No
passado dia 3 de agosto, como reação à entrevista do anterior pároco de Canelas,
Vila Nova de Gaia, remeti por e-mail a seguinte carta ao Diretor do Expresso, que foi integralmente publicada
na edição do passado dia 8 de agosto, na página 36 do 1.º caderno, que o jornal
intitulou “o ex-pároco de Canelas” e que dou agora a conhecer aos meus amigos e
amigas.
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Li, com interesse e curiosidade a entrevista do
ex-pároco de Canelas, publicada no n.º de 1 de agosto do Expresso. É óbvio que não duvido do interesse jornalístico da
entrevista em si nem da curiosidade sobre o seu conteúdo. Em todo o caso,
aproveito o ensejo para um pequeno comentário.
Sobre a denúncia de alegados abusos sexuais de um
membro do clero feita por outro clérigo, é de estranhar tanto a
extemporaneidade da denúncia como a motivação (pelos vistos, para se defender
de acusações similares), o uso do presumível facto como arma de arremesso
contra uma decisão pastoral do bispo diocesano, bem como a crítica ao
arquivamento (não havendo queixas nem indícios recentes) com base na asserção
de que a prescrição do crime “não significa que a pessoa seja inocente” (sic) –
contrariando o princípio da presunção de inocência até sentença condenatória
transitada em julgado.
Sobre o ser e missão da Igreja muito mais haveria a
dizer do que apenas negar que seja uma democracia, sobretudo se tivermos em
conta a obrigação que há de consulta prévia à tomada de decisões bem como o
estilo de participação a que se apela recorrentemente e que regularmente se
pratica, predominantemente com base no voluntariado.
No atinente às atitudes do reverendo padre Roberto
Carlos, não me compete fazer um juízo valorativo, dado que não conheço
pessoalmente o seu perfil histórico e pastoral. Todavia, fazer ação
“criptopastoral” em paróquia já entregue ao cuidado pastoral de outrem
significará tudo menos lealdade. Ademais, apelidar de marioneta o bispo porque
este cumpre o dever de ouvir antes de tomar decisões e de dialogar depois de
decidir, além de objetivamente constituir insensatez, raia as malhas do insulto
o que, para lá de nada resolver, se torna inaceitável e anticristão.
Ora, a Igreja e a sociedade precisam mais de
consenso e de paz!
2015.08.09 –
Louro de Carvalho
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