No dia 12 de
julho, foram publicados pelo Ministério da Educação (ME) os resultados das provas finais do ensino básico nas
disciplinas de Português (ou Português
Língua não materna – para alunos estrangeiros) e de Matemática; e, no dia 13, foram publicados os resultados dos exames
nas várias disciplinas do 11.º ano e do 12.º a que os alunos se sujeitam para
terminar o ensino secundário (caso dos alunos dos cursos científico-humanísticos) e para ingresso no ensino superior (todos). São resultados da denominada 1.ª fase a que teriam
de se submeter todos os alunos inscritos, só podendo guardar-se para a 2.ª
fase, sem submissão à 1.ª, os alunos que apresentam situações de força maior a
submeter à apreciação do diretor, no caso de alunos do ensino básico, e do JNE (júri
nacional de exames), no caso
de alunos do ensino secundário. De resto, a 2.ª fase destina-se àqueles que não
tiveram êxito na 1.ª fase ou que pretendam melhoria de classificação.
Importa
recordar que as provas do ensino básico são cotadas para 100 pontos – cotação
distribuída pelos diversos grupos de questões (e cada questão dentro do respetivo
grupo) de acordo com os critérios
definidos na respetiva matriz ou informação/prova e constantes do próprio
enunciado da prova. E a correção/classificação é feita por professores
recrutados e selecionados para o efeito e obedecendo aos critérios publicados
pelo IAVE, IP.
A
classificação obtida pelo aluno na prova define-se em pontos percentuais em
relação à totalidade da cotação e, a seguir, faz-se a correspondência de níveis
de 1 a 5, de acordo com a tabela: 0-19 – nível 1; 20-49 – nível 2; 50-69 –
nível 3; 70-89 – nível 4; e 90-100 – nível 5.
As provas do
ensino secundário são cotadas para 200 pontos – cotação distribuída pelos
diversos grupos de questões (e cada questão dentro do respetivo grupo) de acordo com os critérios definidos na respetiva
matriz ou informação/exame e constantes do próprio enunciado. E a
correção/classificação é feita por professores recrutados e selecionados para o
efeito e obedecendo aos critérios publicados pelo IAVE, IP e em permanente
atualização até à véspera da entrega das provas pelos professores
corretores/classificadores.
A
classificação obtida pelo aluno na prova define-se em pontos em relação à
totalidade da cotação e, a seguir, faz-se a correspondência para a escala de 0
a 20, dividindo o somatório de pontos obtidos pelo aluno na prova por 10, com
aproximação às décimas.
Com exceção
dos alunos autopropostos, que não frequentavam um estabelecimento de ensino ou
dele se excluíram taticamente (para quem a classificação obtida na prova/exame
determina a classificação final na disciplina), a classificação final da disciplina sujeita a prova/exame é articulada
entre a classificação obtida na prova/exame, entrando esta com um peso
percentual de 30, e a classificação interna (CIF) atribuída na escola pelo conselho de turma, entrando esta com um peso
percentual de 70.
A elaboração
das provas finais (9.º ano) e provas
de exame (11.º e 12.º) mobiliza
dezenas de professores que se mantêm na escola a lecionar até 2 turmas, não podem
ter filhos a frequentar anos de prova/exame e devem manter rigoroso sigilo em
relação a conteúdos (a quebra implicaria exclusão da tarefa e o respetivo
procedimento disciplinar e de contraordenação) e mesmo o silêncio funcional perante família e colegas (na escola o único
a saber será o diretor em razão da distribuição de serviço).
***
De acordo
com os dados publicados pela Comunicação Social e recolhidos a partir da
informação do ME, as classificações das provas finais do 9.º ano nas
disciplinas de Português e de Matemática baixaram,
este ano, um ponto percentual relativamente a 2015. Segundo os dados oficias
relativos à 1.ª fase, a média na prova de Português, realizada por 90.545 alunos,
situou-se em 57%, contra 58% em 2015, e na prova de Matemática, a que se
submeteram 94.579 alunos, a média passou de 48% para 47% este ano.
No respeitante a não aprovações, os resultados melhoraram na disciplina de
Português, com a taxa a diminuir de 10%, em 2015, para 8%, em 2016. Já na
disciplina de Matemática, registou-se um agravamento de dois pontos percentuais,
com a taxa de não aprovação a subir de 32% para 34%.
As provas finais do 3.º Ciclo foram realizadas pelos alunos do 9.º ano em
1.232 escolas, incluindo os estabelecimentos de ensino no estrangeiro com
currículo português.
De acordo com a informação do ME, estiveram envolvidos cerca de 10 mil
professores na vigilância das provas (2 professores por
sala, um professor coadjuvante da prova por escola e os elementos do
secretariado das provas/exames) e 4.088 professores no seu processo de correção/classificação.
Na prova de Português, cerca de 73% dos alunos obteve uma classificação
igual ou superior a 50% e, na prova de Matemática, cerca de metade dos alunos
obteve classificação igual ou superior a 50% – lê-se no comunicado do ME.
Além disso, a tutela sublinha a verificação de “correlações positivas
bastante acentuadas” entre as classificações internas atribuídas pelas escolas
e as notas destas provas, acrescentando que “relativamente à taxa de reprovação, salienta-se uma certa estabilidade relativamente
ao ano de 2014”.
***
No
atinente aos exames do ensino secundário, regista-se que os 329.887 exames da 1.ª fase foram
realizados em 646 escolas e que, no processo de correção/classificação das
provas, estiveram envolvidos cerca de 7.620 docentes do ensino secundário. Na
totalidade das provas dos exames nacionais do ensino secundário estiveram ainda
envolvidos cerca de 10.000 docentes (vigilantes, coadjuvantes e pertencentes aos
secretariados).
Em
comunicado, o ME destaca que “as médias das classificações dos vários exames
são todas iguais ou superiores a 95 pontos, o que é de salientar”. E o JNE
sublinha que “à semelhança dos anos anteriores, os alunos internos obtêm
classificações mais elevadas do que as alcançadas pelos alunos autopropostos,
com exceção da disciplina de Inglês, disciplina com maioria de alunos
autopropostos”. É nas disciplinas de Matemática A e B e em Geometria Descritiva
A que as diferenças são mais “significativas”. “Pelo contrário, verifica-se nas
disciplinas de Desenho A (código 706) e de Biologia e Geologia (código 702) a diferença mais baixa entre os resultados
dos alunos internos e dos autopropostos.”
Mais: Este ano, houve um aumento do número
total de inscritos na 1.ª fase destes exames: inscreveram-se 352 301 (o ano passado tinham
sido 344 017).
Houve também uma diminuição das faltas: em 2016, faltaram 24 608 dos alunos
inscritos em todos os exames da 1.ª fase e, neste ano, faltaram 22 414.
***
De acordo com os resultados divulgados pelo ME relativos à
1.ª fase, salienta-se que as taxas de não aprovação aumentaram nos exames de Português e Matemática A. As médias dos exames nestas
duas disciplinas baixaram em relação a 2015, mas na de Matemática a descida na disciplina de é mais drástica, sendo ainda
significativa na de Português.
Excluindo os
autopropostos e cingindo-nos aos alunos internos (os que
frequentaram as aulas durante o ano letivo), as
médias descem de 120 (12 valores) em 2015, para 112 (11,2 valores), neste ano. Os dados do ME mostram que, na 1.ª fase, 15% dos 32.716 alunos
internos não foram aprovados. Uma subida significativa na taxa de não aprovação
face ao ano de 2015, que foi de 11%.
Já na disciplina de Português – ainda falando
apenas de alunos internos e excluindo os autopropostos, que, por norma, descem
sempre as médias – a média, este ano, foi de 108 (10,8 valores) e, em 2015, tinha
sido de 110 (11
valores). A
taxa de não aprovação na disciplina de Português também subiu face a 2015. Este
ano, 53 853 alunos internos fizeram o exame e 7% não ficaram aprovados. No ano
anterior, a taxa de não aprovação foi de 6%.
As classificações continuam positivas, mas em valores
inferiores ao ano anterior. No exame de Português, a média passou de 11 valores
no ano de 2015 para 10,8 neste ano, mantendo-se a CIF em 13,4. No caso do exame
de Matemática A, a média do exame baixou de 12 para 11,2. A CIF, pelo
contrário, subiu de 13,6 para 13,8 valores.
***
Boas notícias vêm das disciplinas de Física e
Química, onde a média referente aos alunos internos subiu de 99 (9,9 valores), em 2015, para 111 (11,1 valores), em 2016. A taxa de
não aprovação em Física e Química baixou de 15% para 11%. De acordo com os
dados do ME, 28277 alunos internos fizeram o exame nesta 1.ª fase.
Também na
disciplina de Biologia e Geologia houve subida na média e descida na taxa de
não aprovação. Este ano, 28205 alunos internos fizeram o exame nesta
disciplina. A taxa de não aprovação foi de 8%, quando, no ano passado, foi de
11%. A média subiu de 89 (8,9 valores) para 101 (10,1 valores). Enfim, a
disciplina de Biologia e Geologia saiu do fim da tabela.
Os piores desempenhos foram nas disciplinas de
História e de Francês. Fizeram o exame de História 14 295 alunos internos, que
obtiveram a média de 95 pontos (9,5 valores), uma descida significativa face aos 107 (10,7 valores) de média do ano de
2015. A taxa de não aprovação em História subiu de 11% no ano de 2015 para 14% neste
ano.
Na disciplina de Francês fizeram este ano o
exame 978 alunos internos, que obtiveram uma média de 98 pontos (9,8 valores) – uma descida
bastante significativa face aos 130 pontos (13 valores) de 2015. A taxa de não aprovação em Francês
subiu de forma drástica, de 2% para 10%. É esta a prova que regista uma maior variação
neste indicador. Porém, a CIF manteve, no entanto, uma média de 13,2 valores.
Por seu turno, o exame de Espanhol,
feito por 1.679 alunos, manteve a taxa de não aprovação em 1%. A média na prova
baixou de 126 pontos (12,6 valores),
em 2015, para 121 (12,1 valores), neste
ano, mas a CIF manteve-se nos 15 valores.
No exame de Inglês, com um total de 18
provas, a taxa de não aprovação baixou um ponto percentual, para 6%. A média em
exame subiu de 105 pontos (10,5 valores)
para 132 (13,2 valores), situando-se a CIF em
15,3 valores, quando fora de 13,5 em 2015.
A disciplina de Literatura Portuguesa,
em 1.915 provas, manteve a taxa de não aprovação em 8%, nesta 1.ª fase e a média das provas ficou nos 105
pontos (10,5 valores). A classificação
final passou de 13,2 valores para 13,1.
Os 936 alunos que realizaram o exame de
Alemão melhoraram os resultados na prova. A taxa de não aprovação passou de 6%
para 4%, mas não se refletiu na classificação final, que mantém uma média de
14,3 valores, já que a nota média do exame baixou de 118 pontos (11,8
valores) para 116 pontos (11,6
valores).
As 11. 359 provas de Filosofia
mantiveram a taxa de não aprovação 7%. E a média passou de 108 pontos (10,8
valores) para 107 pontos (10,7
valores).
Na disciplina de Matemática Aplicada às
Ciências Sociais (MACS), em que houve 7.631 provas,
a taxa de não aprovação subiu de 6% para 8%.
O exame de Latim A, a que se sujeitaram 24
alunos) e o de Desenho A, a que se sujeitaram 3.631 alunos, não registaram
qualquer reprovação, à semelhança do ano anterior.
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Se atendermos aos dados relativos aos alunos autopropostos,
há igualmente uma descida nas médias de Matemática e de Português, apesar de
não serem diferenças significativas. Em Português, a média desceu de 80 para 79
e a taxa de não aprovação subiu de 66% para 67%. A Matemática, a média desceu de 68 para 59 e a taxa de não aprovação subiu de 71% para 76%.
Más notícias há também em História, com a média
a descer de 82 para 72 e a taxa de não aprovação a subir de 64% para 73%.
Mantêm-se os melhores resultados, relativamente
ao ano passado e no que concerne aos alunos autopropostos, a Biologia e
Geologia, com uma subida na média de 76 para 93 e uma descida na taxa de não aprovação
de 73% para 53%. E também em Física e Química, com uma subida na média de 96
para 98 e uma descida na taxa de reprovação de 61% para 53%.
***
Finalmente,
os dados divulgados pelo ME mostram que, na 1.ª fase, os 32.716 alunos internos
não obtiveram mais do que 11,2 valores, em média, abaixo dos 12 valores alcançados
em 2015. Ainda assim, este pior desempenho dos alunos não conseguiu anular a
subida bastante significativa na média no ano passado, pelo que a média total
de classificações deste ano continua acima dos resultados obtidos antes de
2015.
De
resto, foi nestes dois exames de 11.º ano (Biologia e Geologia e Física e Química) que as médias mais
subiram face ao ano de 2015 – 1,2 valores em ambos – se não tivermos em conta o
exame de inglês que contou apenas com 18 inscritos (+2,7 valores).
No
conjunto dos 22 exames nacionais, 14 pioraram os resultados, no que diz
respeito às classificações obtidas pelos alunos internos. A maior quebra
registou-se no exame de francês (-3,2 valores), cuja média caiu para 9,8
valores.
História
substituiu Biologia e Geologia, sendo este ano o exame com a média nacional
mais baixa: 9,5 valores.
***
Ora, aceitando e aplaudindo o rigor e a
segurança que pautam o serviço de provas e exames, é de questionar o porquê de
tantos gastos – de energia, logística, pessoas, materiais (o serviço de provas/exames
é prestado pelos professores em regime de gratuitidade forçada). Porquê tal obsessão em
torno de provas/exames que usualmente têm um peso de apenas 30% na avaliação? Para
justificar os rankings? Para através
destes enaltecer o mérito da escola privada e diminuir a pública, que tem de
ser inclusiva?
A função da escola é educar/ensinar/promover a
aprendizagem – gerindo, adaptando e enriquecendo currículo e programas
nacionais. Depois, aferir a aprendizagem (a meio de ciclo) e não educar para exame. Ingresso no
ensino superior? As instituições interessadas que o tratem!
2016.07.14 – Louro de Carvalho
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