sábado, 7 de maio de 2016

Na senda da peregrinação da Virgem de Fátima pela diocese portuense

De 10 de abril a 1 de maio, recebida da diocese de Aveiro na cidade de Ovar (diocese do Porto) e entregue à diocese de Leiria em Matos da Ranha (Vermoil), no concelho de Pombal.
Esta jornada diocesana inscreve-se no contexto mais alargado da passagem da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima pelas dioceses do país num tempo de preparação para a celebração do Centenário das Aparições de Fátima (2016/2017), considerada pelos Bispos Portugueses como um tempo favorável para revitalizar a vivência de fé, dado que não pretende apenas assinalar uma simples efeméride histórica, mas tornar-se veículo de evangelização e caminho para a conversão e para o encontro com Cristo por meio de Maria. Os Bispos viram na iniciativa uma oportunidade para divulgar e reavivar a consciência da riqueza e atualidade da mensagem de Fátima nas comunidades eclesiais. E, de facto, em todas as dioceses a imagem foi acolhida, acompanhada, acarinhada, aclamada, chorada, rezada cantada. As pessoas rezaram, cantaram e com muitos gestos, sorrisos e lágrimas aproximaram-se, estiveram, andaram e regressaram com piedade e saudade, suplicantes e gratas.
A diocese do Porto não foi exceção. Por todo o lado, as multidões eram incontáveis. O Bispo do Porto, que foi eloquente nos louvores e preces à Mãe de Deus em muitos momentos – brilhante nos discursos preparados e reconhecidamente surpreendente nos improvisos – testemunhou publicamente a galvanização com que a presença da Imagem de Fátima arrebatou as pessoas, que se manifestaram de muitos modos e em todos os escalões etários e setores profissionais.
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A propósito da visita da Imagem da Virgem de Fátima, o Bispo do Porto e os Bispos Auxiliares subscreveram, a 4 de abril, uma nota pastoral sob o título Causa da Nossa alegria, em que se referiram ao significado desta deambulação do ícone mariano pela diocese:
“Podemos dizer que a correspondência à presença da Virgem Maria na Igreja e nas nossas vidas, por vontade de Deus, é mais que mera devoção. Criatura de Deus, a primeira e a mais fiel dos discípulos, sinaliza caminhos de busca e de encontro com Jesus Cristo. Não é meta nem é caminho: é companhia e vereda para o Caminho.”.
E mais adiante:
“O itinerário da Imagem Peregrina contempla a sua presença na amplitude possível da geografia física e humana da Diocese. Serão situações diferentes a serem tratadas, previsivelmente, de modos diferentes. As relações materno-filiais não têm códigos rígidos.”
E, no final, vem o esclarecimento do desígnio pastoral diocesano:
“Maria, Mãe de Misericórdia, não nos distrai dos acentos pastorais que temos à nossa frente. Melhor do que ninguém, nos ajudará a abrir os olhos e o coração à Boa Nova de Jesus Cristo. A descobrir que a alegria do Evangelho é mais que uma frase: é o segredo de uma vida com sentido e é, por isso, a nossa missão”.
E as iniciativas diocesanas e os factos corroboraram este desígnio pastoral dos pastores da Igreja diocesana. A imagem da Virgem peregrina, tal como a Senhora de Nazaré, acompanhou o filho nos seus percursos palestinianos e nas vicissitudes da vida e o dealbar da Igreja nascente, acompanhou as grandes iniciativas pastorais programadas para a época: a jornada diocesana das vocações, a 16 de abril, no Porto; a peregrinação diocesana dos frágeis, a 17, em Santa Maria da Feira; a jornada diocesana da juventude, a 23, em Gondomar; o dia diocesano da família, a 24, no Porto; e a bênção das pastas dos finalistas da Academia portuense, a 1 de maio, no Porto.
Mas a imagem fez visita a todas as igrejas jubilares, onde foi acolhida com as condignas celebrações; foi protagonista em diversas procissões de velas; esteve exposta à veneração dos crentes em muitos lugares; visitou diversos santuários; entrou e permaneceu em todos os hospitais do território diocesano, bem como nos diversos estabelecimentos prisionais e militares; foi acolhida no Centro Regional da Universidade Católica; fez a ponte simbólica por barco entre Porto e Gaia, acolhida por pescadores e turistas; e reuniu, para celebração eucarística de despedida, milhares de crentes no Santuário do Monte da Virgem, em Gaia.  
Na verdade, como disse Dom António Francisco no fim da procissão de velas no dia 30 de abril na cidade do Porto, “Nossa Senhora acompanha-nos pelas estradas da vida e da missão e reacende em nós a alegria do Evangelho”. Mas o prelado não se conteve na sua alegria pastoral que não exclamasse:
“Só o coração tem largueza e tempo para guardar o testemunho corajoso de empresários que deram oportunidade aos seus trabalhadores para se encontrarem com a Mãe de Deus e de tantas instituições civis, académicas e militares que franquearam as suas portas para que os doentes, os reclusos, os estudantes, os militares pudessem viver horas de fé pela presença da Senhora mais brilhante do que o sol! Como encontrar palavras humanas para dizer a bênção divina que receberam as iniciativas diocesanas, as jornadas e os diversos dias diocesanos celebrados com a presença da Imagem Peregrina!”.
Porém, o Bispo do Porto, salientando com gratidão o caráter benfazejo deste acontecimento para a vida espiritual dos seus diocesanos, advertiu, no dia 1 de maio na avenida dos Aliados e no Monte da Virgem, para o facto de a Imagem ir embora, mas a Mãe permanecer entre nós e mensagem que nos traz também. E, a partir do Monte da Virgem, deu a público algumas intuições pastorais que permitem responder melhor às diretrizes pastorais do plano quinquenal diocesano e ao de desejo de caminhada sinodal, que se formulam ex auditu como segue:
- A imagem da Virgem que vai à frente estimula à tomada de iniciativas sem medo de ir às encruzilhadas à procura dos afastados, ao encontro das pessoas, famílias e instituições e constitui o sinal da igreja em saída, missionária, a levar às gentes a dimensão materna de Deus.
- A adesão popular que a visita da imagem suscitou sem publicidades prévias sugere a atenção à pastoral da misericórdia, do encontro, da proximidade, dando cada vez mais atenção às pessoas.
- Sem descurar a formação de elites necessária à causa da evangelização sustentável, é preciso escutar as pessoas simples, os doentes e os idosos.
- A mobilização em torno da imagem da Senhora por parte de tantos e tantas que se encontram distantes e ausentes da comunidade deve levar-nos a encontrar novo ardor, novos métodos e novas expressões do modo de evangelizar.
- A alegria das pessoas – mais do que em discursos – manifestava-se nos gestos, nos cânticos e orações simples, nos sorrisos e nas lágrimas, o que nos ensina que devemos aprender esta linguagem popular que também nos transmite a alegria do Evangelho e, por outro lado, nos ensina a ter uma pastoral de misericórdia e de proximidade levando-nos a chorar com aqueles que sofrem sobretudo a falta de saúde ou a falta de terra, teto e trabalho.
- A presença de tantas pessoas em torno da imagem peregrina alerta para a necessidade de evangelizar a piedade popular de raízes autênticas e genuínas, a par da construção de uma fé adulta, cujo défice é propício para a criação de erros e geração de comportamentos inadequados.
- A mobilização de todos em torno das iniciativas suscitadas pela visita da imagem peregrina, mostra como somos capazes de trabalhar em conjunto e como se torna eficaz esse trabalho em conjunto, que nos faz sentir uma enorme força anímica na pastoral e no apostolado.
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A pretexto do périplo peregrinante da imagem fatimita pelas dioceses, o Santuário de Fátima editou um guião (de 113 páginas em suporte digital e 222 em suporte de papel), com: a apresentação da parte do reitor; a palavra de introdução à mensagem de Fátima; um texto sobre os pastorinhos, vida e espiritualidade; um conjunto de celebrações – acolhimento da imagem (introdução e celebração), celebração penitencial (o pecado e a conversão: introdução e celebração), adoração eucarística (testemunhas de um Deus de Misericórdia: introdução e celebração), comunhão levada aos doentes (introdução: “catequese para agentes da Pastoral da Saúde” e celebração), rosário (introdução e celebração), procissão das velas (introdução e celebração) e despedida da imagem (introdução e celebração); quatro catequeses – “Sou a Senhora do Rosário” (catequese para crianças), “Fazei tudo o que Ele vos disser” (catequese para adolescentes), “Transformados em Cristo para transformar o mundo (catequese para jovens) e “A misericórdia de Deus e o convite à compaixão (catequese para adultos); e três anexos – Orações de Fátima, Ladainha dos Pastorinhos e Hino do Centenário. É um guião de conveniente e assídua revisita nesta pós-peregrinação.
Sobre a “Mensagem”, acentua-se que somos “visitados pela misericórdia” na esteira profética do Benedictus: “Graças ao coração misericordioso do nosso Deus, que das alturas nos visita como sol nascente” (Lc 1,78). Por isso, somos convidados à conversão na fé (adorando a Deus, comunhão de amor); pela caridade (através da resposta à vocação à vida sacrifical e eucarística), pois que há um palpitar eucarístico no coração de Fátima”; e pela esperança (fundada na promessa da graça e misericórdia do Coração), já que “o acontecimento-Fátima nasce da compaixão de Deus”.
Depois que o Anjo da paz falou às três crianças palavras de fé, de adoração, de esperança e de amor, “Fátima fez-se acontecimento teológico, esboçado com os traços do amor de Deus, a pedir uma resposta teologal, dom de si, oferta eucarística”.
No respeitante à vida e espiritualidade sob a égide dos pastorinhos, cita-se Miguel Torga, a referir que “sem amor nenhuns olhos são videntes”. Como eles e seguindo Jesus, é necessário crescer “em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52) e aceitar o desconcerto de Deus, que “dispersou os soberbos e exaltou os humildes…” (Lc 1,51-52), a tal ponto de o Filho Lhe dar graças porque revelou “estas coisas aos pequeninos” (cf Mt 11,25).
Depois, somos desafiados à postura e prática das bem-aventuranças, nomeadamente aquela que nos ensina a ver o mundo com o olhar de Deus – “Felizes os puros de coração porque verão a Deus” (Mt 5,8) – e, ao mesmo tempo, pedir a Deus que dote sempre a Igreja de pastores simples e prudentes segundo o seu coração (cf Jr 3,15) e cooperar para que os pastores correspondam fiel e eficazmente à indicação de Cristo, “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17).
As celebrações constam de introdução temática consoante a índole e o objeto da celebração e a celebração. Esta consta de cânticos, leituras bíblicas e de textos relativos à menagem de Fátima, proposta de homilia, orações bíblicas e da tradição eclesiástica (litúrgica e devocional).
As catequeses são adaptadas ao respetivo escalão etário, deixando ao critério dos catequistas a adaptação aos diversos níveis dentro do respetivo escalão. São feitas introduções, definidos objetivos, parte-se da experiência humana, da doutrina bíblica e fatimita, suscita-se a reflexão, sugere-se o compromisso e formula-se oração final. Nalguns casos, indicam-se materiais vários.
Os anexos levam as pessoas a familiarizarem-se com as orações fatimitas e a saberem entoar o hino aquando das celebrações centenárias.

2016.05.06 – Louro de Carvalho

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