave apresenta um
impasse, mesmo antes da pronúncia do famoso veto. Sarto, que subiu para 10 votos (não acreditando ser candidato), comentou: “Volunt iocari supra nomen meum” (querem divertir-se com o meu nome).
Na manhã do dia seguinte,
depois de informar Rampolla, o
cardeal Puzyna lê em latim o texto do
“veto de exclusão”, com o qual pede ao camerlengo:
“Que tome ciência, para sua
informação, e que notifique e declare de modo oficioso, em nome
e com a autoridade de sua majestade apostólica Francisco José, imperador da
Áustria e rei da Hungria, que, querendo sua majestade usar de um antigo direito
e privilégio, pronuncia o veto de exclusão contra o eminentíssimo senhor cardeal
Mariano Rampolla del Tindaro”.
Logo a seguir, o camerlengo e
o próprio Rampolla protestam,
concitando a consonância dos demais, pelo caráter absurdo e inoportuno da
ingerência imperial. Não obstante, na votação dessa manhã, o ex-Secretário de
Estado de Leão XIII não passa dos 29 votos da tarde anterior. Sarto, no entanto, sobe para 21,
enquanto a candidatura Gotti
naufraga, chegando a 9. É um sinal evidente da divisão do conclave. À tarde, os
cardeais franceses, irritados com a derrota de Rampolla, decidem pronunciar mais um protesto contra o veto, na
tentativa de recuperar votos para o ex-secretário de Estado. Logo depois, toma
a palavra o cardeal Sarto:
“É certo que nunca aceitarei o papado,
para o qual me sinto indigno. Peço que os eminentíssimos cardeais se esqueçam
de meu nome”.
Todavia, no escrutínio
seguinte, Rampolla sobe apenas um
voto, Sarto passa de 21 para 24, Gotti desce para 3. O cardeal Ferrari, face à situação, tenta
convencer Sarto, que resiste:
“Não me sinto à altura de tanto peso. Não
é possível que consiga assumi-lo. Meus primeiros inimigos estariam entre os
mais próximos. Conheço bem as próprias pessoas que me estão a eleger: não podem
estar bem intencionadas...”.
Ferrari insiste:
“Uma recusa poderia custar-lhe caro demais
e ser penosa para a vida inteira... Pense na responsabilidade e nos danos à
santa Igreja que viriam de uma eleição mal vista na Itália e no exterior, ou de
um prolongamento tão grande do conclave que ninguém saberia dizer (e todos
concordam com isso) se seria de dias, semanas ou até meses”.
O cardeal Ferrari volta à carga, em vão, na manhã de 3 de agosto. No primeiro
escrutínio, Sarto sobe para 27 votos,
enquanto Rampolla começa a cair e
obtém apenas 24. O patriarca de Veneza pede novamente a palavra:
“Insisto para que esqueçam meu nome.
Diante da minha consciência e diante de Deus, não posso aceitar os seus votos”.
Estas palavras são
consideradas como um duche de água fria por seus apoiantes, que não pretendem
elegê-lo para depois ouvirem que não aceita. Ao mesmo tempo, os cardeais
franceses veem a perspetiva de Rampolla
fazer passar os seus votos para outro candidato, à sua escolha. Mas o ex-secretário
de Estado resiste:
“É preciso sustentar e defender a
independência do Sacro Colégio e a liberdade na escolha do papa. Por isso,
considero meu dever não retirar-me da luta”.
Na realidade, o veto
austríaco, mais que impedimento decisivo à eleição de Rampolla, parece representar quase uma desculpa para ele continuar
tenazmente a resistir ante um impasse que já era evidente antes do
pronunciamento imperial. Assim, tornou-se crucial a intervenção do cardeal Francesco Satolli. Encontrando Sarto na saída de sua cela, Satolli interpelou-o:
“Vossa eminência quer resistir à vontade
de Deus manifestada tão abertamente pelo Sacro Colégio...”.
Por fim, Sarto capitula. Levanta as mãos em sinal de rendição e afirma:
“Seja
feita a vontade de Deus”.
A notícia corre logo de boca
em boca pelo conclave. Na votação da tarde, o patriarca de Veneza sobe para 35
votos; Rampolla desce para 16. Comentará
o cardeal americano James Gibbons:
“A cada escrutínio em que viu crescer os
votos a seu favor, o cardeal Sarto
tomou a palavra para suplicar ao Sacro Colégio que desistisse da ideia de
elegê-lo: a sua voz tremia todas as vezes, o seu rosto se enrubescia e
escorriam lágrimas de seus olhos. A cada vez procurava descrever mais
minuciosamente os títulos que lhe pareciam faltar para o papado. No entanto,
quem pode acreditar? Foram esses discursos, tão cheios de humildade e
sabedoria, que tornaram cada vez mais vãs suas súplicas”.
Na manhã do dia seguinte, os
cardeais franceses, impacientes com a resistência de Rampolla, passam para o lado de Sarto,
que, também graças a eles, obtém 50 votos (precisava de 42).
O eleito responde à pergunta
ritual:
“Quoniam
calix non potest transire, fiat voluntas Dei (já que o cálice não pode
passar, cumpra-se a vontade de Deus). Confiante na proteção divina, dos santos
apóstolos Pedro e Paulo e dos santos pontífices que usaram o nome Pio,
sobretudo daqueles que lutaram corajosamente no século passado contra as seitas
e os erros que se multiplicavam, assumo o nome de Pio X”.
O
Pontificado
Uma das suas primeiras grandes medidas foi
proibir completamente o Jus
Exclusivæ, com a Constituição Commissum Nobis, de 20
de janeiro de 1904. Aos cardeais reunidos em
conclave foi imposto o seguinte juramento:
“Não aceitaremos, nunca, sob
nenhum pretexto, por parte de nenhum poder civil, seja qual for, o despacho de
propor veto de exclusão, mesmo sob a forma de um mero desejo... e não
deixaremos possibilidade de intervenção ou intercessão, nem qualquer outro
método, pelo qual poderes laicos de nenhum grau ou ordem, intervenham na
eleição do pontífice”. (vd doc. no
site da Santa Sé).
Por conseguinte, nenhum
poder tentou exercer o direito de exclusão desde 1903. No entanto, alguns chefes
de Estado continuaram a manter fortes interesses na eleição Papal, dada a
influência mundial da Santa Sé. Embora não seja impossível que poderes
seculares possam influir no Conclave,
as regulações atuais do mesmo minimizam essas possibilidades.
Na encíclica E supremi apostolatus cathedra (4 de outubro de 1903), traçou o
seu programa pontifical cujo lema era “renovar todas as coisa em Cristo” (Instaurare omnia in Christo). Na esteira do programa do ministério
petrino, assumiu-se como o defensor intransigente da pureza da sã doutrina,
reformou a liturgia e governou a Igreja com mão firme num período em que estava
a levantar a fronte um laicismo forte (de sentido antirreligioso) e emergiam as tendências do modernismo – o que, em seu
entender, constituía a síntese de todas as heresias nos campos dos estudos bíblicos e da teologia e deu lugar à
obrigatoriedade do juramento antimodernista.
Assim, o conhecido por “Papa
da Eucaristia”, elegeu como secretário de Estado o famoso cardeal Merry del Val, publicou 16 encíclicas,
reformou a Cúria Romana (reduzindo
os 37 departamentos para 19), introduziu grandes reformas na liturgia (incluindo a do breviário),
codificou a Doutrina Católica no sentido da fidelidade à Tradição, facilitou a
participação popular na Eucaristia (contrariando os resquícios do jansenismo)
– estimulando a prática da comunhão eucarística frequente (incitou à comunhão diária ou semanal)
e fomentando o acesso das crianças à Eucaristia (e à comunhão sacramental) aquando da chegada à
chamada idade da razão (cerca dos 7 anos de idade)
– promoveu o estudo do canto gregoriano (publicou o Motu proprio
“Tra le Sollecitudini”, sobre a restauração da música sacra),
contra a onda estranha ao cantochão do século XIX, e do catecismo (ele próprio foi autor dum catecismo, designado
por Catecismo de São Pio X).
Ele próprio lecionava o catecismo nos domingos à tarde: hoje os Papas fazem as
suas catequeses nas audiências gerais de quarta-feira.
Realizou outras renovações dentro da
Igreja, criando bibliotecas eclesiásticas, estimulando as catequeses paroquiais
e efetuando a reforma dos seminários.
Ademais, concedeu à
“Pontifícia Comissão Bíblica” a
faculdade de conferir os graus de licenciatura e de doutoramento em ciências
bíblicas, criou o Instituto bíblico em Roma e, a instâncias do cardeal
Gasparri, encarregou uma comissão especializada de redigir o código de direito
canónico, cujas bases determinou, embora não tenha conseguido a sua
promulgação, que ficou para o sucessor, o Papa Bento XV (o código foi promulgado em 1917).
Não receou provocar a crise com a
França ao condenar o presidente
francês por visitar Vítor Emanuel III,
Rei de Itália, com quem a Santa Sé estava de más relações desde a tomada dos Estados Pontifícios em virtude da
unificação italiana, em 1970. Nas
consequências deste embate conta-se a completa separação entre Igreja e Estado
em França e a expulsão dos jesuítas.
Na lápide sua lápide tumular em
São Pedro, pode ler-se: A sua tiara era formada por três
coroas: pobreza, humildade e bondade.
Foi o único Papa do século XX a
ter tido extensa experiência pastoral ao nível da paróquia. Favoreceu o uso de termos vernaculares
na catequese. O seu estilo direto e as denúncias de atropelos à dignidade humana não lhe
trouxeram grande apoio por parte das sociedades aristocráticas europeias na
época pré-Primeira Guerra Mundial.
No Vaticano, Giuseppe Sarto continuou sua vida no rigor da simplicidade,
modéstia e pobreza. Surpreendeu o mundo católico quando adotou como lema de seu
pontificado “restaurar as coisas em Cristo”. Tal meta traduziu-se em vigilante
atenção à vida interna da Igreja, secundada por outra importante característica
de sua personalidade, que era a bondade suave e radiante que todos notavam e
sentiam na sua presença.
Embora com detratores no domínio
teológico, ninguém duvida da sua real e efetiva bondade e da sua imparcialidade.
Após o terramoto de Messina, em 1908, ainda antes de o Estado italiano ter
levantado um dedo na ajuda às pessoas, já ele enchera o Vaticano de refugiados
sem abrigo. Não procurava obter favores nem para si nem para a família: o irmão
continuou funcionário dos correios; as irmãs viviam juntas em Roma, passando
por dificuldades; e o sobrinho continuou simples padre paroquial. Por
conseguinte, foi amado como nenhum dos antecessores o fora.
Morreu no dia 20 de agosto de 1914, aos 79
anos. O povo, de imediato, passou a venerá-lo como um santo (Santo subito!). Mas só foi oficialmente considerado santo
40 anos mais tarde.
Beatificado em 1951, foi
canonizado em 3 de setembro de 1954 por Pio XII, ante uma multidão de cerca de
800 mil pessoas. A Igreja celebra a
sua memória litúrgica no dia 21 de
agosto. É atualmente o patrono dos
peregrinos enfermos e é considerado por alguns estudiosos, como o maior dos
Papas do século XX, disputando tal título com o Papa João Paulo II.
Em
relação a Portugal
Com a rutura
das relações diplomáticas do regime republicano com a Santa Sé, esta
estabeleceu uma ligação com os bispos portugueses através de Mons. Aloisio Masela
encarregado dos negócios com a I República em Lisboa. Pio X aprovou, nesse
ensejo, o ato e a doutrina do protesto numa carta dirigida ao cardeal patriarca,
D. António Mendes Belo. Em 24 de maio de 1911 seria publicada em Roma a
encíclica Iandudum
in Lusitania na
qual se apoiava o episcopado português e se condenava a Separação da Igreja do
Estado nos termos em que foi produzida. A crítica à laicização, a oposição às
associações cultuais, a contestação à invasão do espiritual pelo temporal e a
refutação da ingerência do poder civil na disciplina interna dos seminários
surgiam neste documento papal. Roma rejeitava na globalidade a lei e acusava a
República de não respeitar o vantajoso regime concordatário entre a civitas e a ecclesia e de violar “o direito natural dos povos” (cf Revista Seara
Nova, Nº 1713 –
outono 2010). No entanto, a mesma encíclica alude à capacidade da
Igreja de encontrar formas de convivência e ação em qualquer regime político,
não lhe cabendo interferir abusivamente no ordenamento temporal, reivindicando
a liberdade de pensamento, culto e ação e cooperando na construção do bem
comum.
Cf: http://fratresinunum.com/2013/03/11/giuseppe-sarto-a-eleicao-de-um-santo-ii/; https://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=santo&id=362; https://pt.wikipedia.org/wiki/Jus_exclusivae; http://w2.vatican.va/content/pius-x/pt/apost_exhortations.index.html; https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Pio_X.
Lesourd, P. & Paillat, C.
(1971). História
Secreta dos Conclaves. Rio de Janeiro: Ed.
Paz Terra. Norwich, J. (2012). Os Papas –
A História. Porto: Civilização Editora. Verdete, C. (2009). História da Igreja, vol. III. Lisboa:
Paulus Editora.
2015.08.21
– Louro de Carvalho
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