Após a
catequese da Audiência Geral, neste dia 15 de junho, ao saudar os peregrinos
presentes na Praça São Pedro, Francisco falou sobre a Solenidade de Corpus
Christi, a celebrar no da seguinte, quinta-feira, dia 16, e exortou a pedir a
Deus a capacidade de doar-se aos outros, servindo com alegria especialmente os
que mais precisam.
Presidirá à
solene celebração litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo, na Basílica de São Pedro,
no Altar da Cátedra, às 10,30 horas locais, o arcipreste da Basílica e vigário
geral do Papa para a Cidade do Vaticano, cardeal Mauro Gambetti.
Entretanto,
destacam-se as mensagens contidas nas saudações do Pontífice a alguns grupos de
peregrinos. Assim, aos féis de Língua Alemã afirmou: “A Solenidade de Corpus Christi convida-nos a sair e a levar o Senhor
para a vida quotidiana: levá-lo aonde a vida se desenvolve com todas as suas
alegrias e sofrimentos”. Aos peregrinos de Língua Espanhola, acrescentou
o convite a pedir a Deus que nos conceda sejamos pessoas “eucarísticas”, “gratas
pelos dons recebidos” e capazes de se doar aos outros “servindo com alegria,
especialmente os que mais precisam”.
Na saudação
aos peregrinos polacos, o Santo Padre lembrou que a Solenidade do Corpo e
Sangue de Cristo “nos recorda a presença real de Deus na Eucaristia na forma de
pão e vinho”. E pediu que “os
concertos de evangelização que se realizam no seu país nesta solenidade
despertem a fé em todos, para que, recebendo o Corpo e o Sangue de Cristo, se
possa experimentar o seu amor cada vez mais profundamente”.
Por fim, o
papa Francisco lembrou que, na Itália, a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo
será celebrada no próximo domingo, dia 19, e concluiu: “Que a Eucaristia,
mistério do amor, seja para todos vós fonte de graça e de luz que ilumina os
caminhos da vida, sustento nas dificuldades e conforto sublime no sofrimento de
cada dia”.
***
Em Portugal, a
novidade é a de que o Corpo de Deus (designação popular portuguesa desta
solenidade) volta a ser celebrado com procissões e tapetes de flores pelas ruas
do país. Na verdade, as dioceses de Portugal celebram, nesta quinta-feira, a
solenidade litúrgica do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, com o regresso de
procissões e tapetes de flores às ruas do país, expressão genuína de arte e
piedade populares, mas sem deixar de relevar devidamente a celebração da Eucaristia
e de proclamar publicamente, com toda a clareza e determinação, a fé pessoal e
comunitária na presença de Cristo Ressuscitado no pão e no vinho consagrados,
na comunidade eclesial e na pessoa dos irmãos, nomeadamente dos pobres e doentes.
Após dois anos de restrições, impostas pela pandemia de covid-19, milhares
de pessoas participam esperadas nas várias celebrações e manifestações de
devoção, num dia que é feriado nacional.
A título de exemplo, dão-se conta de algumas celebrações.
No Patriarcado de Lisboa, a Procissão do Corpo de Deus regressa
às ruas da Baixa, após dois anos em que foi cancelada, devido à pandemia de covid-19,
a partir das 17 horas, no Largo da Sé, presidida pelo cardeal-patriarca. De
manhã, D. Manuel Clemente celebra a Eucaristia a partir das 11,30 horas, também
na Catedral.
Em Santarém, a Procissão de Corpo de Deus volta às ruas da cidade, com
a bênção com o Santíssimo Sacramento à chegada ao largo da Catedral, após a
Missa da solenidade, na Sé diocesana, com início às 16 horas. Em nota adrede divulgada,
a diocese pede a “participação e o envolvimento de todas” as paróquias e a
representação dos seus estandartes.
Na Diocese de Angra, o Corpo de Deus é celebrado com “maior
entusiasmo” na Ouvidoria da Povoação, na ilha de São Miguel, este ano com a
presença dos dois símbolos da Jornada Mundial da Juventude – a Cruz e o Ícone
de Nossa Senhora ‘Salus Populi Romani’ – que estão a peregrinar pelas nove
ilhas dos Açores. A Eucaristia, sob a presidência do administrador diocesano,
cónego Hélder Fonseca, por a Diocese esta na situação de sede vacante, começa às 17 horas locais, na Matriz da Povoação,
antes da procissão eucarística.
No Funchal, o bispo diocesano, D. Nuno Brás, preside à Missa solene,
às 18 horas, na Catedral madeirense, seguindo-se a procissão eucarística pelas
ruas da cidade, com conclusão diante da Sé. Antes das celebrações do Corpo de
Deus, a Diocese do Funchal realiza uma assembleia pré-sinodal para
apresentar e discutir as conclusões e síntese final do processo sinodal a nível
local, às 15 horas, na igreja do Colégio.
Na Diocese de Setúbal – que se encontra na situação de sede vacante – as celebrações desta
solenidade são presididas pelo representante diplomático da Santa Sé em
Portugal, o núncio apostólico D. Ivo Scapolo: a celebração da Eucaristia
acontece às 11 horas e a oração de Vésperas, antes da solene procissão eucarística,
às 17horas.
Em Leiria, centenas de crianças da catequese, entre outras pessoas,
vão celebrar a “presença de Cristo na Eucaristia”, numa Missas às 16 horas, no
jardim de Santo Agostinho, seguindo-se a procissão eucarística até ao adro da
Sé, com a presidência do bispo de Leiria-Fátima, D. José Ornelas.
Na Arquidiocese de Évora, a solenidade começa a ser celebrada com a
exposição do Santíssimo Sacramento para adoração dos fiéis, às 15 horas. O
arcebispo local, D. Francisco Senra Coelho, preside à Eucaristia, às 16,30
horas, na catedral; e a procissão pelas ruas, começa uma hora depois.
Em Beja, a organização da celebração da solenidade do Corpo de
Deus é iniciativa da Paróquia do Santíssimo Salvador, com Eucaristia, às 11
horas, e, à tarde, com a adoração ao Santíssimo, a partir das 15,30 horas,
seguindo-se a procissão eucarística pelas ruas, pelas 17,30 horas.
Na Arquidiocese de Braga, a Vigararia-Geral informou que a Eucaristia
será celebrada às 17 horas, na Catedral minhota, seguindo-se a procissão, “de
longa tradição histórica, que reclama a presença participativa”, pelas 18 horas.
Espera-se a comparência de todos os sacerdotes residentes na área da cidade
(diocesanos e religiosos), dos alunos do Seminários e dos membros das Congregações
e Institutos Religiosos, pois a solenidade reclama a presença participativa de todos
os fiéis, a começar pelos que têm maiores responsabilidades no testemunho eclesial.
No Porto,
o Cabido da Sé Portucalense promove a tradicional
Festividade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo na cidade. D. Manuel Linda
preside à Missa Estacional, pelas 11 horas, na igreja da Santíssima
Trindade, da qual parte a procissão, às 16,30 horas, em direção ao Terreiro da
Sé, “onde será dada a Bênção do Santíssimo Sacramento”, após “uma
alocução do bispo do Porto”.
***
É de recordar que esta solenidade
litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo começou a ser celebrada há mais de sete
séculos e meio, em 1246, na cidade de Liège, atual Bélgica, tendo sido alargada
à Igreja latina pelo Papa Urbano IV através da bula “Transiturus”, em 1264,
dotando-a de Missa e Ofício próprios. Terá chegado a Portugal nos finais do
século XIII, tomando a denominação de festa de Corpo de Deus, sendo que a exultação
popular à Eucaristia se manifesta no 60.º dia após a Páscoa, uma quinta-feira,
fazendo assim a ligação com a Última Ceia de Quinta-feira Santa.
A procissão com o Santíssimo Sacramento é recomendada pelo Código de
Direito Canónico, no qual se refere que “onde, a juízo do bispo diocesano, for
possível, para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima
Eucaristia faça-se uma procissão pelas vias públicas, sobretudo na solenidade
do Corpo e Sangue de Cristo” (cân 944, §1).
Várias localidades portuguesas decoram as ruas da procissão com tapetes
floridos, como acontece este ano em Vila Conde, onde “A arte sai à rua”, após
vários dias de preparação.
“O percurso criado estende-se do núcleo histórico à zona ribeirinha da
cidade, criando uma relação de verdadeira simbiose entre o património histórico
e o património cultural da comunidade”, indica a autarquia local.
São, ao todo,
doze as ruas sobre as quais se estenderão os Tapetes de Flores no dia do Corpo
de Deus, cobertas por toneladas de pétalas e flores, recolhidas ao longo de
semanas e segundo uma ordem específica. Isto sucede ali com todo este aparato
de fé arte de quatro em quatro anos.
Tradição marcante
para o povo vilacondense, e verdadeira obra de arte coletiva, o dia em que a
“Arte sai à rua” é um momento que impressiona locais e visitantes, pela escala
e pelo detalhe, pela exuberância e pela minúcia, pelo colorido e pelo perfume
que trazem à cidade. Folha por folha e pétala por pétala vão enchendo as caixas
de papelão com o bucho, o funcho e os pampilos, em primeiro lugar, e,
posteriormente, as rosas e hortênsias que comporão os motivos multicolores que
decorarão as ruas. – especifica o comunicado da Câmara Municipal de Vila do
Conde.
O percurso
criado estende-se do núcleo histórico à zona ribeirinha da cidade, criando uma
relação de verdadeira simbiose entre o património histórico e o património
cultural da comunidade. Espera-se mais uma vez a passagem da procissão “A arte
sai à rua”.
2022.06.15 – Louro de Carvalho
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