quarta-feira, 15 de junho de 2022

A Eucaristia convida-nos a levar Deus para a vida quotidiana

 

Após a catequese da Audiência Geral, neste dia 15 de junho, ao saudar os peregrinos presentes na Praça São Pedro, Francisco falou sobre a Solenidade de Corpus Christi, a celebrar no da seguinte, quinta-feira, dia 16, e exortou a pedir a Deus a capacidade de doar-se aos outros, servindo com alegria especialmente os que mais precisam.

Presidirá à solene celebração litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo, na Basílica de São Pedro, no Altar da Cátedra, às 10,30 horas locais, o arcipreste da Basílica e vigário geral do Papa para a Cidade do Vaticano, cardeal Mauro Gambetti.

Entretanto, destacam-se as mensagens contidas nas saudações do Pontífice a alguns grupos de peregrinos. Assim, aos féis de Língua Alemã afirmou: “A Solenidade de Corpus Christi convida-nos a sair e a levar o Senhor para a vida quotidiana: levá-lo aonde a vida se desenvolve com todas as suas alegrias e sofrimentos”. Aos peregrinos de Língua Espanhola, acrescentou o convite a pedir a Deus que nos conceda sejamos pessoas “eucarísticas”, “gratas pelos dons recebidos” e capazes de se doar aos outros “servindo com alegria, especialmente os que mais precisam”.

Na saudação aos peregrinos polacos, o Santo Padre lembrou que a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo “nos recorda a presença real de Deus na Eucaristia na forma de pão e vinho”. E pediu que “os concertos de evangelização que se realizam no seu país nesta solenidade despertem a fé em todos, para que, recebendo o Corpo e o Sangue de Cristo, se possa experimentar o seu amor cada vez mais profundamente”.

Por fim, o papa Francisco lembrou que, na Itália, a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo será celebrada no próximo domingo, dia 19, e concluiu: “Que a Eucaristia, mistério do amor, seja para todos vós fonte de graça e de luz que ilumina os caminhos da vida, sustento nas dificuldades e conforto sublime no sofrimento de cada dia”.

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Em Portugal, a novidade é a de que o Corpo de Deus (designação popular portuguesa desta solenidade) volta a ser celebrado com procissões e tapetes de flores pelas ruas do país. Na verdade, as dioceses de Portugal celebram, nesta quinta-feira, a solenidade litúrgica do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, com o regresso de procissões e tapetes de flores às ruas do país, expressão genuína de arte e piedade populares, mas sem deixar de relevar devidamente a celebração da Eucaristia e de proclamar publicamente, com toda a clareza e determinação, a fé pessoal e comunitária na presença de Cristo Ressuscitado no pão e no vinho consagrados, na comunidade eclesial e na pessoa dos irmãos, nomeadamente dos pobres e doentes.   

Após dois anos de restrições, impostas pela pandemia de covid-19, milhares de pessoas participam esperadas nas várias celebrações e manifestações de devoção, num dia que é feriado nacional.

A título de exemplo, dão-se conta de algumas celebrações.

No Patriarcado de Lisboa, a Procissão do Corpo de Deus regressa às ruas da Baixa, após dois anos em que foi cancelada, devido à pandemia de covid-19, a partir das 17 horas, no Largo da Sé, presidida pelo cardeal-patriarca. De manhã, D. Manuel Clemente celebra a Eucaristia a partir das 11,30 horas, também na Catedral.

Em Santarém, a Procissão de Corpo de Deus volta às ruas da cidade, com a bênção com o Santíssimo Sacramento à chegada ao largo da Catedral, após a Missa da solenidade, na Sé diocesana, com início às 16 horas. Em nota adrede divulgada, a diocese pede a “participação e o envolvimento de todas” as paróquias e a representação dos seus estandartes.

Na Diocese de Angra, o Corpo de Deus é celebrado com “maior entusiasmo” na Ouvidoria da Povoação, na ilha de São Miguel, este ano com a presença dos dois símbolos da Jornada Mundial da Juventude – a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora ‘Salus Populi Romani’ – que estão a peregrinar pelas nove ilhas dos Açores. A Eucaristia, sob a presidência do administrador diocesano, cónego Hélder Fonseca, por a Diocese esta na situação de sede vacante, começa às 17 horas locais, na Matriz da Povoação, antes da procissão eucarística.

No Funchal, o bispo diocesano, D. Nuno Brás, preside à Missa solene, às 18 horas, na Catedral madeirense, seguindo-se a procissão eucarística pelas ruas da cidade, com conclusão diante da Sé. Antes das celebrações do Corpo de Deus, a Diocese do Funchal realiza uma assembleia pré-sinodal para apresentar e discutir as conclusões e síntese final do processo sinodal a nível local, às 15 horas, na igreja do Colégio.

Na Diocese de Setúbal – que se encontra na situação de sede vacante – as celebrações desta solenidade são presididas pelo representante diplomático da Santa Sé em Portugal, o núncio apostólico D. Ivo Scapolo: a celebração da Eucaristia acontece às 11 horas e a oração de Vésperas, antes da solene procissão eucarística, às 17horas.

Em Leiria, centenas de crianças da catequese, entre outras pessoas, vão celebrar a “presença de Cristo na Eucaristia”, numa Missas às 16 horas, no jardim de Santo Agostinho, seguindo-se a procissão eucarística até ao adro da Sé, com a presidência do bispo de Leiria-Fátima, D. José Ornelas.

Na Arquidiocese de Évora, a solenidade começa a ser celebrada com a exposição do Santíssimo Sacramento para adoração dos fiéis, às 15 horas. O arcebispo local, D. Francisco Senra Coelho, preside à Eucaristia, às 16,30 horas, na catedral; e a procissão pelas ruas, começa uma hora depois.

Em Beja, a organização da celebração da solenidade do Corpo de Deus é iniciativa da Paróquia do Santíssimo Salvador, com Eucaristia, às 11 horas, e, à tarde, com a adoração ao Santíssimo, a partir das 15,30 horas, seguindo-se a procissão eucarística pelas ruas, pelas 17,30 horas.

Na Arquidiocese de Braga, a Vigararia-Geral informou que a Eucaristia será celebrada às 17 horas, na Catedral minhota, seguindo-se a procissão, “de longa tradição histórica, que reclama a presença participativa”, pelas 18 horas. Espera-se a comparência de todos os sacerdotes residentes na área da cidade (diocesanos e religiosos), dos alunos do Seminários e dos membros das Congregações e Institutos Religiosos, pois a solenidade reclama a presença participativa de todos os fiéis, a começar pelos que têm maiores responsabilidades no testemunho eclesial.

No Porto, o Cabido da Sé Portucalense promove a tradicional Festividade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo na cidade. D. Manuel Linda preside à Missa Estacional, pelas 11 horas, na igreja da Santíssima Trindade, da qual parte a procissão, às 16,30 horas, em direção ao Terreiro da Sé, “onde será dada a Bênção do Santíssimo Sacramento”, após “uma alocução do bispo do Porto”.

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É de recordar que  esta solenidade litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo começou a ser celebrada há mais de sete séculos e meio, em 1246, na cidade de Liège, atual Bélgica, tendo sido alargada à Igreja latina pelo Papa Urbano IV através da bula “Transiturus”, em 1264, dotando-a de Missa e Ofício próprios. Terá chegado a Portugal nos finais do século XIII, tomando a denominação de festa de Corpo de Deus, sendo que a exultação popular à Eucaristia se manifesta no 60.º dia após a Páscoa, uma quinta-feira, fazendo assim a ligação com a Última Ceia de Quinta-feira Santa.

A procissão com o Santíssimo Sacramento é recomendada pelo Código de Direito Canónico, no qual se refere que “onde, a juízo do bispo diocesano, for possível, para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia faça-se uma procissão pelas vias públicas, sobretudo na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo” (cân 944, §1).

Várias localidades portuguesas decoram as ruas da procissão com tapetes floridos, como acontece este ano em Vila Conde, onde “A arte sai à rua”, após vários dias de preparação.

“O percurso criado estende-se do núcleo histórico à zona ribeirinha da cidade, criando uma relação de verdadeira simbiose entre o património histórico e o património cultural da comunidade”, indica a autarquia local.

 

São, ao todo, doze as ruas sobre as quais se estenderão os Tapetes de Flores no dia do Corpo de Deus, cobertas por toneladas de pétalas e flores, recolhidas ao longo de semanas e segundo uma ordem específica. Isto sucede ali com todo este aparato de fé arte de quatro em quatro anos.

Tradição marcante para o povo vilacondense, e verdadeira obra de arte coletiva, o dia em que a “Arte sai à rua” é um momento que impressiona locais e visitantes, pela escala e pelo detalhe, pela exuberância e pela minúcia, pelo colorido e pelo perfume que trazem à cidade. Folha por folha e pétala por pétala vão enchendo as caixas de papelão com o bucho, o funcho e os pampilos, em primeiro lugar, e, posteriormente, as rosas e hortênsias que comporão os motivos multicolores que decorarão as ruas. – especifica o comunicado da Câmara Municipal de Vila do Conde.

O percurso criado estende-se do núcleo histórico à zona ribeirinha da cidade, criando uma relação de verdadeira simbiose entre o património histórico e o património cultural da comunidade. Espera-se mais uma vez a passagem da procissão “A arte sai à rua”.

2022.06.15 – Louro de Carvalho

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