Decorrerá de 26 a 31 de julho, em Cracóvia, na Polónia, a XXXI Jornada Mundial
da Juventude tendo como tema a bem-aventurança evangélica “Bem-aventurados os
misericordiosos, porque eles
alcançarão misericórdia”
(Mt
5,7) – sugerido pelo
Papa Francisco em mensagem de 15 de agosto de 2015 e como 3.º vetor e remate do
tríptico temático das últimas três JMJ. Os anteriores elementos são também
formulação de bem-aventuranças registadas pelo Evangelho de São Mateus – “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino
do Céu” (Mt 5,3 –
JMJ de 2014) e “Felizes os puros de coração,
porque verão a Deus” (Mt 5,8 – JMJ de 2015).
Além
dos jovens de todo o mundo e dos conteúdos da JMJ no contexto do Ano da Misericórdia,
o Papa Francisco será uma das principais atrações da Jornada. Porém, a Organização da JMJ, que
integra o Conselho Pontifício para os Leigos e a Arquidiocese de Cracóvia,
estima em 2 milhões o número de peregrinos participantes na JMJ. Portugal é,
até ao momento, o nono país, com mais de cinco
mil peregrinos inscritos.
A organização tinha um
pré-anuncio de 160 mil peregrinos e, na última semana de junho, o número de
participantes registados saltou para os 360 mil. Nas celebrações e eventos com
o Papa chegam a estar quatro vezes mais participantes do que os registados.
O
prazo de inscrição fechara a 30 de junho, mas, atendendo aos pedidos que
chegavam um pouco de toda a parte, foi alargado até 22 de julho, quase até às
portas da JMJ. Este módulo de inscrição ‘Last
minute’ permite a inscrição tanto de grupos até 150 pessoas como de
peregrinos individuais, mas apenas inclui a possibilidade de participação nos
atos centrais, em Cracóvia.
A
chegada dos jovens provenientes das diversas partes do Orbe ocorrerá nos dias
25 e 26; e a cerimónia de abertura será no dia 26 com a missa concelebrada pelos
bispos presentes e pela maior parte dos sacerdotes participantes. Pelos dias 26
a 29, realizar-se-á a feira das vocações, o festival da juventude e as
catequeses com os bispos. No dia 28, far-se-á o acolhimento ao Santo Padre durante
um encontro no Parque de Blonia, um dos maiores da Europa. Próximo deste local,
está a ser montada uma “Área da Reconciliação”,
com centenas de confessionários abertos aos jovens que queiram confessar-se e
também uma tenda para a adoração ao Santíssimo Sacramento.
A Via Sacra terá lugar ao fim da tarde de sexta-feira, dia 29, revelando
o lado penitencial da jornada, e a Cruz da JMJ será transportada em procissão
pelas ruas da cidade, podendo os vários momentos de oração decorrer
simultaneamente em vários pontos importantes da cidade.
A
edição deste ano da JMJ termina em Brzegi, num “Campus da Misericórdia” com mais de 200 hectares e onde decorrerão
a vigília e a missa conclusiva do evento, que deverá ser acompanhada por cerca
de 2,5 milhões de pessoas, sendo que os jovens serão convidados a atravessar a “Porta
Santa” ali instalada.
Durante
a vigília, jovens de vários países vão ter oportunidade de expressar ao Papa as
suas preocupações e dificuldades, desde o desemprego às dependências, passando
pelas perseguições a que estão sujeitos nos dias de hoje.
O grande
destaque da JMJ vai obviamente para a vigília, que decorrerá no final do dia de
sábado (dia 30) e na manhã de domingo (dia 31). O Santíssimo Sacramento será exposto ao fim do dia
de sábado diante do Papa e dos jovens peregrinos.
No domingo,
terá lugar o último ato central, a Missa de Encerramento e envio, na qual o
Papa Francisco anunciará o local da próxima Jornada Mundial da Juventude.
Após a Missa,
está previsto um encontro do Papa com os voluntários que apoiaram a JMJ.
***
A
escolha de Cracóvia para sede da 31.ª edição da JMJ não foi por acaso. A jornada
de 2016 releva a famosa devoção da Divina Misericórdia, cuja festa de origem
polaca foi instituída para toda a Igreja pelo Papa
João Paulo II, no ano 2000 (Provavelmente quando agendou, em 2013, a XXXI JMJ para
Cracóvia, o Papa já teria em mente a celebração do Ano da Misericórdia nesta ocasião).
Cracóvia, aliás, foi o local onde João Paulo II viveu boa parte da sua vida,
tendo-se tornado arcebispo desta arquidiocese antes de ser eleito Papa. Atualmente,
até os museus da cidade contam a história do antigo padre, antigo pastor da
arquidiocese e Sumo Pontífice da Igreja Católica.
Importa referir que, entrosado com o programa da JMJ, o Papa cumprirá
também um programa próprio de visita à Polónia. Este programa inclui visitas
aos antigos campos de concentração nazis de Auschwitz e Birkenau, no dia 29 de
julho. Durante a sua permanência no local, o Papa rezará junto ao chamado “muro
da morte”, no Bloco n.º 11, e na cela de São
Maximiliano Kolbe. Antes disso, depois de aterrar em solo polaco, no dia
27, Francisco vai encontrar-se com o Presidente da República da
Polónia, Andrzej Duda, com membros do Governo
do país e
com os bispos e responsáveis pela Conferência
Episcopal Polaca. Além do encontro com os representantes
católicos, o Papa terá a oportunidade de rezar na Catedral de Cracóvia e no templo nacional
de Wawel, onde estão as relíquias do bispo e
mártir Santo
Estanislau. No dia 28, o destaque vai para a missa que Francisco irá celebrar
no Santuário Mariano de Czestochowa, por ocasião dos 1050 anos do Batismo da
Polónia. E, no dia 30, o programa papal inclui uma visita ao Santuário da Divina
Misericórdia, em Cracóvia, e ao Santuário de São João Paulo II, onde celebrará
uma Missa com sacerdotes e consagrados de toda a Polónia. Estes dois santuários
são igrejas jubilares, no quadro do Ano Santo da Misericórdia em curso, e a
data constituirá ensejo para Francisco transpor as suas “portas santas” e
convidar à prática da misericórdia e da solidariedade para com todos.
***
Como era de esperar, Portugal não podia deixar de comparecer com os seus
jovens e seus mentores da JMJ – bispos, sacerdotes e leigos empenhados. Por isso,
são de destacar algumas situações interessantes.
Leopoldina Reis Simões, assessora
de Imprensa, é membro da Equipa Sénior Internacional de Comunicação para a JMJ
2016 e vai, nesta condição, participar na XXXI JMJ. Após o primeiro
encontro do grupo de trabalho, em abril, em Roma, e da participação numa
ação de formação em Cracóvia, promovida pelo Conselho das Conferências
Episcopais da Europa, em maio, e do restante trabalho em equipa à
distância, uma distância que novos meios e tecnologias atenuam – a participante
levará consigo um cachecol de Portugal, convicta de que “será
bom encontrar na Polónia o tão grande número de portugueses que se anuncia”.
Segundo informação do DNPJ (Departamento Nacional da Pastoral Juvenil),
seis bispos portugueses participarão na JMJ de 2016: D. Joaquim Mendes, bispo
auxiliar de Lisboa, que acompanha o DNPJ como vogal da Comissão Episcopal para
o Laicado e Família; D. Manuel Felício, bispo da Guarda, D. José Manuel Cordeiro,
Bispo de Bragança, e D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra (que “vão apresentar em cada dia um tema diferente
relacionado com a misericórdia”) no jubileu dos jovens; e D. Nuno Brás, bispo
auxiliar de Lisboa, e D. António Francisco dos Santos, vogais da Comissão da Educação
Cristã e Doutrina da Fé, que decidiram acompanhar os portugueses.
Porém, a novidade reside na escolha de Cuca
Roseta para participar na festa portuguesa da juventude em Cracóvia. Na verdade,
o diretor do DNPJ revelou
que a fadista Maria Isabel
Rebelo do Couto Cruz Roseta vai participar na
‘LusoFesta’, o encontro dos portugueses durante a JMJ, na Polónia. Em
entrevista à agência Ecclesia, o
padre Eduardo Novo explica que a ‘LusoFesta’, que decorrerá no dia 27 de julho,
em Cracóvia, vai contar com o testemunho e voz da fadista Cuca Roseta (é este o seu nome artístico), uma participação que “que muito privilegia e alegra” por apresentar a
música como “arte de bem combinar os sons e a espiritualidade”.
E Cuca
Roseta, de 34 anos, entrevistada pela mesma agência Ecclesia, cantora porque tem esse
talento, afirma que “o fado é oração” e diz que a Igreja Católica é a “casa” aonde
vai “buscar o sentido para tudo”, insistindo na dimensão espiritual da sua
vida, desde pequena, que nunca esquece apesar da “vida fútil” do ambiente
artístico. Referindo que “é importante não ter vergonha de ser católico”, aceitou
como presente participar
na JMJ, um encontro onde nunca conseguiu estar, apesar de muitas expectativas
criadas. Vai cantar e falar aos
jovens portugueses que estarão na Polónia. O DNPJ desafiou-a a estar presente
na ‘LusoFesta’ e o seu fado vai ser apresentado no Krakow Congress Centre, na Polónia.
Sobre a mensagem a transmitir aos jovens, diz que “o fado é uma espécie de prece”. Assim:
“Quem é
espiritual consegue encontrar poemas que lhe digam muito nesse sentido. Eu
canto muitos fados, tenho até amigos padres que às vezes escrevem letras para
mim, que têm este sentido mais espiritual e vou poder cantar esses fados todos. O meu fado, que é uma música
extremamente emocional e sentimental, tem tudo a ver com a mensagem católica.”.
Nega que o fado se tenha modernizado, pois, do seu ponto de vista:
“O fado mantém-se o mesmo, se calhar
juntou-se umas baterias e percussões que não existiam (a Amália também juntou o
baixo), mas o fado acima de tudo é a palavra, é o poema. Nós escolhemos poemas que
têm a ver connosco e os jovens identificam-se com as nossas histórias. Pessoas
da minha idade, ou mais novos, identificam-se com uma história de amor, de
tristeza, perda ou esperança. É por isso que também têm vindo tantos jovens ao
fado. É uma geração de muitos fadistas novos, com letras mais modernas.”.
Quanto ao modo “como o fado pode ajudar os jovens” ou se “quem procura
o sentido da vida encontra pistas no fado”, explicita a dimensão interior, espiritual
e de oração do fado:
“Cada fadista passa o seu interior. E o meu sentido,
toda a minha vida, tem um sentido espiritual. Quer queira, quer não, esta
espiritualidade passa de uma forma muito forte. O fado é muito sentimental,
muito emocional, muito intenso e, por si, toca as pessoas. Se tiver uma
mensagem espiritual, esta luz, só pode ser explosiva. Pelo menos é isso que
tento, ser instrumento dessa explosão de luz. Através do fado, da música, da
arte, consegue-se chegar à alma. Dizem que o fado é a música da alma e é a alma
que nos liga a Deus.”.
De Francisco – embora tenha gostado muito
de Bento XVI (para este
cantou em Lisboa, no Terreiro do Paço a 11 de maio de 2010) e de João Paulo II – sente que é
fantástico, “chega realmente muito próximo das pessoas” e “tem feito muito pela
Igreja Católica”.
Confessa que sem a religião a sua vida “não faz sentido”, que não se “imaginaria a viver sem ser católica, tudo o
que fizesse seria vazio, não teria sentido, morreria, pois “pertencer à Igreja Católica é viver, é dar
sentido à vida”. Belo testemunho por ocasião da JMJ 2016!
2016.07.16 – Louro de Carvalho
Sem comentários:
Enviar um comentário