domingo, 9 de agosto de 2015

Ao/do Expresso

No passado dia 3 de agosto, como reação à entrevista do anterior pároco de Canelas, Vila Nova de Gaia, remeti por e-mail a seguinte carta ao Diretor do Expresso, que foi integralmente publicada na edição do passado dia 8 de agosto, na página 36 do 1.º caderno, que o jornal intitulou “o ex-pároco de Canelas” e que dou agora a conhecer aos meus amigos e amigas.
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Li, com interesse e curiosidade a entrevista do ex-pároco de Canelas, publicada no n.º de 1 de agosto do Expresso. É óbvio que não duvido do interesse jornalístico da entrevista em si nem da curiosidade sobre o seu conteúdo. Em todo o caso, aproveito o ensejo para um pequeno comentário.
Sobre a denúncia de alegados abusos sexuais de um membro do clero feita por outro clérigo, é de estranhar tanto a extemporaneidade da denúncia como a motivação (pelos vistos, para se defender de acusações similares), o uso do presumível facto como arma de arremesso contra uma decisão pastoral do bispo diocesano, bem como a crítica ao arquivamento (não havendo queixas nem indícios recentes) com base na asserção de que a prescrição do crime “não significa que a pessoa seja inocente” (sic) – contrariando o princípio da presunção de inocência até sentença condenatória transitada em julgado.
Sobre o ser e missão da Igreja muito mais haveria a dizer do que apenas negar que seja uma democracia, sobretudo se tivermos em conta a obrigação que há de consulta prévia à tomada de decisões bem como o estilo de participação a que se apela recorrentemente e que regularmente se pratica, predominantemente com base no voluntariado.
No atinente às atitudes do reverendo padre Roberto Carlos, não me compete fazer um juízo valorativo, dado que não conheço pessoalmente o seu perfil histórico e pastoral. Todavia, fazer ação “criptopastoral” em paróquia já entregue ao cuidado pastoral de outrem significará tudo menos lealdade. Ademais, apelidar de marioneta o bispo porque este cumpre o dever de ouvir antes de tomar decisões e de dialogar depois de decidir, além de objetivamente constituir insensatez, raia as malhas do insulto o que, para lá de nada resolver, se torna inaceitável e anticristão.
Ora, a Igreja e a sociedade precisam mais de consenso e de paz!


2015.08.09 – Louro de Carvalho 

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