quinta-feira, 19 de maio de 2016

O Dia Internacional dos Museus 2016

Celebra-se anualmente, a 18 de maio, o Dia Internacional dos Museus. É uma celebração que se faz desde 1977, por proposta do ICOM – Conselho Internacional de Museus, organismo da UNESCO. Em cada ano é escolhido um tema central para comemorar a efeméride. O de 2016 é “Museus e paisagens culturais” – ou seja, a relação dos museus com a paisagem cultural –, visando promover a ideia do museu enquanto “centro territorial de proteção ativa da paisagem cultural”. Esta função museológica pode ser concretizada em diferentes níveis, nomeadamente através da sensibilização das comunidades para o papel interventivo que podem desempenhar na conservação e valorização de tão vulnerável universo patrimonial e para contribuírem para a minimização da sua degradação ou mesmo do seu aniquilamento.
De há bastantes anos a esta parte, se vem desfazendo a velha ideia de que o museu se limitava a funcionar como repositório de testemunhos do passado artístico sem implicações significativas no presente ou para o futuro, de tal modo que, ao topar-se uma coisa rara, velha e de certo valor ou uma pessoa antiga e sabedora, se gracejava chamando-lhe objeto ou peça de museu.
Hoje o conceito de museu está alterado e, sem negar a sua função de testemunho do passado artístico, acentua-se a vertente patrimonial enquanto testemunho da história das mentalidades, das atividades e dos grandes desígnios da humanidade a nível mundial, nacional regional e local. Além disso, o museu configura um espaço e um instrumento de diálogo com a sociedade e ganha um dinamismo social e cultural que põe ao serviço das pessoas e da comunidade em geral, criando oportunidades especiais de educação e enriquecimento cultural.
Assim, o tempo de museu encurtou-se e, ao lado de museus de arqueologia, de arte antiga, dos coches e quejandos, temos museus de arte contemporânea, do traje, da eletricidade, do automóvel, do carro elétrico, da ciência, do amanhã, do brincar, etc. Por outro lado, além das coleções permanentes, os museus dispõem de coleções temporárias, muitas das quais se destinam à promoção de talentos e valores emergentes no hoje e promissores de futuro. Ademais, organizam encenações, visitas guiadas, percursos, videogramas, exibição de filmes, publicações, bibliotecas, arquivos e tantas outras iniciativas.
Como justificação desta afirmação de aposta na atualidade e no constante desenvolvimento de mecanismos de diálogo com a sociedade, recordam-se os temas dos três últimos anos, que falam por si: 2013 – “Museus (Memória + Criatividade) = Mudança Social”; 2014 – “Museus: as coleções criam conexões”; e 2015 – “Museus para uma sociedade sustentável”.
Está visto que é preciso que o Ministério da Cultura disponha de orçamento bem mais opimo ao serviço dos museus e de outros bens culturais. E, enquanto se saúda o crescimento da frequência dos museus por parte dos jovens e dos diplomados com cursos superiores, entende-se necessário e oportuno o incentivo a que muitos mais frequentem os museus e o façam com olhos de ver e mente de entender. Por outro lado, são sempre bem-vindas todas as manifestações significativas de mecenatismo cultural e educativo que não tenham em vista o mero prestígio pessoal e/ou a simples caça a benefício fiscal.
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Neste dia, vários museus tiveram entrada gratuita, tornando-se possível visitar as suas exposições e obras, assim como participar nas iniciativas preparadas para comemorar o Dia Internacional dos Museus. O horário de funcionamento dos museus foi alargado com o objetivo de mais pessoas poderem visitar os espaços museológicos do país. Em especial, os museus, palácios e monumentos tutelados pela DGPC (Direção-Geral do Património Cultural) tiveram entrada livre, o que também sucederá na Noite dos Museus, a 21 de maio, pois estarão abertos e gratuitamente acessíveis, a partir das 17,30 horas.
Cerca de 44 municípios aderiram às celebrações, nos seus 79 museus, monumentos e palácios, participando com aproximadamente quatro centenas de atividades muito variadas, como visitas guiadas, percursos, exposições, ateliês, teatro, palestras, concertos e lançamentos de livros.
Em Lisboa, o Museu Nacional dos Coches promoveu, entre as 10 horas e as 17 horas e meia, o “Passeio Real por Belém”, que fez um percurso pela zona histórica de Belém em charrete, com partida do novo edifício. E, no âmbito da parceria entre a Direção Geral do Património Cultural e a Volkswagen, foi inaugurada, às 17,30 horas, no Museu Nacional da Música, também em Lisboa, uma das rotas da iniciativa Museus em Movimento, com um dos concertos integrados no ciclo Um Músico, Um Mecenas. Terminado o concerto, as direções das entidades envolvidas e jornalistas dos principais meios de comunicação nacional foram levados até ao Museu Nacional dos Coches, onde a viatura VW Pão-de-Forma, de 1953, está em exposição ao público entre hoje, Dia Internacional dos Museus, e o dia 21, Noite Europeia dos Museus. 
Para assinalar a data, o Primeiro-Ministro, António Costa, visitou a partir das 12 horas, a exposição “Lusitânia Romana. Origem de dois povos”, no Museu Nacional de Arqueologia, organização conjunta do museu português, com o Museo Nacional de Arte Romano, de Mérida, Espanha, com a colaboração científica da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
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Conexa com o Dia Mundial dos Museus, vem a Noite Europeia dos Museus, criada pelo Ministério Francês da Cultura e da Comunicação, que decorrerá a 21 de maio e a cuja celebração os museus portugueses irão associar-se uma vez mais. Na Noite Europeia dos Museus, os museus estarão abertos gratuitamente, a partir das 17,30 horas.  
Também na capital, mas no dia 21 de maio, Noite Europeia dos Museus, às 18 horas, o Museu da Água realizará “Os fantasmas do Loreto”, uma visita comentada na galeria subterrânea do Loreto, com animação histórica que irá percorrer 1,2 quilómetros, entre o reservatório da Mãe d'Água, das Amoreiras, e o Reservatório da Patriarcal, no jardim do Príncipe Real.
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Como foi referido, estiveram em destaque: o MNA (Museu Nacional de Arqueologia do Doutor Leite de Vasconcelos – é esta a designação oficial) com a vista do chefe do Governo e a exposição por ele visitada; e o MNC (Museu Nacional dos Coches), pelos eventos referidos. Dos respetivos sites respigam-se alguns dados, como segue.
Fundado, em 1893, pelo Doutor José Leite de Vasconcelos, em mais dum século de existência, o MNA constituiu-se como a instituição de referência da Arqueologia Portuguesa,  que se corresponde regularmente com museus, centros de investigação e universidades no Mundo.
Fazem parte do seu acervo as coleções iniciais do fundador e de Estácio da Veiga, a que se juntaram muitas mais: umas por integração, a partir de outros departamentos do Estado, vg.: coleções de arqueologia da antiga Casa Real Portuguesa, incorporadas no Museu após na I República; coleções de arqueologia do antigo Museu de Belas Artes, incorporadas a quando da criação do Museu Nacional de Arte Antiga; etc; outras por doação ou legado de colecionadores e grandes amigos do Museu (vg.: doações de Bustorff Silva, Luís Bramão, Samuel Levy, etc.); outras, mercê da intensa atividade de campo do Museu e de outros arqueólogos; outras por despacho governamental, ao abrigo da legislação aplicável, sempre que se considere o valor nacional de bens arqueológicos descobertos no País.
Além das coleções e exposições, o MNA oferece à sociedade muitos mais serviços: a edição regular de publicações (de que sobressai a revista científica “O Arqueólogo Português”, editada desde 1895 e a mais importante do género em Portugal, com uma rede de mais de 300 correspondentes institucionais no Mundo); a conservação e restauro de bens arqueológicos; seminários, conferências e cursos da especialidade; serviço educativo e de extensão cultural; biblioteca especializada  (a mais importante e a única que hoje continua regularmente aberta ao público no conjunto dos museus nacionais), a loja e a livraria; a investigação científica fundamental, etc.
Concebido pelo fundador como uma espécie de “Museu do Homem Português”, o MNA continua com a mesma vocação básica: contar a história do povoamento do território, desde as origens até à fundação da nacionalidade. É a única instituição portuguesa capaz de o fazer: pelas coleções de que dispõe, pelos seus recursos técnicos, pelo espaço que ocupa no Mosteiro dos Jerónimos (verdadeiro centro de confluência de nacionais e estrangeiros, com especial relevo para as escolas do país, que anualmente ocupam plenamente a capacidade do serviço educativo do Museu).
Por seu turno, o MNC reúne uma coleção única no mundo das viaturas de gala e de passeio dos séculos XVI a XIX, a maioria proveniente da Casa Real Portuguesa, a que se acrescentaram veículos vindos dos bens da Igreja e de coleções particulares. O Museu apresenta um excelente conjunto que permite ao visitante a compreensão da evolução técnico-artística dos meios de transporte de tração animal, das cortes europeias, até ao aparecimento do automóvel. No novo edifício estão expostas 70 viaturas, de que a mais antiga data do século XVI e a mais recente é uma Mala-Posta do século XIX. Para lá das viaturas hipomóveis, o MNC detém um conjunto de peças utilizadas no serviço das viaturas e cortejos de gala e outras ligadas à arte da cavalaria e aos jogos equestres, bem como uma coleção de retratos da família real portuguesa.
O novo MNC surge em Belém como um equipamento cultural e um lugar público. Convergiram nele assim duas preocupações: por um lado, o imperativo do aumento da área expositiva e da infraestrutura técnica de apoio; por outro lado, a indispensabilidade de criar novas valências para o público do museu mais visitado do país.   
O novo edifício é, pois, constituído por um pavilhão principal com nave suspensa e um anexo, com ligação aérea a assegurar a circulação entre os dois edifícios. A disposição espacial destes corpos cria um pórtico que aponta para uma praça interna de livre acesso, para onde se voltam as antigas construções da rua da Junqueira, autoconstituídas como memória de vivências históricas e zona de passeio público. O novo MNC inclui: espaços para exposição permanente e temporária; áreas de reservas; oficina de conservação e restauro, com vista ao desenvolvimento da conservação e restauro deste tipo de património; espaços destinados à Biblioteca, ao Arquivo assim como um Auditório que potencia a realização dum conjunto de atividades culturais que engrandecem a programação pública do Museu. E, para acolhimento dos visitantes, foram programados espaços de restauração e uma Loja do Museu.
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A amostra ilustra bem a articulação que o museu faz entre passado/futuro, acervo/ comunidade.

2016.05.18 – Louro de Carvalho

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